3. CAPÍTULO I: ESTABELECIMENTO IN VITRO DE ALECRIM-PIMENTA
3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.3.1. Influência de concentrações de hipoclorito de sódio e tempos de imersão no estabelecimento in vitro de L. sidoides
Para as variáveis contaminação, número de brotos e folhas não houve diferenças significativas em função dos fatores avaliados (Tabelas 1 e 2). Na concentração de 0,8%
de hipoclorito de sódio observou-se um maior número de folhas por broto sendo esta variável representada por uma equação linear, sugerindo que essa concentração permitiu o desenvolvimento e crescimento dos explantes (Tabela 1). Apesar dessa concentração ter apresentado uma contaminação fúngica de 33,75%.
TABELA 1. Valores médios de porcentagem de contaminação fúngica (%), número de brotos e folhas, número de folhas por broto de explantes de alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham.), em função de diferentes concentrações de hipoclorito de sódio. São Cristóvão, UFS, 2005.
1/ Dados transformados para arco seno da raiz de (x/100);
2/ Dados transformados para raiz de (x + 0,5).
Apesar de não terem sido observadas diferenças significativas para os tempos de imersão, constatou-se que os tempos de 12 e 16 minutos tendem a uma menor porcentagem de contaminação (Tabela 2). Resultados semelhantes foram obtidos para Ananas comosus, utilizando-se a concentração de hipoclorito de sódio de 0,5 a 1,0% por 10 a 20 minutos (TEIXEIRA et al., 2001). Já para Lippia micromera Schau. in DC. var.
helleri (Britt), a desinfestação foi obtida com a solução de hipoclorito de sódio a 2% por 15 minutos (CAPOTE et al.,1999).
TABELA 2. Valores médios de porcentagem de contaminação fúngica (%), número de brotos e folhas, número de folhas por broto de explantes de alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham.), em função de diferentes tempos de imersão. São Cristóvão,UFS, 2005.
Tempo (min) Porcentagem de contaminação
1/ Dados transformados para arco seno da raiz de (x/100);
2/ Dados transformados para raiz de (x + 0,5)
3.3.2. Influência de concentrações de cefotaxima sódica no estabelecimento in vitro de L. sidoides
A utilização do antibiótico cefotaxima proporcionou um efeito positivo no controle bacteriano e sobrevivência de explantes de alecrim-pimenta (Tabela 3). A concentração de 200mg.L-1 foi a mais efetiva, proporcionando uma maior sobrevivência de explantes e menor crescimento bacteriano (Figura 3). Porém nesta concentração houve uma maior oxidação dos explantes (42,27%) em relação ao controle. Resultados semelhantes com relação ao controle bacteriana foram obtidos por Nannetti (1994) ao utilizar a mesma concentração do antibiótico na micropropagação de Heliconia sp. e por Santos (2000) no cultivo in vitro de Heliconia pssittacorum Sessé & Moc. Em
sementes de aipo, berinjela, cebola, e tomate, bem como, gemas axilares de mandioca in vitro, a concentração de 100mg.L-1 de cefotaxima sódica foi igualmente eficiente no controle da contaminação bacteriana (CID & DURZAN, 2003).
FIGURA 2. Efeito da cefotaxima no estabelecimento in vitro de L. sidoides. (A) com cefotaxima (200mg.L-1) no meio de cultivo e (B) ausência de cefotaxima.
TABELA 3. Valores médios de porcentagem de oxidação (%), de contaminação bacteriana (%) e de sobrevivência (%) de explantes de alecrim-pimenta (Lippia sidoides) in vitro em função de concentrações de cefotaxima sódica no meio de cultura MS modificado. São Cristóvão-SE, UFS, 2005.
1/ Dados transformados para arco seno da raiz de (x/100)
3.3.3. Influência de diferentes meios de cultura no estabelecimento in vitro de L.
sidoides
Não houve diferença significativa entre as variáveis analisadas, exceto para a porcentagem de enraizamento (Tabela 4). O meio de cultura WPM proporcionou um maior enraizamento dos explantes em relação ao meio B5 (Tabela 4). Em louro-pardo (Cordia trichotona (Vellozo) Arrabida ex Steudel) e caixeta (Didymopanax morototoni (Aubl.) Dcne. et Planch), o meio WPM foi o melhor para a multiplicação e alongamento das brotações (MANTOVANI et al., 1999, MANTOVANI et al., 2001), bem como para o estabelecimento in vitro de Prunus insititia L. (ANDREI & MARIN, 2005) e de Vitis thunbergii Sieb. et. Zucc. (LU, 2005). Huimei et al. (2005), observaram que os meios WPM e B5 foram mais efetivos na regeneração de Camptotheca acuminata enquanto que para o porta-enxerto de videira “420-A” o meio MS promoveu um maior crescimento das brotações no seu cultivo inicial (DZAZIO et al., 2002).
Cefotaxima (mg.L-1) Porcentagem de oxidação
(%)1/ Porcentagem de
Equação (Y=) -0,0018x2+0,41x+32,77
R2 = 0,8884** - 0,13x + 43,69
R2 = 0,7685** 0,0016x2 – 0,17x + 1,79 R2 = 0,9346**
A B
TABELA 4. Valores médios de número e comprimento dos brotos (cm), número de folhas, porcentagem de oxidação (%), de raiz (%) e de sobrevivência (%) de explantes de alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham.) em diferentes meios de cultivo. São Cristóvão-SE, UFS, 2005.
de raiz (%)1/ Porcentagem de
1/ Dados transformados para arco seno da raiz de (x/100);
2/ Dados transformados para raiz de (x + 0,5);
* Valores com letras iguais, nas colunas não diferem entre si pelo teste de Duncan (p < 0,05).
No estabelecimento in vitro o meio de cultura é um fator importante para o desenvolvimento dos explantes, e isso pode variar de acordo com a espécie ou entre genótipos. Em amendoeira o meio AP (ALMEHDI & PARFITT, 1986) promoveu o melhor estabelecimento da cultivar Nonpariel, e o meio MS para a cultivar Ne Plus Ultra (CHANNUNTAPIPAT et al., 2003). Em aceroleira (Malpighia emarginata DC.) os meios WPM e DKW (DRIVER & KUNIYUKI,1984) favoreceram um maior número de brotações no cultivo in vitro dos genótipos IPA-2, IPA-3 e IPA-4, sendo o IPA-3 o de maior potencial de multiplicação (MELO et al., 1999).
Os meios de cultura MS,WPM e B5 proporcionaram resultados estatisticamente iguais, porém optou-se pela utilização do meio MS para a multiplicação in vitro de L.
sidoides, por ser o meio padrão mais empregado na cultura de tecidos.
3.3.4. Influência de antioxidantes no estabelecimento in vitro de L. sidoides
Houve diferenças significativas entre a presença e ausência de antioxidantes para a porcentagem de oxidação, sendo que todos os antioxidantes avaliados foram eficientes na redução da oxidação dos explantes (Tabela 5). O carvão ativado na concentração de 12,0g.L-1 controlou 100% da oxidação dos explantes (Tabela 5). Na regeneração in vitro de embriões de coqueiro anão (Cocos nucifera L.) o uso de 2,5g.L-1 de carvão ativado no meio de cultura mostrou-se eficiente na eliminação do escurecimento causado pela oxidação (SILVA, 2002), enquanto que na micropropagação de biribá (Rollinia mucosa Jacq Baill), a utilização de 0,5g.L-1 de PVP foi eficiente no controle da oxidação (FIGUEIREDO et al., 2001). No estabelecimento de embriões de guarirobeira (Syagrus oleracea (MART.) BECC.) o PVP a 0,4g.L-1 não foi eficiente (MELO et al., 2001).
Apesar do PVP a 0,5g.L-1, que promover ausência de vitrificação e boa sobrevivência dos explantes, optou-se pelo uso do carvão ativado a 3,0 g.L-1 para a multiplicação de L. sidoides considerando sua maior acessibilidade.
TABELA 5. Valores médios porcentagem de oxidação (%), comprimento dos brotos (cm), porcentagem de sobrevivência (%) e de vitrificação (%) de explantes de alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham.), em função de diferentes concentrações de dois antioxidantes. São Cristóvão, UFS, 2005.
Tratamentos (g.L-1) Oxidação (%)1/
Comprimento dos brotos (cm)
Sobrevivência (%)1/
Porcentagem de vitrificação (%)1/
0,0 50,00 a 0,63 b 2,69 c 0,00 b 0,5 PVP 8,49 b 2,37 a 50,00 ab 0,00 b 2,0 PVP 3,23 b 2,36 a 80,97 a 59,64 a 3,0 carvão 1,70 b 1,83 a 40,36 ab 21,57 a 12,0 carvão 0,00 b 2,62 a 37,06 b 25,00 a
CV (%) 77,28 34,44 41,77 77,93
1/ Dados transformados para arco seno da raiz de (x/100);
* Valores com letras iguais, nas colunas não diferem entre si pelo teste de Duncan (p < 0,05).
FIGURA 3. Efeito do carvão ativado no estabelecimento in vitro de L. sidoides. (A) 3g.L-1 e (B) 12g.L-1.
Ao longo do período de estabelecimento de Lippia sidoides observou-se diferença marcante do comportamento in vitro em relação as diferentes épocas do ano.
Sendo melhor a época seca, para o estabelecimento, período no qual a umidade relativa do ar é menor. Na época chuvosa, ocorreu uma maior incidência de microorganismos, principalmente bactérias, além da oxidação, sendo necessário durante esse período, a utilização de antibióticos e antioxidantes no meio de cultivo. Neste ensaio, implantado no mês de setembro final do período chuvoso, o controle apresentou 50% de oxidação.
Resultados similares foram encontrados em explantes de maçã cv. Tydeman’s Early Worcester nos quais a menor oxidação ocorre no verão e nas demais estações do ano, a oxidação aumentou (MODGIL et al., 1999).
A B
FIGURA 4. Efeito do PVP no estabelecimento de L. sidoides. (A) 0,5g.L-1 e (B) 2,0g.L-1.