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1 INTRODUÇÃO

4.3 Cruzamento entre os grupos: o papel da mediação no ensino de leitura

4.3.1 Respostas Corretas X Incorretas

Por fim, ao compararmos os percentuais de respostas corretas e incorretas observa-se o distanciamento proporcional entre os grupos como se pode visualizar no gráfico 1 a seguir.

Gráfico 1 – Percentuais de questões corretas X incorretas

Fonte: Dados computados pela autora desta pesquisa.

O gráfico 1 demonstra o desempenho dos grupos A, B, C e D, ao compararmos os índices totais de respostas corretas e incorretas. O eixo vertical apresenta os percentuais e o horizontal, os grupos em sequência.

O grupo A atingiu o ponto mais alto de respostas incorretas e o mais baixo de respostas corretas. Esse grupo não foi mediado na realização da leitura e atividades propostas.

O grupo B e o grupo C apresentaram percentuais muito próximos de acertos, cerca de 60% e também de respostas incorretas cerca de 35% a 39%. O desempenho de ambos foi insuficiente se considerarmos o percentual médio de 70%. Esses grupos, ao contarem com as mediações parciais, apresentam resultados medianos, o que evidencia que algo mais precisa ser feito quando se trata de ensino de leitura.

O grupo D atingiu o ponto mais alto de respostas corretas e o mais baixo de repostas incorretas, em posição inversa ao grupo A. Há uma curva crescente de A para D quando as repostas são corretas e uma curva decrescente de A para D quando as respostas são incorretas.

O grupo D apresentou desempenho superior aos grupos A, B e C. O grupo B apresentou, na sequência, percentuais de acerto superiores aos grupos C e A. E o grupo C resultado superior ao grupo A.

Na medida em que há mais mediações, a porcentagem de acerto nas questões é maior e quanto menos mediação há, menor é o percentual de acerto.

Entre os grupos que receberam mediações parciais, o que foi mediado na leitura, ou seja, o grupo B, apresenta um percentual levemente superior ao que foi mediado apenas nas questões, o grupo C.

Diferente das hipóteses apresentadas no capítulo anterior, o grupo B troca de posição com o grupo C, demonstrando que a mediação no texto favorece um pouco mais a realização das atividades que a mediação nas apenas nas questões. Isso dependerá, entretanto, do tipo de questões propostas na atividade sobre o texto. Fica claro que a mediação é importante em todo e qualquer momento de uma aula de leitura em que o ensino deve ser contemplado.

As opções metodológicas adotadas em sala de aula têm influência direta na resposta dada pelos alunos como os dados evidenciaram. As implicações pedagógicas de uso de determinada abordagem ou de outra farão com que os estudantes consigam interagir mais ou menos, construir e consolidar de maneira mais ou menos eficaz a sua aprendizagem. Nota-se que, no interior de uma aula de leitura, pode-se proporcionar aos estudantes a estagnação ou avanço em suas hipóteses leitoras. Dessa maneira,

- aulas de leitura desprovidas de mediação reforçam a visão de linguagem como transmissão de pensamento, de sujeito passivo, de recuperação do que o autor tem a dizer ou a visão de que o sentido está no texto. Quando conseguem decodificar, os alunos transcrevem boa parte do texto como se isso fosse suficiente para elaborar suas respostas, no falseamento da apropriação do conteúdo do texto. Ler não é apenas decodificar, mas o dado do grupo A revela que é assim que os alunos estão entendendo a leitura;

- aulas de leitura com alguma estratégia mediadora favorecem, em parte, o desenvolvimento de competências leitoras, ora se compreende o texto, ora as atividades. Porém, os dados

evidenciaram que tanto o texto, quanto as perguntas da atividade de compreensão revelam elementos que dificultam a tarefa de um leitor em fase de formação. Por isso, é necessária uma ação intensa que favoreça o estudante na construção de sua autonomia como leitor. Ler não é apenas entender partes do texto ou as atividades sobre ele. É necessário que se faculte o estabelecimento da compreensão das várias partes do processo. Os grupo B e C não obtiveram melhores resultados, pois foram assistidos em apenas uma das partes;

- aulas de leitura com ações mediadoras favorecem a construção das capacidades, habilidades, ou seja, da competência leitora dos estudantes. Conforme destaca Antunes (2003, p. 80-83) a escola deve proporcionar nesta mediação constante: leitura de textos autênticos, leitura interativa, em duas vias, motivada, do todo, crítica, diversificada, da reconstrução do texto, apoiada no texto, por prazer, leitura não só das palavras e nunca desvinculada do sentido. Os dados evidenciaram que os alunos que contaram com a mediação mais completa – grupo D - conseguem se sobressair, fazem menos cópias, demonstram maior autonomia nas respostas ao usarem suas próprias palavras ao responderem. Conseguem, ainda, melhores resultados em operações mais complexas demandadas pelas questões: inferência, correlação de informação, compreensão global do texto.

Neste capítulo, analisamos os resultados da atividade de leitura aplicada aos alunos com as diferentes estratégias de abordagem que foram: a não mediação, a mediação do texto, das perguntas e a mediação completa. Além disso, pudemos verificar alguns trechos de aulas de leitura que apontaram as práticas recorrentes no cotidiano. A importância de que a mediação é evidenciada pelos dados dos grupos, especialmente o grupo D permitiu observar a importância de um trabalho de mediação, que foi o mais bem sucedido entre os demais e foi também o que mais contou com as estratégias de mediação. No próximo capítulo, são apresentadas as respostas dos alunos sobre o que pensam sobre o livro didático e também os depoimentos das docentes sobre esse recurso didático.

5 REPRESENTAÇÕES SOBRE O LDP

Em conversas informais entre professores é muito comum ouvir afirmações como ―Os alunos não gostam do livro‖, ―eles acham o livro e as atividades muito chatas‖, ou ainda, ―os textos são grandes e difíceis para os alunos‖. A fim de comprovar a pertinência ou não de tais afirmações, foi feito um levantamento do que alunos e professores pensam sobre o material didático, pois essas percepções podem interferir significativamente na forma como se relacionam com ele e no uso que dele fazem.

Assim, no intuito de responder aos objetivos de apontar, com depoimentos e entrevistas, a opinião dos alunos sobre o livro didático de português e verificar a percepção que os professores têm do livro e suas formas de usá-lo, este capítulo foi elaborado para perceber as representações que os sujeitos têm do objeto. Ele está dividido em duas seções: na primeira, apresentam-se as representações dos alunos; na segunda, a visão dos professores sobre o livro.