• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO I – APRESENTAÇÃO

2. CAPÍLULO II FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. CONCEITUANDO PERMANÊNCIA PROLONGADA E RETENÇÃO NO

2.1.1. Retenção “positiva”

Consideremos, portanto que durante sua experiência acadêmica o aluno planejadamente se proponha ficar mais tempo na universidade. Um dos motivos que conhecemos para justificar esta proposta é a participação do discente em programas de ensino no exterior, a exemplo do Programa Ciência Sem Fronteiras, intermediado pela Secretaria de Relações Internacionais da UFES13, onde bolsas de estudo financiadas pelo Governo Federal são destinadas a estudantes de graduação e pós-graduação de instituições de ensino superior, públicas ou particulares em todo o país,

A Secretaria de Relações Internacionais tem atuado no processo de internacionalização da Universidade, por meio do Projeto “Ciências Sem Fronteiras” e da ampliação de intercâmbio com instituições estrangeiras, que potencializam o desenvolvimento da UFES, dos estudantes que participam do Programa e do próprio País. (SRI/UFES, 2015)

Além dessa possibilidade de participação em programas de intercâmbio, Dias, Cerqueira e Lins (2009), pontuam que o discente pode ter uma reprovação isolada e não interpretam isso como fator significativo nos índices de retenção. Os autores corroboram ainda com a validade da participação dos discentes não somente em iniciação científica como também em atividades extraclasse, estágio supervisionado, tutorias, entre outras, e não caracterizam essa permanência na instituição como um problema agravante para retenção. Na opinião dos autores,

Através dos dados analisados, interpreta-se que a retenção na graduação nem sempre pode ser considerada negativa. Alunos com retenção leve têm um desempenho equivalente aos alunos não retidos, tanto em relação ao desempenho acadêmico quanto ao seu comportamento durante a vida universitária, pois essa retenção pode ser causada por uma reprovação em uma disciplina não crítica para a sequência do curso. Também pode ser decorrente da participação dos alunos em atividades extraclasse (monitoria, intercâmbio, estágio, iniciação científica etc.), o que contribui favoravelmente ao aumento do desempenho acadêmico. O que se constata é que uma leve retenção deve ser esperada (até 1 ano), ou mesmo desejada pelos gestores do curso. (DIAS; CERQUEIRA; LINS, 2009, p. 9).

Há casos ainda em que o aluno opta por concluir um bacharelado e ingressar em uma licenciatura. Essa possibilidade também justifica uma permanência prolongada na instituição desde que o período máximo estipulado para conclusão do curso não seja ultrapassado,

13 SRI - a Secretaria de Relações Internacionais é responsável por formular a política de internacionalização da universidade, e por promover e expandir a sua atuação internacional. Assessora o Reitor, os órgãos centrais e as unidades de ensino e pesquisa na área de cooperação acadêmica internacional.

Art. 1º Será permitido ao estudante de um curso com diferentes habilitações ou

ênfases colar grau em uma das modalidades e optar por continuar vinculado à Universidade para complementação de estudos em uma outra modalidade do mesmo curso, respeitando o tempo máximo de integralização curricular. (Resolução nº. 36/2005. CEPE/UFES14)

Se o aluno faz essa opção por manutenção de vínculo, mas não conclui a segunda graduação dentro do tempo estipulado, ele também fica suscetível à retenção. Ressaltamos, contudo que considerando os cursos de graduação delimitados nessa pesquisa, os alunos não teriam essa opção já que os mesmos não oferecem diferentes habilitações ou ênfases, portanto não nos aprofundaremos nessa questão.

Dessa forma, considerando as possibilidades de retenção de cunho positivo durante a vida acadêmica dos universitários e ainda considerando a retenção que classificamos como “leve” no contexto do trabalho, optamos por entendê-la como sendo uma “permanência prolongada”, ou seja, uma retenção de cunho positivo, onde o estudante fica na instituição apenas o tempo suficiente para concluir seus projetos. Não se observa nesses casos, indício de múltiplas reprovações, de trancamentos de matrícula, de ausência de matrícula, entre outras situações.

A esta permanência prolongada optamos por entendê-la como uma “retenção positiva”. Assim, diante do exposto, a “retenção leve” no contexto desse trabalho não se configura como significativa ao analisarmos o ritmo de estudo do estudante e é também por isso que optamos por não considerá-la nesse estudo.

Vale ressaltarmos aqui o caso das instituições privadas de ensino onde as pesquisas sobre retenção mostram que a permanência prolongada dos estudantes é, não só positiva, mas até mesmo almejada. O desafio é justamente manter os estudantes nas salas de aula para que a sustentabilidade acadêmica e financeira da instituição seja conservada,

No contexto competitivo do ensino superior privado, observou-se que a partir da década de noventa as IES começaram a utilizar estratégias de marketing especialmente relacionadas com as variáveis de promoção e propaganda, com o objetivo de aumentar a participação de mercado em função do crescimento dos índices do ensino médio. Algumas universidades atualmente redirecionam parte dos seus esforços realizados para a captação de novos alunos, dedicando-se também a implementar estratégias de retenção e manutenção de estudantes. Em nível nacional, dependendo dos cursos, os índices de evasão podem variar de 30% a 70%. (MELO, JESUS,2013, p. 16)

Evidencia-se pelas literaturas que o investimento feito pelas instituições privadas para a captação dos estudantes é muito significativo considerando que o tempo de permanência dos estudantes nas instituições privadas é de cerca de um ano em média. Segundo Martins (2007) a conquista por novos alunos nas IES privadas tornou-se cada vez mais cara e a perda de alunos também se tornou frequente. Kotler e Fox (1994) afirmam que considerando a permanência prolongada de alunos em uma IES privada, matricularem um aluno é tão importante quanto retê-lo visto que um aluno insatisfeito tem grande propensão de evadir.

Petris (2014) pesquisador da UFES conduziu uma pesquisa sobre a persistência dos discentes em cursos superiores da UFES na modalidade à distância. A ênfase dada pelo autor foi na face positiva da retenção e, na sua pesquisa, se propôs a identificar os principais fatores que afetam a decisão dos alunos de persistirem no curso. O pesquisador enfatiza a necessidade de se elevar as taxas de retenção nesta modalidade de ensino e, citando Park e Choi (2009), ressalta que “maiores taxas de retenção podem ser alcançadas se os desenvolvedores de cursos EaD15 encontrarem maneiras de melhorar a relevância do curso na percepção dos discentes.” (PETRIS, 2014, apud PARK E CHOI, 2009), e acrescenta,

Em pesquisa similar, Morris e Finnegan (2008) esperavam saber se os dados coletados na admissão de um aluno para um curso EaD poderiam ser utilizados para prever o quão bem este realizaria o curso, e, assim, utilizar as análises desses dados como uma ferramenta de aconselhamento, apoiados por Parker (1999) que sugeriu que a identificação de um conjunto consistente de fatores associados à persistência podem ajudar os professores a oferecer aos alunos adequados ambientes educacionais e assim aumentar a retenção nos cursos.(PETRIS, 2014, p. 106)