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CRITÉRIOS DE EDIÇÃO

RESUMO DO CICLO DOS PALMEIRINS

Apresentamos a seguir o resumo do ciclo dos Palmeirins, restringindo-nos aos livros indispensáveis para a satisfatória compreensão da Crônica de D. Duardos:

Palmerín de Olivia (1511), Primaleón (1512) e Palmeirim de Inglaterra (c. 1544). Não

incluímos aqui o Platir (1533), pelos motivos apontados acima (cf. capítulo 1 deste volume, item 2).

Palmerín de Olivia

Griana, filha do Imperador Reimício de Constantinopla (o oitavo desde a fundação da cidade), estava prometida a seu primo Tarísio, príncipe de Hungria. Ela, no entanto, conhece o príncipe Florendos da Macedônia, com quem se casa em segredo e pretende fugir para evitar a punição pela desobediência ao pai. O plano de fuga é descoberto e o Imperador, furioso, ordena que a filha seja encerrada na prisão até que aceite casar-se com o primo. Confinada numa torre, a princesa conseguiu ocultar de todos o fato de estar grávida de Florendos. Logo que nasce, seu filho é abandonado numa montanha; a mãe só teve tempo de notar que a criança possuía um lunar no rosto. Depois disso, Griana reconhece não ter outra alternativa senão aceitar Tarísio como esposo, e ambos vão viver no reino de Hungria.

O recém-nascido é encontrado na montanha de Oliva, entre as palmas de uma árvore (daí ser batizado de Palmeirim de Oliva) e é criado por Geraldo e Marcela, um casal de rústicos vilãos. Aos 15 anos, o jovem sonha com uma donzela muito formosa, que possuía na mão esquerda um sinal semelhante ao de seu rosto. Ela diz a Palmeirim que ele descende de linhagem nobre, incitando-o a abandonar a vida de vilão que levava. Dessa forma, o rapaz deixa sua casa e segue para o reino de Macedônia. No caminho, conhece o anão Urbanil, que lhe informa da doença do rei Primaleão (pai de Florendos), cuja cura só poderia ser alcançada com água da fonte da montanha Artifária, guardada por terrível serpente. Chegando à corte, o rapaz pede a Florendos que o arme cavaleiro, pois deseja experimentar a aventura da fonte. Florendos fica surpreso com a

ousadia do jovem, mas não suspeita ser ele seu filho. Palmeirim consegue matar a serpente da montanha, mas é gravemente ferido e só sobrevive graças à intervenção de três fadas, que vaticinam diversos acidentes em sua vida futura.

Depois de proporcionar a cura do rei Primaleão, seu avô, o jovem cavaleiro parte em busca de sua identidade e da donzela de seus sonhos. Entre outras aventuras, Palmeirim consegue derrotar o cavaleiro encantado que assolava a região onde vivia o Imperador da Alemanha. Assim, ele conquista a amizade do Imperador e de seus filhos: Polinarda (que o jovem reconhece como sendo aquela que lhe aparecera em sonhos) e Trineu. Com a divulgação da notícia de que um filho do rei de França convocava cavaleiros a justarem para provar a beleza de suas amigas, Palmeirim viaja a Paris com anuência de Polinarda e ali vence todos os oponentes, com exceção de um: o Cavaleiro do Sol, que também justava por Polinarda. A batalha é muito equilibrada e os dois são forçados a abandonar o combate com a chegada da noite. O misterioso cavaleiro é sobrinho de Tarísio e chama-se Frisol. Seu pai havia sido injustamente exilado de Hungria e sonhara que seria reconduzido à corte húngara através deste seu filho.

De volta à Alemanha, Palmeirim contrai matrimônio secreto com Polinarda, mas logo eles serão forçados a se separar novamente. Trineu apaixonara-se pela filha do rei de Inglaterra, Agríola, que ele havia visto retratada no estandarte de um cavaleiro durante as justas em Paris, e pede a Palmeirim que o acompanhe até Inglaterra, onde poderia conhecer Agríola pessoalmente e servir a seu pai na guerra que então havia entre ingleses e escoceses. O plano era muito arriscado, pois levaria Trineu a favorecer um inimigo de seu pai, visto que os escoceses eram aliados do Imperador da Alemanha.

Quando os ingleses vencem a guerra, todos se perguntam quem seriam os misteriosos cavaleiros estrangeiros que haviam lutado tão bravamente: com efeito, Palmeirim se destacou entre todos os combatentes e Trineu salvou a vida do rei de Inglaterra no meio da batalha. Depois, eles ainda têm oportunidade de libertar Agríola e a rainha sua mãe das mãos do gigante Fanarque, o que só faz confirmar o prestígio deles na corte inglesa e, em particular, a simpatia da princesa. Palmeirim revela a Agríola a identidade de Trineu e ela aceita fugir de Londres com os dois estrangeiros.

Durante a viagem de retorno à Alemanha, uma tempestade no mar os lança nas proximidades da Turquia. Ali, Agríola e Trineu são raptados: ele é levado para a Ilha de Malfado, onde um encantamento fazia com que todos os homens fossem transformados

em cães; Agríola é entregue ao Grão-Turco, que se encanta com sua beleza e decide desposá-la (e ainda assim ela se conserva casta em virtude da força de um anel mágico que trazia consigo). Palmeirim, por sua vez, é conduzido à Babilônia, onde, passando-se por mudo a fim de ocultar o fato de ser cristão, realiza uma série de proezas que lhe permitem conquistar a confiança do Sultão e o amor de Alchidiana, sua filha. Ela confessa seus amores e Palmeirim (que a esta altura já havia aprendido a língua da terra e simula estar curado da mudez) promete que a desposará assim que voltar de Constantinopla, para onde o Sultão enviaria uma grande armada contra os cristãos. Seu plano era, na verdade, desertar do exército turco assim que aportasse em terras cristãs. Antes de ir a Constantinopla, contudo, Palmeirim deve ajudar o Sultão em outra guerra e parte para o reino de Trácia. Naquela terra ele não apenas se destaca nos combates, como também é seduzido pela rainha de Társis, uma encantadora que faz Palmeirim cair em profunda letargia a fim de ter um filho dele, que se chamará Polendos.

Durante o trajeto para Constaninopla, Palmeirim afasta-se da armada turca acompanhado por Olorique, cavaleiro mouro de quem se tornara amigo durante a permanência no Oriente. Após breve passagem pela corte alemã para rever Polinarda, que não recebia notícias suas há dois anos, Palmeirim avista uma das fadas da montanha Artifária, de quem ouve que seria salvo por seu maior inimigo. Com efeito, pouco tempo depois, Frisol salva-o de uma emboscada. Tornam-se amigos e decidem seguir juntos para resgatar Trineu e Agríola dos mouros.

Antes disso, porém, passam pela corte de Constantinopla para defender Florendos e Griana, presos sob acusação de tramar a morte de Tarísio. Provada a inocência de ambos, Griana reconhece o filho graças ao sinal que possuía no rosto. O velho Reimício perdoa Griana e finalmente são celebradas as bodas dela com Florendos. Na mesma ocasião, Frisol revela ser sobrinho de Tarísio e casa-se com Armida (filha de Griana e Tarísio), reconduzindo seu pai ao trono húngaro e cumprindo a antiga profecia.

Depois dos festejos em Constantinopla, Palmeirim parte rumo ao Oriente acompanhado de Frisol, Olorique e mais três cavaleiros. A embarcação em que iam é novamente interceptada por mouros e, a fim de não serem presos, decidem auxiliar o capitão turco nas incursões contra os cristãos. Depois disso, são levados à presença do Grão Turco, que os recebe com muita honra, pois Palmeirim diz ser irmão de Agríola. Um plano urdido por outra cristã cativa permite o assassinato do Grão Turco e a fuga de

Palmeirim e seus companheiros, que logo aportam na Ilha de Malfado e sofrem o mesmo castigo de Trineu: Frisol e os demais cavaleiros são transformados em cães, ao passo que Agríola vira uma cerva. O único poupado é Palmeirim, graças à proteção das fadas da montanha Artifária. De lá, ele parte em busca de socorro para desencantar os amigos.

No caminho, Palmeirim passa pelo castelo da Infanta Zérfira, que sofria de terrível doença e soltava vermes pelas narinas. Zérfira, que havia estado na Ilha de Malfado em busca de cura para seu mal, trouxera Trineu para junto de si. Ao ver Palmeirim, Trineu expressa grande contentamento e não mais se separa do amigo, embora não seja reconhecido, visto que permanecia com a aparência de um cão. Zérfira acompanha Palmeirim para o reino de Rumata, onde vivia o sábio Muça Belín. Ali, Palmeirim dá cabo à aventura do Castelo dos Dez Padrões, em que consegue colher as flores para a cura a Zérfira e onde Trineu reassume a forma humana.

Antes de socorrer os amigos na Ilha de Malfado, no entanto, Palmeirim e Trineu devem auxiliar o rei de Rumata na guerra contra o Sultão da Pérsia. Palmeirim consegue capturar o Sultão em pessoa e um tratado de paz é firmado. Impressionado com os cavaleiros cristãos, o Sultão deseja que abandonem a fé cristã e permaneçam em seu reino. Para isso, ele pede a suas duas irmãs que convençam os estrangeiros a se casar com elas. Liçadra tem pouco sucesso com Palmeirim, mas Aurencida consegue seduzir Trineu, de quem terá um filho chamado Rifarán. Quando o Sultão toma ciência de que sua irmã havia sido desonrada por Trineu, manda prendê-lo e condena-o à morte. No momento em que o príncipe alemão ia ser queimado, contudo, ele é salvo pela magia do sábio Muça Belín e só então Trineu e Palmeirim podem finalmente se dirigir à Ilha de Malfado. Ali, graças às instruções do sábio mouro e à coragem de Palmeirim de Oliva, os encantamentos são desfeitos: Agríola, Frisol e os demais retomam a forma humana e todos retornam a salvo para Constantinopla.

Pouco depois das festas nas cortes grega e alemã por ocasião do retorno dos príncipes e das bodas entre Palmeirim e Polinarda e de Trineu e Agríola, o Imperador Reimício, já muito velho, morre. Visto que Florendos e Griana, seus naturais sucessores, desejam permanecer em Macedônia, Palmeirim é coroado Imperador de Constantinopla. Com o passar dos anos, nascem-lhe dois filhos: Primaleão e Polícia, que fazem companhia aos gêmeos de Frisol, nascidos pouco antes: Ditreu e Belcar.

Quando imaginava poder descansar dos trabalhos passados, um novo perigo ameaça a vida de Palmeirim: dois cavaleiros, um cristão e outro mouro, ambos desejosos de reparar antigas desavenças, planejam assassiná-lo. Com ajuda de um encantador, eles adentram o palácio e conseguem ferir gravemente o Imperador, que é salvo pelo socorro de seus amigos e sobretudo por causa de mais uma aparição de Muça Belín.

O livro termina com o prenúncio de novas aventuras: vem à corte uma mensageira anunciando que em breve o Imperador conhecerá novos cavaleiros, que farão escurecer a fama de todos os presentes em Constantinopla.

Primaleón

Polendos crescia sem saber que era filho de Palmeirim de Oliva, pois sua mãe, a rainha de Társis, temia que, uma vez descoberta a verdade, ele abandonasse sua terra e se tornasse cristão. Certo dia, porém, uma velha revela a verdade ao rapaz, acrescentando que ele passaria muitos trabalhos por amor de uma donzela chamada Francelina. Com indizível tristeza de sua mãe, Polendos parte em busca do pai e daquela que começava a amar mesmo sem conhecer. Logo na primeira aventura, o jovem vence o gigante Baledón e liberta os cavaleiros que permaneciam cativos em sua ilha, entre os quais Rifarán, filho de Trineu e Aurencida, que também partira em busca do pai. Depois de várias outras peripécias, Polendos chega à Ilha de Cardéria, onde ficava a torre encantada em que estava Francelina, e consegue libertá-la. Antes que se casem, entretanto, Francelina pede que Polendos resgate seu pai, o rei de Tessália, em poder do Grão Turco. Para libertá-lo, Polendos conquista o coração de Leifida, filha do alcaide do castelo onde o rei estava preso; uma vez dentro do castelo, não poupa sequer o pai de Leifida, motivo pelo qual ela se suicida. O episódio “acrecentó la gran enemistad de los turcos con los grecianos, que turó desde entonces fasta que los turcos ovieron a toda Grecia en poder. Mas mientra que el emperador Palmerín fue bivo, no tuvo el Gran Turco osadía de començar guerra” (p. 93).

Quando Polendos volta a Constantinopla, ele revela ser filho de Palmeirim e é recebido com grande alegria. Antes que seja batizado e se case com Francelina, sua trajetória cruza com a dos filhos dos companheiros de Palmeirim. Ditreu, filho de

Frisol, casa-se com Esquivela (filha de Alchidiana e Olorique); Belcar, irmão de Ditreu, vive muitas aventuras até casar-se com Alderina, filha do Duque de Duraço; Arnedos e seu primo Recindos (príncipes de França e Espanha, respectivamente) demonstram seu valor antes de desposar Polícia, filha de Palmeirim, e Melisa, filha de Frisol. Cavaleiros mouros também protagonizam várias aventuras, entre as quais sobressaem relações adulterinas: Rifarán envolve-se com a Condessa de Islanda, que se descobre grávida depois da partida dele; Lecefín (filho de Zérfira com o Sultão de Pérsia) seduz diversas mulheres, entre as quais uma religiosa. Mais tarde, quando ambos já estiverem convertidos à lei cristã, Rifarán (que passou a chamar-se Triolo) tornar-se-á duque de Bolonha e Lecefín desposará Valarisa, filha de Trineu e Agríola.

Aos poucos, a narrativa passa a se concentrar em torno de dois outros filhos de Palmeirim e Polinarda: Primaleão e Flérida, cuja beleza superava a de sua irmã Polícia. Durante os torneios celebrados em Constantinopla por ocasião do matrimonio de Polícia e Arnedos, Primaleão recebe a ordem da cavalaria e um sábio, o Cavaleiro da Ilha Cerrada, envia-lhe um escudo em que havia a representação do castelo da Roca Partida, onde vivia aquela por quem Primaleão sofreria penas de amor. As primeiras aventuras do jovem prendem-se a um episódio narrado no Palmerín de Olivia: a morte dos que acusavam Florendos de haver premeditado o assassinato de Tarísio, marido de Griana. A duquesa de Ormedes, esposa de um dos acusadores mortos por Palmeirim e Frisol, promete oferecer a mão de sua filha Gridônia a quem matar o Imperador ou seu filho. Movidos pela beleza de Gridônia, diversos cavaleiros desafiam Primaleão e são derrotados, entre os quais o príncipe de Apolônia, Perequín de Duaces, sobrinho da duquesa. Dessa forma, cresce o ódio de Gridônia pelo príncipe de Constantinopla.

A fama da beleza de Gridônia chega aos ouvidos de D. Duardos, filho do rei Fradique de Inglaterra e sobrinho de Agríola. Ele parte de Londres, acompanhado de seu cão (que, embora D. Duardos não o soubesse, era um gigante chamado Maiortes, encantado na ilha de Malfado) e do escudeiro Clódio. Sua primeira aventura é desfazer o encantamento de um mosteiro, cuja recompensa é uma espada que o protegeria de todos os sortilégios nefastos. Depois, ele captura a infanta Zérfira (filha da mãe de mesmo nome que figurara entre os personagens do livro anterior e irmã de Lecefín) e a envia para Gridônia. Além disso, ele ajuda Olimba e Belagriz, filhos do Sultão de Niquea, a retomar a coroa do pai, que havia sido assassinado.

Quando D. Duardos finalmente chega a Constantinopla, apaixona-se por Flérida, mas ainda assim não deixa de acusar Primaleão pela morte dos parentes de Gridônia. Diferentemente do que ocorrera com todos os outros que haviam feito a mesma acusação, D. Duardos não foi vencido pelo príncipe de Constantinopla: a batalha entre os dois é muito equilibrada, e eles se separam a pedido de Flérida. Primaleão fica furioso por não ter vencido aquele misterioso oponente (que é conhecido como “Cavaleiro do Cão”, por estar sempre acompanhado de Maiortes) e parte em seu encalço. D. Duardos segue para Niquea e ali recebe de Olimba uma copa encantada, que o ajudaria a conquistar o amor de Flérida.

Primaleão busca notícias de D. Duardos, acompanhado de seu anão Risdeno (filho de Urbanil, que servira Palmeirim) e do escudeiro Purente, filho do Cavaleiro da Ilha Cerrada. No caminho, contam-lhe que Gridônia se refugiara no castelo da Roca Partida (o mesmo retratado em seu escudo), onde vivia com a mãe e um leão que sempre a acompanhava, a fim de proteger-se do príncipe de Clarência, que desejava tomá-la por esposa à força. Oculto sob a alcunha de “Cavaleiro da Roca Partida”, Primaleão vai a Gridônia oferecer-lhe ajuda e, ao vê-la, apaixona-se imediatamente. O leão de Gridônia, que se mostrava hostil a todo homem que se aproximasse dela, fica manso diante de Primaleão: afinal, ele havia sido enviado pelo Cavaleiro da Ilha Cerrada para que Gridônia entendesse “que el león más fuerte, que era Primaleón, avía de ser d´ella señor” (p. 206). Derrotado o príncipe de Clarência, Primaleão conquista o coração daquela que tanto o odiava: Gridônia começa a amá-lo, mas diz que só se casará se ele lhe trouxer a cabeça de Primaleão como dote, o que o próprio Cavaleiro da Roca Partida promete fazer.

Mas ele deverá enfrentar muitas outras aventuras a serviço de sua amada. Em primeiro lugar, Primaleão derrota o exército de Grístamo, que contestava a nomeação da duquesa de Ormedes, mãe de Gridônia, como rainha de Apolônia. Durante a perseguição às naus de Grestes, irmão de Grístamo, Primaleão aporta na Ilha de Cíntara, onde o gigante Gataru o mantém encantado numa cova. Antes de ser libertado por D. Duardos (que Primaleão não sabe ser o cavaleiro que perseguia), durante o período em que esteve fora de seu juízo, o príncipe de Constantinopla engravida Curoya, antiga senhora da ilha, que também permanecia encantada ali. Depois de partir de Cíntara, Primaleão ainda conseguirá capturar um monstro chamado Patagón, num episódio

celebrizado pelo fato de ter sugerido aos navegantes espanhóis o nome dado a uma região do Novo Mundo. O Cavaleiro da Roca Partida retorna vitorioso de todas as aventuras, mas pouco depois de sua chegada Gridônia é raptada por Grestes.

Enquanto isso, D. Duardos volta a Constantinopla por amor de Flérida. Dizendo chamar-se Julião e passando-se por filho do hortelão que cuidava dos jardins da princesa, D. Duardos consegue fazê-la beber da copa mágica dada por Olimba e, assim, Flérida começa a amar aquele que pensava ser um simples jardineiro. Os dois passam a manter encontros noturnos, nos quais Julião garante ser cavaleiro “de alta guisa” mantendo oculta, no entanto, sua verdadeira identidade. Para provar que dizia a verdade, Julião se apresenta diante do Imperador como o Cavaleiro do Cão, e resolve duas aventuras em que nenhum outro cavaleiro da corte conseguira ter sucesso: conquistar a guirlanda de flores das mãos do fortíssimo Camilote e fazer um espelho encantado refletir o rosto do amado de quem o mirasse.

Diante da bravura de Julião, a infanta Flérida aceita casar-se com ele em segredo. Pouco depois, no entanto, D. Duardos é forçado a partir de Constantinopla para atender ao rogo de uma donzela. Após libertar Primaleão na ilha de Cíntara, o Cavaleiro do Cão ajuda a desfazer outro encantamento, libertando o príncipe Tarnais de Lacedemônia do cruel castigo imposto por seu pai que, movido por ciúmes, o encantara numa montanha. A coragem de D. Duardos cativa o coração de Paudrícia, irmã de Tarnais, que confessa seus sentimentos a Belagriz, o cavaleiro mouro que acompanhava o príncipe de Inglaterra em suas aventuras. Fazendo-se passar pelo amigo, Belagriz dorme com Paudrícia e desta união nascerá Blandidón. Mas D. Duardos também estava destinado a ter um filho fora do casamento: uma sábia encantadora, senhora da ilha de Ircana, fará com que ele seja seduzido por Argonida, sua filha, gerando Pompides. Acabadas essas aventuras, D. Duardos volta a Constantinopla, onde Flérida o aguardava, temerosa por ser-lhe cada dia mais difícil ocultar sua gravidez. D. Duardos decide levá-la em segredo para a Inglaterra. Durante o trajeto, contudo, eles cruzam com a nau em que Gridônia estava aprisionada por Grestes. Mesmo sem saber quem era aquela donzela (D. Duardos nunca a vira), ele mata o raptor no exato momento em que se aproxima a nau de Primaleão, que também vinha em busca de Gridônia. Pensando que D. Duardos fosse o raptor de Gridônia, Primaleão é tomado por fúria cega e ataca-o. A batalha entre os dois é cruel e, se não fosse interrompida pelo Cavaleiro da Ilha

Cerrada, ambos morreriam. Para evitar desastre tão grande, aquele sábio os leva para sua ilha, onde Primaleão é informado da identidade de D. Duardos e a paz entre eles é selada. Flérida, tendo perdido o filho que esperava, cede aos rogos do irmão e decide voltar à corte de Constantinopla para se desculpar com o Imperador Palmeirim.

Antes de sua partida, o Cavaleiro da Ilha Cerrada pede que eles o ajudem a reconquistar a ilha de Ordán, furtada por seu cunhado. A batalha entretanto, será mais difícil do que se imaginava, porque, com informações enganosas, o Imperador Palmeirim em pessoa, acompanhado de seu filho Polendos, lutariam contra o exército do Cavaleiro da Ilha Cerrada. Inconscientes de combater seus amigos e familiares, os

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