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RELATOR: MINISTRO CAPUTO BASTOS O v acórdão recorrido tem a seguinte ementa (fl 189):

No documento SESSÃO PÚBLICA SESSÃO ADMINISTRATIVA (páginas 103-106)

PUBLICADOS EM SESSÃO

RELATOR: MINISTRO CAPUTO BASTOS O v acórdão recorrido tem a seguinte ementa (fl 189):

“Eleitoral. Recurso. Registro de candidatura.

Diligência do juízo. Rejeição de contas pelo TCU. Não comprovação das irregularidades apontadas. Interposição de ação desconstitutiva. Afastamento da inelegibilidade. Provimento.

Considera-se alfabetizado, para fins eleitorais, quem sabe ler e escrever, razoavelmente.

A interposição de ação desconstitutiva de decisão que rejeitou as contas, quando não comprovadas as irregularidades apontadas, suspende a inelegibilidade, mormente quando proposta anteriormente à impugnação”.

Ao proferir seu voto, o ilustre relator, Juiz José Marques Pedreira, concluiu ser o candidato alfabetizado, conforme se vê no seguinte trecho (fl. 193):

“(...)

Examinando-se os testes a que se submeteu o pré- candidato, constantes de uma declaração (fl. 90) e de um teste (fls. 91/92), no meu entender, enxergo ser o candidato pessoa alfabetizada, o que satisfaz as exigências da legislação eleitoral.

(...)”

Para afastar o segundo obstáculo ao deferimento do registro do recorrido, o voto condutor registrou (fls. 194-195):

“(...)

O certo é que, embora os pareceres prévios sejam dos anos de 2002 e 2003, somente agora, consoante cópias das iniciais inclusas (fls. 11/30 e 31/50), em 6 de julho de 2004, o candidato ajuizou as ações de nulidades contra o Estado da Bahia, o que não deixa margem a dúvidas de que o fez com o fim precípuo de elidir a inelegibilidade, ainda mais que, tais ações foram propostas a poucos dias da impugnação e depois da data de encerramento para requerimento do registro de candidaturas.

(...)”

E concluiu por aplicar, no caso dos autos, o

entendimento consolidado na Súmula no 1 desta Corte

(fl. 196).

Opostos embargos, foram estes rejeitados, seguindo- se o recurso especial de fls. 215-226, em que a Procuradoria Regional Eleitoral da Bahia pugnou que “(...) uma rápida leitura de tais ações demonstram versarem unicamente sobre aspectos meramente circundantes, processuais, não atacando, de forma nenhuma, todos os pontos versados nos julgados administrativos” (fl. 220).

Afirmou, ainda, que as ações propostas revelam “(...) o exercício abusivo do direito de ação, eis que divorciada da real intenção de discutir a coerência ou não da decisão da Corte de Contas” (fl. 220). Pede seja reconhecida a violação da alínea g do inciso I do art. 1o

da Lei Complementar no 64/90 para o fim de reformar

o acórdão recorrido e indeferir o registro do candidato. A douta Procuradoria-Geral Eleitoral opina pelo conhecimento e provimento do recurso (fl. 233-235). Decido.

Não obstante o sempre louvável labor do Ministério Público é de ver-se que o recurso especial – embora deva ser conhecido – não merece provimento. Com efeito, o v. acórdão recorrido está em perfeita sintonia com o entendimento da Corte, conforme se verifica nos seguintes precedentes:

“Agravo regimental. Registro de candidato. Rejeição de contas. Ajuizamento de ação desconstitutiva da decisão que rejeitou as contas. Não cabe à Justiça Eleitoral examinar a idoneidade da ação desconstitutiva proposta contra a decisão que rejeitou as contas.

Agravo provido” (Ac. no 649, de 27.9.200, AMC

no 649, rel. Min. Nelson Jobim).

“Registro de candidato. Rejeição de contas. Não cabe à Justiça Eleitoral examinar a idoneidade da ação desconstitutiva proposta contra decisão que rejeitou as contas. Precedentes.

Recurso a que se dá provimento” (Ac. no 22.384,

18.9.2004, REspe no 22.384, rel. Min. Gilmar

Mendes).

“Recurso especial. Eleição 2004. Candidatura. Registro. Contas. Rejeição. Ação desconstitutiva.

Súmula-TSE no 1. Direitos políticos. Restrição.

Filiação. Deferimento.

Incide a Súmula-TSE no 1 quando proposta, antes

da impugnação do registro, ação desconstitutiva

contra a decisão que rejeitou as contas” (Ac. no

23.351, de 23.9.2004, REspe no 23.351, rel. Min.

Peçanha Martins).

“Registro. Recurso especial. Rejeição de contas.

Ação desconstitutiva. Enunciado no 1 da súmula

do Tribunal Superior Eleitoral. Seguimento negado. Agravo Regimental. Improvido.

Reconhecido que houve a interposição da ação desconstitutiva, no tempo oportuno, incide o

Enunciado no 1 da súmula do TSE.

Agravo a que se nega provimento” (Ac. no 22.003,

de 30.9.2004, AREspe no 22.003, rel. Min. Luiz

Carlos Madeira).

Por isso, não obstante as ponderáveis razões expendidas pela ilustre procuradora regional eleitoral, Dra. Auristela Oliveira Reis, nego seguimento ao

recurso especial, com base no art. 36, § 6o, do

Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral. Publique-se em sessão.

Brasília, 13 de outubro de 2004.

Publicado na sessão de 13.10.2004.

*No mesmo sentido o Recurso Especial Eleitoral no 24.529/BA,

RECURSO ESPECIAL No 24.344/SE

RELATOR: MINISTRO CAPUTO BASTOS A douta Procuradoria-Geral Eleitoral assim sumariou o feito (fl. 296-297):

“(...)

Consta dos autos que José Carlos dos Santos interpôs recurso especial contra acórdão do TRE/SE que não conheceu do recurso eleitoral,

sob a assertiva de que, a teor da Súmula no 11

do TSE, ‘no processo de registro de candidatos, o partido que não o impugnou não tem legitimidade para recorrer da sentença que o deferiu, salvo se se cuidar de matéria constitucional’.

Alega que a Corte Regional acabou por violar as

disposições contidas no art. 5o, incisos XXV e LV

da Constituição Federal, no art. 97, caput, §§ 1o e

2o, do Código Eleitoral, nos arts. 3o e 4o da Lei

Complementar no 64/90 e nos arts. 34, inciso II e

38, caput, da Resolução TSE no 21.608/2004,

sustentando que não houve a publicação do edital do requerimento de registro de candidatura do recorrido e que referido candidato não se desincompatibilizou do cargo de presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável da Cidade e Município de Aquidabã, no prazo previsto na alínea g do inciso II do art. 1o da LC no 64/90.

Sustenta, ainda, que o juízo a quo, ao julgar intempestiva a notícia de inelegibilidade, deveria ter indeferido o registro de candidatura do recorrido, observando, assim, o disposto no art. 44 da

Resolução-TSE no 21.608/2004, além de elencar

diversas ‘irregularidades existentes nos autos’ (fl. 269).

Aduz, finalmente, a existência de dissídio jurisprudencial entre o acórdão impugnado e julgados dessa Corte, requerendo, assim, a reforma da decisão.

(...)” Decido.

No parecer do ilustre procurador regional da República, Dr. Carlos Frederico Santos, está consignado (fls. 297- 298):

“(...)

Depreende-se dos autos que o recorrente impugnou, por meio do recurso especial, a decisão de primeiro grau ao invés de manifestar sua insatisfação quanto ao acórdão regional, o qual negou provimento ao recurso eleitoral ao pálio da ausência de desincompatibilização em tempo hábil. Consistindo as razões do pedido de reforma da decisão pressuposto processual indispensável ao exame do recurso e tendo sido ela apresentada de forma completamente dissociada da decisão

impugnada não há como se conhecer do recurso. Ademais, infere-se das razões recursais a ausência dos requisitos específicos de admissibilidade do recurso, não só quanto ao seu cabimento com base na alínea a, como também quanto a sua admissão com base na alínea b, ambas do art. 276 do Código Eleitoral.

Efetivamente, depreende-se das razões recursais a ausência dos requisitos específicos de admissibilidade do recurso, quanto à alegada

violação ao art. 5o, incisos XXV e LV da

Constituição Federal, ao art. 97, caput, §§ 1o e 2o,

do Código Eleitoral, aos arts. 3o e 4o da Lei

Complementar no 64/90 e aos arts. 34, inciso II e

38, caput, da Resolução-TSE no 21.608/2004, uma

vez que deixou a recorrente de explicar os aspectos em que referidos dispositivos legais foram violados pelo acórdão impugnado, sendo certo não bastar para tal a mera alegação de ofensa genérica, o

que dá ensejo à aplicação da Súmula no 284 do

STF.

A propósito, já decidiu essa Corte Superior que: ‘Recurso Especial. Ação de impugnação de mandato eletivo. Ilegitimidade ativa. Ausência de demonstração de dispositivos dados como

violados. Aplicação do Verbete no 284 da

súmula do STF. Ausência de prequestionamento

(Enunciado no 356 da Súmula do STF).

Recurso não conhecido.’ (Acórdão-TSE no

21.095/ES, relator Ministro Luiz Carlos Madeira,

DJ de 16.5.2003.)

No que tange à alegada divergência jurisprudencial, verifica-se dos autos que não foi ela devidamente demonstrada, pois deixou o recorrente de apresentar a transcrição dos trechos dos acórdãos divergentes, com a menção das circunstâncias que se identificam ou se assemelham ao caso confrontado, limitando-se a transcrever ementas. Não realizado o necessário cotejo entre o acórdão recorrido e os colacionados, a fim de evidenciar a alegada divergência, aplicável à espécie a Súmula no 291 do STF.

A propósito, já decidiu o Tribunal Superior Eleitoral: ‘Agravo regimental. Agravo de instrumento. Dissídio jurisprudencial não configurado. Liberdade de pensamento e direito à informação. Direitos não absolutos.

1. A ausência de demonstração, de forma analítica, da divergência jurisprudencial, deixando-se de mencionar as circunstâncias que identifiquem ou assemelham os casos confrontados implica a não configuração do dissídio de jurisprudência (STF, Súmula no 291).

2. É livre a manifestação de pensamento e o direito de informação, desde que não viole dispositivo expresso em lei.

3. Negando provimento ao agravo regimental.’

(AAg-TSE no 2.415, rel. Min. José Paulo

Sepúlveda Pertence, DJ de 1o.2.2002)”.

É irretocável a manifestação do ilustre integrante do Ministério Público.

Por isso, adoto seus fundamentos como razão de decidir, e nego seguimento ao recurso especial, com base no art. 36, § 6o, do Regimento Interno do Tribunal

Superior Eleitoral. Publique-se em sessão.

Brasília, 13 de setembro de 2004. Publicado na sessão de 13.10.2004.

RECURSO ESPECIAL No 24.347/MG

RELATOR: MINISTRO CAPUTO BASTOS

No documento SESSÃO PÚBLICA SESSÃO ADMINISTRATIVA (páginas 103-106)

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