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3 APRESENTAÇÃO DOS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DO

3.2 Requisitos de admissibilidade do recurso especial no

De modo a evitar a repetição de informações, esta parte do capítulo não irá abordar os requisitos de admissibilidade do recurso especial que não foram modificados com o advento no CPC/2015, como, por exemplo, os requisitos previstos na CF/88.

3.2.1 Cabimento

As hipóteses de cabimento do recurso especial não sofreram grandes modificações, até mesmo porque tais hipóteses estão previstas na CF/88. Entretanto, conforme explanado anteriormente, existem diversos pressupostos de admissibilidade que o recurso especial deve preencher para ser considerado cabível. Assim, dentre tais pressupostos, o pré-questionamento foi o requisito o qual passou por alterações substanciais.

Como já demonstrado, o pré-questionamento era um requisito de admissibilidade do recurso especial previsto exclusivamente pela jurisprudência dos tribunais superiores, sob a justificativa de que o referido requisito estaria previsto na CF/88, na expressão “causas decididas”.

60 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. PROCESSO CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL. ADVOGADO SEM PROCURAÇÃO NOS AUTOS. INCIDÊNCIA DOVERBETE SUMULAR N.º 115 DO STJ. 1. Reafirmado o entendimento cristalizado na Súmula n.º 115 desta Corte: "Na instância especial é inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos autos". 2. Nas instâncias extraordinárias – diferentemente do que ocorre nas instâncias ordinárias, em que a regra é se permitir o saneamento das irregularidades, existem restrições inerentes à excepcionalidade das vias recursais dessa natureza. Os requisitos de admissibilidade dos recursos são erigidos, entre outros fatores, como forma de otimizar a atuação jurisdicional das Cortes Superiores, repelindo atos dilatórios. 3. Embargos de divergência conhecidos, mas rejeitados. (STJ - EREsp: 868800 RS 2007/0274368-7, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento: 06/10/2010, CE - CORTE ESPECIAL, Data de Publicação: DJe 11/11/2010)

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Com o advento do CPC/2015, o pré-questionamento passou a ter regulamentação legal, com o art. 1.025, abaixo transcrito:

Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.

O referido artigo adota a teoria do pré-questionamento implícito, em sentido mais amplo do que aquele adotado pelo STJ durante a vigência do CPC/73. Dessa forma, ainda que o tribunal de origem não se manifeste sobre os pontos abordados pelos embargos de declaração, o tribunal superior pode considerar que o requisito do pré-questionamento foi preenchido.

Além disso, o art. § 3º do art. 94161 estabelece que o voto vencido é parte integrante do acórdão para todos os fins, inclusive pré-questionamento. Assim, se a tese adotada pelo recurso for aceita pelo voto vencido, a parte poderá utilizar o voto vencido como fundamento para interposição do recurso especial, no tocante ao requisito do pré- questionamento.

Nesse ponto, segundo Freddie Didier (DIDIER; CUNHA, 2016), o voto vencido só é considerado para fins de prequestionamento acaso possua fundamento suficiente para solucionar o caso. Se a discussão presente no voto vencido não trata da questão central abordada no recurso e não tenha sido objeto do contraditório, as alegações do voto vencido não integrariam o acórdão e seriam irrelevantes para fins de pré-questionamento.

3.2.2 Tempestividade

O CPC/2015 unificou o prazo para interposição de recurso em 15 (quinze) dias, com exceção dos embargos de declaração, o qual é de 05 (cinco) dias, em conformidade com o art. 1.00362, § 5º. Uma novidade trazida pelo Novo CPC é a forma de contagem do prazo, já

61 Art. 941. Proferidos os votos, o presidente anunciará o resultado do julgamento, designando para redigir o

acórdão o relator ou, se vencido este, o autor do primeiro voto vencedor. [...]

§ 3º O voto vencido será necessariamente declarado e considerado parte integrante do acórdão para todos os fins legais, inclusive de pré-questionamento.

62 Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. [...]

§ 4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada como data de interposição a data de postagem.

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que o prazo só corre em dias úteis, nos termos do art. 21963.

A intimação inicia-se a partir da intimação da parte, de acordo com o art. 1.003, caput. Ainda assim, o art. 21864, § 4º, expressa que o ato praticado antes do termo inicial do prazo será considerado tempestivo.

Com relação à interposição de recurso especial e embargos de declaração em face do mesmo acórdão, a parte que interpôs recurso especial está dispensada de ratificar o recurso, acaso os embargos sejam rejeitados ou não alterem a conclusão do acórdão, nos termos do art. 1.02465, § 5º. Lado outro, se os embargos modificarem o decisum recorrido, o embargado poderá complementar ou alterar a fundamentação do recurso já interposto, no prazo de quinze dias, nos limites da modificação da decisão, conforme o § 4º do art. 1.024.

No tocante ao recurso interposto por correio, o CPC/2015 considera a data de interposição do recurso como a data de postagem no correio, nos termos do § 4º do art. 1.003.

O art. 21366 do CPC/2015 permite que o protocolo eletrônico seja feito até as 24 (vinte e quatro) horas do último dia de prazo, desde que a parte observe o horário local do juízo em que foi feito o protocolo.

Por fim, a existência de feriado local deve ser comprovada no ato de interposição do recurso, sob pena de preclusão consumativa, conforme o § 6º do art. 1.003.

3.2.3 Preparo

Conforme exposto anteriormente, o STJ conceitua preparo com todas as despesas

§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.

§ 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso.

63 Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais. 64 Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei. [...]

§ 4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo. 65 Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.

[...]

§ 4º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração.

§ 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação.

66 Art. 213. A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em qualquer horário até as 24 (vinte e quatro) horas do último dia do prazo.

Parágrafo único. O horário vigente no juízo perante o qual o ato deve ser praticado será considerado para fins de atendimento do prazo.

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inerentes à interposição de um recurso, incluindo-se as custas processuais e o porte de remessa e de retorno. O art. 1.007, caput, do CPC/2015, segue o entendimento do tribunal, como se demonstra abaixo:

Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.

§ 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. § 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias.

§ 3º É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos.

§ 4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.

§ 5º É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4º. § 6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo. § 7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias.

O caput do art. 1.007 manteve a mesma redação do caput do art. 511 do CPC/1973. Dessa forma, o pagamento do preparo será comprovado no momento da interposição do recurso, sob pena de deserção.

O § 3º do supracitado art. 1.007 dispensa o pagamento do porte de remessa e de retorno dos autos em caso de autos eletrônicos, entendimento já adotado pelo STJ, como já demonstrado, mas sem previsão legal.

Em caso de justo impedimento, o § 6º do art. 1.007 permite que o relator releve a pena de deserção, estabelecendo o prazo de cinco dias para pagamento do preparo. O art. 519 do CPC/73 possuía previsão semelhante, mas apenas em relação ao recurso de apelação.

Uma grande mudança trazida pelo novo CPC é a regulamentação das hipóteses de insuficiência e ausência de pagamento do preparo.

A insuficiência do preparo enseja a intimação do recorrente para complementar o pagamento, no prazo de cinco dias, nos termos do art. 1.007, § 2º. A previsão assemelhasse ao

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§ 2º do art. 511 do CPC/73, agora incluindo-se porte de remessa e de retorno dos autos. Daniel Amorim (NEVES, 2016) defende que não importa o valor da insuficiência, sendo cabível a intimação do recorrente em qualquer caso, exceto na hipótese de ausência de recolhimento, pois há previsão específica do código para tal situação.

Na hipótese de ausência de preparo, o § 4º do art. 1.007 determina a intimação do recorrente para recolhimento em dobro, sob pena de deserção. Ante a inexistência de previsão acerca do prazo, aplica-se o art. 21867, § 3º, sendo o prazo de cinco dias, salvo se o juiz estabelecer prazo distinto. Daniel Amorim (NEVES, 2016) não entende cabível a aplicação deste parágrafo quando a parte realizou o pagamento do preparo, mas não comprovou no momento de interposição do recurso. Assim, no prazo estabelecido para recolhimento em dobro, o recorrente deveria, apenas, comprovar o pagamento já efetuado do preparo.

Registre-se que, se a parte não efetuar o pagamento integral do valor do preparo em dobro, não é possível a intimação do recorrente para complementação do pagamento, conforme previsão expressa do § 5º do art. 1.007.

Por fim, o preenchimento equivocado de guia não enseja a deserção do recurso, abrindo-se prazo para saneamento do vício, nos termos do art. 1.007, § 7º. Note-se que a intimação ocorrerá apenas em caso de dúvida acerca do recolhimento, sendo possível que o relator não intime a parte por considerar que o pagamento foi realizado corretamente, apesar do equívoco na guia.

3.2.4 Regularidade formal

A principal especificidade do recurso especial em relação aos demais recursos, no requisito de regularidade formal, é a ausência de assinatura eletrônica, procuração e/ou substabelecimento, como já exposto. A sistemática do Novo CPC permite que o vício seja considerado sanável, abrindo-se prazo para tal, como será explanado em tópico próprio no terceiro capítulo desta monografia.

Nesta senda, o CPC/2015 tem previsão específica acerca da irregularidade de representação ou da incapacidade processual da parte, determinando que o magistrado intime a parte para que, em prazo razoável, realize o saneamento do vício, conforme o art. 7668.

67 Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei. [...]

§ 3º Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte.

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Note-se que o referido artigo é plenamente aplicável nas instâncias superiores, pois seu § 2º estabelece que se a parte não realizar a providência, o relator do processo no tribunal de justiça, tribunal regional federal ou tribunal superior deverá inadmitir o recurso.

Além disso, o CPC/2015 prevê a fungibilidade entre os recursos excepcionais. Assim, acaso o acórdão objeto do recurso especial tenha como fundamento matéria constitucional, o STJ intimará o recorrente para demonstrar a existência de repercussão geral e apresentar os argumentos acerca da questão constitucional, nos termos do art. 1.03269.

Nesse sentido, acaso o STF entenda que a ofensa à Constituição Federal é reflexa e, portanto, o recurso extraordinário trata de matéria infraconstitucional, o tribunal remeterá o apelo ao STJ para ser julgado como recurso especial, conforme art. 1.03370.

suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício. [...]

§ 2º Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal regional federal ou tribunal superior, o relator:

I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente;

II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido.

69 Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional.

Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput, o relator remeterá o recurso ao Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior Tribunal de Justiça.

70 Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Constituição afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial.

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4 COMPARAÇÃO ENTRE OS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DO

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