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Resumo e conclusão

No documento Portal Luz Espírita (páginas 124-128)

Em resumo, pode-se dizer que, sob seu duplo aspecto, filosófico e experimental, o Espiritismo ou o Espiritualismo responde às duas tendências que caracterizam o homem moderno: o idealismo ou o realismo. Uns, isto é, todos aqueles que sabem que o fim da vida é o melhoramento, o aperfeiçoamento do ser, se ligam de preferência à Doutrina, porque ela lhes proporciona consolação, esperança e força moral. Os outros preferem a experimentação; mas esta, verificou-se, necessita de condições múltiplas e de qualidades raras, isto é, um ambiente fluídico favorável, a paciência e a perseverança, o hábito do controle e, sobretudo, um conhecimento antecipado das forças e das causas em ação nos fenômenos — conhecimento que não se adquire a não ser por meio de estudos sérios e aprofundados.

Por esses estudos, uma grande clareza se faz sobre as condições de existência no além. Estabelece-se a certeza de que o ser humano não é somente um agregado de átomos que se dispersam pela morte, mas, acima de tudo, um Espírito imortal provido de uma forma invisível para nossos sentidos, de um invólucro fluídico que é o esboço do corpo material destinado a evoluir e a se aperfeiçoar através de suas vidas sucessivas e renascentes. O ensino dos Espíritos, ampliando nossos horizontes, nos leva a compreender a ordem e o equilíbrio perfeitos que reinam em todas as coisas. A vida visível e a invisível formam um todo inseparável, e uma não se explica sem a outra. A nova revelação traz, então, um poderoso elemento, uma extensão ilimitada no domínio dos conhecimentos humanos. Todos os pensadores que queiram refletir seriamente sentirão sua importância e necessidade.

Na parte experimental só se obtêm resultados importantes com a assistência e a proteção dos Espíritos elevados. Mas estes somente intervêm com conhecimento de causa e quando lhes apresentamos as disposições que lhes

convêm.

Está provado atualmente (ver meu livro No Invisível) que cada um de nós está envolvido por uma atmosfera fluídica formada pelas radiações de nossos pensamentos e de nossa vontade, que varia de natureza e de brilho de modo a representar exatamente nosso grau de evolução e o valor de nossa alma. Estas radiações escapam aos nossos sentidos, mas os videntes as percebem e a fotografia reproduz seus eflúvios.

A comunicação não se torna possível e a ação dos Espíritos não é realizada a não ser quando nosso estado fluídico vibra em harmonia com o dos manifestantes invisíveis.

É preciso um exercício espiritual, um longo e perseverante esforço de vontade, para colocar nossas radiações psíquicas em condições de sincronismo que permitam entrar em relação com as entidades de uma certa ordem e obter os fenômenos intelectuais que são a quintessência do Espiritismo.

Foi esse o caso dos druidas, das druidisas, dos bardos, cuja fé ardente facilitava as relações com os mundos superiores e lhes proporcionava as revelações que serviam de base para seus ensinos.

Em nossos dias a situação é outra. Os séculos de críticas e de cepticismo privaram o pensamento de sua potência de irradiação. A fé retrocedeu. No seio do caos das ideias e das contradições, tornou-se mais difícil achar um ponto de apoio para toda crença.

A maioria dos psiquistas não parece duvidar que o seu estado de espírito, sempre impregnado de cepticismo, de desconfiança, de negação, seja a causa principal da esterilidade nas experiências. Como obteriam a assistência, a proteção dos invisíveis, se eles começam por negar a sua existência e se entregam, a esse respeito, a críticas pouco oportunas?

Sem dúvida, não se deve negligenciar os fenômenos de ordem inferior, nada daquilo que concorre para estabelecer a realidade da sobrevivência e as condições variadas da vida no além; nós devemos encorajar todas as pesquisas feitas para esse fim.

Na confusão das teorias e dos sistemas que reina em nossa época, o fato continua sendo, para os olhos de muitos pesquisadores, a única base sólida de toda certeza.

* * *

Chegados ao fim desta obra, lembraremos seu objetivo essencial. Desde a guerra [1ª Guerra Mundial], o pensamento francês explora o horizonte

intelectual e, em geral, só consegue ver incertezas, obscuridades, contradições; e, em sua angústia, indaga de onde virá a luz que deve clarear o caminho e mostrar o objetivo da vida. Quem nos dará, então, a fé elevada que sustenta, consola e reanima, a força da alma que faz suportar com coragem as provas e os males, e permite triunfar na luta pela vida?

Nem a cultura universitária nem a Igreja conseguiram, até aqui, dar à França a plena consciência de sua função e de seu destino, ideal moral que oferece um objetivo para os esforços de todos. Em muitos casos, elas barraram seu impulso, contiveram seu gênio. Nossa nação deverá então soçobrar na anarquia e na confusão? Não! O que os vivos não puderam fazer, os chamados mortos cumprirão. Suas vozes aparecem em todas as partes para nos lembrar os sentimentos de nossas origens, de nossas tradições sagradas.

Os Espíritos dos antigos druidas, tendo Allan Kardec à frente, vêm nos afirmar que o Espiritismo é uma ressurreição de suas doutrinas e que eles vão trabalhar para propagá-las em todos os ambientes, acrescentando que, na sua intervenção, serão seguidos por todas as nobres e grandes almas que ao longo dos séculos conseguiram, pela literatura, perpetuar a ideia a fim de que ela não pereça totalmente.

Do que precede, não se deve deduzir que nós abandonamos os princípios do Cristo e renunciamos ao nosso título de cristãos. Não, seguramente, assim como nos afirma Allan Kardec, as três grandes revelações: oriental, cristã e druídica emanam de uma única fonte e se reúnem no seu foco inicial.

O ensino de Jesus foi mais ou menos velado e desnaturado pelos homens; reconstituindo-o em sua essência pura, vamos encontrá-lo idêntico às doutrinas dos druidas, com mais mansidão e caridade. Sua semelhança não pode nos surpreender, pois sabemos que elas têm uma origem comum, sobre-humana; mas, hoje, para a reabilitação de nosso país, as branduras do Evangelho não são mais suficientes e é preciso acrescentar a virilidade céltica.

Respeitando-se as doutrinas oriental, búdica e cristã, e nos adequando àquilo que elas têm de belo e grande, devemos nos ligar, de preferência, às nossas verdadeiras tradições nacionais, porque elas respondem à nossa natureza, ao nosso caráter, às nossas necessidades intelectuais. Elas inspiraram tudo o que nossa raça produziu de nobre e generoso no passado e constituem o móvel essencial de nossa evolução futura. É retornando a elas que reencontraremos a plena consciência de nós mesmos, nosso equilíbrio moral, a alegria de nos sentirmos no caminho verdadeiro traçado pelas leis superiores.

Após as terríveis provas da guerra, no meio do arrebatamento das paixões e dos interesses, a voz dos antepassados se fez ouvir e a verdade saiu da sombra.

Ela nos diz:

“Tu morres para renascer, renasces para progredir, para te elevares através da luta e do sofrimento. A morte deve deixar de ser um motivo de pavor, porque atrás dela vemos a ascensão na luz.”

Assim como, acima da camada sombria das nuvens que, às vezes, envolve a Terra, o céu permanece eternamente azul, do mesmo modo, além das vidas terrestres agitadas e dolorosas, reina a vida calma e serena de “Gwynfyd”, a vida radiante do Espaço.

CAPÍTULO XIII

No documento Portal Luz Espírita (páginas 124-128)

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