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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Histórico do edifício hospitalar e considerações sobre o hospital contemporâneo

2.1.3 Considerações sobre o hospital contemporâneo no âmbito da presente pesquisa:

2.1.3.1 Resolução de Diretoria Colegiada – RDC nº 50/2002

A RDC nº 50 tem abrangência nacional e trata-se atualmente da principal norma a ser observada quando da elaboração de projetos arquitetônicos e complementares para estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS). O atendimento a seus parâmetros é condição determinante para aprovação de projetos junto ao Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. Desse modo, seu conteúdo será tomado como ponto de partida para a definição dos ambientes hospitalares a serem estudados em maior profundidade.

Segundo consta no texto desta Resolução, baseado em um conjunto de atribuições11 e atividades definidas para um determinado estabelecimento, a RDC nº 50 estabelece os ambientes e equipamentos indispensáveis ao seu adequado funcionamento (ANVISA, 2004).

No caso específico do hospital, estabelecimento assistencial de saúde de alta complexidade morfológica e funcional, pode-se considerar que as principais atribuições de EAS definidas pela RDC nº 50 são desenvolvidas, salvo exceções, variando-se as atividades e subatividades que delas derivam, conforme pode ser observado na FIG. 6.

As diversas atividades e subatividades derivadas de cada uma das atribuições descritas na FIG. 6 são listadas na RDC nº 50, a qual orienta os planejadores do EAS, como primeiro passo, definir dentre elas quais serão desenvolvidas naquele determinado estabelecimento. Vencida esta etapa, a Resolução apresenta diversos quadros que contém a listagem de ambientes, seus dimensionamentos, instalações prediais e equipamentos necessários ao adequado desenvolvimento das atividades de cada unidade funcional, conforme exemplificado pelo QUADRO 1, em seguida.

11“Essas atribuições [...] são conjuntos de atividades e subatividades específicas, que correspondem a uma descrição sinóptica da organização técnica do trabalho na assistência à saúde” (ANVISA, 2004, p. 35).

FIGURA 6 - Atribuições de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde.

1. Prestação de atendimento eletivo de promoção e assistência à saúde em regime ambulatorial e de hospital-dia – atenção à saúde incluindo atividades de promoção, prevenção, vigilância à saúde da comunidade e atendimento a pacientes externos de forma programada e continuada;

2. Prestação de atendimento imediato de assistência à saúde – atendimento a pacientes externos em situações de sofrimento, sem risco de vida (urgência) ou com risco de vida (emergência);

3. Prestação de atendimento de assistência à saúde em regime de internação – atendimento a pacientes que necessitam de assistência direta programada por período superior a 24 horas (pacientes internos);

4. Prestação de atendimento de apoio ao diagnóstico e terapia – atendimento a pacientes internos e externos em ações de apoio direto ao reconhecimento e recuperação do estado da saúde (contato direto);

5. Prestação de serviços de apoio técnico – atendimento direto a assistência à saúde em funções de apoio (contato indireto);

6. Formação e desenvolvimento de recursos humanos e de pesquisa – atendimento direta ou indiretamente relacionado à atenção e assistência à saúde em funções de ensino e pesquisa;

7. Prestação de serviços de apoio à gestão e execução administrativa – atendimento ao estabelecimento em funções administrativas;

8. Prestação de serviços de apoio logístico – atendimento ao estabelecimento em funções de suporte operacional.

As quatro primeiras são atribuições-fim, isto é, constituem funções diretamente ligadas à atenção e assistência à saúde. As quatro últimas são atribuições meio para o desenvolvimento das primeiras e de si próprias.

QUADRO 1 Exemplo de quadro de unidade funcional, RDC nº 50/2002.

UNIDADE FUNCIONAL: 3 - INTERNAÇÃO (cont.)

Nº ATIV. 12

UNIDADE / AMBIENTE

DIMENSIONAMENTO

INSTALAÇÕES QUANTIFICAÇÃO (min.) DIMENSÃO (min.)

3.3 Internação

intensiva-UTI/ CTI (1)

É obrigatória a existência em hospitais terciários e em hospitais secundários com capacidade³ 100 leitos, bem

como nos especializados que

atendam pacientes graves ou de risco

e em EAS que atendam

gravidez/parto de alto risco. Neste último caso o EAS deve dispor de UTI adulto e neonatal. _ _ 3.3.2; 3.3.3; 3.3.5 Posto de enfermagem / área de Serviços de enfermagem

1 para cada área coletiva ou conjunto de quartos, independente do nº de leitos. 1. Dispensável se esta atividade ocorrer na CME HF; E 3.3.2 Área para prescrição médica _ 1,5 m² _ 3.3.1 a 3.3.3; 3.3.5 a 3.3.7 Quarto (isolamento ou não)

Mínimo de 5 leitos podendo existir quartos ou áreas coletivas, ou ambos a critério do EAS. O nº de leitos de UTI deve corresponder a no mínimo 6% do total de leitos do EAS.

10,0m² com distância de 1 m entre paredes e leito, exceto cabeceira e pé do leito = 1,2 m.

HF; FO; FAM; AC; EE; FVC; ED; 3.3.1 a 3.3.3; 3.3.5 a 3.3.7 Área coletiva de tratamento (exceto neonatologia)

Deve ser previsto um quarto de isolamento para cada 10 leitos de UTI, ou fração.

9,0 m² por leito com distância de 1 m entre paredes e leito, exceto cabeceira, de 2 m entre leitos e pé do leito = 1,2 m (o espaço destinado à circulação da unidade pode estar incluído nesta distância)

HF; FO; FAM; AC; EE; FVC; E 5.3.1; 5.3.2 Sala de higienização e preparo de equipamentos / material

1. Dispensável se esta atividade

Ocorrer na CME 4,0m² com dimensão

mínima igual a 1,5 HF 3.3.8 Sala de entrevista _ 6,0m² _ AMBIENTES DE APOIO:

CTI/UTI (unidade de acesso restrito): -Sala de utilidades

-Quarto de plantão -Rouparia

-Depósito de equipamentos e materiais -Banheiro para quarto de plantão

-Sanitários com vestiários para funcionários mas. e fem.

-Sanitário para pacientes (geral) – Pode ser substituído,

quando se fizer uso de quartos individuais, por equipamento ou bancada contendo lavatório e bacia sanitária juntos.

-Sala de espera para acompanhantes e visitantes (anexo à unidade ou não)

-Sala administrativa (secretaria) -Depósito de material de limpeza -Copa

*-Área de estar para equipe de saúde *-Sanitário para público (junto à sala de espera)

Obs.: - Os boxes das áreas coletiva de tratamento devem possuir dispositivos que permitam a privacidade dos pacientes quando necessário.

- Na UTI pediátrica deve ser prevista poltrona para acompanhante junto aos leitos, sem que isto implique em aumento de área prevista para cada leito.

- A sala de espera pode ser compartilhada com setores afins do hospital, desde que seja dimensionada de forma a atender à demanda das unidades a que se destina.

- O posto de enfermagem deve estar instalado de forma a permitir observação visual direta ou eletrônica dos leitos ou berços. No caso de observação visual por meio eletrônico, deverá dispor de uma central de monitores.

Fonte: ANVISA, 2004, p. 61.

12

LEGENDA: HF = Água fria HQ = Água quente FV = Vapor FG = Gás combustível FO = Oxigênio (6) FN = Óxido nitroso FV C = Vácuo clínico (6) FV L = Vácuo de limpeza FA M = Ar comprimido medicinal (6) FA I = Ar comprimido industrial AC = Ar condicionado (1)

CD = Coleta e afastamento de efluentes diferenciados (2)

EE = Elétrica de emergência (3) ED = Elétrica diferenciada (4) E = Exaustão (5)

ADE = A depender dos equipamentos utilizados. Nesse caso é obrigatória a apresentação do “layout” da sala com o equipamento.

FIGURA 7 - Legenda.

1- Refere-se à climatização destinada a ambientes que requerem controle na qualidade do ar.

2- Refere-se à coleta e afastamento de efluentes que necessitam de algum tratamento especial.

3- Refere-se à necessidade de o ambiente ser provido de sistema elétrico de emergência.

4- Refere-se à necessidade de o ambiente ser provido de sistema elétrico diferenciado dos demais, na dependência do equipamento instalado. Exemplo: sistema com tensão diferenciada, aterramento, etc.

5- É dispensável quando existir sistema de ar recirculado. 6- Canalizado ou portátil.

Fonte: ANVISA, 2004, p. 53.

De acordo com o proposto na presente pesquisa, foram selecionadas dentre as unidades funcionais apresentadas na RDC nº 50, aquelas em que são previstos ambientes em que é obrigatório o uso de ar condicionado. Além destes, foram destacados também aqueles em que é necessário prever exaustão mecânica, uma vez que, conforme será exemplificado adiante, a ventilação natural desses ambientes nem sempre é permitida, o que poderá tornar inevitável o uso do ar condicionado.

Desse modo, a partir da legenda apresentada na FIG. 7, na qual a sigla AC, ar condicionado, indica os ambientes que requerem condicionamento do ar, e a sigla E, exaustão, aqueles em que é necessária exaustão mecânica, foi realizada uma busca nas tabelas da referida norma, que resultou no QUADRO 2 apresentado a seguir.

Em azul encontram-se demarcados os compartimentos que, segundo esta norma, são destinados à realização de procedimentos assépticos13 (ANVISA, 2004).

Cabe ressaltar que, conforme informado no texto da mencionada Resolução, as instalações de climatização “são aquelas que criam um micro clima nos quesitos de temperatura, umidade, velocidade, distribuição e pureza do ar”, bem como “o sistema de condicionamento artificial de ar necessita de insuflamento e exaustão de ar do tipo forçado” (ANVISA, 2004, p. 141).

O sistema de ar-condicionado basicamente envolve circulação de ar, ventilação, aquecimento, resfriamento, umidificação, desumidificação e filtragem, e requer condicionadores, ventiladores com motor, serpentina de resfriamento e desumidificação, filtros, pré-filtros, controles, compressores, condensadores, evaporadores, bombas centrífugas, exaustores, central frigorífera, torres de arrefecimento, válvulas, manômetros, tomadas de ar externo, tubulação, dutos isolados e outros (KARMAN, 1994, p. 140).

A RDC nº 50 define ainda que a climatização de conforto, como seria o caso, por exemplo, de quartos de internação e salas administrativas, não foi considerada para a elaboração de suas tabelas, o que significa que quando é exigido ar condicionado, este é para o adequado funcionamento das atividades desenvolvidas naquela unidade funcional/ambiente, controle de infecção, bom funcionamento dos equipamentos etc.

13Ambientes cujas atividades envolvem “trabalhos e tratamentos destinados à análise e erradicação de doenças infecciosas”, devendo ser previstos inclusive sistemas adequados de filtragens e trocas de ar, etc. (ANVISA, 2004, p. 141).

QUADRO 2 Ambientes hospitalares com uso de ar condicionado ou exaustão mecânica, RDC nº 50/2002.

(continua)

Unidade Funcional Unidade / Ambiente AC/E Atividades14

Atendimento Ambulatorial

Enfermagem

 Sala de inalação individual (obrigatório para unidades para tratamento de AIDS)

E

1.11 1.11 Atendimento Imediato Atendimentos de Urgência e

Emergência

>Urgências (alta complexidade) e Emergências  Sala de procedimentos especiais (invasivos)  Sala de emergências (politraumatismo, parada cardíaca, etc.) AC AC 2.1; 2.2 2.2.1; 2.2.3 a 2.2.6 2.2.1; 2.2.3 a 2.2.6

Internação Internação de transplantados de

medula óssea

 Quartos para transplantados halogênicos

Internação de recém-nascido (neonatologia)

 Berçário de cuidados intensivos – UTI neonatal

AC AC/E ... ... 3.2 3.2.3; 3.2.6 Internação intensiva – UTI / CTI

 Quarto (isolamento ou não)  Área coletiva de tratamento

(exceto neonatologia) AC/E AC 3.3 3.3.1 a 3.3.3; 3.3.5 a 3.3.7

Internação para tratamento intensivo de queimados  Quarto (isolamento) AC 3.4.2; 3.4.4; 3.4.9; 3.4.10 Apoio ao Diagnóstico e Terapia Patologia clínica

 Sala de preparo de reagentes  Laboratório de hematologia  Laboratório de parasitologia  Laboratório de urinálise  Laboratório de imunologia  Laboratório de bacteriologia ou microbiologia  Laboratório de micologia  Laboratório de virologia  Laboratório de bioquímica  Laboratório de biologia molecular

 Laboratório de suporte à UTI e UTQ  Laboratório de emergência E E E E E E E E E E E E 4.1 4.1.4 4.1.3 a 4.1.7; 4.9.8; 4.9.9 4.1.3 a 4.1.7 4.1.3 a 4.1.7 4.1.3 a 4.1.7; 4.9.8; 4.9.9 4.1.3 a 4.1.7 4.1.3 a 4.1.7; 4.9.8; 4.9.9 4.3.4; 4.1.3 A 4.1.7 4.3.4; 4.1.3 A 4.1.7 14

QUADRO 2 Ambientes hospitalares com uso de ar condicionado ou exaustão mecânica, RDC nº 50/2002

(continua)

Unidade Funcional Unidade / Ambiente AC/E Atividades

Apoio ao Diagnóstico e Terapia Imagenologia >Radiologia  Sala de exames Geral Mama Densitometria >Hemodinâmica  Área de comando e componentes técnicos  Sala de exames e terapias >Tomografia

 Sala de exames de tomografia  Sala de componentes técnicos

(computadores, etc.) AC AC AC AC AC 4.2 4.2.5.a 4.2.5.a; 4.2.12 4.2.5.b 4.2.5.b 4.2.4.b 4.2.5.c 4.2.5.c; 4.2.12 4.2.5.c >Ultrassonografia

 Sala de exames e terapias de ultrassonografia

 Sala ou área de comando (para litotripsia)  Sala de ecocardiografia >Ressonância magnética  Sala de exames de ressonância magnética  Área de comando

 Sala de componentes técnicos (computadores, compressor hélio, etc.)

> Anatomia patológica e citopatologia  Sala de macroscopia

 Sala de Necropsia >Medicina nuclear

 Laboratório de manipulação e estoque de fontes em uso  Laboratório de

radioimunoensaio

 Salas de exames de medicina nuclear

>Centro cirúrgico

 Área de indução anestésica  Sala de cirurgia

 Sala de apoio às cirurgias especializadas  Posto de enfermagem e serviços  Área de recuperação pós- anestésica AC AC AC AC AC AC E E E E AC AC AC/E AC AC AC 4.2.5.d 4.2.5.d 4.2.5.d 4.2.5.d 4.2.5.e 4.2.5.e 4.2.5.e 4.2.5.e 4.4 4.4.4 4.4.6 4.5 4.5.1; 4.5.2 4.5.4 4.5.7 4.6 4.6.2 4.6.4; 4.6.5; 4.6.8 4.6.4; 4.6.9 4.6.6 4.6.7

QUADRO 2 Ambientes hospitalares com uso de ar condicionado ou exaustão mecânica, RDC nº 50/2002

(continua)

Unidade Funcional Unidade / Ambiente AC/E Atividades

Apoio ao Diagnóstico e Terapia

> Centro obstétrico (partos cirúrgicos e normais)

 Área de indução anestésica  Sala de parto normal  Sala de parto

cirúrgico/curetagem  Área de recuperação pós-

anestésica

Hemoterapia e Hematologia

>Coleta, processamento, Análise lab. e estocagem/distribuição

 Sala para processamento de sangue AC AC AC/E AC AC/E 4.7 4.7.4 4.7.6; 4.7.8 4.7.7; 4.7.8 4.7.13 4.9 4.9.1 a 4.9.14 4.9.7 Radioterapia  Sala de simulação  Salas de terapia -Bomba de cobalto -Braquiterapia -Acelerador linear -Ortovoltagem (raios X – terapias superficial e profunda) Diálise

 Sala de reprocessamento de dialisadores contaminados por hepatite C

 Sala de reprocessamento de dialisadores contaminados por HBsAg+

 Sala de reprocessamento de dialisadores de paciente não contaminado AC AC E E E 4.10 4.10.4 4.10.7; 4.10.8 4.12 4.12.6 4.12.6 4.12.6

Apoio Técnico Nutrição e dietética

 Área para cocção de dietas normais

 Área para cocção de desjejum e lanches

 Área para cocção de dietas especiais

 Área para porcionamento de dietas normais

 Área para porcionamento de dietas especiais

 Área para distribuição de dietas normais e especiais Lactário

 Sala de preparo, envase, estocagem e distribuição de fórmulas lácteas e não lácteas

E E E E E E AC 5.1 5.1.5; 5.1.7 5.5.1; 5.1.7 5.1.6; 5.1.7 5.1.9 5.1.10 5.1.13; 5.1.9; 5.1.10; 5.1.17 5.1.7; 5.1.11; 5.1.14

QUADRO 2 Ambientes hospitalares com uso de ar condicionado ou exaustão mecânica, RDC nº 50/2002

(conclusão)

Unidade Funcional Unidade / Ambiente AC/E Atividades

Apoio Técnico Farmácia

 Área para armazenagem e controle

>Farmacotécnica

 Sala para preparo e diluição de germicidas

 Sala de limpeza e higienização de insumos (assepsia de embalagens)  Sala de preparação de quimioterápicos  Sala de manipulação de nutrição parenteral

Central de Material Esterilizado  Sala de recepção,

descontaminação, separação e lavagem de materiais  Sala para recepção de roupa

limpa, preparo de materiais e roupa limpa, esterilização física e esterilização química líquida

 Subunidade para esterilização química gasosa

 Sala de armazenagem e distribuição de materiais e roupas esterilizados Central de Material Esterilizado – simplificada  Sala de esterilização/estocagem de material esterilizado E E AC AC AC E E AC/E AC E 5.2 5.2.2 5.2 5.2.9 5.2.7; 5.2.8 5.2.8 5.2.7 5.3 5.3.1; 5.3.2 5.3.3; 5.3.4; 5.3.5; 5.3.6 5.3.5; 5.3.6; 5.3.7 5.3.7; 5.3.8 5.3 5.3.4 a 5.3.9

Apoio Logístico Processamento de roupa

 Sala para recebimento, pesagem, classificação e lavagem (área “suja”)

 Sala de processamento (área “limpa”) composta de áreas para centrifugação, de secagem, costura, passagem (calandra, prensa e ferro), separação e dobragem, e armazenamento/distribuição  Sala do gerador de ozônio Revelação de filmes e chapas

 Laboratório de processamento (área receptora de chapas processadas) E E E E 8.1 8.1.2 8.1.3 a 8.1.10 8.1.11 8.3 8.3; 4.10.5; 4.5.8; 4.2.5; 4.2.7 Fonte: ANVISA, 2004, p. 54-94.

Na Parte III da RDC nº50, critérios para projetos de estabelecimentos assistenciais

de saúde, item 6, condições ambientais e controle de infecção, o condicionamento

do ar é mais uma vez abordado, definindo-se que “todas as entradas de ar externas devem ser localizadas o mais alto possível em relação ao nível do piso e devem ficar afastadas das saídas de ar dos incineradores e das chaminés das caldeiras” (ANVISA, 2004, p. 121).

Conforme anteriormente mencionado, a Resolução em referência não considera dentre seus parâmetros de projeto o uso de ar condicionado para fins de conforto ambiental. No entanto, é possível deduzir a partir das informações contidas na própria norma que este tipo de aplicação não deve ser desconsiderado.

Tomando-se como exemplo uma unidade de processamento de roupa, quando existente no hospital (a lavagem de roupas pode ser terceirizada): ainda que esta não possua dentre suas exigências a previsão de ar condicionado, algumas de suas áreas internas, segundo a RDC nº 50, podem ser consideradas altamente contaminadas, sendo necessária a previsão de proteção para os funcionários da unidade, bem como das pessoas que circulam externamente à mesma.

Desse modo, a norma determina o controle do fluxo de ar por meio de sistemas independentes de exaustão mecânica, nas áreas suja e limpa15 da lavanderia, com previsão de pressão negativa na área suja (ANVISA, 2004).

Dentro das condições apontadas, a sala de recepção, classificação, pesagem e lavagem de roupa suja, também chamada de área suja da lavanderia, não pode ter contato direto com o ar externo, o que impossibilita o uso de ventilação natural para controle de temperatura ambiente. Neste sentido, considerando-se as fontes de calor internas à unidade tais como equipamentos, funcionários e iluminação artificial, fontes externas, especialmente a radiação solar e as elevadas temperaturas

15

Área suja: sala de recepção, classificação, pesagem e lavagem de roupa suja. Ambiente altamente contaminado, com previsão de acesso restrito, exaustão mecânica com pressão negativa, equipamento de proteção individual para os funcionários, dentre outros; área limpa: sala de centrifugação, secagem, costura, passagem, separação, dobragem, armazenagem e distribuição. Necessário prever exaustão mecânica. A comunicação entre as áreas suja e limpa é feita somente por visores e interfones. (ANVISA, 2004, p. 91 e 113).

características de um clima como o do Brasil, o uso do ar condicionado para fins de conforto ambiental poderá ser indispensável ao adequado desenvolvimento das atividades dentro desta unidade, especialmente no verão.

Ainda a título de exemplificação, podem-se citar os laboratórios de anatomia patológica, citopatologia e patologia clínica, os quais são classificados conforme seu nível de biossegurança16 (NB-1, NB-2, NB-3 ou NB-4). A depender do nível em que se inserem, a norma determina a previsão de controle dos fluxos de ar, de modo a servir como barreira de contenção secundária17 aos funcionários externos àquela unidade funcional, à comunidade e ao meio ambiente. Desse modo, segundo consta na RDC nº 50, nos laboratórios classificados como NB-3 devem ser previstas instalações que garantam ar de exaustão não recirculante e fluxo de ar negativo dentro do laboratório. No caso de laboratórios NB-4, além do exigido para NB-3, devem ser previstos sistemas de abastecimento e escape, a vácuo, e de descontaminação. Para este último nível de biossegurança pode ser necessário instalar o laboratório em prédio separado ou em zona completamente isolada do restante do hospital (ANVISA, 2004).

16

Segundo a RDC nº 50, existem quatro níveis de biossegurança, NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4, crescentes conforme maior o grau de contenção e complexidade do nível de proteção, por meio de práticas e técnicas de laboratório e de barreiras primárias e secundárias na unidade. O nível de biossegurança varia também em função dos tipos de agentes envolvidos nas atividades realizadas no laboratório. Nível de biossegurança 1 (NB-1): laboratórios de ensino e treinamento ou onde o trabalho é feito com microrganismos que não causam doenças em pessoas adultas sadias. Práticas padrão de microbiologia são suficientes. O trabalho pode ser desenvolvido em bancadas abertas com pias próximas; Nível de biossegurança 2 (NB-2): laboratórios clínicos, de diagnóstico e outros, onde sejam desenvolvidos trabalhos com agentes nativos com risco moderado, associados a patologia humana de gravidade variável, cujo potencial de produção de borrifos e aerossóis é baixo. Riscos: lesão percutânea, ingestão, exposição da membrana mucosa. Com boas técnicas de microbiologia é possível conduzir as atividades sobre uma bancada aberta; Nível de biossegurança 3 (NB-3): laboratórios em que são conduzidos trabalhos com agentes nativos ou exóticos com potencial de transmissão via respiratória, que podem causar infecções sérias e potencialmente fatais. Riscos: auto inoculação, ingestão, exposição a aerossóis infecciosos; Nível de biossegurança 4 (NB-4): laboratórios cujas atividades envolvem agentes exóticos ou perigosos, de alto risco, que provocam doenças fatais em indivíduos, podem ser transmitidos via aerossóis e para os quais não haja vacina ou terapia disponível. Riscos: exposição respiratória, da membrana mucosa e/ou da pele lesionada e auto inoculação (ANVISA, 2004, p. 166 e 117).

17

De acordo com o nível de biossegurança exigido, são definidos os requisitos recomendados e obrigatórios que se classificam em barreiras de contenção primárias e secundárias. As contenções primárias englobam equipamentos de proteção individual (EPI), tais como luvas, avental, máscara e óculos de proteção, e as cabines de segurança biológica (CSB), dispositivo para contenção de borrifos ou aerossóis infecciosos. Já as barreiras secundárias constituem soluções físicas e instalações no laboratório que atuam como “proteção para as pessoas que se encontram fora do laboratório contra agentes infecciosos que podem ser liberados acidentalmente pelo ambiente”. Estas soluções de projeto podem ser sistemas especiais de ventilação, tratamento de ar, acessos controlados, dentre outros (ANVISA, 2004, p. 113, 119 e 120).

As condições acima expostas permitem concluir que em laboratórios classificados como NB-3 ou NB-4 não é permitido o uso de ventilação natural. Desse modo, mais uma vez a previsão de ar condicionado para conforto poderá tornar-se imprescindível para manter adequadas condições ambientais para desenvolvimento das atividades.

Em vista do exposto, observa-se que a RDC nº 50 determina, dentre os diversos ambientes que constituem as unidades funcionais de um hospital, aqueles em que é obrigatório o uso de ar condicionado e outros em que não é permitida a ventilação natural, sem no entanto exigir a previsão de sistema artificial de condicionamento do ar – a ventilação mecânica poderá ser realizada exclusivamente por meio de insufladores e/ou exaustores de ar. No entanto, a depender das características locais de clima, insolação, orientação da edificação, bem como das diversas fontes internas de calor, o uso do ar condicionado poderá ser inevitável, o que indica a necessidade de avaliação caso a caso.

Em continuidade ao tema proposto, a seguir será apresentado um panorama geral