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2. Estudo do Conteúdo com Análise Semântica (Nível Diacrônico)

2.2. Resumo:

De forma geral e resumida queremos fazer algumas considerações finais acerca de algumas palavras que analisamos nessa parte.

Selecionamos algumas palavras de nossa perícope que constam no acervo de palavras-chave e expressões recorrentes do redator deuteronomista conforme abordamos anteriormente.

De forma bem resumida queremos destacar aqui as suas ênfases teológicas na tentativa de direcioná-las para uma melhor compressão do Dt 6,1-9.

O vocábulo

hw"c.mi

é uma das palavras mais recorrentes da teologia deuteronomista.

O narrador não se cansa em repetí-la. Quer sempre chamar a atenção de seus destinatários em relação à sua importância para a vida.

A palavra

hw"c.mi

que deu início à nossa análise possui o significado de encargo, mandamento, (resumo de todos os) mandamentos, direito, reivindicação. A análise desse vocábulo nos orienta na tarefa de ler a nossa perícope.

A melhor tradução para o termo é “ordenança”, gramaticalmente falando, mas a maioria dos dicionários traduzem por mandamento, encargo, etc.

Outro vocábulo que analisamos acima e aparece com frequência no deuteronômio é o vocábulo

qxo

que pode significar parte, alvo, porção, tarefa, quantia, obrigação; reivindicação; limite, limitação, lei, estatuto, costume, norma, prescrição, determinação. O termo

jP'v.mi

traduzido por sentença arbitral, arbítrio, sentença legal, decisão legal e no plural juízos é também uma expressão recorrente e aparece repetidas vezes no vocabulário utilizado na redação deuteronomista.

Conforme vimos anteriormente, a palavra representa o significado mais correto daquilo que interpretamos como governo.

O substantivo mishpat é utilizado para designar quase qualquer aspecto de governo civil ou religioso.

O processo litigioso é denominado mishpat. Às vezes refere-se a um caso específico de litígio. Em algumas ocorrências a palavra mishpat é entendida como justiça, ou seja, retidão arraigada no caráter de YHWH, que deve ser utilizada como modular para o governo humano em geral e nos processos judiciais.

Os sábios e magistrados justos fazem uso de mishpat no exercício do julgamento.

O vocábulo designa também uma determinação legal sendo frequentemente usado em paralelo com tora e hoq como no caso da nossa perícope de Dt 6,1-9. As determinações do Pentateuco são mishpat (Lev 5,10; 9,16). Na verdade as determinações individuais da lei mosaica são mishpat (Dt 33,10; 21,16).

Se o caráter de YHWH é modular da formulação de preceitos e juízos, podemos entender que o sentido do vocábulo para a perícope de Dt 6,1-9 pode ter pontos de contato a formulação do deuteronomista que mantém a tradição do Êxodo acerca do caráter de YHWH que libertou Israel da casa dos escravos no Egito. Sendo assim Israel deve seguir o exemplo de YHWH guardando as ordenanças, não se esquecendo de YHWH e favorecendo o estrangeiro, o pobre, a viúva, visto que outrora se encontravam nas mesmas condições.

A palavra

Hwc

possui o senido de ordenar, mandar, dirigir, nomear; proibir; dar ordens; encarregar; colocar em ordem.

A raiz designa a instrução de um pai para o filho (1Sm 17.20), de um fazendeiro aos seus lavradores (Rt 2.9), de um rei para os seus servos (2 Sm 21.14). Tal

significação é reflexo de uma sociedade estruturada de tal forma em que as pessoas tinham algumas responsabilidades diante de YHWH no tocante ao direito de administrar.

O líder tinha condições de administrar o povo (Js 1.9). Deus nomeou Josué como sucessor de Moisés (Num 27.18). No caso do Dt onde encontrasse nossa perícope a forma verbal e substantivada se encontra com frequência. Da mesma forma ocorre na literatura deuteronomista (Dt 88 vezes, Ex 53x, Num 46x, Jos 43x, Jr 39x, Lv 33x, Gn 26x; mitswah: Dt 43x, Sal 26x, [22 x somente no Sl 119], 2 Cr 19x, Neh 14x, 1 Re 12x, Lv 10x, Prov 10x).

O verbo designa uma forma especifica de falar, de um superior ao um subalterno. Os superiores que ordenam: (Gn 12, 20; Ex 1,22; 5,6; 1 Sm 4,12; 9,11; 1 Rs 2,43; 2 Rs 11,5; Jr 36,26; Esd 4,3; Pais de tribos, chefes de famílias: (Gn 18,19; 28,1; 1 Sm 17,20; ). Mães de família: (Gn 27,8; Rut 3,6). Irmãos (1 Sm 20,29); oficiais de exército (Jos 1,10; 3,3). Sacerdotes: (Lv 13,54; 14,4). Os subalternos que recebem as ordens são: servos: (Gn 32,18; 50,2; Rt 2,9; Jr 32,13). Filhos e soldados também são mencionados como subalternos à ordem nesse sentido. A ordem e o mandato são atos de autoridade, porém ambos se distinguem, pois a ordem produz uma ação única em uma situação determinada, e o mandato tem validez permanente, é uma proibição.

Uma das palavras mais importantes no Antigo Testamento é

hwhy

YHWH o nome de Deus. Este é utilizado pelo redator deuteronomista como único, um, sozinho em algumas interpretações. Visto que o sentido faz alusão à unicidade podemos entender que YHWH é único e deve ser priorizado por Israel diante dos deuses cananeus. Outro sentido que extraímos para a nossa perícope é o vínculo que YHWH tem com o lugar que Ele mesmo escolheu para o culto. Especialistas afirmam que esse sentido de utilização do nome divino como único abrange também o projeto de unificação e centralização do culto e dos sacrifícios.

Juntamente com YHWH aparece a expressão

~yhil{a/

que tem sentido plural “deuses”. Na perícope de Dt 6,1-9 a palavra Elohym está concatenada à YHWH, ou seja, YHWH é o nosso Elohym. Nesse caso a acepção da palavra mesmo na forma plural refere-se a Deus com significado no singular.

Fez parte também de nossa investigação a palavra

Dml

uma das palavras que indicam no AT a ação de “ensinar”. Esse vocábulo traz a ideia de treinar, bem como de educar. Pode se ver o aspecto de treinamento no termo derivado malmed, traduzido por

“aguilhada de boi”. Em Oséias 10,11 Efraim é ensinado tal qual uma bezerra, pelo jugo e pela aguilhada. O ugarítico lmd significa “aprender”, “ensinar”, e em acádico possui o sentido de aprender. O sentido principal desse verbo é expresso no Sl 119. Neste salmo repete-se a palavra no refrão “ensina-me os teus estatutos, os teus preceitos, os teus decretos os teus mandamentos, ou teus juízos ( 12, 26,64,66,68,108,124,135,171). Lembrando que tal palavra faz parte das expressões recorrentes que destacamos no nosso trabalho. O deuteronomista a utiliza com muita frequência no Deuteronômio e está muito entrelaçada com outros vocábulos recorrentes que aparecem no decorrer do livro. Muitas vezes com mitzvot, hoq, mishpatim, tsvah, lev, néfesh, éretz, etc.

Outra expressão importante que analisamos é

hf[

fazer, manufaturar, trabalhar; pôr, colocar, transformar, fabricar, aprontar, elaborar, preparar, realizar, executar, agir, intervir. Esta é utilizada pelo deuteronomista para se referir ao que se deve fazer na

#r,a,

onde Israel iria entrar.

A palavra

#r,a,

pode significar: terra, chão, solo, terreno, pedaço de terra; território, país, a Terra.

A expressão possui vários sentidos: Pode ocorrer como “Terra” no sentido cosmológico, globo terrestre, continentes. Ocorre também como matéria: terra, pó, argila, torrão. A palavra possui também um sentido politico: terra, território, país, região. No sentido de agricultura pode significar: campo, terreno, terra de lavoura. No caso do DT entendemos que a expressão possui aspecto determinativo de território, país, região, e também no sentido de agricultura, visto que a terra é descrita como boa. Além de ser descrita como boa é muitas vezes empregada pelo redator deuteronomista com duplo sentido teológico. O primeiro descreve a terra éretz como dádiva e o segundo parece deixar entender que é consequência da obediência, mas o importante é ressaltar que para o narrador deuteronômico o ponto de partida é a dádiva de YHWH para com Israel que agora requer obediência, no Deuteronômio.

A palavra

rmv

analisada semanticamente é também uma das palavras-chave do Deuteronômio e que aparece na perícope de Dt 6,1-9. O sentido que mais vai de encontro com a nossa perícope é de “fazer com cuidado”, fazer diligentemente, conservar, guardar. O verbo exprime a atenção cuidadosa em que se deve ter com as obrigações de uma aliança, de leis, e estatutos. Este é um dos empregos mais frequentes do verbo. Um outro sentido é o de “tomar conta de”, mas que refere-se também ao

“guardar”. Isso envolve o cuidado que se deve ter com o jardim (Gn 2,15), um rebanho (Gn 30,31), uma casa (2 Sm 15,16), ou como porteiros (Is 21,11), ou sentinelas (Ct 5,7). O mesmo é válido em relação às pessoas: “sou eu guardador do meu irmão”? (Gn 4,9). A palavra também possui o sentido de “cuidar”. Muitas vezes nos salmos Davi fala sobre o cuidar, ou proteção divina (Sl 34,20). Outra categoria abrange o sentido de armazenar, acumular, preservar (Ml 2,7).

Podemos reconhecer também através da análise semântica a importância da palavra

[mv

“escutar” que pertence ao semítico comum.

Como mostra a estatística, o vocábulo ocorre em maior número de vezes em Dt e Is, que neste caso sm parece ser uma palavra chave da “escuta do redator deuteronômico-deuteronomista” e de seus discípulos, sendo que no Dt ocorrem 41 X, tais ocorrências aparecem nos capítulos 4; 5; 13; 28 e 30.

O vocábulo pode designar a capacidade física de percepção acústica (2 Sm 19,36; Ez 12,2; Sal 38,14; 115,6) e também pode significar a própria percepção mesma, como a questão da linguagem (Is 6,9; Dn 12,7;). Outro aspecto a ser considerado é que em relação à escuta o ser humano toma posturas de reações diante do que se ouve, tanto de forma positiva quanto de forma negativa em relação àquilo o que se escuta, a pessoa reage em pensamentos, palavras e obras diante da escuta de algo. Posto que o significado concreto de sm depende do contexto onde se encontra inserido, cada caso deve ser analisado de forma particular.

Em 1 Rs 3,11 a expressão pertence ao âmbito jurídico, e designa a capacidade de emitir um juízo depois de haver ouvido as partes (Dt 1,16). São sujeitos da escuta os homens individuais e coletivamente. Na perícope de Dt 6,1-9 todo Israel é convocado para ouvir. No sentido antropomórfico YHWH também ouve, pelo contrário os deuses estrangeiros não ouvem Is 44,9).

O conceito e a realidade de escutar possui em Israel, como também no Egito, uma importância decisiva para a sabedoria, sendo que a primeira exigência para o alcance de promessas é a escuta que se converte em obediência. Assim o mestre recorda ao discípulo incansavelmente para que o mesmo escute, não no sentido de adquirir conhecimentos, mas para ser sábio (Prov 23,19). Por isso se falava tanto em escutar no sentido de ter um ouvido atento, disposto a escutar, em contraposição ante o perigo do descuido da escuta (Prov 19,27). Interessante é que pertence ao contexto sapiencial da

expressão devido a influencia egípcia, do “coração atento” (1 Re 3,9; 12), sobre o escutar da sabedoria.

Com frequência, principalmente em expressões deuteronomico-deuteronomistas, se fala genericamente de escutar, mas é importante ressaltar que a expressão sm nesses casos não é a única expressão. Porém com frequência ocorre como requerimento aparentemente genérico para a escuta das palavras de YHWH, e como indica o contexto se refere à exigência de adoração única a YHWH (Dt 6,4; 11,1; 11,13).

Analisamos também a expressão

dx'(a,

ehad que é usada para designar o número “um”, na forma trilítera básica comum a todas as línguas semíticas. Junto a ehad existe também em todas as línguas semíticas a raiz aparentada whd (em neosemítico, yhd). Em acádico aparecesse como wedum, único, só. Em ugarítico yhd, unir. Em hebraico a forma verbal aparece raramente: yhd qal, unir-se (Gn 48.6). Mais frequente aparece como substantivo, usado também nos textos de Qumran, “união”.

Obviamente que a palavra ocorre com mais frequência nos livros que fazem menção de listas e numerações, seções legais e descrições. (Nm 180 vezes).

O numeral adquire uma especial relevância na linguagem teológica. A expressão possui caráter intransigente na fé Javista que não tolera adoração ao ser humano nem tampouco às outras divindades junto com YHWH. O Deus uno ocupa nesse sentido a primeiríssima posição. Isso é exigido também pelo decálogo que expressa a fé de tal modo que deixa a entender que Deus é uma unidade divina (Ex 20,2; Dt 5,7). Nesta perspectiva podemos notar que YHWH possui apenas um nome.

Tal formulação foi construída na época do rei Josias. Nesse caso a expressão contida no Dt 6,4 possui como ponto central de discussão entre alguns especialistas, o questionamento acerca de uma dúvida, a saber, se a palavra se refere ao politeísmo ou ao polijavismo. Autores fazem referencia a Rabi Akiva que pronuncia a expressão no momento do seu martírio. A expressão está inserida no mandamento do amor ao Deus único de forma também única. Deste modo entende-se que o YHWH único deve ser venerado num local único (2 Cr 32,12).

A expressão

lKo

kol,

que investigamos também

é

uma partícula muito comum que ocorre em um dos versos considerados centrais da nossa perícope. É considerada também uma expressão que possui sentido teológico central na teologia deuteronomista. É traduzida comumente por: todo, toda, todos, todas, cada, qualquer, a totalidade. Na maioria das vezes esta partícula se encontra numa relação genitiva com a palavra

seguinte, tendo significado de “a totalidade” (de algo). Pode aparecer também de forma autônoma, independente de outras palavras, mas absolutamente exprime a ideia de “tudo”. Este sentido é muito forte no Deuteronômio e em toda teologia deuteronomista que reivindica o tempo todo de seus destinatários o todo, através de expressões à todo Israel, de todo o coração, de toda a néfesh, fazer tudo conforme ordenou YHWH, entre outros casos.

No caso da pericope de Dt 6,1-9, a partícula ocorre se referindo aos termos antropológicos. O ser humano israelita é convocado por YHWH a amá-lo de “todo” o coração, de “toda” a sua vida e com “todas” as tuas posses. Todos os setores da vida humana (psíquicos, físicos, etc) devem ser colocados em relação de dependência de YHWH.

Um dos vocábulos que analisamos também que inclusive ocorre aglutinado à preposição kol é a palavra

vp,n<

néfesh. Esta possui correspondência em todas as línguas semíticas. Os diversos significados do vocábulo hebraico são encontrados em grande parte em línguas como acádico: napistú (garganta, vida) ; amorreu: naps (alento, vida); Em ugarítico: nps (garganta, apetite, alma, ser vivente, etc. Em aramaico, hebraico e árabe meridional, o vocábulo pode ser traduzido em alguns casos como tumba e funerária.

Em linhas gerais néfesh refere-se aos órgãos ligados à respiração como boca, pescoço, garganta, faringe, laringe. Devido a importância que estes órgãos possuem para a vida humana como um todo, às vezes néfesh pode se referir à pessoa na sua totalidade, ou a própria vida. No caso da perícope de Dt 6,1-9 o vocábulo néfesh aparece concatenado com o vocábulo antropológico lev. Por isso entendemos que o deuteronomista queria se referir de forma específica a um setor da vida através do uso da palavra néfesh. E entendemos que nesse caso a pessoa, a vida, os impulsos e desejos devem ser direcionados à YHWH na reivindicação deuteronomista.

No decorrer de nossa análise investigamos também a palavra

rb'D'

davar, uma das palavras mais importantes do Antigo Testamento que também faz parte da perícope de Dt 6,1-9 e do acervo de palavras-chave do redator deuteronomista. Comumente traduzida por palavra, fala, discurso, coisa, mandamento, assunto, ação, evento, história, relato, negócio, causa, motivo. Muitos sinônimos encontram-se no Sl 119, onde a palavra de YHWH é exaltada.

O decálogo, as “dez palavras”, (Ex 34,28; Dt 4,13; 10,4), são dez declarações ou afirmações, como em Dt 10,4 as dez palavras (devarim) que Javé falou (dibber).

As dez palavras são mandamentos por causa da forma sintática como foram enunciadas. As dez palavras são o que Deus disse; são dez mandamentos por causa da maneira como Javé às disse.

Certas características da palavra de Javé são enunciadas nos Salmos. Algumas delas são: a palavra de Javé é reta (33,4), está firmada no céu (119,89), “Lampada para os meus pés e luz para os meus caminhos”(119.105).

A eficácia da palavra de Javé é com frequência citada em certas orações, como “segundo a palavra que o Senhor havia dito” (1Rs 13,26) ou “cumprirei a minha palavra” (1Rs 6,12). O cronista diz que Javé levantou Ciro pra que se cumprisse a palavra de Javé por intermédio de Jeremias.

Por meio de Isaías o Senhor diz que sua palavra será como a chuva que desce dos céus e para lá não tornam, mas faz produzir, britar dar semente ao semeador e pão ao que come, a palavra não voltará vazia... antes fará o que me apraz e prosperará para aquilo que a enviei (Is 55,11).

Estas definições nos orientam acerca do sentido do vocábulo para a pericope de Dt 6,1-9 visto que as palavras que deveriam ser ditas e transmitidas aos flhos eram palavras de Javé transmitidas por intermédio de Moisés.

Fechamos este resumo conclusivo fazendo menção de um termo analisado anteriormente muito importante para a teologia deuteronomista e para a nossa pesquisa. O termo dérek é traduzido comumente por “caminho”. Pertence à raiz darak, “pisar”.

O conceito básico por detrás de darak, pisar, relaciona-se com pôr os pés em território ou em objetos, às vezes com o sentido de calcá-los. Pode ser entendido como o caminho da terra pisada, batida, de tanto andar nela. E nesse caso levantamos uma questão concernente ao sentido do vocábulo na perícope de Dt 6,1-9: Por que o redator deuteronomista utilizaria a palavra dérek da raiz “pisar”, calcar os pés? Por que diante do seu acervo de vocábulos o deuteronomista escolhe utilizar o termo que traz consigo o imaginário de um contexto rural, ou seja, o caminho da carroça, “batido”, árido, seco, de tanto andar nele?

A terra prometida que o deuteronomista avista e descreve como boa é muito bem irrigada e flui leite e mel. Talvez o uso deste vocábulo pelo deuteronomista tenha por intenção dar ênfase ao pisar firme, pisar com segurança, com convicção, tomar posse da terra. Por outro lado o redator pode ter se utilizado do termo visto que os teus

destinatários são pessoas que conhecem o contexto rural o “derek”, o caminho da terra batida, pisada de tanto andar nela, a perseverança, a dificuldade, seja a experiência do deserto como do exílio, também o sofrimento seguido da esperança por uma terra e um futuro melhor.

O sentido mais apropriado ao nosso entender é de pisar firme durante o caminho, possuir a terra, andar pelo caminho com segurança, confiança, visto que YHWH é quem conduz os acontecimentos.

Finalizamos esta parte fazendo alguns apontamentos acerca da contribuição da análise para a pesquisa. A averiguação dos diversos sentidos de um vocábulo é parte fundamental da análise semântica. As palavras são polissêmicas, e precisam ser verificadas no seu amplo campo de significação. Só assim poderemos neutralizar a polissemia avaliando o sentido mais adequado para o texto que está sendo analisado. O que nos auxilia na escolha do melhor sentido é o contexto. Por isso achamos indispensável passarmos por essa etapa. O objetivo primordial foi de exploração dos diversos significados das palavras que compõem a nossa perícope. Tendo feito isso quando nos deparamos com um vocábulo dentro de uma perícope, temos acesso a um horizonte de significações que certamente nos auxiliará na definição do melhor sentido a ser aplicado no texto em que estamos analisando exegeticamente.

Conforme abordamos já de início os vocábulos antropológicos seriam investigados com mais afinco, sendo que o vocábulo lev será objeto de uma análise mais detalhada que será apresentada no próximo capítulo.

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