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A Responsabilidade Social Empresarial – RSE não é uma prática tão recente como muitos pensam, é tão antiga como o empreendimento empresarial (SMITH e WARD, s/d). Para Carvalho (2008) a RSE seria um caminho para melhorar a condição em que a sociedade contemporânea se encontra, já que esta possui em seu âmago desigualdades tanto econômicas e sociais como também ambientais que só tendem a crescer cada vez mais, colocando muitas pessoas em situações degradantes.

Hoje, com a globalização, há o surgimento de várias tecnologias e avanços nos meios de comunicação, logo as empresas passaram a ter mais cuidado com a imagem que transmitem ao público (sociedade, clientes, funcionários), pois seus atos passaram a ser mais divulgados, publicados, e, logo, mais sujeito ao controle da comunidade. Nesse contexto, passou-se a discutir temas como responsabilidade social e ambiental, bem como buscar inseri-los na gestão das empresas (COSTA, 2006). É relevante pontuar que a RSE ainda está em fase de amadurecimento em muitos países, inclusive no Brasil (MARSON e AMARAL, 2012).

A perspectiva adotada neste trabalho é a de que a empresa é uma instituição social, que cria espaços para além do econômico, gerando regras e valores que transcende a empresa (COSTA, 2006). Para Kirschner (1998 apud COSTA, 2006) a empresa pode ser vista como uma microsociedade, logo o relacionamento dela para com a sociedade não deve se resumir somente às questões meramente econômicas.

Corroborando a ideia de que a empresa é uma microsociedade, Philippe Bernoux (1995) e Sansaulieu (1997), citados por Costa (2006), estudaram a empresa como objeto sociológico. A partir da ideia desses autores é possível ver a empresa como um fato social, ultrapassando assim a ideia de lugar central do capitalismo, e vendo-a como uma microssociedade, onde possui autonomia e capacidade de influenciar as estruturas sociais e políticas. Devemos ver a empresa não como parte isolada, mas como parte constitutiva do território, pois ela produz relações sociais (CAPPELLIN; GIULIANI, 2002 apud COSTA, 2006).

Segundo Tenório (2004) a atuação social das empresas surgiu no início do século XX, com as práticas de filantropia. Costa (2006) diz que nessa época a atuação

das empresas em ações de cunho social não era encorajada, limitando apenas ao filantropismo, que são ações onde predomina a caridade e assistência.

Hoje a Responsabilidade Social Empresarial diferencia-se da filantropia, pois a última limita-se à doação de recursos à comunidade, ou seja, à caridade, enquanto a RSE compartilha projetos com as partes interessadas da empresa e da sociedade. A RSE é uma estratégia da empresa, ela faz parte de seu gerenciamento, para desenvolver projetos, implementá-los e controlá-los (COSTA, 2006).

Conforme Mendonça (s/d), a responsabilidade social faz parte da gestão estratégica da empresa, e busca atingir uma gama maior de stakeholders2, já a filantropia da ênfase principalmente às ações sociais praticadas externamente pela empresa. Logo, as organizações, segundo o conceito atual de RSE, devem identificar as demandas dos agentes com os quais estabelece relações e buscar inseri-las nos seus negócios.

A empresa deve responder socialmente, ambientalmente, politicamente à sociedade, uma vez que está inserida nela. Uma organização é parte constitutiva do território de uma sociedade, sendo esse o espaço onde diversos agentes exercem poder. A corporação, ao passo que se insere no território de uma da sociedade civil, deve responder a possíveis externalidades que possam trazer algum prejuízo para o território. Cada agente da sociedade (governo, sociedade e empresa) é responsável pelo território onde se insere; a sociedade é responsável, no que concerne a seus atos, pela conservação do espaço; o governo é responsável pelo todo da sociedade, formulando e fiscalizando políticas públicas visando o Welfare State, já a empresa é responsável pelos danos por ela causados no território (COSTA, 2006). Para Reilly (1999) a ideia de responsabilidade compartilhada pode ser visualizada no âmago da reforma do Estado. A figura 7 demonstra essa relação.

2 Stakeholders diz respeito a todas as partes interessadas, todos os agentes envolvidos direta ou

Figura 7: Responsabilidade Compartilhada Elaborado pela autora

Mesmo com a ideia de que a empresa faz parte da comunidade, no Brasil ainda pode ser notada uma relutância por parte de tais organizações em se envolver em questões sociais, pois consideram ser somente obrigação do Estado lidar com problemas sociais, ou seja, não enxergam que essa responsabilidade deve ser compartilhada e não subtraída (CARVALHO, 2008).

Para Carvalho (2008) a RSE é consequência da modificação da postura das empresas mediante aos problemas sociais que crescem com o passar do tempo. Esse despertar para a mudança ocorreu após a Segunda Guerra Mundial (COSTA, 2006).

A responsabilidade social é vista por muitos como uma estratégia que tem por objetivo minimizar os problemas sociais ao mesmo tempo em que a empresa promove sua imagem mediante a sociedade (CARVALHO, 2008). Para Smith e Ward (s/d), em um contexto geral, a responsabilidade social empresarial pode estar associada ao desenvolvimento de uma sociedade mais justa e desenvolvida.

Costa (2006) diz que a responsabilidade social empresarial se refere às obrigações das organizações com a sociedade, sendo que pode haver diferenças entre essas obrigações de acordo com cada empresa. Corroborando a autora, Borger (2001,

apud CARVALHO, 2008) diz que:

As questões éticas e sociais são complexas e voláteis, sendo extremamente difícil definir o que é um comportamento socialmente responsável, com uma percepção clara do que é certo ou errado, preto ou branco; as decisões são dicotômicas. Depende do momento histórico, varia de cultura para cultura, constituindo-se num desafio para gestão empresarial e determina a busca de modelos teóricos para se engajar na responsabilidade social. Algumas perguntas são levantadas: As empresas devem ser responsáveis pelo quê?

Mercado Sociedade

Quanto é o suficiente? E quem decide? Não há respostas para essas perguntas, não podemos apertar os botões automáticos e detonar um processo de reconstrução moral e social para resolvemos os problemas sócio- ambientais que as empresas e a sociedade enfrentam; não existe um modelo que sirva para todos.

A norma ISO 26000:2010 diz ser duas as ações essenciais na área de responsabilidade social, são elas: “o reconhecimento pela organização de sua responsabilidade social e a identificação e o engajamento pela organização com suas partes interessadas” (ABNT NBR 26000, 2010). A empresa deve identificar os possíveis problemas advindos de suas atividades produtivas bem como verificar a melhor forma de atuar neles, não deixando de envolver e escutar todos seus

stakeholders.

As normas servem para que a empresa oriente seu comportamento em princípios morais aceitos. A ISO 26000:2010 diz que a RS deve atender a sete princípios, são eles: i) Accountability, ou seja, que a empresa faça prestação de contas e se responsabilize por algum impacto oriundos de seu processo; ii) Transparência, a empresa deve ser transparente em suas decisões, uma vez que estas impactam tanto a sociedade como o ambiente; iii) Comportamento ético, a organização deve se comportar eticamente; iv) Respeito pelos interesses das partes envolvidas, a empresa deve tanto respeitar, considerar como responder aos interesses de seus stakeholders; v) Respeito pelo estado de direito; vi) Respeito pelas normas internacionais de comportamento; e vii) Respeito pelos direitos humanos, uma empresa deve respeitar e reconhecer os direitos humanos (ABNT NBR 26000, 2010).

O sociólogo Herbert de Souza, citado por Costa (2006), afirmou no artigo do livro: O empresário e o espelho da sociedade (1994) que:

Toda grande empresa é, por definição, social. Ou é social ou é absolutamente anti-social e, portanto, algo a ser extirpado da sociedade. Uma empresa que não leve em conta as necessidades do país, que não leve em conta a crise econômica, que seja absolutamente indiferente à miséria e ao meio ambiente, não é uma empresa, é um tipo de câncer (SOUZA, 1994, p. 22 apud COSTA, 2006).

Para Kreitlon (2004) existe um entendimento consensual nos dias de hoje que uma organização responsável socialmente deve possuir três atributos essenciais, são eles:

a) reconhecer o impacto que causam suas atividades sobre a sociedade na qual está inserida; b) gerenciar os impactos econômicos, sociais e ambientais de suas operações, tanto a nível local como global; c) realizar esses

propósitos através do diálogo permanente com suas partes interessadas, às vezes através de parcerias com outros grupos e organizações.

Conforme Marson e Amaral (2012), os anos 70 e 80 foram marcados pelo surgimento de movimentos em prol da RS, por exemplo, a Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social – FIDES e a criação do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE, que possui como objetivo a “radicalização da democracia e a afirmação de uma cidadania ativa” (IBASE, disponível em: <http://www.ibase.br/pt/quem-somos/>, acessado em outubro de 2013). Em 1997 o sociólogo Herbert de Souza lançou um modelo de balanço social, criando também junto à Gazeta Mercantil o selo do Balanço Social, visando incentivar as empresas a tornarem públicas suas ações sociais.

Segundo Souza (2004), citado por Marson e Amaral (2012), o Balanço Social serve para mostrar o que a organização vem desenvolvendo no que se refere à questão social, tanto qualitativamente quanto quantitativamente, sua realização reforça a ideia de uma sociedade mais democrática. Para o sociólogo são vários os pontos que podem ser verificados, como: saúde, educação, meio ambiente, melhoria tanto na qualidade de vida de todos quanto na melhoria do trabalho de seus empregados, além de apoio a projetos comunitários visando à diminuição da pobreza, geração de novos postos de trabalho e geração de renda.

Conforme Costa (2006), o balanço social visa demonstrar o nível de compromisso da empresa para com a sociedade, os empregados e o meio ambiente. É uma forma da sociedade avaliar o gerenciamento da empresa em questões sociais a partir de resultados disponibilizados em seu balanço social.

Para Siqueira et al (2007), citados por Costa et al (2013), no balanço social não deve constar apenas os resultados positivos da organização, mas também os danos que o processo da atividade cause no território, como: emissão de poluentes e a consequente poluição do ar. Conforme os autores o documento deve ir além do interesse da empresa em propagar uma imagem positiva e isenta de malefícios, deve acoplar todos os efeitos, tanto os positivos como os negativos.

Os movimentos em prol da RSE foram sem dúvida relevante para a propagação da ideia, inclusive no Brasil, mas foi em 1998 com a formação do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social que as questões referentes à RSE se tornaram mais divulgadas (MARSON e AMARAL, 2012). É por meio de publicações, programas e eventos voltados para esse tema e apresentados às pessoas envolvidas que a

organização cumpre seu papel de “espalhar” a ideia de RSE (FÁVERO e CASTILHO, s/d).

O Instituto vê como característica essencial da RSE relações pautadas em princípios morais visando o desenvolvimento de todos os atores envolvidos. Para o Instituto Ethos, a responsabilidade social é uma maneira de coordenar os trabalhos da empresa, tornando-a mais próxima e corresponsável pelo aprimoramento social. A organização deve estar aberta a ouvir os interesses de seus stakeholders, buscando inseri-los em seu planejamento organizacional, sendo assim, deve procurar satisfazer não somente a demanda vinda dos acionistas, mais sim de todos os envolvidos (QUINTELLA et al, 2004).

Fávero e Castilho (s/d) apontam que o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social tem como escopo auxiliar as empresas a serem mais responsáveis socialmente. Através dele as empresas podem conseguir certificados dizendo que as mesmas possuem um compromisso com o referido tema. É interessante e relevante citar aqui que a organização desenvolveu indicadores para avaliar em qual estágio as ações voltadas para RSE se encontram, são os Indicadores Ethos. Em pesquisa no site do Instituto Ethos é possível encontrar qual finalidade dos indicadores:

Os Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsáveis têm como foco avaliar o quanto a sustentabilidade e a responsabilidade social têm sido incorporadas nos negócios, auxiliando a definição de estratégias, políticas e processosm(ETHOS,mdisponívelmem:m<http://www3.ethos.org.br/conteudo /iniciativas/indicadores/#.UqZhbvRDtTI>, acessado em outubro de 2013). As certificações surgem nesse contexto como forma das empresas obterem o reconhecimento de que são responsáveis socialmente, e que cumprem as normas de RSE. Essas certificações são expedidas por institutos e fundações (FÁVERO E CASTILHO, s/d). Para Gruninger e Oliveira (2002), as certificações são diferentes das normas, pois a primeira tem como finalidade afirmar se a empresa está ou não em conformidade com padrões aceitos (norma).

Para Barbieri & Cajazeiras (2005), citados por Melo e Gomes (2006), a normalização trás vantagens como: a melhor comunicação, simplificação, adoção de símbolos e códigos que facilitam a relação da empresa para com o “resto” do mundo. Melo e Gomes (2006) dizem que essa normalização da RSE tem por finalidade padronizar práticas, conceitos, definições nas organizações, e ela é um sinal de que responsabilidade social possui reconhecimento mediante as sociedades contemporâneas.

Conforme o documento de referência disponibilizado pela ABRH/RJ – Associação Brasileira de Recursos Humanos, Diretoria de Responsabilidade Social, as organizações podem ter benefícios com relação à aquisição de certificações, primeiramente por terem suas ações reconhecidas pelo mercado, principalmente internacional, que é o caso de empresas brasileiras, o que melhora sua imagem no meio competitivo, fator essencial para se manterem no mercado.

Algumas certificações e selos merecem destaque na área de responsabilidade social e ambiental, são eles: o selo Balanço Social/Betinho, para empresas que elaboraram seu balanço social conforme o modelo sugerido pelo IBASE; selo Empresa Amiga da Criança, para empresas que não utilizam trabalho infantil e visam à melhoria das condições de vida das crianças e adolescentes, criado pela Fundação Abrinq; a ISO 14.000/NBR 14.001, essa norma trata das ações ambientais realizadas pelas organizações, e emite certificação caso esteja em conformidade, foi criada pela International Organization for Standardization (ISO); outra certificação importante foi criada pelo Institute of Social and Ethical Accountability, é a AA1000 que tem um caráter social, trata sobre a relação entre organização e seus stakeholders; a SA8000 é uma das normas mais conhecidas e que apresenta maior adesão internacional, trata das relações trabalhistas, foi criada pelo Council on Economic Priorities

Accreditation Agency (CEPAA); a ABNT/NBR 16001, é uma norma certificadora que

objetiva auxiliar às organizações para que o sistema da gestão da responsabilidade social seja eficaz; por último, mas não menos importante esta a ISO 26.000:2010, diferente das demais citadas acima essa norma, não é certificadora, fornece diretrizes na área de responsabilidade social, a fim de auxiliar as empresas a contribuírem para o desenvolvimento.sustentávelm(Disponívelmem:m<www.abrhrj.org.br/typo/fileadmin/u ser_upload/REFTEMA/Social.pdf>, acessado em outubro de 2013).

É relevante dizer que o grupo responsável pela preparação da ISO 26000:2010, foi conduzido pelo Instituto Sueco de Normalização (SIS - Swedish

Standards Institute) em conjunto com a Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT). Fato histórico para o Brasil na área de RS, pois junto da Suécia liderou de forma compartilhada o grupo responsável pela norma internacional de Responsabilidade Social, que estabelece formas para a empresa implementar a Responsabilidade Social em seu negócio (MELO E GOMES, 2006).

Conforme Oliveira et al (2008), a ISO tem como finalidade elaborar e divulgar padrões mundiais, visando auxiliar as relações comerciais internacionais. A

diversidade das normas se dá devido ao fato da ISO buscar se manter atualizada, fato este que justifica algumas semelhanças entre as normas.

De acordo com a ISO 26000:2010 a responsabilidade social é a responsabilidade que uma empresa possui pelos impactos gerados por suas atividades e decisões na comunidade e no ambiente, que através de um comportamento transparente e ético possa contribuir para o desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento sustentável é a capacidade de “satisfazer as necessidades do presente dentro dos limites ecológicos do planeta sem comprometer a capacidade das futuras gerações de suprir suas próprias necessidades” (ABNT NBR 26000:2010). A RSE está profundamente conectada ao desenvolvimento sustentável, pois ela trata não somente das responsabilidades da empresa para com a comunidade local, mas também para com o meio ambiente.

Furtado (2003), citado por Quintella et al (2004), revela que pela complexidade que existe em desagregar o social do meio ambiente o autor chama não só de responsabilidade social, mas de responsabilidade socioambiental.

Borger (2001), citada por Quintella et al (2004), expressa que a definição de RSE é abrangente, ou seja, engloba não só os acionistas como também a sociedade local e o ambiente, uma vez que todas as decisões e atividades da empresa geram uma consequência.

Percebe-se que as empresas estão cada vez mais buscando adotar um comportamento mais consciente em relação ao meio ambiente e com a sociedade onde está inserida, seja por querer melhorar sua imagem ou por realmente notarem ser relevante tratar desses assuntos a fim de zelar por sua sobrevivência no mercado (COSTA, 2006). O que é mais corriqueiro é a empresa que através da criação de sua própria fundação, instituição busca reforçar sua marca. A maioria das empresas, quando montam seu próprio “braço social”, foge de projetos que envolvam problemas sociais, a organização não quer ter associada à sua marca, à sua imagem, problemas reais e que muitas vezes podem ser causadas pela atividade produtiva da empresa. Problemas como hanseníase, prostituição infantil, abuso sexual, deficiência mental, autismo, Aids, discriminação racial, velhice, doenças terminais como câncer, dependência química, violência infantil geralmente não são apoiados pelas empresas, pois são considerados “mercadologicamente incorretos”, conforme diz Melo Neto e Fróes (2001, p.38), citado por Carvalho (2008):

Melhora a imagem institucional da empresa, o que se traduz na melhoria de sua reputação. Portanto, quando as empresas decidem por um projeto próprio, muitas preferem não apoiar causas como hanseníase, prostituição infantil, abuso sexual, velhice, cegueira, porque são considerados mercadologicamente incorretos (CARVALHO, p. 35, 2008).

Nota-se que as empresas preferem associar sua marca a projetos que envolvam educação, geração de renda, esporte, lazer, ecologia, sendo preferência atuar com o público infantil, pois esses projetos não causam “problemas” à empresa, o que foi constatado também na empresa que é objeto de estudo desse trabalho, a CSN. A responsabilidade social das empresas deveria contribuir para o desenvolvimento do país, mas o que se nota é a relutância em assumir problemas reais da sociedade, tudo para que a sua imagem não seja afetada, pois mais vale para a empresa estampar imagens de pessoas felizes em seus projetos do que “sujá-lo” com imagens chocantes da realidade (CARVALHO, 2008). A figura 8 mostra que há um direcionamento quase que uniforme nas práticas de responsabilidade social das empresas brasileiras para algumas áreas.

As empresas devem demonstrar respeito aos direitos humanos, logo, não violá-lo. A saúde é um direito humano incontestável e merece atenção especial, pois uma vez ameaçada pode inibir o desenvolvimento da comunidade. Devido a esse fato, a cooperação tanto da sociedade, Estado e empresas deve existir em prol de contribuir significativamente para a saúde da população. Mesmo que seja responsabilidade essencial do Estado assegurar que esse direito seja respeitado, a empresa deve considerar as externalidades negativas que advém de seu processo produtivo e estar aberta a colaborar para que esse direito seja garantido e não corrompido.

Figura 8: A Gestão da Responsabilidade Social Empresarial nas Empresas Brasileiras Fonte: Adaptado de Melo Neto e Fróes (2001, p.190) apud Carvalho, 2008.

Para Carvalho (2008), os impactos causados tanto no presente quanto no passado devem ser alvo de medidas a fim de mitigar ou acabar com o dano, a empresa deve ser responsável pelo território onde está praticando sua atividade produtiva.

Segundo Marson e Amaral (2012), a RSE deve representar uma transformação no comportamento da empresa, visando melhoria para todos os

stakeholders. As práticas de responsabilidade social empresarial devem ir além do que é

legal, filantrópico ou caridade. Fávero e Castilho (s/d) corroboram a ideia de que a RSE é aquilo que a organização faz além do que é obrigatório em lei, e quando isso acontece a empresa soma mais valores à sua marca, fazendo com que ganhe ou permaneça no mercado.

Conforme Fávero e Castilho (2008), o que antes era entendido como custo com gestão ambiental, hoje é lançado um novo olhar sob esse prisma, o de que o investimento na área ambiental sem dúvida reflete em oportunidades para a empresa, principalmente no mercado internacional.

As empresas estão adotando uma postura diferente quando o assunto é meio ambiente, pois a degradação do mesmo causa impacto tanto para a empresa quanto para

a sociedade, a diferença é que uma ganha em cima da outra, devendo a primeira ser socialmente responsável a fim de mitigar seu real impacto no território onde pratica suas atividades produtivas. Várias são as empresas que estão se “renovando” com relação à responsabilidade tanto com o ambiente como com a sociedade, cabe ao setor siderúrgico notoriedade devido a seu elevado impacto ambiental, o objeto de estudo do presente trabalho faz parte desse ramo produtivo, é a Companhia Siderúrgica Nacional.

4.1. Responsabilidade Social da CSN

Antes de 1990 as ações na área social realizadas pelas organizações eram voltadas mais para o trabalhador, e na CSN não foi diferente. A partir dessa década esse

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