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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.2 Etapa 2: Produção e caracterização das micropartículas lipídicas sólidas (MLS)

5.3.3 Retenção dos compostos voláteis durante a estocagem

A avaliação da concentração dos compostos voláteis presentes nas micropartículas durante a estabilidade visa identificar qual matriz lipídica permaneceu estável ou foi capaz de permitir a liberação gradual do ativo.

Como dito no item 5.3.6, através de uma curva padrão foi possível quantificar o conteúdo de cinamaldeído nas amostras avaliadas. A Figura 5.23 apresenta as concentrações inicial e final de Cn nas três formulações de micropartículas, bem como na oleoresina livre estocada a 25 °C.

Figura 5.23. Concentração de cinamaldeído nos dias 0 e 28 da estabilidade a 25 °C. (Letras minúsculas

diferentes para o mesmo dia representam diferença estatisticamente significativa (p≤0,05).

Analisando as concentrações inicial e final de Cinamaldeído nas partículas e na oleoresina livre, nota-se que o processo de microencapsulação favoreceu a proteção desse composto. A OC livre sofreu grande variação no conteúdo de Cn, devido a alta volatilidade dos compostos que pode ter sofrido influência das condições de estocagem. A formação de uma matriz lipídica cristalina pode atuar como uma barreira à liberação dos compostos voláteis (KATOUZIAN et al., 2017). A OC apresentou concentração inicial de Cn maior e estatisticamente diferente das demais formulações. As concentrações iniciais de Cn nas três formulações de micropartículas não apresentam diferença estatística (p≤0,05). Para as

concentrações de Cn após 28 dias de armazenamento, nota-se não houve diferença significativa (p≤0,05). Além disso, as formulações F2 e F3 podem ser consideradas estáveis em relação ao conteúdo de Cn. A ausência de gordura insaturada na formulação F1 permitiu que esta se cristalizasse mais rápido, porém, como a estrutura é mais compacta pode ter levado a uma expulsão maior do recheio logo nos primeiros dias de estocagem. De acordo com Paravisini e Guichard (2016) compostos aromáticos são mais solúveis em lipídios líquidos, de modo que a presença de grande quantidade de gordura sólida reduz sua solubilidade e, consequentemente, aumentam sua liberação para o meio. Sendo assim, nota-se que uma mistura de lipídios saturados e insaturados proporciona um melhor acomodamento do ativo, conferindo maior estabilidade à partícula. Figura 5.24 apresenta as concentrações inicial e final de Cn para as amostras estocadas a 45 °C.

Figura 5.24. Concentração de cinamaldeído nos dias 0 e 28 da estabilidade a 45 °C. (Letras minúsculas

diferentes para o mesmo dia representam diferença estatisticamente significativa (p≤0,05).

Para as amostras estocadas a 45 °C, novamente, houve uma maior variação no conteúdo de cinamaldeído da oleoresina livre, sendo esta estatisticamente (p≤0,05) diferente das demais no dia zero. O aumento na temperatura de estocagem promoveu uma maior perda do componente volátil, como era esperado. Apenas a formulação F3 pode ser considerada estável, reforçando o fato de que a redução do conteúdo de lipídios saturados altera a estrutura da partícula, favorecendo o aprisionamento do ativo. As concentrações finais de Cn para as amostras F1 e F2 foram menores e estatisticamente diferentes (p≤0,05) de F3 e OC livre .

Turasan et al. (2015) produziram micropartículas carreadoras de óleo essencial de alecrim por emulsão, seguido de liofilização. As amostras foram estocadas a 15 °C e o conteúdo de 1,8-cineol foi acompanhado ao longo de 40 dias. Um decréscimo maior desse

composto também foi encontrado para o óleo essencial livre, em comparação às micropartículas.

Para as três formulações de MLS foi feita uma avaliação das áreas correspondentes aos três compostos majoritários, nos dias 0, 7, 14 e 28 de armazenamento. A Figura 5.25 apresenta a variação nas áreas normalizadas dos três compostos majoritários (Cn, OmCn e Co) para as amostras armazenadas a 25 °C.

Figura 5.25. Área normalizada dos compostos majoritários da OC obtida por GC-MS ao longo da estocagem

para as formulações armazenadas a 25 °C.

Analisando os resultados obtidos para as formulações armazenadas a 25 °C, nota- se que houve um decréscimo na concentração de Cn para a formulação F1, enquanto que as formulações F2 e F3 permaneceram praticamente estáveis. As amostras F1 e F2 apresentaram os maiores valores de área, mostrando que foram mais eficazes em termos de retenção desse composto. Em contrapartida, os valores médios para a área de O-Metoxi-cinamaldeído e Cumarina demonstraram sofrer um pequeno aumento para todas as formulações. Esses

compostos são derivados de alterações na estrutura do ácido cinâmico (ACn), que pode ter sido favorecida durante o processo de microencapsulação (BOURGAUD et al., 2006).

A Figura 5.26 apresenta a variação nas áreas normalizadas dos três compostos majoritários para as amostras armazenadas a 45 °C.

Figura 5.26. Área normalizada dos compostos majoritários da OC obtida por GC-MS ao longo da estocagem

para as formulações armazenadas a 45 °C.

Para as amostras armazenadas a 45 °C, um decréscimo no conteúdo de Cn foi observado para as formulações F1 e F2, enquanto que em F3 permaneceu praticamente constante. Em relação à concentração dos outros compostos voláteis, OmCn e Co, apenas para a formulação F1 foi possível identificar picos correspondentes ao longo dos 28 dias de estocagem. A rápida cristalização característica dessa formulação pode ter favorecido a retenção desses compostos no dia zero.

A concentração inicial de OmCn e Co para F1 foram baixas, indicando que houve grande perda durante o processamento. Como dito anteriormente, é possível atribuir o aumento do conteúdo desses compostos à degradação do ACn. Diferente das formulações armazenadas a 25 °C, não foi possível identificar picos correspondentes a OmCn e Co para F2 e F3 para as amostras estocadas a 45 °C. A temperatura de armazenamento mais elevada pode ter favorecido a volatilização de ACn logo nos primeiros dias, impedindo o processo de transformação em OmCn e Co, fazendo com que o mesmo não fosse identificado em F2 e F3. Pode-se dizer que a microencapsulação favoreceu a retenção dos componentes voláteis da OC e a temperatura de 25 °C proporcionou melhor estabilidade às partículas.