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REVISÃO DE LITERATURA SOBRE OS MODELOS DSGE DE ECONOMIA

3 TRANSMISSÃO DE TARIFA DE IMPORTAÇÃO EM PEQUENA ECONOMIA

3.2 REVISÃO DE LITERATURA SOBRE OS MODELOS DSGE DE ECONOMIA

3.2.1 Literatura internacional

Os estudos mais aprofundados de equilíbrio geral dinâmico estocástico (Dynamic

Stochastic General Equilibrium– DSGE) para economia aberta que incorporaram competição

imperfeita e rigidez nominal tiveram início com Obstfeld e Rogoff (1995), o que se

34 A Câmara Internacional de Comércio (International Chamber of Commerce – ICC), em 2011, publicou um

Índice de Abertura de Mercado (Open Market Index - OMI), composto de quatro itens: grau de abertura para bens, política comercial (tarifas), grau de abertura para capitais e infraestrutura existente para o comércio. Os valores do índice variaram de 1 a 6, sendo 6 o indicar de máximo grau de abertura de mercado. Apenas para fins de comparação, vale mencionar o índice obtido para países selecionados: Singapura (5.3), Alemanha (4), França (3.9), Austrália (3.8), Chile (3.7), Estados Unidos (3.6), Espanha (3.6), Portugal (3.5), Peru (3.1), Argentina (2.5), Brasil (2.3). Do total de 75 países, o Brasil aparece na 68ª classificação, apenas à frente de Venezuela, Pakistão, Algéria, Srilanka, Sudão, Etiópia e Bangladesh. Disponível em: http://www.icc.se/policy/statements/2011/Open_Markets_Index_2011.pdf . Acesso em: 20 jul. 2013.

convencionou chamar de “Síntese ζovo Keynesiana”. ηs autores desenvolveram um modelo analítico de dois países, no qual a transmissão de políticas internacionais monetária e fiscal inclui os principais elementos do arcabouço intertemporal, a rigidez nominal de preços no curto prazo e os microfundamentos explícitos de oferta agregada, permitindo captar simultaneamente os efeitos sobre conta corrente e taxa de câmbio. Modelos anteriores mostravam-se de alguma forma incompletos ao tentar captar tais efeitos, pois a análise era estática e os microfundamentos não estavam explícitos (ROMER,1983; SVENSSON; VAN WIJNBERGEN, 1989). Ressalte-se que a literatura sempre enfatizou modelos econômicos globais com dois países. A vantagem deste enfoque é chamar atenção para mecanismos de transmissão internacionais e permitir que taxa de juros e preços de ativos sejam endogenamente determinados no mercado de capitais internacional.

A maior parte da literatura considera uma estrutura de competição monopolística, na qual a firma enfrente uma elasticidade constante da demanda e define seus preços como um

mark up fixo sobre os custos marginais. Conforme assinala Lane (2001), a competição

imperfeita, seja ela na produção ou no mercado de fatores, permite uma análise mais detalhada das decisões concernentes a preços, haja vista que estes são estabelecidos acima do custo marginal. Uma vez que o equilíbrio da produção se mantém abaixo do ótimo social, dado o poder de mercado, pode-se avaliar o efeito de diferentes políticas monetárias para corrigir tal distorção. Desta forma, os trabalhos seguintes modificaram algumas das suposições do modelo de Obstfeld e Rogoff (1995), também chamado de redux model, mostrando que os efeitos dos choques monetários sobre o bem-estar e as transmissões internacionais dependem da especificação da rigidez de preços, das preferências e da estrutura financeira.

Geralmente a literatura introduz a rigidez nominal como uma característica exógena ao ambiente. No modelo de Obstfeld e Rogoff (1995) as firmas definem preços simultaneamente considerando um período à frente. Esta suposição é arbitrária, mas conveniente, uma vez que todo o ajuste se completa após um período. Se a rigidez de preços se justifica por custos fixos, choques “suficientemente grandes” sobre a economia motivarão as empresas a aumentarem preços imediatamente. Ademais, conforme assinalam Corsetti e Pesenti (2001), um choque “suficientemente grande” elevaria os custos marginais acima dos preços. Portanto, se choques de política monetária enquadrarem-se nesta categoria, sugere-se que os tomadores de decisão levem em consideração esta restrição ao decidir o tamanho do estímulo a ser dado na economia. Vale mencionar que nesta literatura a rigidez nominal é modelada como sendo

dependente do tempo (time dependent), haja vista que preços dependentes de estado (state

dependent) não são facilmente incorporados a modelos de equilíbrio geral.

Uma maneira alternativa de introduzir a rigidez de preços é definindo preços escalonados (staggered prices), o que permite suavizar o nível de ajuste de preços após um choque. Este escalonamento significa que as firmas devem considerar preços passados e futuros de outras firmas na definição do preço ótimo. Muitos modelos seguem Calvo (1983). A suposição deste autor é a de que a oportunidade de reajustar preços aparece de forma estocástica para cada firma. A independência entre um grande número de firmas significa que uma fração fixa delas ajusta seus preços em um determinado período, permitindo que o nível de preços varie de forma mais suave. Conforme análise de Taylor (1980), o escalonamento de preços é um mecanismo potencial de persistência, uma vez que o ajuste a um choque não pode ser alcançado instantaneamente. Chari et al. (2002) mostram que a resposta dos preços a choques e a persistência dependerão da sensibilidade de preços e da produção aos custos. Estes autores concluem que o escalonamento por si só não gera persistência endógena se os preços forem um mark up constante dos custos marginais e se os custos marginais forem crescentes com a produção.

Por hipótese, a Lei de Preço Único35 é sempre válida no modelo de Obstfeld e Rogoff (1995). Isto significa que o pass-through da taxa de câmbio seria sempre completo, fato este que pode ser visto como uma limitação. Antes mesmo do redux model, diversos autores já haviam mostrado que dificilmente o pass-through do câmbio seria completo. Froot e Klemperer (1989) haviam construído um modelo no qual a participação de mercado seria importante para medir os efeitos da taxa de câmbio sobre os preços internacionais e mostraram os preços de bens importados são mais sensíveis a expectativas de futuras alterações cambiais do que à taxa de câmbio vigente propriamente dita. Engel (1993), ao investigar o comportamento de preços de economias industrializadas selecionadas, concluiu que os preços de dois diferentes bens dentro de um mesmo país tendem a apresentar diferenças menores do que os preços de um mesmo bem em diferentes países. Isto equivaleria a dizer que a Paridade de Poder de Compra (Purchasing Power Parity)36 não se mantém,

sendo os principais motivos: a) barreiras ao comércio internacional, tais como tarifas de

35 A Lei de Preço Único (Law of One Price) diz que, na ausência de barreiras ao comércio, sejam elas naturais ou

impostas pelo governo, um bem deve ser vendido pelo mesmo preço em todos os países. Todavia, um grande número de estudos empíricos mostra que, na prática, mesmo para os produtos que são comumente transacionados internacionalmente, a Lei de Preço Único não se verifica. As razões incluem custos de transporte, barreiras comerciais e estruturas de mercado anticompetitivas (OBSTFELD; ROGOFF, 1996, p. 202).

36 A teoria da Paridade do Poder de Compra prevê que as taxas de câmbio reais devem ser iguais a 1, ou

apresentar tendência de retorno a 1 quando a taxa de longo prazo sofrer qualquer tipo de distúrbio (OBSTFELD; ROGOFF, 1996, p. 200).

importação e custos de transporte elevados; b) diferentes preferências do consumidor entre países; c) presença de bens non-tradables nos índices de preço do consumidor; d) rigidez de preços nos bens produzidos domesticamente. Goldberg e Knetter (1997), após uma extensa revisão de literatura teórica e empírica acerca do assunto, concluem que os preços dos bens importados variam em proporção menor que as variações cambiais, sugerindo que o pass-

through do câmbio é incompleto devido a discriminações de preço de terceiro grau37.

Diante das evidências empíricas, alguns autores introduziram a segmentação de mercados internacionais no modelo base (DEVEREUX; ENGEL, 1998; BETTS; DEVEREUX, 2000; CHARI et al., 2002). A segmentação de mercado significa que ao menos algumas empresas podem praticar diferentes preços para um mesmo produto em diferentes países. Assumindo-se a rigidez de preços em todos os países, choques significariam mudanças na taxa de câmbio, que por sua vez causariam desvios ex-post na Lei de Preço Único. Desta forma, a definição de preços de acordo com o mercado (pricing to market), em combinação com a rigidez de preços das moedas locais, permitiria a flutuação da taxa de câmbio real, desvinculando movimentos de preços domésticos e internacionais. Um resultado interessante seria o fato de que uma depreciação do câmbio pode melhorar os termos de troca do país sob

pricing to market. A explicação está no fato dos preços de exportação serem fixos em termos

da moeda estrangeira; logo, a depreciação cambial promove o aumento de preços dos bens exportados na moeda doméstica, sem aumentar o preço dos bens importados.

Adolfson (2001), Corsetti e Pesenti (2005), Sutherland (2005) e Monacelli (2005) analisam o impacto do pass-through incompleto do câmbio na condução da política monetária ótima. O primeiro autor conclui que, quanto menor o grau de pass-through, menor a resposta da taxa de juros a choques internacionais e maior a volatilidade da taxa de câmbio. Corsetti e Pesenti (2005) mostram que ganhos da cooperação internacional em termos monetários dependeriam do grau de pass-through. Sutherland (2005) analisa o efeito da volatilidade do câmbio sobre a função de bem-estar. Seus resultados mostraram que não há relação entre estas duas variáveis; a política ótima da economia doméstica pode envolver a estabilização do câmbio, a depender do grau de pass-through, do grau de abertura da economia, da elasticidade da oferta de mão-de-obra e da política monetária adotada no exterior. Na mesma linha dos autores anteriores, Monacelli (2005) parte da premissa de que pass-through incompleto do câmbio traz importantes implicações para a política monetária, sobretudo porque estudos empíricos mostraram que a Lei de Preço Único não se verifica e porque o pass-through do

37 Conforme os autores, a discriminação de preços de terceiro grau está presente quando diferentes grupos de

câmbio se dá mais rapidamente no atacado do que no varejo. Porém, o trabalho de Monacelli (2005) difere dos demais por oferecer uma modelagem simples e comparável ao modelo canônico Novo Keynesiano. Ademais, este autor ressalta o papel primordial da política monetária de comprometimento (commitment) como canal de expectativa dos efeitos das variações na taxa de câmbio sobre a inflação; os autores anteriores focavam apenas na política de discrição (discretion)38.

Em modelos de equilíbrio geral dinâmico estocástico, especificar as preferências do consumidor constitui-se em uma tarefa chave, tendo em vista a necessidade de definir diversos parâmetros, tais quais: elasticidade intertemporal de substituição do consumo, elasticidades de substituição entre diferentes variedades de bens, entre bens domésticos e importados, entre consumo e laser e entre consumo e demanda por moeda. No modelo de Obstfeld e Rogoff (1995) não há distinção entre bens produzidos domesticamente e bens estrangeiros; todas as variedades entram simetricamente na função de utilidade CES (constante elasticity of substitution). O trabalho anterior de Svensson e Van Wijnbergen (1989) havia considerado que bens domésticos e importados possuíam grau limitado de substituibilidade. Chari et al. (2002) apresentaram um modelo que considerou o bem produzido nacionalmente como tendo utilizado bens intermediários domésticos e estrangeiros. Hau (2000) introduz bens não-comercializáveis na modelagem. A estrutura da preferência é a mesma do redux model, porém assume-se que uma fração dos bens nacionais e estrangeiros não pode ser comercializada por razões tecnológicas. Logo, a expansão da demanda tem um viés para bens domésticos, tendendo mais ao aumento do consumo doméstico do que do consumo externo. A principal consequência é a redução da resposta dos preços a choques de política monetária. Ademais, visto que os preços nacionais dos bens non-tradables estão vinculados à rigidez salarial, a taxa de câmbio deve ter um movimento maior para afetar preços em resposta ao choque de política monetária. No modelo de Obstfeld e Rogoff (1995), consumo e lazer entram separadamente nas preferências das famílias e a maioria dos estudos manteve esta modelagem. O trabalho é o único fator considerado. Todavia, Chari et al. (2002) argumentam que inserir capital pode ser importante, haja vista que choques monetários podem afetar investimentos.

No que concerne à estrutura financeira, o redux model permitia apenas o comércio internacional de títulos reais sem risco. Obstfeld e Rogoff (1996) defendem a validade desta

38 Na política monetária sob comprometimento, a autoridade monetária define uma regra e a segue; no caso da

política sob discrição, o banco central avalia o estado atual da economia e age de maneira ótima naquele momento, sem nenhum compromisso com ações futuras (WOODFORD, 2003).

suposição por considerar que seria estranho analisar imperfeições e rigidez no mercado de bens levando em consideração também a complexidade do mercado internacional de capitais. Sob mercados completos e com a vigência da Lei de Preço Único, a total divisão de riscos implica que não há alteração de riqueza proveniente de choques monetários. Portanto, a hipótese de mercados completos serve para simplificar a análise, eliminando a conta corrente e os ativos estrangeiros como mecanismo dinâmico de propagação. Entretanto, diversos autores introduziram um conjunto de ativos, conforme a conveniência da modelagem. Chari et al. (2002) comparam os efeitos dos choques de política monetária sob mercados completos e incompletos (quando um único título doméstico nominal é comercializado). O resultado encontrado é que a persistência do choque monetário apresenta pequena diferença nos cenários de mercados completos e incompletos. O mesmo resultado é encontrado por Betts e Devereux (2000).

Uma das principais aplicações dos modelos citados acima certamente era revisitar a interdependência das políticas monetárias internacionais. As diversas contribuições nesta área buscavam compreender com maior profundidade os efeitos macroeconômicos da incerteza, bem como as implicações normativas de regimes monetários internacionais alternativos. Clarida et al. (2001) mostram que nos casos de economia aberta a decisão sobre a política monetária se torna mais complexa à medida que os bancos centrais devem também levar em consideração os efeitos da taxa de câmbio sobre o produto e a inflação. Estes autores consideram o modelo de uma pequena economia aberta, com moeda, competição imperfeita e rigidez nominal de preços, semelhante aos modelos de Obstfeld e Rogoff (2000) e Svensson (2000). A principal diferença em relação a modelos anteriores está no fato de permitir fricção no mercado de trabalho de forma a introduzir, no curto prazo, um trade-off entre inflação e produto. A conclusão é a de que o problema da política monetária, na versão canônica do modelo de economia aberta, é isomórfico ao da economia fechada. Por meio de um modelo de otimização, Parrado e Velasco (2002) derivam uma política monetária e cambial ótimas para uma pequena economia aberta, com as características acima. A política monetária ótima apresentou a mesma forma da solução para economia fechada, sendo obtida através da função de utilidade do agente representativo como critério de bem-estar, e depende de distúrbios estocásticos que afetam a economia, tais como a elasticidade intertemporal de substituição do consumo e choques de taxa de juros internacionais. Benigno e Benigno (2003) avaliam as condições teóricas sob as quais a estabilidade de preços é a política ótima em um modelo de economia aberta de dois países, com competição imperfeita e rigidez de preços e concluem que algumas condições relativas aos níveis de taxação específicos dos países e às elasticidades

de substituição intertemporal devem ser satisfeitas. Galí e Monacelli (2005) utilizam um modelo de pequena economia aberta com rigidez de preços de Calvo e mostram que a dinâmica do equilíbrio pode ser reduzida a uma simples representação de inflação doméstica e hiato do produto. Estes autores utilizam três diferentes regras de juros e mostram que a principal diferença entre os regimes está na volatilidade da taxa de câmbio. Diferentemente da maioria dos estudos sobre o assunto, assume-se a política monetária como sendo endógena, sendo a taxa de juros de curto prazo o principal instrumento desta política.

Divino (2009a) foca no desenho de uma política monetária para pequena economia aberta, estendendo o modelo de Gali e Monacelli (2005) de forma a dar ênfase na taxa de câmbio como mecanismo de transmissão. Os resultados mostraram que a taxa de câmbio real afeta diretamente o custo marginal da firma e a oferta e demanda agregada. A função de bem estar depende do grau de abertura da economia e a política monetária ótima difere daquela obtida na economia fechada. O trade-off entre estabilização da inflação e do hiato do produto ocorre devido à taxa de câmbio. O regime de política monetária ótima implícito é meta de inflação com flutuação controlada da taxa de câmbio. A partir do mesmo modelo, Divino (2009b) tenta responder à pergunta sobre qual medida de inflação os bancos centrais devem buscar estabilizar, o índice de preços ao consumidor ou ao produtor. O primeiro seria mais sensível a movimentos da taxa de câmbio, haja vista a participação de bens importados no orçamento do consumidor. O segundo dependeria apenas dos preços dos bens produzidos domesticamente. O autor conclui que a política monetária sob comprometimento com ênfase no índice de preços ao produtor seria mais apropriada para uma pequena economia aberta, diferentemente do que preconizam os bancos centrais que atuam com metas de inflação, que optam pelo índice de preços ao consumidor. Esta prática deveria ser considerada apenas por economias com significativo grau de abertura.

A literatura internacional mostra, portanto, que o foco da análise dos modelos de equilíbrio geral dinâmico estocástico tem sido eminentemente teórico. A tentativa de apresentar análises quantitativas se dá, geralmente, via calibração dos modelos. Observou-se que o modelo de Obstfeld e Rogoff (1995) mantém-se como modelo base para análises deste tipo, tendo o de Gali e Monacelli(2005) ganho grande destaque em anos recentes. Geralmente trabalha-se com modelos de pequena economia aberta, com concorrência imperfeita e rigidez de preços. Todavia, uma das principais críticas ao modelo é o fato de considerar a Lei de Preço Único como válida. A revisão da literatura mostrou que dificilmente ela é observada e que barreiras ao comércio internacional, tal qual a imposição de tarifas de importação, podem afetá-la. Neste sentido, o objetivo deste trabalho de apresentar um modelo de economia aberta

que não obedece a Lei de Preço Único e de avaliar o efeito de choques da tarifa de importação sobre as demais variáveis macroeconômicas apresenta-se como condizente com a literatura.

3.2.2 Literatura nacional

No Brasil, foram poucos os estudos encontrados relacionados a modelos de equilíbrio geral dinâmico estocástico para economia aberta.

Silveira (2006a) analisa uma versão para dois países do modelo de Gali e Monacelli (2005). Uma importante característica deste modelo é que os termos de troca entram diretamente na curva de Phillips novo-keynesiana, como uma nova variável pressionando os custos e alimentando a inflação. Diferente da maior parte da literatura, o modelo de Silveira (2006a) deriva a estrutura da pequena economia aberta como um caso limite do modelo para dois países. A vantagem deste procedimento é a preservação de todos os canais internacionais de transmissão de política monetária. No modelo do autor a Lei de Preço Único é válida, pois todos os bens domésticos e estrangeiros são tradables. Neste sentido, a única razão para que a paridade do poder de compra seja violada é a introdução da hipótese de home bias nas preferências dos consumidores, que permite a flutuação da taxa de câmbio real, criando um canal alternativo de transmissão da política monetária.

Dando seguimento ao estudo anterior, Silveira (2006b) realiza a estimação bayesiana do modelo, a partir de dados trimestrais das economias brasileira e norte-americana, no período 1999 a 2005. De forma geral, os choques dados tiveram o impacto esperado nas variáveis. Silveira (2008) analisa mais profundamente dois mecanismos de persistência endógena: formação de hábito do consumidor e indexação de preços na economia brasileira. O primeiro se mostrou relevante e o autor conclui que deve ser incorporado aos modelos estruturais da economia brasileira desenhados para análise de política monetária. Todavia, as evidências foram menos significativas para o segundo mecanismo. Tendo em vista o peso de preços administrados na economia brasileira, esperava-se um resultado mais robusto para validar a importância da indexação, embora seja necessário considerar o fato de que as séries históricas brasileiras são relativamente curtas. A análise das funções impulso-resposta mostrou resultados positivos, embora a magnitude e persistência dos choques tenham sido relativamente irreais. A fim de reproduzir as séries macroeconômicas brasileiras de forma mais precisa, o autor sugere que os modelos DSGE para o Brasil sejam estimados a partir de

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