• Nenhum resultado encontrado

2 REVISÃO DE LITERATURA

Este capítulo tem como objetivo principal prover um entendimento para identificar os conceitos teóricos que orbitam em torno do instrumento da plataforma tecnológica, bem como poder identificar a teoria básica utilizada ao longo do trabalho. Portanto, expor os principais modelos teóricos que deram base para justificar a existência da plataforma: Tríplice Hélice, Quádrupla Hélice e Quíntupla Hélice. Além de explicar: o conceito de Plataforma Tecnológica, como define-se o conceito de inovação organizacional e o panorama da inovação dentro da cadeia produtiva da Construção Civil.

2.1 TRÍPLICE HÉLICE

Ao longo da história do pensamento econômico, muitos entusiastas tentaram encontrar o caminho do desenvolvimento econômico, bem como a fórmula “mágica” para o crescimento sustentado. A inovação mostra-se uma ferramenta importantíssima no desenvolvimento de uma nação, segundo Schumpeter (1911), a inovação tecnológica seria um fator endógeno na equação do desenvolvimento econômico do sistema capitalista, evidentemente, que seu estudo influenciou fortemente estudos sobre a dinâmica da Teoria Evolucionária, surgindo as correntes de pensamentos Schumpterianas e Neo-schumpterianas (FERREIRA, 2018). E a tríplice hélice nasce a partir da necessidade de identificar como a relação entre os agentes econômicos, como universidade, indústria e governo desenvolveu uma estratégia de inovação bem sucedida (ETZKOWITZ; ZHOU, 2017).

A inovação tem como cerne o conhecimento, pois é por meio da inovação que há a transformação do conhecimento em atividade econômica, a qual pode gerar o desenvolvimento econômico. Neste sentido, encontram-se muitos estudos que tentam entender a relação entre a sinergia dos agentes econômicos e a capacidade de inovação deles, a partir dessa ótica, pode-se inferir que o fortalecimento do elo universidade-empresa-governo melhora a capacidade de inovação das empresas, fazendo-as competitivas no cenário globalizado do capitalismo (FERREIRA, 2018).

A disseminação do conhecimento proveniente das relações de cooperação e interdependência dos agentes das três esferas é crucial para a possibilidade de diversas trocas de ideias, permitindo que empresas possam evoluir através da inovação aberta, ou open innovation, portanto além de um método que pretende entender os pontos forte e fracos da relação entre essas três esferas, o modelo tríplice hélice é uma estratégia de alianças nacional ou até mesmo regional que buscam aumentar a capacidade de inovação das organizações e a competitividade (ETZKOWITZ; LEYDESDORFF, 1995).

21

No Brasil, o modelo da Tríplice Hélice tornou-se um grande norte para políticas nacionais e regionais, uma vez que as IFES são instituições centrais no setor do conhecimento, e também, são tidas como as plataformas tecnológicas que promovem as relações entre o governo e o setor produtivo, e como principal exemplo, tem-se as incubadoras de start-ups, ou seja, agregando valor negócio das empresas recém criadas e construindo vantagens competitivas para essas start-ups (LEYDESDORFF, 2012). Portanto, o PISAC, reflete de forma tácita de como que os papéis das parcerias colaborativas podem transformar o conhecimento em inovação.

2.2 QUÁDRUPLA HÉLICE

O mundo apresentou mudanças constantes no que tange a forma que os atores se relacionam, e naturalmente há um processo evolutivo do modelo da Tríplice hélice. A Quadrupla Hélice vem como um modelo que fortalece a geração de conhecimento, na qual há uma rede de colaboração com a participação da sociedade civil e da comunidade ampla.

Portanto, ressalta o papel importante da sociedade para estabelecer metas e objetivos para o ambiente inovador (MINEIRO et al., 2018).

A sociedade civil aparece como o principal usuário e beneficiário da rede de colaboração, tornando-se centro do modelo, uma vez que se apresentam como codesenvolvedores e cocriadores da inovação, desta forma, impulsionando o processo inovador.

E quando se fala sociedade civil, pode-se considerar as organizações e associações coletivas. A atual complexidade da aplicação do conhecimento e inovação, permitiu o nascimento de modelos mais amplos para que houvesse uma melhor compreensão dessas estruturas (MINEIRO et al., 2018).

2.3 QUÍNTUPLA HÉLICE

Na busca por uma sociedade sustentável ao longo-prazo, o modelo da quíntupla hélice aparece como um framework em que o meio ambiente surge como um impulsionador da inovação e do fluxo de conhecimento. As inovações conhecidas como tecnologias verdes são um desafio para as atuais redes de colaborações, portanto essa quinta hélice não só se apresenta como um agente, como é o caso dos modelos anteriores. Mas aparece também como uma resposta as preocupações ambientais da atualidade, trazendo uma nova perspectiva para a inovação, com um viés transdisciplinar e com a capacidade de mudar e amplificar as transformações socioecológicas e ambientes naturais (MINEIRO et al., 2018).

A Quíntupla Hélice adiciona uma sensibilidade ecológica para as inovações, mudando a perspectiva do aquecimento global. Desta forma mostrando-o como uma oportunidade efetiva de inovação em relação aos capitais naturais ao invés de como um desafio. Portanto, o principal interesse da Quíntupla Hélice é incluir os ambientes naturais como subsistemas para os atuais modelos de inovação e conhecimento. Consequentemente, isso se mostra importante para a preservação, sobrevivência da humanidade, possibilitando a criação das novas tecnologias verdes (CARAYANNIS; BARTH; CAMPBELL, 2012).

Dessa forma, pode-se visualizar por meio da Quíntupla Hélice a sinergia colaborativa de cinco subsistemas na troca de conhecimento, isto é, cinco hélices: sistema educacional, sistema econômico, meio ambiente, sociedade civil e o sistema político. Essa análise mostra como os ativos de cada subsistema precisa se dispor para existir o progresso da humanidade em direção ao desenvolvimento sustentável(CARAYANNIS; BARTH; CAMPBELL, 2012).

Figura 1 - Quíntupla Hélice: Os cinco subsistemas do modelo. Fonte: CAMPBELL, 2012

2.4 PLATAFORMA TECNOLÓGICA

Em pouco tempo, com o advento do modelo da Tríplice Hélice como referência na estratégia nos processos de inovação nacional, surgem algumas estruturas organizacionais para entidades interessadas em inovar. As plataformas tecnológicas talvez sejam estruturas mais flexíveis, espaço destinado para o desenvolvimento de conhecimento específico (TEIXEIRA, 2012). Nesse sentido, o PISAC se estabelece como uma plataforma tecnológica especializada na inovação da cadeia produtiva da construção civil.

Plataforma tecnológica é um termo que surgiu por meio de um consultor do Banco Mundial, C. Weiss, o qual descreve a plataforma como um lugar de comunicação e troca de

23

informações entre stakeholders, este termo é amplamente utilizado na área da Tecnologia da Informação (TEIXEIRA, 2012). Na TI o termo é utilizado como um sistema composto de atividades chaves para desenvolver uma estrutura capaz de realizar novas funcionalidades, portanto quando se traz para a realidade da inovação, pode-se entender que a plataforma tecnológica serve como sistema indutor de interação entre os atores do ecossistema para ter como resultado a inovação (OLIVEIRA; PITERI; MENEGUETTE, 2014).

Para atender as demandas de um setor econômico é preciso ter uma sinergia entre diversos atores, e assim desenvolver experimentos, e a disseminação de inovações e tecnologias, e para isso acontecer é preciso um dispositivo de coordenação. Portanto, para fazer a associação de entidades públicas e privadas precisa de uma plataforma tecnológica dedicada à um setor produtivo, o qual poderá definir uma agenda estratégica, nesse sentido o PISAC se apresenta como uma plataforma tecnológica para promover a inovação e as tecnologias sustentáveis para os processos e produtos ao longo de toda a cadeia produtiva do ambiente construído (BLUMENSCHEIN; FERRARI; BARROS, 2019).

2.5 PANORAMA DA INOVAÇÃO NA CADEIA PRODUTIVA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Perante a complexidade de conceitos que se apresenta nesse capítulo, deve-se entender algumas definições antes de se falar do panorama da inovação da cadeia produtiva da Construção Civil, e a definição inicial é pautada na inovação. O Manual de Oslo (2005) compreende que a inovação é qualquer implementação nova ou de melhoria, em um produto, ou um serviço, ou um processo, ou em um novo método de marketing ou método organizacional nas práticas de negócio. Portanto, para ter a natureza de uma inovação é preciso que seja algo novo ou seja algo significativamente melhorado.

Com o supracitado, pode-se notar quatro tipos de inovação: de produto, de processo, de marketing e o organizacional. A principal e mais conhecida de todos é a inovação de produto, que no caso pode ser um bem ou serviço, o qual sofreu uma melhoria significativa no que tange a suas características ou usos anteriores. Incluindo nesse pacote, tem as especificações técnicas, composição e materiais utilizados na sua concepção, softwares incorporados, características funcionais e qualquer tipo evolução para facilitar o uso do produto.

A cadeia produtiva da indústria da construção é composta por três cadeias principais:

suprimentos, processos e auxiliar. E essas cadeias produtivas acabam por precisarem uma quantidade de recursos naturais, humanos e energéticos, e ao longo de todo processo da

indústria há outputs indesejados como resíduos e despejos, tóxicos e não-tóxicos que são retornados ao meio ambiente, na maioria das vezes, sem nenhum tratamento ou responsabilidade socioambiental. Portanto, tem-se a possibilidade de surgir inúmeras inovações no setor, uma vez que há a necessidade de se mudar os paradigmas tecnológicos vigentes nesta cadeia (BLUMENSCHEIN, 2009).

2.6 ABORDAGEM DA INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E BUSINESS PROCESS MANAGEMENT

Como já citado, pode-se notar quatro tipos de inovação: de produto, de processo, de marketing e o organizacional. O Manual de Oslo (2005), define inovação organizacional como:

“[...] implementação de um novo método organizacional nas práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas”, portanto pode ser algo que visa melhorar desempenho de indicadores da organização, como por exemplo, os relacionados aos custos administrativos e custo de transação. Não muito obstante, tem-se como inovação organizacional práticas de negócios, implementação de novos métodos não utilizados.

Business Process Management é uma disciplina gerencial que trata de práticas organizacionais muito utilizada por empresas, as quais querem melhorar seu desempenho gerenciando seus processos, e a partir desse gerenciamento diminuir os gastos relacionados com a falta de controle dos principais processos do negócio. Quando se comenta sobre processos do negócio, inclui qualquer tipo de organização que tem atividades orientados para alcançar um objetivo (ABPMP, 2013).

Para o BPM, os processos de negócio devem ser monitorados de forma cíclica e contínua, independente das quantidades de etapas definidas nesse ciclo, o ciclo básico é o PDCA (Plan, Do, Check e Act), talvez um dos mais conhecidos. E para compreender todos os níveis dos processos que interagem entre si, no BPM são definidos em três tipos: processos primários ou finalísticos, processos de suporte e processos de gerenciamento. Os processos finalísticos são os que agregam valor direto para o cliente e normalmente são os processos que a organização executa para cumprir sua missão. Os processos de suporte são os que existem para auxiliar os processos primários, já os processos de gerenciamento são os necessários para assegurar que a organização funcione conforme os objetivos e metas estipulados no plano de negócios (ABPMP, 2013).

No plano de negócios do PISAC, aparecem sinalizados os principais processos operacionais do parque conforme a definição do BPM, dividindo em três macroprocessos:

25

Macroprocesso direcionadores, Macroprocessos Finalísticos e Macroprocessos de Gestão. Os direcionadores são os que definem a forma que o negócio do PISAC será realizado, já os processos finalísticos compreendem os processos que impactam diretamente para a sociedade e clientes do parque. E os de gestão são os processos de suporte necessários para o funcionamento saudável do parque (BLUMENSCHEIN; FERRARI; BARROS, 2019).