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esquema51:

Vale frisar que a doutrina tradicional preceituava que além de lesivo ao patrimônio, o ato também deveria ser ilegal. Entretanto, a Constituição Federal de 1988 também faz menção explícita à locução “ofensa à moralidade administrativa”, como uma das hipóteses de cabimento da ação popular.

Reforça tal ideia o art. 37, caput, CF/88, que expressamente relaciona a moralidade como um dos princípios ao qual a Administração Pública está sujeita. Com base na Constituição atual, pois, entendemos que a imoralidade, por si só, já constitui fundamento suficiente para a propositura da ação popular, independentemente da demonstração da ocorrência de ilegalidade53.

Nas palavras precisas de Maria Sylvia Zanella di Pietro

Quanto à imoralidade, sempre houve os que a defendiam como fundamento suficiente para a ação popular. Hoje, a ideia se reforça pela norma do artigo 37, caput, da Constituição, que inclui a moralidade como um dos princípios a que a Administração Pública está sujeita.

Tornar-se-ia letra morta o dispositivo se a prática de ato imoral não gerasse a nulidade do ato da Administração. Além disso, o próprio dispositivo concernente à ação popular permite concluir que a imoralidade se constitui em fundamento autônomo para propositura da ação popular, independentemente de demonstração de ilegalidade, ao permitir que ela tenha por objeto anular ato lesivo à moralidade administrativa.54

Vale destacar, também, que a ausência de atuação do Poder Público também pode figurar como objeto da ação popular. Em outras palavras, eventual omissão que esteja produzindo prejuízo ao patrimônio público também pode ser questionada através dessa ação constitucional. Nesse sentido, o STJ afirmou ser a ação popular meio jurídico hábil para impugnar atos administrativos omissivos ou comissivos causadores de danos ao meio ambiente. No julgamento do REsp. 889.766/SP55, a 2ª Turma daquele Tribunal confirmou a viabilidade da ação popular proposta em face à omissão do Estado em

53. A jurisprudência do STF sobre o tema é pacífica e recentemente foi reafirmada: “Direito Constitucional e Processual Civil.

Ação popular. Condições da ação. Ajuizamento para combater ato lesivo à moralidade administrativa. Possibilidade.

Acórdão que manteve sentença que julgou extinto o processo, sem resolução do mérito, por entender que é condição da ação popular a demonstração de concomitante lesão ao patrimônio público material. Desnecessidade. Conteúdo do art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal. Reafirmação de jurisprudência. Repercussão geral reconhecida. 1. O entendimento sufragado no acórdão recorrido de que, para o cabimento de ação popular, é exigível a menção na exordial e a prova de prejuízo material aos cofres públicos, diverge do entendimento sufragado pelo Supremo Tribunal Federal. 2. A decisão objurgada ofende o art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal, que tem como objetos a serem defendidos pelo cidadão, separadamente, qualquer ato lesivo ao patrimônio material público ou de entidade de que o Estado participe, ao patrimônio moral, ao cultural e ao histórico. 3. Agravo e recurso extraordinário providos. 4. Repercussão geral reconhecida com reafirmação da jurisprudência.” STF, ARE 824.781, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/08/2015.

54. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 19ª ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 752, apud FIGUEIREDO DANTAS, Paulo Roberto de. Direito Processual Constitucional. São Paulo: Atlas, 2009, p. 309.

55. STJ, 2ª Turma, REsp. 889.766/SP, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 04/10/2007.

promover condições de melhoria na coleta do esgoto em estabelecimento penitenciário, cujos dejetos eram despejados em um córrego ocasionando danos ambientais.

(D) Legitimidade ativa e passiva

Neste ponto também não teremos dificuldades. Mas já fica o alerta de que a legitimidade ativa é o aspecto mais cobrado nas provas de concursos públicos. Portanto, atenção às informações que virão a seguir!

Bom, a legitimidade ativa para a propositura de ação popular, como já sabemos, pertence ao cidadão, indivíduo dotado de capacidade eleitoral ativa e que esteja em dia com suas obrigações eleitorais. A condição de cidadão será comprovada com a juntada do título de eleitor ou com documento que lhe corresponda.

“E no caso dos portugueses equiparados?” — você pode estar se questionando. Para começar:

lembra bem quem são eles? O art. 12, § 1º, CF/88 prevê que os portugueses serão equiparados aos brasileiros naturalizados ainda que não tenham se submetido ao procedimento de naturalização, desde que residam em caráter permanente no Brasil e desde que haja reciprocidade em favor de brasileiros com residência permanente em Portugal. Pois bem, como eles são equiparados aos naturalizados (são tratados como se naturalizados fossem), poderão ajuizar ação popular sim, desde que demonstrem a condição que os autoriza a exercer esse direito político através da apresentação do certificado de equiparação do gozo dos direitos políticos e título de eleitor.

Agora, para evitar as surpresas na sua prova, já vamos estruturar aqui aqueles que não poderão figurar no polo ativo da ação popular:

(i) os estrangeiros, mesmo que residentes no território nacional;

(ii) os apátridas,

(iii) as pessoas jurídicas, conforme a súmula nº 365, STF (“Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular”;

(iv) os brasileiros que estejam com seus direitos políticos suspensos ou perdidos, nos termos do art. 15, CF/88;

(v) o Ministério Público.

Sobre o Ministério Público, claro que a impossibilidade de figurar no polo ativo como autor da ação decorre de seu óbvio não enquadramento no conceito de cidadão. Cumpre, todavia, noticiar que o MP atuará na ação como custos legis (parte pública autônoma), a fim de assegurar que o processo tramite regularmente. Nesse sentido, deverá acompanhar a ação, apressando a produção das provas e promovendo a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores (art. 6º, § 4º, Lei nº 4.717/1965).

Além disso, muito embora não possa propor a ação, pode ser que o MP assuma o polo ativo da mesma se o autor dela desistir ou abandonar a causa (art. 9º, Lei nº 4.717/1965).

O Ministério Público terá, ainda, legitimidade ativa para a execução na ação popular, pois caso decorridos sessenta dias da publicação da sentença condenatória de segunda instância, sem que o autor ou terceiro promova a respectiva execução, o representante do Ministério Público a promoverá nos trinta dias seguintes, sob pena de falta grave (art. 16, Lei nº 4.717/1965).

Outro ponto importante sobre essa ação constitucional, é que ela poderá ser proposta em qualquer localidade, tendo em vista que a condição de cidadão é nacional.

Por último, vale informar que até mesmo o maior de dezesseis anos mas menor de dezoito anos que já possuir capacidade eleitoral ativa (porque se alistou como eleitor) poderá ajuizar a ação

popular. A doutrina diverge56, todavia, acerca da necessidade, ou não, de esse menor (relativamente incapaz para o direito civil) ser assistido nesse ajuizamento. Parece-nos que a melhor doutrina é aquela que propugna pela desnecessidade da assistência prestada por outrem, haja vista ser esta uma prerrogativa inerente ao exercício dos direitos políticos e, nesse contexto, se para votar o menor não precisa estar assistido, para propor a ação também não precisará, pois é este ato só mais uma das manifestações do exercício da cidadania, para a qual ele está habilitado.57

Para fecharmos a parte referente à legitimidade ativa, lhe convido para analisarmos juntos algumas questões. Vou começar com uma clássica “pegadinha” das provas de concursos públicos:

Questões para fixar

[FUNDATEC - 2014 - SEFAZ-RS - Auditor Fiscal da Receita Estadual - Bloco 2 - Adaptada] Com relação aos direitos e garantias fundamentais, de acordo com o que dispõe a Constituição Federal, julgue a seguinte assertiva:

Qualquer pessoa é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

Comentário:

Notou o erro? O item é claramente falso em razão de a ação popular somente poder ser proposta apenas por cidadão, ou seja, por pessoa que se encontra em pleno gozo dos seus direitos políticos. O examinador simplesmente trocou o termo “cidadão” pela palavra “pessoa” e isso foi, por óbvio, suficiente para tornar o item errado!

Gabarito: Errado [IBFC - 2013 - IDECI - Advogado - Adaptada] Julgue a assertiva apresentada com relação a remédios constitucionais previstos na Constituição Federal de 1988:

Qualquer pessoa é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

Comentário:

56. Pela imprescindibilidade da assistência temos Mancuso, para quem a capacidade eleitoral que o maior de dezesseis e menor de dezoito anos possui concede ao interessado a capacidade de ser parte e não a capacidade de estar em juízo.

MANCUSO, Rodolfo Camargo. Ação popular: proteção do erário, do patrimônio público, da moralidade administrativa e do meio ambiente. 4ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.

57. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. 33ª ed. atual. São Paulo: Malheiros, 2010, p. 463.

Mesmo erro da assertiva anterior. Já sabemos que a ação popular apenas poderá ser proposta por cidadão, não por qualquer pessoa. Isso quer dizer que terá legitimidade o indivíduo que esteja no pleno gozo dos seus direitos políticos, de acordo com o art. 5º, LXXIII da CF/88. Sendo assim, essa assertiva também é falsa.

Gabarito: Errado [FDC - 2012 - Prefeitura de Belo Horizonte - MG - Analista - Administração] A exigência da condição de cidadania para que uma pessoa seja autora de uma demanda judicial está vinculada ao seguinte writ:

A) mandado de segurança B) ação civil pública C) habeas corpus D) habeas data E) ação popular Comentário:

Aqui devemos marcar a alternativa ‘e’: sabemos que a legitimidade ativa para a apresentação de ação popular (art. 5º, LXXIII da CF/88) é exclusiva do cidadão, isto é, do nacional que esteja em pleno gozo dos seus direitos políticos.

Gabarito: E [CESPE -2013 - TRT 5ºR - BA - Juiz do Trabalho] Acerca dos tipos de ação previstos na CF para a tutela das liberdades, julgue a assertiva:

Estrangeiro residente no Brasil possui legitimidade ativa para ingressar com ação popular preventiva com o objetivo de evitar a prática de ato lesivo ao patrimônio público.

Comentário:

Conforme previsão do art. 5º, LXXIII da CF/88, a legitimidade ativa para a propositura da ação popular pertence somente ao cidadão, ou seja, ao nacional dotado de capacidade eleitoral ativa e que esteja em dia com suas obrigações eleitorais. Sendo assim, o estrangeiro, ainda que residente no Brasil, não tem legitimidade ativa para apresentar ação popular, tornando a assertiva apresentada falsa.

Gabarito: Errado [UFLA - 2018 - UFLA - Administrador] Joaquim Silva, brasileiro, morador da cidade de Belo Horizonte, procurou aconselhamento jurídico pois tomara conhecimento de um ato lesivo ao patrimônio público e ao meio ambiente e gostaria de saber, como cidadão, se seria parte legítima para propor algum tipo de ação visando anular tal ato. Neste caso, tendo as previsões da Constituição de República Federativa do Brasil de 1988:

A) Joaquim poderia propor ação popular visando à anulação do ato.

B) Joaquim poderia impetrar mandado de segurança para buscar a anulação do ato.

C) Joaquim poderia requerer, perante autoridade competente, o habeas corpus para a anulação do ato.

D) Joaquim nada poderia fazer, por se tratar de questão restrita à atuação exclusiva do Ministério Público.

Comentário:

Joaquim, ao tomar conhecimento de ato lesivo ao patrimônio público, poderia propor ação popular, com previsão no art. 5º, LXXIII da CF/88. Deste modo, a alternativa ‘a’ deverá ser marcada. É importante frisar, entretanto, que Joaquim só poderá propor a ação popular visando anular o ato lesivo ao patrimônio porque é cidadão, ou seja, porque está no pleno gozo dos seus direitos políticos.

Gabarito: A [FCC - 2012 - TRT 11ªR - Analista Judiciário] Eriberto, cidadão que habitualmente aprecia a fachada de um prédio público antigo, que foi construído ano de 1800, soube que, apesar de tombado por ser considerado patrimônio histórico e cultural, a autoridade pública resolveu demoli-lo ilegalmente para, no local, edificar um prédio moderno. Eriberto imediatamente procurou a autoridade pública suplicando que não o demolisse, mas seus pleitos não foram atendidos, então, para anular ato lesivo, segundo a Constituição Federal, poderá:

A) impetrar mandado de segurança individual.

B) impetrar mandado de segurança coletivo, desde que apoiado por abaixo assinado com, no mínimo, trezentas assinaturas.

C) impetrar mandado de segurança coletivo, desde que apoiado por abaixo assinado com, no mínimo, quinhentas assinaturas.

D) impetrar mandado de segurança coletivo, desde que apoiado por abaixo assinado com, no mínimo, setecentas assinaturas.

E) propor ação popular.

Comentário:

Uma vez que o intuito de Eriberto é a proteção do patrimônio público, não caberá a impetração de mandado de segurança, remédio destinado à proteção de direito líquido e certo não amparado pelo habeas corpus e habeas data (razão pela qual não poderemos assinalar a alternativa ‘a’). Caberá, deste modo, a propositura de ação popular, prevista no art. 5º, LXXIII da CF/88, que prevê que qualquer cidadão (ou seja, pessoa no pleno exercício de seus direitos políticos) será parte legítima para a sua propositura, visando anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

Gabarito: E [MPT - 2015 - MPT- Procurador do Trabalho - Adaptada] Analise as seguintes proposições a respeito das ações constitucionais, julgue as assertivas:

(i) A ação popular está presente no sistema jurídico brasileiro de forma contínua desde a Constituição de 1946.

(ii) A ação popular tem como único legitimado o cidadão, assim considerado aquele registrado como eleitor no pleno gozo de seus direitos políticos.

Comentário:

Ambas as assertivas estão corretas. A ação popular, da forma como a conhecemos, foi prevista pela primeira

vez na Constituição de 1934, ausentando-se na Constituição de 1937 e disciplinada em todas as Constituições posteriores (vimos isso na introdução dessa parte da aula). Será legitimado ativo qualquer cidadão, ou seja, qualquer pessoa em gozo de seus direitos políticos, sendo a prova da cidadania feita com o título eleitoral ou documento que a ele corresponda.

Gabarito: I) Certo / II) Certo [FGV - 2013 - OAB - Adaptada] Em relação aos remédios constitucionais, julgue a assertiva:

A ação popular pode ser impetrada por pessoa jurídica.

Comentário:

A assertiva é falsa! De acordo com a previsão do art. 5º, LXXIII da CF/88, apenas o cidadão, ou seja, apenas o indivíduo no pleno exercício de seus direitos políticos, é parte legítima para propor a ação popular.

Gabarito: Errado [CESPE - 2009 - MMA - Agente Administrativo] Analise o item a seguir:

Um promotor de justiça, no uso de suas atribuições, poderá ingressar com ação popular.

Comentário:

Mais um item falso. A Constituição Federal confere legitimidade ativa para a propositura de ação popular apenas para cidadão brasileiro, nato ou naturalizado, nos termos do art. 5º, LXXIII da CF/88. Deste modo, o Ministério Público não poderá ingressar com Ação Popular. Entretanto, aprenda uma coisa importante sobre essa matéria: o MP poderá assumir e dar andamento ao processo a fim de garantir a proteção do patrimônio público em caso de desistência da ação por parte do autor.

Gabarito: Errado [CESPE - 2010 - MPE-SE - Promotor de Justiça] Julgue o item:

Se o autor da ação popular dela desistir, o MP poderá, estando presentes os devidos requisitos, dar-lhe prosseguimento.

Comentário:

Item verdadeiro! Ainda que a Constituição não tenha conferido legitimidade ativa para o Ministério Público ingressar com ação popular (art. 5º, LXXIII da CF/88), a Lei nº 4.717/1965 (que regulamenta a AP) permite que o órgão assuma e dê andamento ao processo em casos de desistência da ação por parte do autor.

Gabarito: Certo [CESPE - 2013 - IBAMA - Analista Ambiental] Considere que uma organização não governamental (ONG), cujo objetivo social seja a preservação do cerrado, constate que um grande produtor rural obteve, do órgão ambiental competente, licença para desmatar uma grande extensão de determinada área de proteção ambiental.

Nessa situação hipotética, no intuito de evitar danos ao meio ambiente, a ONG deverá ajuizar ação popular, pleiteando a nulidade do ato administrativo que concedeu a licença ambiental.

Comentário:

O item é incorreto. A ONG não possui legitimidade ativa para a propositura da ação popular, reservada apenas para cidadãos, ou seja, indivíduos que estão em pleno exercício de seus direitos políticos, conforme previsão do art. 5º, LXXIII da CF/88.

Gabarito: Errado [FGV - 2019 - TJ-MA - Técnico Judiciário - Apoio Técnico Administrativo] Considere as seguintes situações:

I. Cidadão propõe ação popular visando à anulação de ato lesivo ao patrimônio público.

II. Trabalhador ingressa com mandado de segurança individual para proteger direito líquido e certo de que é titular, não amparado por habeas corpus ou habeas data, indicando autoridade pública como responsável pela ilegalidade.

À luz das normas constitucionais aplicáveis às respectivas ações,

(A) tanto o cidadão quanto o trabalhador poderiam ter ajuizado as respectivas ações.

(B) o trabalhador não poderia ter ingressado com o mandado de segurança, pois a ação deveria ter sido proposta por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano.

(C) o cidadão não poderia ter proposto a ação popular individualmente, pois seria necessária a subscrição de, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

(D) o trabalhador não poderia ter ingressado com o mandado de segurança contra autoridade pública, haja vista que a referida ação somente poderia ter como coator agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

(E) o cidadão não poderia ter ingressado com a ação popular, pois a legitimidade é exclusiva do Ministério Público.

Comentário:

Estudamos que somente o cidadão pode ajuizar ação popular, no intuito de anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural (art. 5°, LXXIII, CF/88). Quanto ao MS individual, o trabalhador é legitimado para impetrá-lo, na defesa de direito líquido e certo de que é titular, não amparado por habeas corpus ou habeas data, indicando autoridade pública como responsável pela ilegalidade (art. 5°, LXIX). Destarte, nossa resposta encontra-se na letra ‘a’.

Gabarito: A

Quanto à legitimidade passiva, pode-se dizer que a ação normalmente será proposta em face58:

(i) das pessoas jurídicas de direito público, cujo patrimônio se procura proteger, bem como suas entidades autárquicas e quaisquer outras pessoas jurídicas que sejam subvencionadas pelos cofres públicos (ver art. 1º, Lei nº 4.717/1965);

(ii) dos responsáveis pelo ato lesivo, vale dizer, autoridades diretamente responsáveis pelo ato que está sendo impugnado, administradores e demais funcionários59;

(iii) beneficiários diretos do ato ou contrato lesivo.

Questões para fixar

[CESPE - 2019 - SEFAZ-RS - Auditor Fiscal da Receita Estadual - Bloco II] Acerca das ações constitucionais, assinale a opção correta.

A) Mandado de injunção destina-se a regulamentar normas constitucionais de eficácia contida e de eficácia limitada.

B) Ação popular pode ser ajuizada por pessoa física ou jurídica, podendo figurar como réus a administração pública e pessoa física ou jurídica que tenha causado danos ao meio ambiente e(ou) ao patrimônio público, histórico e cultural.

C) Nas ações de habeas corpus, o juiz está adstrito à causa de pedir e aos pedidos formulados.

D) Mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político legalmente constituído e em funcionamento há pelo menos um ano.

E) Habeas data pode ser impetrado tanto por pessoa física, brasileira ou estrangeira, quanto por pessoa jurídica, sendo uma ação isenta de custas.

Comentário:

Vejamos cada um dos itens:

(a) Mandado de injunção é ação constitucional que visa regulamentar norma constitucional de eficácia limitada, tão somente. Normas constitucionais de eficácia contida já são possuidoras de aplicabilidade direta e imediata, não dependendo de regulamentação normativa ulterior para produzirem plenamente os seus efeitos.

(b) Não podemos assinalar, pois é uma alternativa dissonante do que prevê o art. 5º, LXXIII, no sentido de que

58. Art. 6º, Lei nº 4.717/1965: “A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo”.

59. Ressalte-se que os membros do Tribunal de Contas que somente tenham apreciado o ato não compõem o polo passivo da ação, exatamente por não serem diretamente responsáveis pelo que está sendo impugnado (REsp nº 171.317, Rel. Min.

Edson Vidigal, STJ).

o cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

(c) A assertiva está em desarmonia com o CPP, que permite que no habeas corpus o órgão competente para seu julgamento não esteja vinculado à causa de pedir e aos pedidos formulados, sendo possível a concessão da ordem no sentido diverso do pleiteado e, ainda, a concessão de ofício (in verbis: “Art. 654, § 2º Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.

(d) Consoante prevê o art. 5º, LXX, ‘a’, CF/88 o mandado de segurança coletivo realmente pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional – não havendo, entretanto, a necessidade de o partido comprovar que está constituído e em funcionamento há pelo menos 1 ano (tal requisito aparece no art. 5°, LXX na alínea ‘b’ para a associação legalmente constituída).

(e) É nossa resposta. Afinal, o writ poderá ser impetrado por qualquer pessoa, tanto natural quanto jurídica, seja nacional ou estrangeira (residente ou não no Brasil, desde que seja observado, como requisito, a escrita da petição inicial em português), para ter acesso às informações a seu respeito. Lembremos, ainda, que realmente a ação de HD é gratuita, em razão do disposto no art. 5°, LXXVII.

Gabarito: E [VUNESP - 2019 - Prefeitura de Guarulhos - SP - Inspetor Fiscal de Rendas - Conhecimentos Específicos] Nos termos da Constituição Federal, a respeito da tutela constitucional das liberdades, é correto afirmar que:

(A) são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.

(B) qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público, exceto de entidade da qual o Estado participe, devendo o autor, nesse caso, arcar com as custas judiciais e com o ônus da sucumbência.

(C) será concedido habeas corpus para proteger direito líquido e certo, não amparado mandado de segurança ou habeas data, quando o responsável por ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública.

(D) será concedido mandado de segurança coletivo sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e das liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

(E) será concedido mandado de injunção para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público.

Comentário:

Consoante prevê o art. 5º, LXXVII, CF/88, são gratuitas as ações de “habeas corpus” ou “habeas data” e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania. Destarte, nossa resposta é a da letra ‘a’.

Vejamos agora o porquê de as demais alternativas não poderem ser assinaladas:

- Letra ‘b’: de acordo com o que prevê o art. 5º, LXXIII, CF/88, qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à