PUBLICADOS EM SESSÃO
RELATOR: MINISTRO CAPUTO BASTOS Trata-se de recurso especial interposto de acórdão que
concluiu pelo indeferimento de pedido de registro de candidatura, ao fundamento de duplicidade de filiação partidária.
Ao julgar o apelo, o egrégio Tribunal Regional Eleitoral, em acórdão da lavra do ilustre Juiz Lourival Serejo, consignou (fl. 40):
“(...)
Com efeito, verifica-se através da certidão do Cartório Eleitoral que o recorrente se filou ao Partido Popular Socialista (PPS) em 8.9.2003 (fl. 9). No entanto, analisando detalhadamente sos (sic) autos, constata-se que o recorrente não fez qualquer comunicação de seu desligamento do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) ao juiz eleitoral da zona, infringindo, portanto, o disposto no parágrafo único, do art. 22, da Lei no 9.096/95 (...)”
Em precedente manifestação, a Procuradoria Regional Eleitoral do Maranhão já havia assinalado (fl. 35):
“(...)
Com efeito, compulsando os autos, observa-se que o recorrente pretende a sua desfiliação partidária a partir da comunicação feita, tão somente (sic), ao partido (fl. 25). Ocorre que, referido documento é de confecção exclusiva do filiado, sem qualquer interferência da Justiça Eleitoral, inexistindo, pois, controle sobre a verdade do seu conteúdo, pelo que o presente recurso não merece prosperar.
Consoante o art. 20, III da Resolução no 20.561 do
colendo Tribunal Superior Eleitoral e do Provimento
– CRE no 03/95, o documento válido para aferir a
regularidade da filiação é a relação de filiados de que trata o art. 19 da Lei 9.096/95, sob pena de estar-se criando precedentes que facilitarão a adoção de procedimento ou artifícios tendentes a fraudar a necessária filiação. Neste caso, a
certidão de fl. 9 dá conta de que o candidato
recorrente consta na listagem dos filiados do PPS, desde 8.9.2003, bem como na do PTB em 14.9.99. (...)”
Opostos embargos de declaração objetivando prequestionar o art. 21 da Lei no 9.096/95, foram estes
rejeitados.
Nas razões do especial, o recorrente alega inexistência de duplicidade de filiação partidária.
Tem inteira razão a ilustre Procuradoria-Geral Eleitoral, quando afirma, em parecer da lavra do eminente Dr. Roberto Monteiro Gurgel Santos, digníssimo vice- procurador-geral eleitoral que (fls. 88-91):
“(...)
5. É que instaura controvérsia de natureza probatória, buscando a demonstração de que teria sido atendida a determinação, constante do art. 22,
parágrafo único, da Lei no 9.096/95, de oportuna
comunicação de sua desfiliação ao partido político e ao juiz eleitoral da respectiva zona eleitoral. Alterar quaisquer premissas fáticas deste caso a fim de inverter a orientação do aresto recorrido implicaria o reexame da matéria de prova, sabidamente vedado pelos enunciados das súmulas
nos 7/STJ e 279/STF.
6. No mais, o acórdão impugnado, soberano quanto à apreciação da matéria de prova, assentou, essencialmente, que, não tendo havido a dupla comunicação, no prazo legal, e não demonstrada qualquer impossibilidade de fazê-lo, deve ser considerada existente a dupla filiação.
(...)”
Demais disso, é convir que o recorrente em momento nenhum esclarece o motivo pelo qual não comunicou, ao juiz eleitoral, sua desfiliação do PTB.
Daí porque, o art. 21 da Lei no 9.096/95 – antes de
socorrer suas alegações – reforça a tese sufragada no v. acórdão recorrido, pois a dupla iniciativa (a) comunicação ao partido; (b) comunicação ao juiz eleitoral da zona em que foi inscrito, é atribuição do filiado, e de mais ninguém.
Não tendo se desincumbido da atribuição legal, nem justificado sua omissão, não é possível à Justiça Eleitoral aferir a correção das filiações partidárias no caso em que, por equívoco ou má-fé, a agremiação anterior tenha deixado de excluir de sua lista o nome daquele que já se desfiliou do partido.
Esse, aliás, o sentido do v. acórdão, indicado como paradigma às fls. 69-70, que, ao contrário do que entende o recorrente, é convergente com o v. acórdão recorrido.
Com essas considerações, nego seguimento ao recurso
especial, com base no art. 36, § 6o, do Regimento
Interno do Tribunal Superior Eleitoral. Publique-se em sessão.
Brasília, 13 de outubro de 2004.
Publicado na sessão de 13.10.2004.
RECURSO ESPECIAL ELEITORAL No 24.712/BA
RELATOR: MINISTRO FRANCISCO PEÇANHA MARTINS
Modesto Nunes Viana Filho interpõe recurso especial contra acórdão do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia que, ao negar provimento a recurso, manteve o indeferimento do seu registro de candidatura.
Como informado pela juíza da 31a Zona Eleitoral, o
recorrente obteve 51 votos, votação que não lhe permite ser eleito.
Isto posto, perde objeto o recurso. Nego-lhe
seguimento, com fundamento no arts. 36, § 6o, do
RITSE e 34, XVIII, do RISTJ. Publique-se.
Brasília, 13 de outubro de 2004.
Publicado na sessão de 13.10.2004.
RECURSO ESPECIAL ELEITORAL No 24.768/MA
RELATOR: MINISTRO LUIZ CARLOS MADEIRA
DESPACHO: Trata-se de recurso especial interposto pela Procuradoria Regional Eleitoral do Maranhão contra Acórdão do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE/MA), que deferiu o pedido de registro de Antônio de Pádua Coêlho Barbosa ao cargo de vereador do Município de Buriti Bravo.
O acórdão foi assim ementado:
Eleições 2004. Recurso inominado. Registro de candidatura. Ação de impugnação. Inclusão em lista do Tribunal de Contas do Estado. Presidente de Câmara Municipal. Inelegibilidade. Inocorrência. Conhecimento. Provimento. (Fl. 112.) A essa decisão, foram opostos embargos declaratórios, rejeitados à falta de vícios no julgado (fls. 128-132). No recurso especial, sustenta a recorrente que o TRE/
MA deixou de apreciar o acórdão do TCE/MA no 207/
2002, que julgou irregulares as contas do Recorrido, em razão de grave infração à norma legal de natureza orçamentária, contábil, financeira, operacional e patrimonial.
Diz que essa decisão é prova válida e suficiente para a declaração da inelegibilidade prevista no art. 1o, I, g,
da Lei Complementar no 64/90.
Daí, conclui pela negativa de vigência desse dispositivo da Lei de Inelegibilidades.
Aponta divergência jurisprudencial.
Pede a reforma do Acórdão regional para indeferir o pedido do registro de candidatura (fls. 138-145). Parecer da Procuradoria-Geral Eleitoral pelo conhecimento e provimento do recurso (fls. 161-162). É o relatório.
Decido.
Verifica-se à fl. 60 que a recorrente não fez juntar o inteiro teor do acórdão do Tribunal de Contas Estadual. O documento acostado mostra-se insuficiente para o deslinde da causa, não havendo como se verificar a motivação que levou à rejeição das contas, não contendo nota de insanabilidade ou de possível improbidade.
Nesta linha de entendimento:
Recurso ordinário. Inelegibilidade. Alínea g do
inciso I do art. 1o da LC no 64/90. Contas de
Órgão auxiliar. Câmara Municipal. Competência. Aprovação das contas anuais. Desaprovação de
contas sobre convênio estadual. Inteiro teor. Ausência. Insanabilidade. Verificação. Impossibilidade. Não-caracterização de incidência da alínea g. (Grifos meus.)
Recurso a que se negou provimento.
1. O parecer prévio desfavorável à aprovação das contas de prefeito pelo Tribunal de Contas do Estado não enseja inelegibilidade.
2. A autoridade competente para julgar contas de
prefeito é a Câmara Municipal. (RO no 587/RO,
rel. Min. Fernando Neves, publicado na sessão de 10.9.2002.)
Rejeição de contas. Inelegibilidade.
A rejeição de contas só conduz à inelegibilidade se se verificar em virtude de irregularidades insanáveis. Assim sendo, correto o acórdão ao rejeitar a impugnação por não haver nos autos notícia das razões que levaram a questionada
decisão. (REspe no 14.069/MA, rel. Min. Eduardo
Ribeiro, publicado na sessão de 1.10.96.)
No RO no 143/BA, rel Min. Eduardo Alckmin, está
consignado:
(...) este Tribunal ao julgar (...) recursos nos 15.347
e 15.377, relator o eminente Ministro Costa Porto firmou o entendimento de que cabe ao impugnante desde logo demonstrar juntando o inteiro teor das decisões que rejeitaram as contas que é insanável o vício nelas encontrado (...).
Ademais, a divergência jurisprudencial não restou demonstrada. Não se cuidou, no especial, da realização do necessário cotejo analítico, de modo a demonstrar a conformidade das molduras fático-jurídicas das hipóteses. Na situação posta, as similitudes não se evidenciaram nas próprias ementas.
A esses fundamentos, nego seguimento ao recurso, mantendo a decisão do Tribunal Regional que deferiu o pedido de registro de candidatura de Antônio de Pádua Coêlho Barbosa ao cargo de vereador do Município
de Buriti Bravo, com base no art. 36, § 6o, do
Regimento Interno do TSE. Publique-se em Sessão.
Brasília, 12 de outubro de 2004.
Publicado na sessão de 13.10.2004.
RECURSO ORDINÁRIO No 824/CE
RELATOR: MINISTRO CAPUTO BASTOS