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RELATOR: MINISTRO GILMAR MENDES DECISÃO: Registro de candidatura Condenação

No documento SESSÃO PÚBLICA SESSÃO ADMINISTRATIVA (páginas 83-85)

PUBLICADOS EM SESSÃO

RELATOR: MINISTRO GILMAR MENDES DECISÃO: Registro de candidatura Condenação

criminal com trânsito em julgado. Crime de desobediência. Não-incidência do art. 1o, I, e, da Lei

Complementar no 64/90. Recurso a que se dá

provimento.

1. O Sr. Julião Santos de Manso Flexa solicitou registro de candidatura ao cargo de vereador que restou indeferido em decorrência da inelegibilidade prevista no art. 1o, I, e, da Lei Complementar no64/901 (fl. 29).

O TRE negou provimento à irresignação do pré- candidato em acórdão assim ementado:

Recurso eleitoral. Registro de candidatura. Condenação criminal com trânsito em julgado. Inelegibilidade.

1. A condenação criminal transitada em julgado pela prática de crime contra a administração pública, na hipótese prevista no artigo 1o inciso I, alínea e,

da Lei Complementar no 64/90, acarreta a

inelegibilidade pelo prazo de três anos após o cumprimento da pena. (Fl. 58.)

Irresignado, interpõe este recurso especial (fl. 69). Alega violação ao art. 14, § 9o, da Constituição Federal

e art. 1o, I, e, da Lei Complementar no 64/90. Aduz

que não lhe foi ofertada oportunidade para se defender da suposta inelegibilidade. Sustenta que “o crime de desobediência não consta no elenco relativo à proteção da probidade administrativa e da moralidade para exercício de mandato” (fl. 75).

A PGE opina pelo não-provimento do recurso (fl. 96).

1 Art. 1o São inelegíveis:

I – para qualquer cargo: (...)

e) os que forem condenados criminalmente, com sentença transitada em julgado, pela prática de crimes contra a economia popular, a fé pública, a administração pública, o patrimônio público, o mercado financeiro, pelo tráfico de entorpecentes e por crimes eleitorais, pelo prazo de 3 (três) anos, após o cumprimento da pena;

2. Destaco trecho do voto proferido pelo TRE: (...) Segundo informa a certidão de fl. 14, o recorrente fora condenado, definitivamente, em 8.5.2002, pela prática do crime de desobediência previsto no art. 330 do Código Penal. Este crime está elencado no Título IX, capítulo II, do Código Penal dentre aqueles praticados contra a administração pública, sendo este o objetivo jurídico da norma incriminadora.

Assim sendo, restando comprovado nos autos, que o recorrente fora condenado definitivamente pela prática de crime contra a Administração Pública, sem que tenha transcorrido o período de três anos após o cumprimento da pena, já que a sentença transitou em julgado tão-somente em 8.5.2002, é inelegível para concorrer às eleições de 2004, em que pese o fato de terem sido declaradas extintas pelo efetivo cumprimento. (...) (Fls. 60-61.) Razão assiste ao Recorrente. De fato, “o crime de desobediência não está no elenco relativo à proteção da probidade administrativa e da moralidade para o exercício do mandato.” Neste sentido: acórdãos

nos 17.111, de 19.12.2000 e 17.141, de 12.12.2000,

ambos da relatoria do Ministro Nelson Jobim; Acórdão no 171, de 27.8.98, redator designado Ministro Néri da

Silveira). Isso porque

Cumpre ler (o art. 1o, I, e, da LC no 64/90) em

consonância com os valores e fins que o § 9o do

art. 14 da Constituição quer sejam resguardados: a probidade administrativa, a moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato, bem assim o que concerne à normalidade e legitimidade das eleições, nos termos definidos na regra em apreço.” (Excerto do voto proferido pelo Ministro Néri da Silveira no Acórdão no 171, de 27.8.98.)

3. Ante o exposto, dou provimento ao Recurso Especial.

Brasília, outubro de 2004.

Publicado na sessão de 13.10.2004.

RECURSO ESPECIAL No 22.977/SC

RELATOR: MINISTRO LUIZ CARLOS MADEIRA

DESPACHO: Trata-se de recurso especial interposto

por Antônio Roberto de Borba contra Acórdão do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE/ SC), que indeferiu seu pedido de registro de candidatura ao cargo de vice-prefeito do Município de Balneário de Barra do Sul, por violação ao art. 1o,

I, g, da Lei Complementar no 64/90.

Alega ofensa aos arts. 5o, caput, 14, 70, 71, da

Constituição Federal, assim como, aos princípios constitucionais da isonomia e da proporcionalidade.

Sustenta que “(...) a imposição da sanção de inelegibilidade, na hipótese em exame, seria medida dezarrazoada, uma vez que a prova dos autos demonstram que houve a sessão extraordinária da Câmara de Vereadores e o dispêndio como todos os vereadores totalizou insignificante quantia de R$1.350,00” (fl. 283).

Argumenta, ainda, que “(...) o Tribunal de Contas e o Poder Legislativo, que examinaram as contas do município em todas as suas fases, não decidiram pela rejeição das mesmas, é de se presumir que a única restrição apontada pela Corte de Contas não ensejaria à aplicação de tão drástica medida contra o recorrente, uma vez que se tratou, apenas, de mera irregularidade formal por sua insignificância financeira” (fl. 285). Pede a reforma do acórdão regional para que seja deferido seu pedido de registro (fls. 281-287). Parecer da Procuradoria-Geral Eleitoral pelo conhecimento parcial do recurso e seu desprovimento (fls. 297-300).

É o relatório. Decido.

Consta da decisão do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina (TCE/SC) de 5.11.2003, que foram julgadas irregulares as contas do Sr. Antônio Roberto de Borba, presidente da Câmara de Vereadores de Balneário de Barra do Sul em 2001, “(...) referente a despesas com remuneração aos vereadores por sessão extraordinária realizada fora do recesso parlamentar, em descumprimento ao art. 103 da Lei Orgânica do Município (...)” (fl. 18).

E fixou-lhe:

(...) o prazo de 30 (trinta) dias, a contar da publicação deste Acórdão no Diário Oficial do Estado para comprovar, perante este Tribunal, o recolhimento do valor do débito aos cofres do Município, atualizado monetariamente e acrescido dos juros legais (arts. 40 e 44 da Lei Complementar

no 202/2000), calculados a partir da data da

ocorrência do fato gerador do débito (...) (fl. 18). Ao analisar essa decisão da Corte de Contas Estadual, o TRE/SC afirmou serem insanáveis as irregularidades que ocasionaram a rejeição.

No entanto, esta Corte assentou que “(...) tendo, muita vez, as Cortes de Contas entendido a remuneração paga a maior como resultante, somente, de má interpretação da lei, não há, então, como incidir, sobre o recorrido, a letra severa do art. 1o, inciso I, alínea g,

da LC no 64/90” (REspe no 17.320/PE, rel. Min. Costa

Porto, publicado na sessão de 5.10.2000).

E, assentou, ainda, que o fato de perceber remuneração a maior não é considerado irregularidade insanável

(Acórdão no 16.937/PE, rel. Min. Costa Porto,

publicado na sessão de 5.10.2000; 14.118/SP, rel. Min. Eduardo Alckmin, publicado ns Sessão de 28.11.96; 13.815/PR, rel. Min. Eduardo Alckmin,

publicado na sessão de 30.9.96; REspe no 18.390/SE,

rel. Min. Nelson Jobim, DJ de 21.2.2001).

Às fls. 58-59 está Resolução Administrativa no 7/2001

da Câmara Municipal de 28.6.2001, que, além de aplicar redutor para adequar os gastos com pessoal aos ditames da Lei de Responsabilidade Fiscal, estabeleceu o seguinte:

Art. 2o Fica autorizado o desconto para a reposição

dos valores dos subsídios recebidos à maior pelos Vereadores, nos meses de janeiro à junho de 2001, da seguinte forma:

I – Dos subsídios do Presidente da Câmara, nos meses de julho à dezembro de 2001, cujo valor, por efeito desta Resolução, passa a ser de R$ 1.385,10 (hum mil, trezentos e oitenta e cinco reais e dez centavos), subtrair a importância mensal de R$

485,94 (quatrocentos e oitenta e cinco reais e noventa e quatro centavos), referente ao valor pago à maior nos meses de janeiro à junho de 2001, passando a perceber a importância de

R$899,16 (oitocentos e noventa e nove reais e dezesseis centavos).

II – Dos subsídios dos vereadores, nos meses de julho à dezembro de 2001, cujo valor, por efeito desta resolução, passa a ser de R$923,40 (novecentos e vinte e três reais e quarenta centavos), subtrair a importância mensal de

R$323,97 (trezentos e vinte e três reais e noventa e sete centavos), referente ao valor mensal pago à maior nos meses de janeiro à junho de 2001, passando a perceber a

importância de R$599,43 (quinhentos e noventa e nove reais e quarenta e três centavos). (Grifos meus.)

Verifica-se que houve o ressarcimento da verba remuneratória paga a maior. Assim, aplicável o

entendimento no REspe no 16.937/PE, rel. Min. Costa

Porto. Transcrevo:

(...) pode o recorrido, beneficiar-se da outra ressalva do art. 1o, inciso I, alínea g, da LC no 64/

90: a não-insanabilidade das irregularidades que lhe foram imputadas.

É que, quanto à remuneração paga a maior, como o afirmou o procurador regional eleitoral,

‘(...) pode ser entendida como resultante de má interpretação da lei (concedendo-se o benefício da dúvida aos infratores), vez que, com o

recolhimento, não há que se falar em improbidade, em hipótese. Destaque-se que, se mesmo após consciente da ilegalidade deste recebimento a maior, os beneficiários permanecessem com tais valores, recalcitrando em devolvê-los, configurar-se-ia a improbidade e a conseqüente inelegibilidade”. (Fl. 122.)

(Grifos meus.)

A esses fundamentos, dou provimento ao recurso para deferir o pedido de registro de candidatura de Antônio Roberto de Borba, ao cargo de vice-prefeito do Município de Balneário de Barra do Sul/SC (RITSE, art. 36, § 7o).

Publique-se em Sessão.

Brasília, 11 de outubro de 2004.

Publicado na sessão de 13.10.2004.

RECURSO ESPECIAL No 23.121/RN

RELATOR: MINISTRO CAPUTO BASTOS

No documento SESSÃO PÚBLICA SESSÃO ADMINISTRATIVA (páginas 83-85)

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