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RESPOSTA DO TECIDO À LESÃO

Objetivo de aprendizagem:

▶ descrever os processos inflamatórios e de reparo pelos quais o tecido se recupera de uma lesão.

O corpo possui muitos mecanismos para se prote- ger de lesões e microrganismos invasores. Os epitélios intactos atuam como uma barreira física, mas depois que essa barreira é penetrada, as respostas protetoras são ativadas no tecido conjuntivo propriamente dito subjacente. Essas são as respostas inflamatória e imu-

(b) Músculo cardíaco

Descrição: células ramificadas, estriadas e

geralmente mononucleadas, que se interconectam em junções especializadas (discos intercalados).

Função: à medida que se contrai, impele o

sangue na circulação; controle involuntário.

Localização: paredes do coração.

Fotomicrografia: músculo cardíaco (355×);

repare nas estrias, na ramificação das células e nos discos intercalados. Discos intercalados Estrias

Núcleo

(c) Músculo liso

Descrição: células fusiformes com núcleos

centrais; nenhuma estria; as células são dispostas com muita proximidade umas das outras e formam lâminas.

Função: impele, ao longo das vias internas

de passagem, alimentos, urina, um bebê; controle involuntário.

Localização: principalmente nas paredes

dos órgãos ocos.

Fotomicrografia: lâmina de músculo liso do trato digestório (465×).

Célula muscular lisa

Núcleos

Figura 4.13 Tecidos musculares, continuação. (Para mais detalhes, consultar A brief atlas of the human body,

2. ed., Lâminas 31 e 32.)

ne. A inflamação é uma resposta local inespecífica que se desenvolve rapidamente e limita o dano no local da lesão. A resposta imune, por outro lado, leva mais tempo para se desenvolver e é altamente específica.

Ela destrói determinados microrganismos infecciosos e moléculas estranhas no local da infecção e em todo o corpo. Esta seção concentra-se na inflamação (a res- posta imune é discutida no Capítulo 21).

Inflamação

Quase toda lesão ou infecção leva a uma resposta inflamatória. Por exemplo, suponha que a sua pele seja cortada por um pedaço de vidro sujo, esmagada por uma pancada em um jogo de futebol ou tenha uma es- pinha (acne) inflamada. À medida que a inflamação de curto prazo, ou aguda, desenvolve -se no tecido conjun- tivo, ela produz quatro sintomas: calor, rubor, inchaço e dor. Você pode chegar à origem de cada sintoma.

A agressão inicial induz a liberação de substâncias químicas inflamatórias no líquido intersticial vizinho. As células do tecido lesionado, macrófagos, mastóci- tos e proteínas do sangue servem como fontes desses mediadores inflamatórios. Essas substâncias químicas determinam a dilatação dos vasos sanguíneos vizinhos, aumentando assim o fluxo sanguíneo para o local da lesão, que é a fonte de calor e rubor da inflamação. Certas substâncias químicas inflamatórias, como a histamina, aumentam a permeabilidade dos capilares, fazendo que grandes quantidades de líquido intersti- cial saiam da corrente sanguínea. O acúmulo de fluido resultante no tecido conjuntivo, chamado edema (“in- tumescimento”), provoca o inchaço da inflamação. O excesso de fluido pressiona as terminações nervosas,

contribuindo para a sensação de dor. Algumas subs- tâncias químicas inflamatórias também provocam dor ao afetarem diretamente as terminações nervosas.

À primeira vista, o edema inflamatório parece pre- judicial, mas na realidade ele é benéfico. A entrada de fluido derivado do sangue no tecido conjuntivo lesio- nado (1) ajuda a diluir as toxinas secretadas pelas bac- térias, (2) traz oxigênio e nutrientes do sangue, que são necessários para o reparo tecidual, e (3) traz anticorpos do sangue para combater a infecção. Nas infecções muito graves e em todos os ferimentos que atingem os vasos sanguíneos, o fluido que vaza dos capilares con- tém proteínas de coagulação. Nesses casos, a coagula- ção ocorre na matriz do tecido conjuntivo. O coágulo fibroso isola a área lesionada e “empareda” os micror- ganismos infecciosos, evitando a sua disseminação.

O próximo estágio na inflamação é a estase (“estag- nação”), que é a desaceleração do fluxo sanguíneo local, que se segue necessariamente a uma saída maciça de fluido dos capilares. Nesse estágio, os leucócitos come- çam a sair dos pequenos vasos. Os primeiros a aparece- rem no local da infecção são os neutrófilos, depois os macrófagos. Essas células devoram os microrganismos infecciosos e também as células teciduais danificadas.

Fotomicrografia: neurônios (125×).

Função: transmite sinais elétricos dos

receptores sensoriais para os efetores (músculos e glândulas) que controlam a atividade dos órgãos efetores.

Localização: encéfalo, medula espinal

e nervos.

Descrição: os neurônios são células

ramificadas; processos celulares que podem ser bem longos estendem-se do corpo celular mononucleado; células de suporte não condutoras, chamadas neuróglia, também participam do tecido nervoso (não ilustradas).

Dendritos

Processos neuronais Corpo celular

Axônio Processos neuronais Corpo celular de um neurônio Núcleos de neuróglia Tecido nervoso

Reparo

Mesmo com o avanço da inflamação, o reparo do tecido começa a acontecer e pode ocorrer de duas im- portantes maneiras: por regeneração e por fibrose. A regeneração é a substituição de um tecido destruído por um tecido novo, do mesmo tipo, enquanto a fi- brose envolve a proliferação de um tecido conjuntivo fibroso, chamado tecido cicatricial. O reparo tecidu- al em uma ferida na pele envolve tanto a regeneração quanto a fibrose. Após a coagulação do sangue dentro do corte, a parte superficial do coágulo seca e forma uma crosta (Figura 4.15, 1). Nesse ponto, o reparo começa com uma etapa chamada organização.

Organização é o processo pelo qual o coágulo é substituído por tecido de granulação (Figura 4.15, 2). O tecido de granulação é um tecido delgado róseo, composto de vários elementos. Ele contém capilares que crescem a partir de áreas vizinhas, bem como uma proliferação de fibroblastos que produzem novas fi- bras de colágeno para preencher a ferida. Alguns de seus fibroblastos possuem propriedades de contração, que tracionam as margens do ferimento, unindo -as. Com o avanço da organização, os macrófagos digerem o coágulo original e o depósito de colágeno continua. À medida que mais colágeno é produzido, o tecido de granulação transforma-se paulatinamente em tecido ci- catricial fibroso (Figura 4.15, 3).

A regeneração e a fibrose efetuam o reparo permanente: t"ÈSFBåCSPTBEBBNBEVSFDFFDPOUSBJP FQJUÏMJPTFFTQFTTB t0SFTVMUBEPÏVNFQJUÏMJPQMFOBNFOUF SFHFOFSBEPDPNVNBÈSFBTVCKBDFOUF EFUFDJEPDJDBUSJDJBM Epitélio regenerado Área fibrosada

A inflamação define o cenário:

t7ÈSJPTWBTPTTBOHVÓOFPTTBOHSBN t4ÍPMJCFSBEBTTVCTUÉODJBTRVÓNJDBTJOýBNBUØSJBT t0TWBTPTTBOHVÓOFPTMPDBJTåDBNNBJT QFSNFÈWFJT QFSNJUJOEPBJOåMUSBÎÍPEF MFVDØDJUPT ýVJEP QSPUFÓOBTEFDPBHVMBÎÍPF PVUSBTQSPUFÓOBTQMBTNÈUJDBTQBSBEFOUSPEBÈSFB MFTJPOBEB t0DPSSFBDPBHVMBÎÍPBTVQFSGÓDJFTFDBFGPSNB VNBDSPTUB

Crosta de ferida Coágulo sanguíneo na ferida cortada Epiderme Veia Substâncias químicas inflamatórias Migração

de leucócitos Artéria A organização restabelece o suprimento sanguíneo:

t0DPÈHVMPÏTVCTUJUVÓEPQPS UFDJEPEFHSBOVMBÎÍP RVF SFTUBCFMFDFPTVQSJNFOUPWBTDVMBS t0TåCSPCMBTUPTQSPEV[FNåCSBT EFDPMÈHFOPRVFQSFFODIFNBT MBDVOBT t0TNBDSØGBHPTGBHPDJUBNBT DÏMVMBTNPSUBTPVFNQSPDFTTP EFNPSUF BMÏNEFPVUSPT EFUSJUPT t"TDÏMVMBTFQJUFMJBJTTVQFSåDJBJT NVMUJQMJDBNTFFNJHSBNTPCSFP UFDJEPEFHSBOVMBÎÍP Epitélio em regeneração Área de crescimento para o interior do tecido de granulação Fibroblasto Macrófago Brotamento capilar 3 2 1

Durante a organização, o epitélio superficial come- ça a se regenerar, crescendo sob a crosta até ela cair. O resultado final é um epitélio plenamente regenerado e uma área de cicatriz subjacente.

O processo que acabamos de apresentar descreve a cicatrização de uma ferida como um corte, arranhão ou perfuração. Por outro lado, nas infecções puras (uma espinha ou inflamação de garganta), normalmente não existe formação de coágulo ou cicatrização. Somente as infecções graves levam à cicatrização.

A capacidade de regeneração varia amplamente entre os diferentes tecidos. Os epitélios regeneram-se extremamente bem, assim como o osso, o tecido con- juntivos frouxo e denso não modelado e o tecido for- mador de sangue. O músculo liso e o tecido conjuntivo denso modelado têm uma capacidade de regeneração moderada, mas o músculo esquelético e a cartilagem têm pouca capacidade. O músculo cardíaco e o tecido nervoso no encéfalo e na medula espinal não têm ca- pacidade regenerativa funcional. No entanto, estudos recentes demonstraram a ocorrência de alguma inespe- rada divisão celular nesses tecidos após a lesão e estão sendo empreendidos esforços para “persuadi -los” a se regenerar melhor.

Nos tecidos não regenerativos e nas feridas excep- cionalmente graves, a fibrose substitui totalmente o tecido perdido. A cicatriz resultante tem um aspecto pálido, com uma área geralmente brilhante, e encolhe no decorrer dos meses após a sua formação. Uma ci- catriz consiste principalmente em fibras de colágeno e contém poucas células ou capilares. Embora seja muito forte, ela carece da flexibilidade e elasticidade comuns à maioria dos tecidos normais, sendo incapaz de de- sempenhar as funções normais do tecido que substituiu.

A irritação dos órgãos viscerais pode fazer que se colem uns nos outros ou à parede corporal enquanto cicatrizam. Essas aderências podem impedir as ações agitadas normais das alças intestinais, paralisando pe- rigosamente a movimentação do alimento através do tubo digestório. Elas também podem restringir o mo- vimento do coração e dos pulmões, além de imobilizar as articulações. Após quase todas as cirurgias abdomi- nais, formam -se aderências entre a parede corporal e a víscera abdominal, tornando mais difícil uma cirurgia subsequente nessa região.

Verifique seu conhecimento

◻ 21. Quais tecidos se regeneram com mais facilida- de? Quais tecidos não se regeneram?

◻ 22. O tecido de reparação que cria uma “cicatriz” está situado no epitélio ou no tecido conjuntivo subjacente?

◻ 23. O que provoca o calor e inchaço em um tecido infectado?

(Veja as respostas no Apêndice B.)

OS TECIDOS AO LONGO DA