• Nenhum resultado encontrado

4 ESPECIES DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA PREVISTAS NO CTN

4.4 Responsabilidade de terceiros

O CTN traz em seus artigos 134 e 135 a chamada responsabilidade de terceiros. Vale dizer que a responsabilidade tributária que perpassa pelos artigos do capítulo V do título III do CTN são sempre responsabilidades de terceiros, ou seja, responsabilidade tributária de pessoa diferente do contribuinte, daquele que realiza o fato imponível.

Considerando, como dissemos antes, que o termo responsabilidade tributária não possui apenas uma definição, pois tem várias acepções dentro do CTN, entendemos que o legislador quis apontar aqui uma responsabilização por ato ou omissão de terceiro que fez nascer um descumprimento de uma obrigação tributária por parte do contribuinte que estava sob sua responsabilidade.

O referido artigo tem uma redação inapropriada, pois, lamentavelmente, chama a responsabilidade de solidária, ao tempo em que a define como subsidiária. Abaixo transcrevemos a redação da cabeça desse artigo:

Art. 134 Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com estes, nos atos em que intervierem ou pela omissão de que forem responsáveis.

É óbvio que, se a Fazenda irá cobrar do contribuinte e se este não puder adimplir o débito, irá cobrar do responsável e considerando que a solidariedade tributária, conforme estabelecido no próprio parágrafo único do art. 134 do CTN, não é caso de solidariedade, mas sim de responsabilidade subsidiária.

Machado29 afirma que o art. 134 pressupõe duas condições: que o contribuinte não possa cumprir sua obrigação tributária e que o responsável tenha participado do ato ou omissão contribuindo para o não adimplemento da obrigação tributária. Já Carvalho,30 conforme se vê na transcrição de trecho de sua obra, afirma que o referido artigo trata de uma sanção àquele que, por ação ou omissão, causou o inadimplemento da obrigação:

Denuncia, com força e expressividade, o timbre sancionatório que vimos salientando. A cabeça do artigo já diz muita coisa, e fizemos questão de grifar nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis porque revela a existência um indisfarçável ilícito e do animus puniendi que inspirou o legislador, ao constituir a prescrição normativa. Não fora isso, e todos os incisos confirmariam a presença do dever descumprido, na base da possibilidade solidária. Para evitar comprometimento as pessoas arroladas hão de intervir com zelo e não praticar omissões: tal é o dever que lhes compete. A inobservância acarreta a punição.

29 Idem, p. 158.

31

Desta forma, por ser uma sanção, devemos nos preocupar em definir se aqui é um caso de responsabilidade objetiva ou responsabilidade subjetiva. Entendemos que, se o responsável teve a intenção de causar o dano ao erário ou de não realizar o pagamento do tributo devido, trata-se aqui do que dispõe o artigo 135 e não o artigo 134, já que todas as pessoas referidas neste artigo estão também elencadas naquele.

Não podemos confundir os atos em que intervierem ou as omissões de que forem responsáveis com a intenção de agir. Vale lembrar que o artigo em comento trata de pessoas que têm o múnus de cuidar de alguém ou de alguma coisa, um patrimônio, por exemplo, de forma que, a simples omissão, tenha ela culpa ou não, já lhe transferirá a responsabilidade subsidiária. Tanto que o parágrafo único do citado artigo adverte que essa responsabilidade se resume às obrigações tributárias principais, ou seja, o pagamento do tributo devido. Só há que se falar em multa se for a moratória.

A advertência é esclarecedora e oportuna, pois, caso contrário, poderia dizer que se o responsável, por sua ação ou omissão, só responderia, ainda que subsidiariamente, se houvesse agido com dolo.

Nesse sentido, transcrevemos a lição de Villela:31

Aliás, não se perquirirá da intenção do agente. Verificada a omissão ou a intervenção, estará ele responsabilizado subsidiariamente pelos tributos que o fisco deixou de recolher, em clara situação de responsabilidade objetiva. O caput do artigo insere a locução “atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis”, pretendendo que basta sua presença como administrador dos bens do administrado ou que basta a sua intervenção nos atos praticados, para o acionamento da responsabilidade objetiva que leva à responsabilidade subsidiária.

O outro ponto que trata da responsabilidade de terceiros é artigo 135 do CTN que cuida da responsabilização por créditos correspondentes às obrigações tributárias resultantes de atos com excesso de poderes ou infrações à lei, contrato social ou estatuto. Em resumo, o responsável tributário pratica com excesso de poderes algum ato que implique na omissão de pagamento de obrigação tributária, ato este oriundo de uma infração à lei, contrato social ou estatuto.

Portanto, trata-se, efetivamente, de uma sanção de cunho patrimonial. Vale lembrar que neste caso, diferentemente do que ocorria no art. 134, a responsabilidade é pessoal do agente.

31 VILLELA, Gilberto Etchaluz. A Responsabilidade Tributária. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado,

Isso significa dizer que a responsabilidade do contribuinte é afastada e o responsável passa a responder com seu patrimônio pelo débito tributário não quitado.

O tema é complexo e a doutrina não é unânime. Há alguns doutrinadores que entendem que a responsabilidade é solidária, outros acreditam que é pessoal e exclui a do contribuinte. Mais adiante voltaremos a abordar o tema de maneira mais profunda. Por agora, cumpre lembrar quem são as pessoas que podem vir a ser alcançadas pelo artigo 135.

Já em sua cabeça, o referido artigo informa que todas aquelas pessoas referidas no art. 134 também podem ser alcançadas pelo de número 135: os pais, os tutores e curadores, os administradores de bens de terceiros, o inventariante, o síndico, os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício e os sócios. Além desses, o referido artigo ainda elenca os mandatários prepostos e empregados e os diretores, gerentes ou representantes das pessoas jurídicas de direito privado.

Documentos relacionados