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6.4 CONCEITO DE POLUIÇÃO

7.2.1 Responsabilidade civil subjetiva

Iniciamos nossas considerações acerca da responsabilidade subjetiva enfocando que esta responsabilidade “é fundada sobre uma visão humanista da sociedade, resultante de uma evolução milenária, na qual cada agente, animado pela razão, goza de seu livre-arbítrio (de sua consciência) e é senhor de seu destino” (GOMES, 2000, p. 37).

Tal consideração inicial é fundada no exercício social onde as condutas humanas seguem os preceitos da liberdade responsável, em que todos podem agir com liberdade, mas, conscientes das conseqüências de seus atos se por ventura deles advir algum dano.

Neste sentido, explicita Gomes (2000, p. 37) que:

É assumindo sua liberdade e responsabilidade que se constrói e forja uma personalidade. Admite-se que todo membro da humanidade age livremente, em consciência, mas aceita responder pelas conseqüências de seus atos, para restabelecer o equilíbrio que teria podido destruir: a verdadeira responsabilidade é sempre de ordem de justiça comutativa.

Considerando a responsabilidade subjetiva, podemos ressaltar que o homem pauta seu comportamento em relevância ao pensamento de suas respectivas condutas no que tange aos seus efeitos que em determinadas circunstâncias podem incorrer em faltas.

A consciência e a liberdade supõem a noção de responsabilidade, posto que a liberdade e consciência do homem nos remetem às considerações da responsabilidade enquanto ser social, fazendo parte relevante da coletividade.

Em relação ao que resta afirmado, o doutrinador acima mencionado destaca que “o homem responsável, o homem jurídico, aguça sua vigilância (ética), pois ele tem memória do direito. Antes de agir, ele se interroga sobre as conseqüências para o corpo social, de seus atos” (GOMES, 2000, p. 37-38).

Enfocando diretamente a definição de responsabilidade subjetiva, esta tem como pressuposto essencial a presença da culpa, porém, não da culpa stricto sensu,

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mas em sentido lato sensu, uma vez que em seu contexto incluem-se as condutas dolosas.

Pela teoria subjetiva, não é considerado como geradora de um efeito ressarcitório, um fato humano qualquer, devendo este ser razão para que se possa observar a característica de conduta ensejadora de responsabilização, quando possuir certos requisitos ou características definidas pelo ordenamento jurídico.

Assim, podemos considerar como descrição da teoria subjetiva aquela que exige como pressuposto para uma obrigação de se indenizar, ou de reparar um dano, o comportamento culposo do agente ou simplesmente sua culpa, abrangendo tanto a culpa stricto sensu, quanto o dolo do agente.

No Direito Brasileiro, via de regra, é observada a contextualização da responsabilidade civil subjetiva, assentando-se no princípio fundamental da culpa, mesmo que em determinados casos, possa ser observado em algumas disposições, a presença da responsabilidade subjetiva, recepcionando desta forma e nestes casos, a teoria do risco, como bem observa Pereira (1993, p. 32) quando conceitua como preceito capital que:

No direito brasileiro, a responsabilidade civil assenta-se no princípio fundamental da culpa, sem embargo de algumas disposições isoladas abrigarem a doutrina do risco. [...]. O âmago da responsabilidade está na pessoa do agente, e seu comportamento contrário a direito. A norma legal alude ao dano causado, mas não é um dano qualquer, porém, aquele que se liga à conduta do ofensor.

Ainda em relação ao nosso ordenamento pátrio, temos que “antes do Código Civil, como depois dele, a doutrina civilista tem sempre afirmado, com base em o direito positivo, que a teoria da culpa é o fundamento da responsabilidade civil” (PEREIRA, 1993, p. 33).

Em consideração ao art. 159 do Código Civil de 1916 e art. 186 do Novo Código Civil, o pressuposto subjetivo que caracteriza o ato ilícito como elementar para o ressarcimento do dano, embasa-se no princípio de que deve ser característico da conduta do infrator a consciência de seus atos.

o elemento subjetivo do ato ilícito, como gerador do dever de indenizar, está na imputabilidade da conduta à consciência do agente. Todo aquele que, por ação voluntária, diz o artigo, a significar que o agente responde em razão de seu comportamento voluntário, seja por ação seja por omissão (PEREIRA, 1993, p. 32).

Pela teoria da culpa que move a responsabilidade subjetiva temos que nem todo dano é ressarcível, mencionamos aqui os casos em que não se tem a responsabilização civil de caráter subjetivo, sendo aqueles eventos danosos que resultam de um fato involuntário que é o caso fortuito ou força maior, bem como, aqueles outros casos em que se observa a excludente de responsabilidade que são a legítima defesa, o exercício regular de direito, estado de necessidade, culpa da vítima, culpa de terceiro, casos de renúncia à indenização, ou ainda, quando for observada a presença de cláusula contratual de não indenizar.

Na doutrina subjetiva, observamos três elementos que devem ser considerados conjuntamente que são o dano, a culpa e o nexo causal entre o dano e a culpa.

Para encerrarmos este tópico, devemos ressaltar que nosso ordenamento jurídico não se filiou exclusivamente no sistema subjetivo, uma vez que em consideradas circunstâncias fáticas e de direito é adotado em nossa ordem legal a teoria do risco, que enseja a responsabilização objetiva, a qual explicitaremos no tópico a seguir.

Por isso, é válido ressaltar as considerações de Pereira (1993, p. 21-22), ao explicitar que:

Estudando a responsabilidade civil em todos os seus aspectos e ilustrando suas proposições com boas autoridades e com decisões judiciais pertinentes, Aguiar Dias pronuncia-se francamente pela concepção objetivista. O nosso direito, diz ele, ‘adota o princípio da culpa como fundamento da responsabilidade. Entretanto não se filiou, decisivamente, nem a um nem a outro dos sistemas já apreciados’. Em seguida, em definição clara de sua posição doutrinária, acrescenta que ‘o nosso legislador ficou extremamente aquém das conquistas do direito da responsabilidade. Nele, predomina o critério da culpa, e nas exigências retrógradas, porque as presunções que se admitem não alcançam a extensão com que, na maioria das legislações modernas, se procurou facilitar, aliás, pouco cientificamente, em proveito do prejudicado, a caracterização da culpa’.

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