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Reprodução social uso e posse da terra

Tem-se vindo a construir o modelo de análise das dinâmicas de uso da terra em sucessivas etapas. No capítulo 3 estruturou-se um modelo de avaliação económica de uso da terra que permite analisar a formação da renda fundiária ao longo do território em função da diversidade de condições naturais e das alternativas de uso da terra que essas condições viabilizam. É possível, a partir desse modelo de análise, traçar um quadro estrutural definido pela renda fundiária, o qual condiciona, mas não determina exactamente o uso da terra, uma vez que não integra explicitamente o universo das escolhas das famílias. No capítulo anterior concluiu-se que o quadro dos direitos de propriedade estrutura o território em sistemas fundiários e sistemas de exploração, os quais formatam um conjunto de restrições e possibilidades aos usos do território. Demonstrou-se que, face às profundas mudanças sociais recentes, são possíveis processos de ajustamento que passam pela subdivisão de direitos de propriedade e pela contratualização flexível e pouco formalizada. Os mecanismos encontrados dependem muito estreitamente dos modos de vida e das formas de inserção das famílias na sociedade global. Neste contexto, o fundiário, a produção agrícola e o espaço de sociabilidade rural, desempenham funções diferentes consoante o modo de vida das famílias.

Assim, pretende-se agora desenvolver a etapa seguinte do modelo de investigação, definindo um referencial de análise das escolhas das famílias. Procura-se identificar os mecanismos que orientam as opções das famílias por um modo de vida em particular e interpretar as implicações desses modos de vida na configuração dos sistemas fundiários e de exploração que se analisaram no capítulo anterior.

Neste sentido, começa-se por discutir a utilidade da escolha da família como unidade social de análise. De seguida, na segunda secção do capítulo, procura-se estabelecer um referencial de análise das escolhas das famílias relativamente à afectação do seu esforço de trabalho entre as diversas actividades possíveis e, de uma forma mais geral, à organização dos seus modos de vida. Pretende-se que este quadro de observação permita depois explicar as opções de uso da terra.

5.1 - A família como unidade de tomada de decisões complexas

Já no início do século XX, Tchayanov defendia que a lógica da exploração agrícola camponesa, deveria ser procurada na dinâmica interna da unidade familiar e não na esfera da produção. Assim, concebia a "teoria da economia camponesa como um aspecto particular de uma doutrina mais vasta, uma teoria geral da economia da família"38. A chave para explicar a

actividade económica da família é aquilo que ele designa por balanço trabalho-consumo39, entre a satisfação das necessidades familiares e a penosidade do trabalho.

Por outro lado, considerando o carácter patrimonial da terra, as decisões relativas à sua acumulação, gestão e transmissão inter-geracional deverão ser analisadas tomando como unidade base de análise a família, uma vez que é neste âmbito que são tomadas essas decisões. As práticas de acumulação e de transmissão do património fundiário são determinadas por motivações que escapam em boa parte à esfera da produção: motivos de segurança e simbólicos desempenham um papel importante. Deste modo, o sistema fundiário, ainda que dependente das práticas produtivas é, sobretudo, determinado pelas práticas de acumulação e transmissão do património, cuja lógica procede de motivações que, em grande parte, não podem ser encontradas na esfera estrita da produção.

Nos últimos anos, tem-se vindo a assistir a um renovar de interesse pela família enquanto unidade económica. Esta tendência acentua-se a partir dos anos 1960 e sobretudo com a crise económica de 1975, período em que as sociedades ocidentais sofreram transformações profundas que evidenciaram o papel fundamental da família enquanto unidade económica. Vários factores contribuíram para esta evolução: a desaceleração do crescimento económico diminui o interesse pelos activos financeiros, insuficientemente remuneradores, e aumenta a atractividade dos activos reais; por outro lado, o aumento do desemprego, a crise de algumas instituições públicas de carácter social (assistência social, educação, saúde), tem revelado a dificuldade do Estado em fazer face a inúmeros problemas que foram transferidos do domínio da economia doméstica para a responsabilidade pública (Guigou, 1982: 872). É na sequência destas transformações, e sobretudo a partir dos trabalhos de Gary Becker40, que a corrente da Economia da Família (New Household Economics), surge nos anos 1970 nos Estados Unidos.

Partindo das críticas à teoria neoclássica do consumidor, demasiado simplista por considerar o agregado doméstico apenas como célula de consumo e cujo comportamento é exclusivamente explicado com base no rendimento, a economia da família introduz uma série de novas funções ao nível do agregado doméstico, numa tentativa de chegar a uma teoria explicativa do comportamento das famílias mais realista. É esta nova abordagem económica do agregado doméstico que Strauss-Kanh resume de forma expressiva:

"Nas representações elementares da microeconomia neoclássica, era [o

agregado doméstico] reduzido a uma simples figuração. Celibatário, míope, atingido

por uma esquizofrenia avançada que o fazia aparecer do lado do coração como consumidor e do lado do jardim como produtor, o agregado doméstico tinha apenas um

39 - "O chefe de família põe em balanço (conscientemente ou não) a penosidade marginal cada vez maior do trabalho (e portanto do rublo marginal de ganho), e a satisfação das necessidades (cada vez menos vitais) que esse rublo permite. O ponto de equilíbrio é atingido logo que o trabalho necessário para ganhar o rublo marginal é estimado pelo camponês como demasiadamente penível relativamente à satisfação das necessidades que assegura." (Tchayanov, 1990: 327)

papel menor. Aprecia-se aqui a extensão do seu registo. Certamente trabalha, consome, poupa. Mas para além disso vemo-lo desenvolver uma actividade considerável: preocupa-se com a sua reforma, acumula um património, distingue a oferta de trabalho consoante ela emana dos diferentes membros do agregado doméstico, transmite uma herança, insere-se na hierarquia social, ajuda os seus ascendentes, cresce (por casamentos ou nascimentos), divide-se (por divorcio), reduz-se (por mortes), etc." (Strauss-Kahn, 1985: I)

Assim, o rendimento que tradicionalmente é tomado como um dado, do qual depende o nível de consumo, passa a ser analisado como uma função das opções da família entre tempo de trabalho remunerado, tempo de trabalho não remunerado e tempo de lazer. Por outro lado, os stocks de património humano e não humano são colocados no centro da análise. O consumo é analisado em função do ciclo de vida da família, portanto da sua distribuição ao longo das várias fases de vida do agregado doméstico. A dimensão inter-geracional da família é considerada através da transmissão do património material e humano. O agregado doméstico é, em resumo, analisado como uma empresa de produção na qual o consumo constitui a condição de produção e o trabalho (o único recurso do agregado doméstico) é distribuído entre as diversas actividades de forma a maximizar a utilidade global do grupo doméstico. Esta nova abordagem da família como unidade de produção, baseada nas decisões relativas à arbitragem do tempo do agregado doméstico entre as diversas actividades, constitui sem dúvida um campo teórico promissor para a análise das famílias com actividade agrícola. De facto, a integração no modelo das escolhas de afectação do tempo de trabalho e das reservas de património material e não material, poderá constituir um bom instrumento de análise de alguns fenómenos cuja acentuação se tem vindo a verificar, como seja por exemplo o da crescente integração das famílias ligadas à agricultura nos mercados de trabalho não agrícola. Nesta perspectiva, existindo oferta nesse mercado, a venda de trabalho ao exterior por parte do agregado doméstico, estaria sobretudo dependente da dimensão do património fundiário, mas também da dimensão da família e da produtividade do trabalho, portanto do património cultural.

Este carácter patrimonial e específico das famílias ligadas à agricultura tem também sido assinalado por outros autores. Assim, analisando as formas de organização familiar face às transformações económicas e sociais globais, Menahem41 define três modelos distintos de organização familiar: modelo da família patrimonial, modelo da família conjugal e modelo da família-associação. Sob um ponto de vista sócio-histórico, corresponde o primeiro modelo a famílias onde a transmissão de um património produtivo é predominante. Ao desenvolvimento do capitalismo industrial, que separa a produção da propriedade, corresponde o modelo conjugal. Por último, ao alargamento do domínio das relações

mercantis, corresponderia o modelo da família-associação em que o indivíduo se liga à família por laços muito fracos.

As famílias de agricultores proprietários, cuja organização interna e relações com o exterior estão fortemente condicionadas pelo imperativo de reprodução e transmissão de um património, enquadram-se, nesta perspectiva, no modelo da família patrimonial. Menahem, define a família patrimonial como "uma família simultaneamente unidade de produção, hierarquizada sob a autoridade de um chefe de família, e organizada de forma a assegurar a reprodução e a transmissão do património familiar" (Menahem, 1979:65-66).

O património fundiário revela um papel ainda importante na reprodução das famílias com alguma ligação à agricultura, não só como espaço de produção, mas recobrindo múltiplas funções; desde garante de um espaço de residência até ao valor simbólico. Mesmo no estrito campo económico, as suas funções são bem mais complexas do que as que resultam da simples condição de meio de produção. Como refere Hespanha (1987: 147), "mesmo quando a actividade produtiva perde o interesse económico, o património fundiário familiar pode, ainda assim, funcionar como um capital de recurso (tal como o saber profissional camponês, de resto) destinado, por exemplo, a ser valorizado em situações de crise ou precariedade de emprego, ou então como um capital produtivo de reserva apenas dependente da disponibilidade de recursos financeiros a obter através do trabalho fora da exploração."

Neste sentido, a noção de reprodução social, é interessante para perceber as mudanças em meio rural. Segundo Evers et al (1984: 24), a reprodução social pode ser subdividida, por razões analíticas, entre reprodução primária e reprodução secundária. Na primeira categoria inclui-se a reprodução da força de trabalho e da vida humana em geral, sendo definida como "um processo complexo que inclui a produção de alimentos e a sua confecção, a educação, a administração do agregado doméstico, a produção de habitação42 e muitos outros aspectos". As necessidades de reprodução são asseguradas pela combinação de várias fontes de rendimento, contudo, uma "grande parte desta reprodução tem lugar em associação com a produção e o consumo directos fora da economia mercantil". A reprodução primária inclui assim, nesta perspectiva, a produção de subsistências (household subsistence

reproduction) e a produção de um espaço de habitação (habitat subsistence reproduction),

mas muitos outros aspectos, ou passos intermédios de análise, existem ainda entre a reprodução primária e o último nível da reprodução social, sendo um dos mais importantes "a reprodução da estrutura dos agregados domésticos, famílias, e sistemas de parentesco" (Evers

et al., 1984: 24). Este último nível, a reprodução secundária, diz respeito à reprodução da

ordem económica e social, de modo a assegurar a continuação da sua existência enquanto formação social definida, ou então a sua transformação.

5.2 - Um modelo de análise das escolhas das famílias

Sendo a família uma unidade de tomadas de decisões complexas, que envolvem simultaneamente a esfera da produção e da reprodução, a análise dos sistemas fundiário e de exploração, como se sustentou no capítulo anterior, deve incluir explicitamente esta unidade social. As decisões de uso da terra não podem ser explicadas somente com base num modelo de maximização da renda. Importa, por isso, complementar o referencial teórico com uma componente relativa aos mecanismos que condicionam os modos de vida das famílias e, por essa via, determinam as escolhas de uso da terra.

Concentre-se, por agora, a atenção nas decisões de trabalho das famílias com ligação rural. Tchayanov (1990 [1925]) demonstrava que a família camponesa empregaria a sua força de trabalho até ao ponto em que a penosidade marginal do trabalho fosse superior ao ganho marginal obtido. E, como regra mais geral, estabelece que a família procura “cobrir as suas necessidades o menos penosamente possível e portanto, tomando em conta os meios de produção de que dispõe assim como todas as outras formas possíveis de aplicação do seu trabalho, reparte-o de maneira a utilizar todas as possibilidades que oferecem uma melhor remuneração.” (1990: 117) Ou seja, quando existam oportunidades de trabalho no exterior, cuja remuneração seja superior ao rendimento marginal na exploração, a família repartirá o seu trabalho entre as duas aplicações alternativas, tendo como limite global o ponto a partir do qual a penosidade da última unidade de trabalho aplicada é superior à sua rendibilidade marginal. Tchayanov demonstra porém, com dados empíricos, que nem sempre o emprego de trabalho no exterior resulta de uma substituição de aplicações alternativas. Em parte tal prática deve-se à ausência de trabalho na exploração durante determinadas épocas do ano, não significando que se trate globalmente de uma substituição de trabalho agrícola por trabalho no exterior.

Nakajima (1970) formaliza, com base nos mesmos pressupostos, um modelo neo- clássico de equilíbrio da exploração agrícola familiar. Este modelo tem sido utilizado por muitos autores e constitui, de facto, um referencial com interesse para explicar as escolhas das famílias. Assim, analisa-se de seguida um pouco mais em detalhe.

Considere-se que o rendimento total obtido com a produção agrícola da família (Zt) é

função da quantidade de trabalho empregue no período t (Lt):

Zt = Zt (Lt)

A forma particular desta função depende dos recursos detidos pela família (terra, capital), das técnicas de produção e dos preços. Assumindo que não há recurso a capital externo, o consumo (Ct) não poderá ser superior ao capital disponível no início do período t

(Wt*).

Ct ≤ Wt*

No fim do período t o capital disponível pela família será:

Sendo At o saldo entre outros rendimentos e outras despesas.

Considere-se uma função de utilidade diferenciável e crescente com o consumo e o capital e decrescente com o trabalho, a qual depende das características da família, nomeadamente da sua dimensão e fase do ciclo de vida:

Ut = Ut (Lt, Ct, Wt)

A família terá então que escolher um nível de consumo e de penosidade do trabalho que maximize a sua utilidade, sujeita à restrição de capital disponível no período t.

As condições de primeira ordem que maximizam a utilidade (Currie, 1981: 52-53) são, primeiro, que a contribuição marginal do trabalho para o rendimento iguale a taxa marginal de substituição entre capital e lazer43; segundo, a taxa marginal de substituição entre consumo e capital no fim do período deve ser igual a um44; por último, a taxa marginal de substituição entre consumo e lazer deve igualar o rendimento marginal do trabalho45.

Considerando que a família emprega toda a riqueza produzida em consumo, podem representar-se graficamente as escolhas da família em função do trabalho e da riqueza produzida (ver figura 14). A curva XX’ representa o capital produzido no fim do período t em função do esforço de trabalho empregue. A quantidade OX representa o saldo das outras despesas e receitas (At). Representando por I as curvas de indiferença entre esforço de

trabalho e capital, correspondentes a diferentes níveis de consumo, a combinação preferida será obviamente Lt* , Wt* a qual corresponde ao nível mais elevado de utilidade.

43 t t t t t t W U L U dL dZ ∂ ∂ ∂ ∂ −

= Resultado que Nakajima designa por valorização marginal do trabalho da família em termos de riqueza.

44 =1 ∂ ∂ ∂ ∂ t t t t W U C U 45 t t t t t t C U L U dL dZ ∂ ∂ ∂ ∂ −

= O rendimento marginal do trabalho é igual à valorização marginal do trabalho da família em termos de consumo actual, na interpretação de Nakajima.

X X' I3 I2 I1 Lt Wt L't L* t W* t O

Figura 14 – Escolha de tempo de trabalho para uma família agrícola (adaptado de Currie, 1981)

Considere-se agora que a família tem a escolha de aplicar a sua disponibilidade total de trabalho (Lt) entre trabalho na exploração agrícola (Lat) e trabalho no exterior (Let). Pode

então escrever-se a equação do capital disponível no fim do período como:

Wt = Zt (Lat) + st Let + (Wt* - Ct) + At

Sendo st o salário do trabalho no exterior. A família terá agora que escolher não só o

nível global de trabalho a empregar, mas também a sua repartição entre trabalho na exploração agrícola e no exterior. Assumindo que a penosidade do trabalho é a mesma nos dois tipos de aplicação, a condição de equilíbrio é a igualdade entre a contribuição marginal dos dois tipos de trabalho para o capital acumulado no fim do período. A família substituirá portanto o trabalho na exploração agrícola por trabalho no exterior a partir do momento em que a rendibilidade marginal do primeiro iguala a taxa de salário obtida no exterior.

Na figura 15 representam-se as escolhas da família, assumindo ainda que todo o capital acumulado durante o período é consumido. O montante de trabalho empregue na exploração será de Lat, ponto a partir do qual a família preferirá trabalhar no exterior até ao

X X' Lt X'' I Wt O L* t Y Lat At+Zt W* t

Figura 15 - Escolha de tempo de trabalho da uma família entre trabalho agrícola e trabalho no exterior (adaptado de Currie, 1981)

A partir deste modelo simplificado podem analisar-se as diferentes possibilidades de escolha das famílias consoante a sua situação social particular. Uma primeira precisão que importa introduzir refere-se à forma da função de produção agrícola. Admitindo que todas as famílias estão em igualdade de circunstâncias relativamente aos demais factores, a função de produção agrícola assumirá formas diferentes consoante o património fundiário da família. Simplificando, pode considerar-se que esta exibirá retornos à escala tanto maiores quanto maior for a dimensão fundiária (ver figura 16 – A: Z1 ilustra uma função de produção

correspondente a menor dimensão fundiária do que Z3).

Por outro lado, relativamente aos rendimentos exteriores, a consideração de uma taxa de salário constante e igual para todas as famílias, constitui uma simplificação que não encontra sustentação real. De facto, o nível de salário depende estreitamente do capital cultural dos membros da família, correspondendo a qualificações mais elevadas um nível salarial igualmente mais elevado. Também não é realista assumir, na maioria das situações, que a escolha de um nível de trabalho é contínua. Na verdade, a opção por um trabalho variável restringe-se a tarefas pouco qualificadas e de baixa remuneração (S1 na figura 16-B),

ou a ocupações liberais dependentes da disponibilidade de qualificações profissionais e/ou meios de capital (p.e. alugador de máquinas, madeireiro, etc. S2 na figura 16-B representa

remunerações variáveis correspondentes a maiores níveis de qualificação ou de meios de capital). Na generalidade das outras situações a opção por uma ocupação não agrícola implica o emprego de um tempo de trabalho fixo, bem como o recebimento de um montante de salário fixo (S3 e S4 na figura 16-B).

S1 S2 S3 S4 Lt Wt Z1 Z2 Lt Wt Z3 A B

Figura 16 – Diferentes formas das curvas de trabalho agrícola e não agrícola

Neste modelo, o património entra apenas de forma indirecta, enquanto meio de produção que determina a configuração da curva de produção agrícola. Contudo, tem-se vindo a defender que este encerra outras funções bem mais vastas do que a de simples meio de produção: uma função económica enquanto activo de colocação de poupanças (dependendo, neste âmbito, as decisões da família da fase do ciclo de vida e de objectivos inter-geracionais) e funções sociais simbólicas e de segurança. Para além destas funções, entendendo o património fundiário numa acepção mais alargada, incluindo a habitação e a pertença ao meio rural, este passa a assumir igualmente funções de consumo de amenidades rurais e de pertença a um espaço de sociabilidade. Considerando agregadamente estas funções e assumindo que estão directamente relacionadas com a quantidade de património fundiário detido, pode então admitir-se que a utilidade da família varia positivamente com a dimensão do património.