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Reservas estatutárias

No documento Contabilidade intermediária I (páginas 72-76)

Segundo o Art. 194, da Lei das S.A.:

O estatuto poderá criar reservas desde que, para cada uma: I - indique, de modo preciso e completo, a sua fi nalidade;

II - fi xe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros líquidos que serão destinados à sua constituição; e

III - estabeleça o limite máximo da reserva.

Nesse caso, quem determinará as condições para constituição da reserva estatutária, tais como fi nalidade, limite, é o estatuto da companhia. A contabilização é realizada da seguinte forma:

Crédito – Reserva Estatutária (PL) Débito – Lucros (PL)

Reservas para contingências conforme Art. 195, da Lei 6.404/76:

Art. 195. A assembleia-geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, destinar parte do lucro líquido à formação de reserva com a fi nalidade de compensar, em exercício futuro, a diminuição do lucro decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa ser estimado.

§ 1º A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a causa da perda prevista e justifi car, com as razões de prudência que a recomendem, a constituição da reserva.

§ 2º A reserva será revertida no exercício em que deixarem de existir as razões que justi- fi caram a sua constituição ou em que ocorrer a perda.

O Artigo 195, da Lei das S.A., estabelece a constituição de reservas para contingências, a fi m de proteger o capital da companhia, em casos de perdas futuras sobre o qual existe dúvida acerca de sua ocorrência.

Exemplos: Geadas, secas, cheias, outros problemas que possam prejudicar as operações da companhia.

A Comissão de Valores Mobiliários, com sua Instrução 59, esclareceu bem a proposta de se constituir a reserva de contingência:

A ocorrência de tal perda poderá importar, para a sociedade, uma substancial redução de seu lucro ou mesmo o ingresso em uma faixa de prejuízo.

Prudentemente, a constituição dessa reserva, prejudicando a distribuição do dividendo obrigatório, busca evitar uma situação de desequilíbrio financeiro, que ocorreria caso se distribuíssem os dividendos em um exercício, face à probabilidade de redução de lucros ou mesmo da ocorrência de prejuízos em exercício futuro, em virtude de fatos extraordinários previsíveis.

Por configurar uma postergação no pagamento de dividendos, a constituição dessa reserva deve obedecer o § 1º do Artigo 195, da Lei Nº 6.404/76, isto é, a proposta feita pelos órgãos da administração deverá indicar a causa da perda e justificar, com as razões de cautela devi- damente fundamentadas, a constituição dessa reserva.

A utilização dessa reserva é até recomendável no caso de determinados ramos de negócios, diretamente sujeitos a fenômenos naturais ou cíclicos, tais como: geadas, secas, inunda- ções. É o caso, também, de empresas que, por outras razões definidas, operam com períodos fortemente lucrativos, seguidos de períodos com baixa lucratividade ou mesmo prejuízos, desde que seja previsível tal situação.

Também pode ser constituída nos casos de suspensão temporária (anormal, extraordinária) de produção e, consequentemente, perdas devido à paralisação não recorrente, não repeti- tiva, em virtude de substituições ou reformas de equipamentos causadas por danos, greves, falta de suprimentos de matérias-primas, por períodos relativamente extensos.

A reserva para contingência é de grande utilidade para resguardar o patrimônio da com- panhia, a fim de se utilizarem recursos para cobrir perdas com eventos que têm como fundamentos a incerteza de algo prejudicial que pode ou não ocorrer, utilizando-se sempre de uma parcela do lucro não distribuída.

Na Instrução CVM (Comissão de Valores Mobiliários), ainda podemos esclarecer uma confusão que se faz entre a reserva de contingência e a provisão por conta de uma con- tingência, vejamos:

“Com o objetivo de dissipar eventuais dúvidas quanto à aplicabilidade da constituição de reservas ou de provisão para contingências, estabelecemos a seguir as características de cada uma. Os principais fundamentos para constituição da reserva para contingência são: dar cobertura a perdas ou prejuízos potenciais (extraordinários, não repetitivos) ainda não incorridos, mediante segregação de parcela de lucros que seria distribuída como dividendo; representa uma destinação do lucro líquido do exercício, contrapartida da conta de lucros

ocorrendo ou não o evento esperado, a parcela constituída será, em exercício futuro, rever- tida para lucros acumulados, integrando a base de cálculo para efeito de pagamento do dividendo e a perda, de fato ocorrendo, é registrada no resultado do exercício;

é uma conta integrante do patrimônio líquido, no grupamento de reserva de lucros.”

Antes de seguirmos com a explicação da Instrução 59 da CVM, é bom ressaltar que a reserva está relacionada a eventos de perdas ou prejuízos extraordinários, não repetiti- vos. Agora, vamos à explicação da CVM:

“Quanto à provisão para contingências suas particularidades são:

tem por finalidade dar cobertura a perdas ou despesas, cujo fato gerador já ocorreu, mas não tendo havido, ainda, o correspondente desembolso ou perda. Em atenção ao regime de competência, entretanto, há necessidade de se efetuar o registro contábil;

representa uma apropriação ao resultado do exercício, contrapartida de perdas extraordiná- rias, despesas ou custos e sua constituição normalmente influencia o resultado do exercício ou os custos de produção;

deve ser constituída independentemente de a companhia apresentar, afinal, lucro ou preju- ízo no exercício;

visto que o evento que serviu de base à sua constituição já ocorreu, não há, em princípio, reversão dos valores registrados nessa provisão. A pequena sobra ou insuficiência é decor- rente do cálculo estimativo feito à época da constituição;

finalmente, se a probabilidade for difícil de calcular ou se o valor não for mensurá- vel, há necessidade de uma nota explicativa esclarecendo o fato e mencionando tais impossibilidades.”

A explicação da CVM é bem esclarecedora, e pode ser corroborada pelo quadro abaixo:

Reserva para Contingências Provisão para Contingências

Dar cobertura a perdas prováveis ou

prejuízos potenciais ainda não incorridos Dar cobertura a perdas ou despesas já incorridas, mas que ainda não se efetivaram Reconhecida por meio da destinação de

parte do lucro auferido no exercício – não transita pelo resultado

Reconhecida como despesa do exercício, transitando pelo resultado e reduzindo o lucro Classificada no patrimônio líquido Classificada no passivo exigível

Só pode ser registrada se houver lucro a ser apropriado

Deve ser reconhecida independentemente de a companhia apurar lucro ou prejuízo no exercício

Um exemplo de provisão: é a provisão para devedores duvidosos, a qual é responsável por retifi car o contas a receber, devido à inadimplência dos clientes.

Vamos agora a um exemplo de reserva de contingências:

Suponhamos que exista um perda provável decorrente de uma geada que pode aconte- cer dentro dos próximos 5 anos numa plantação de UVA que é responsável por 10% das receitas de uma determinada companhia, sendo assim foi estimada uma perda no mon- tante de R$ 200.000,00. A empresa, então, lançará:

D – Lucros acumulados (PL): 200.000,00

C – Reserva para contingências (PL): 200.000,00 Vejamos também nas contas T:

(1) 2.000.000 (X) 2.000.000 2.000.000 2.000.000 RESULTADO DO EXERCÍCIO Apuração de Resultado Capital Social 4.000.000 4.000.000 200.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Reserva de Contigências Lucro (1) (2) (2) 200.000 2.000.000 200.000 (1) 2.000.000 (X) 2.000.000 2.000.000 2.000.000 RESULTADO DO EXERCÍCIO Apuração de Resultado Capital Social 4.000.000 4.000.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Lucro (1) (2) 200.000 2.000.000

(X) Apuração do resultado;

(1) Transferência do resultado para o lucro no PL; (2) Constituição da reserva de contingências.

No documento Contabilidade intermediária I (páginas 72-76)