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3.1 Definição, classificação e características

3.4.6 Residuo e Economia Circular

Uma gestão de resíduos sólidos inclui as medidas destinadas a reduzir os resíduos e seus efeitos adversos sobre o ambiente (ZURBRÜGG, 2003) e o objetivo de uma gestão de

resíduos sustentável é lidar de forma ambientalmente eficiente, economicamente viável e socialmente aceitável (THOMAS; MCDOUGALL, 2005).

Uma gestão integrada leva em consideração os aspectos ambientais, econômicos e sociais do gerenciamento de resíduos, ou seja, busca a melhor combinação de métodos de tratamento aplicáveis para minimizar os custos econômicos e maximizar a proteção ambiental e os benefícios sociais (ILIĆ; NIKOLIĆ, 2016).

Uma redução substancial ou total no volume final dos resíduos gerados poderia ser alcançada, se eles fossem desviados para alternativas que recuperassem recursos e materiais. A recuperação poderia ser utilizada para gerar receitas para financiar a gestão dos resíduos, constituindo assim, um sistema de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (GIRS) com base no princípio dos 3Rs - reduzir, reutilizar e reciclar (UNEP, 2009).

Desta forma, como as atividades de reciclagem têm apresentado um aumento notável nas últimas décadas devido as dimensões econômicas e ambientais da sustentabilidade, o planejamento das instalações de tratamento e produção tornou-se uma questão estratégica importante que afeta a rentabilidade da indústria de reciclagem (GEORGIADIS, 2013).

Moh e Manaf (2014) demostram o desperdício de materiais nos aterros de países asiáticos em desenvolvimento, o que representa perdas financeiras pelo custo de disposição e pela falta de oportunidade pela não utilização. No Brasil, décadas atrás Calderoni (1999) mencionava o desperdício de dinheiro que literalmente ia para o lixo e parece que nada mudou, visto que o estudo do IPEA (2010) demonstra um desperdício de aproximadamente 8 bilhões de reais ao ano no Brasil, ou seja, resíduos potencialmente recicláveis são encaminhados diretamente para aterros e lixões nas cidades brasileiras.

Porém, trabalhar a questão da reciclagem representa tratar menos de 50% dos resíduos gerados no Brasil (ABRELPE, 2015), hoje a reciclagem já desempenha um papel importante na vida de diversas pessoas e uma melhor estruturação poderia ampliar esta cadeia produtiva, o que representaria ganhos sociais, ambientais, econômicos, entre outros.

É necessária uma atenção com os resíduos orgânicos, pois estes apresentam um alto percentual no resíduo sólido urbano e experiências de compostagem e outros tratamentos da fração orgânica ainda são incipientes no Brasil (IPEA, 2012). Logo, pensar alternativas para reciclar e aproveitar os resíduos orgânicos é essencial para melhorar a gestão integrada de resíduos sólidos urbanos.

Moh & Manaf (2014) tratam isto como um novo paradigma. Os governos devem desenvolver políticas públicas para a minimização e o reaproveitamento dos resíduos,

premissa da Lei 12305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010a).

Para Lin (2008) trata-se de um novo sistema econômico que se retroalimenta em uma Economia Circular. O autor propõe que os modelos e sistemas sejam estudados, a partir de cada realidades, assim otimizar os resultados e apoiar a tomada de decisão dos gestores, o que realmente demonstra ser uma lacuna para a implementação de políticas deste tipo.

O meio ambiente é considerado um fornecedor de recursos e um assimilador de resíduos (LIEDER; RASHID, 2016). O conceito de resíduo é eliminado por meio de sistemas projetados que aproveitam os materiais e as emissões em outros processos (NIERO; OLSEN, 2016). Com este novo pensamento o que anteriormente era considerado resíduo deve ser tratado como matéria-prima de outro processo, garantindo o fluxo de materiais continuamente num ciclo industrial fechado (LEITÃO, 2015).

A circulação pode avançar através da reciclagem e reutilização, mudança para fontes de energia renováveis e a conversão dos ganhos de eficiência em uma redução do nível geral de recursos, porém a circularidade não pode ser alcançada apenas com base na reciclagem (HASS et al., 2015).

Se a sociedade mudar para o desperdício zero, caminhos de materiais alternativos como compostagem e reciclagem se tornarão mais atraentes. Além disso, a reciclagem sem compostagem não pode existir sozinha em uma estratégia de desperdício zero, uma vez que os resíduos orgânicos e alimentos compõem uma parte dos resíduos que podem ser tratados pela compostagem (ILIĆ; NIKOLIĆ, 2016).

Para implementar a economia circular, as ações de redução, reutilização e reciclagem devem ser incentivadas, o que resultará na redução da quantidade de resíduos nos aterros sanitários e ao mesmo tempo na criação de empregos verdes (ILIĆ; NIKOLIĆ, 2016).

Para promover o desenvolvimento economico da EC é necessário melhorar a conscientização da comunidade sobre proteção ambiental e conservação dos recursos, para o qual a publicidade e a educação devem ser fortalecidas para defender o conceito de valores ecológicos e consumo verde em toda a sociedade (JUN; XIANG, 2011).

Para obter o melhor desempenho, os responsáveis devem considerar fatores como seleção do material de origem, treinamento dos funcionários, conscientização pública, simplicidade de coleta e compensações ambientais para diferentes abordagens de gerenciamento de resíduos (HOTTLE; BILEC; BROWN; LANDIS, 2015).

A reciclagem de forma geral necessita de um design ecologicamente consistente de produtos que aumente a vida útil, forneça o mesmo serviço com menos requisitos de material

e facilite o reparo e revenda, atualizações de produtos, modularidade e remanufatura, reutilização de componentes e a reciclagem no fim de vida do produto (HASS et al., 2015).

Os produtos e materiais passam a ser desenhados e desenvolvidos para que voltem à cadeia de produção, caracterizados pela facilidade de triagem e maximização da sua reutilização e reciclagem como matéria-prima (LEITÃO, 2015).

Ressaltando que a incineração e outras formas de recuperação de energia por um lado são úteis para reduzir a quantidade de resíduos gerados destinados aos aterros sanitários e as emissões de gases do efeito estufa, por outro lado impossibilitam a reciclagem (TISSERANT

et al., 2017).

Desta forma, alternativas sustentáveis são necessárias para equilibrar o consumo de materiais naturais, a produção e o desenvolvimento econômico de forma circular. Assim, a pesquisa possibilita simular mudanças na atual gestão de resíduos sólidos urbanos, utilizando a ferramenta de dinâmicas de sistemas e concepções sobre Economia Circular, criando cenários futuros sem o uso de incineradores e com tratamento e aproveitamento principalmente dos resíduos orgânicos.

A simulação possibilita antecipar problemas e ajustar metas e objetivos relacionados a políticas e planejamentos estratégicos a médio e longo prazo, auxiliando na tomada de decisão e promovendo o desenvolvimento das questões sociais, econômicas e ambientais de forma sustentável.