• Nenhum resultado encontrado

Investigação: Inquérito Policial (réu preso: 10 dias/ réu solto: 30 dias – se for na Justiça Federal, o prazo é de 15 dias, prorrogáveis) – formação da opinio delicti do órgão acusatório.

Oferecimento da denúncia ou queixa, havendo justa causa para a ação penal, nela contendo o rol das testemunhas, até o máximo de oito (vide artigo 406, §2º, do CPP).

Fase da formação da culpa. Recebimento da denúncia ou queixa. Ordena-se a citação do(s) réu(s) para apresentar (em) sua Resposta à Acusação, por escrito, no prazo máximo de 10 dias (vide artigo 406, caput, do CPP).

Apresentação da Resposta à Acusação, contendo preliminares e toda a matéria do interesse da defesa, incluindo requerimento de provas e apresentação do rol de testemunhas, até o máximo de oito (vide artigo 406, §3º, do CPP).

Após, ouve-se o Ministério Público ou o querelante sobre as preliminares e os documentos juntados, se houver, em cinco dias, exercendo-se, assim, o contraditório (vide artigo 409, do CPP).

Designação de audiência única*, no prazo máximo de dez dias, para ouvir: o ofendido, se possível, as testemunhas arroladas pelas partes (primeiro as de acusação, depois as de defesa), peritos, caso sejam requeridos pelas partes, acareações e reconhecimento de pessoas ou coisas, caso também sejam solicitados, e interrogatório do réu. Na sequência, as partes debatem (vide artigo 411, caput, do CPP).

*Esta é uma das alterações mais ousadas, que não pode ser, por muitas vezes, viabilizada na prática, visto depender, exclusivamente, da pauta das Varas, que, geralmente, estão lotadas.

Debates orais: acusação, pelo prazo de 20 minutos, prorrogáveis por outros 10; assistente de acusação, se houver, pelo prazo de 10 minutos; defesa, pelo prazo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10; se o assistente se manifestou, a defesa terá mais 10 minutos. (vide artigo 411, §§4º e 6º, do CPP).

72 Adaptado de NUCCI, Guilherme de Souza. Tribunal do Júri, 2ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011.

Findos os debates, o juiz profere a decisão, ou o fará dentro de 10 dias. O procedimento deverá ser concluído no prazo máximo de 90 dias** (vide artigos 411, §9º, e 412, todos do CPP).

**O prazo máximo de 90 dias é fixado para findar toda a fase da formação da culpa, sem se avaliar o número de processos em trâmite em cada Vara. Ressalte-se que este prazo é impróprio, ou seja, se não for cumprido, nenhuma sanção acarreta.

A decisão do juiz poderá ser de quatro tipos:

- Pronúncia: decisão interlocutória, julgando admissível a acusação, em razão da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação. A decisão deve ser fundamentada, sem excesso de linguagem, especificando as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena. Avalia a possibilidade de determinar a prisão cautelar, ou revogar a prisão porventura existente (vide artigo 413, do CPP).

- Impronúncia: decisão terminativa do processo, sem julgamento de mérito por insuficiência de provas quanto à materialidade, ou indícios de autoria ou participação (vide artigo 414, do CPP).

- Absolvição sumária: decisão terminativa de mérito, quando for provada a inexistência do fato, não ter sido o acusado seu autor ou partícipe, não ser o fato infração penal, ou não estar demonstrada causa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade (vide artigo 415, do CPP). - Desclassificação: decisão interlocutória, considerando o juízo incompetente para julgar o caso, tendo em vista o fato comportar definição jurídica diversa da constante da acusação. Remete-se o processo a outro juiz (vide artigo 419, do CPP).

Proferida a pronúncia, cuida-se da intimação da decisão, nos termos do artigo 420, do CPP. Preclusa a referida decisão***, encaminham-se os autos ao juiz presidente do Tribunal do Júri (vide artigo 421, do CPP).

*** Se surgirem novas provas, demonstrando circunstância superveniente, pode-se alterar a classificação do crime, abrindo- se vista ao Ministério Público para eventual aditamento (artigo 421, §1º, do CPP).

Fase da preparação do plenário. O juiz determina a intimação das partes para que apresentem o rol das testemunhas (até o máximo de cinco), bem como para requererem provas e diligências. Essas provas e diligências podem ser realizadas antes do plenário ou no dia do julgamento, dependendo do requerimento do interessado (artigos 422 e 423, I, do CPP).

Elaboração do relatório**** do processo pelo juiz, a ser oferecido aos jurados em plenário. (vide artigo 423, II, do CPP).

**** O relatório do processo não mais será feito oralmente, mas por escrito. Será sucinto e entregue aos jurados em plenário.

Designação de data para julgamento em plenário. Determina-se a intimação das partes, do ofendido, se possível, das testemunhas, dos peritos, se preciso (artigo 431, do CPP). Se não for o juiz Presidente do Tribunal do Júri o incumbido do preparo do processo, remete-se o feito ao magistrado competente (artigo 424, do CPP).

Desaforamento: alteração de competência, proporcionando a outra Comarca o julgamento do réu. Essa medida pode ser tomada em caráter excepcional, justamente no momento em que se aguarda a sessão de julgamento, com base nas razões expostas pelos artigos 427 a 429, do CPP.

Abertura da sessão de julgamento. Verificação da presença de, pelo menos, 15 jurados dos 25 sorteados (artigos 462 e 463, do CPP). Checar se as partes estão presentes. Faltando alguém, verifica-se se houve justificativa razoável. Não existindo, adia-se a sessão e o juiz toma as providências cabíveis. Cuidando-se do Ministério Público, oficia-se à Procuradoria Geral de Justiça, comunicando e solicitando a sua interferência para que tal situação não mais ocorra no próximo evento designado. No caso do defensor, oficia-se à OAB, mas também se nomeia outro advogado (dativo ou da Defensoria Pública) para o patrocínio da causa. O réu não mais está obrigado a comparecer. Precisa, apenas, ser intimado da data marcada. A ausência do assistente de acusação não adia a sessão.

Verificação do comparecimento das testemunhas*****. As que foram arroladas em caráter de imprescindibilidade, tendo sido intimadas, devem comparecer. Se tal não der, determina-se a imediata condução coercitiva ou designa-se outra data para tanto, adiando-se a sessão (vide artigo 461, §1º, do CPP).

***** A testemunha faltante pode ser processada por crime de desobediência, receber multa e, além disso, ser conduzida coercitivamente (artigo 458, do CPP).

Partes presentes, jurados em número suficiente e testemunhas imprescindíveis: declara-se instalada a sessão. O juiz anuncia o processo a ser julgado. O oficial faz o pregão (artigo 463, do CPP).

Preparação para a formação do Conselho de Sentença. O juiz adverte os jurados presentes a respeito de todas as causas de impedimentos e suspeições, lendo o conteúdo dos artigos 448 e

449, do CPP. Desde logo, adverte os jurados também que, uma vez sorteados, não poderão manifestar sua opinião sobre o processo, nem devem comunicar-se entre si em relação à causa em julgamento, sob pena de exclusão do Conselho e multa (artigo 466, do CPP).

Escolha dos sete jurados para comporem o Conselho de Sentença. Retirado o nome do jurado da urna, lido em voz alta, levanta-se o sorteado. O juiz indaga à defesa se aceita ou recusa o jurado. Em seguida, se houver aceitação, passa-se a indagação ao Ministério Público. Em caso de aceitação, o jurado é convidado a tomar assento no Conselho de Sentença. Se a defesa recusou, sorteia-se outro. Quando o Ministério Público recusar, igualmente, sorteia-se outro. Cada parte tem até três recusas imotivadas ou peremptórias. Se a recusa for motivada, não há limite.

Formado o Conselho de Sentença, o juiz se levanta e, com ele, todos os presentes, para que se faça o compromisso dos jurados (vide artigo 472, do CPP).

O juiz determinará a entrega aos jurados das cópias da pronúncia e, se for o caso, das decisões posteriores a ela, bem como do relatório do processo (artigo 472, §único, do CPP).

Início da instrução em plenário. Colhem-se as declarações do ofendido, se possível. Após, as testemunhas de acusação serão ouvidas. Na sequência, as testemunhas arroladas pela defesa. Primeiramente, o juiz faz as indagações. Depois, as reperguntas serão feitas diretamente pela parte interessada. Quanto à vítima, primeiro o órgão acusatório, depois a defesa. As testemunhas de acusação serão reperguntadas pelo Ministério Público (e assistente, se houver) e, depois, pela defesa. As de defesa serão reperguntadas pelo defensor e, após, pelo órgão acusatório (MP e, se houver, assistente). Os jurados poderão reperguntar por intermédio do juiz-presidente (artigo 473, do CPP).

Interrogatório do réu. Se estiver presente, será convidado a ser interrogado. Pode invocar o direito ao silêncio. Não deverá estar algemado, como regra, durante a sessão, e muito menos no momento em que for interrogado (artigo 474, do CPP).

Iniciam-se os debates. O Ministério Público fará a acusação, nos limites da pronúncia, podendo levantar agravante inédita. O tempo é de uma hora e meia. O assistente de acusação deve dividir o tempo com o MP (artigo 476, caput, c/c artigo 477, caput, do CPP).

Passa-se a palavra à defesa, que terá o tempo de uma hora e meia (artigo 476, §3º, c/c artigo 477, caput, do CPP).

Passa-se a palavra à defesa, que terá o tempo de uma hora e meia (artigo 476, §3º, c/c artigo 477, caput, do CPP).

Finda a exposição da defesa, o juiz consulta a acusação se pretende ir à réplica. Em caso de resposta afirmativa, terá a palavra por uma hora. Após, manifestar-se-á a defesa, em tréplica, por uma hora. As partes poderão ouvir, novamente, qualquer testemunha durante a réplica e a tréplica (artigo 476, §4º, do CPP).

Terminados os debates, o juiz consultará os jurados se estão preparados para julgar, ou se desejam mais algum esclarecimento. Havendo dúvida sobre qualquer matéria, deverá o juiz prestar o informe necessário. Se a verificação de algum fato depender da produção de prova que não se pode realizar de imediato, o presidente dissolverá o Conselho de Sentença e marcará outra data, determinando a produção das diligências necessárias (artigos 480, §§1º e 2º, e 481, todos do CPP).

Se os jurados estiverem habilitados a julgar, o juiz presidente lerá os quesitos em plenário, indagando das partes se têm algum requerimento ou reclamação a fazer, sob pena de preclusão (artigo 484, do CPP). Os protestos levantados pelas partes em relação à redação do questionário, sob qualquer aspecto (quesito mal redigido ou tese exposta em plenário, mas não constante dos quesitos, etc.) devem ser decididos de imediato pelo magistrado. De qualquer modo, a decisão constará da ata.

Em plenário, o juiz explicará aos jurados o significado de cada quesito (artigo 484, §único, do CPP).

Na sequência, os jurados, o juiz, o órgão acusatório (MP ou querelante), o assistente, se houver, o defensor e os serventuários da justiça dirigir-se-ão à sala especial para a votação (artigo 485, do CPP).

Distribuem-se as cédulas aos jurados, feitas de papel opaco e facilmente dobráveis, contendo sete delas a palavra “sim”, e as outras sete a palavra “não”. Coloca-se o primeiro quesito em votação. Recolhem-se os votos válidos em uma urna, passada pelo oficial de justiça. O juiz apura os votos válidos, até chegar à maioria de quatro (“sim” ou “não”) e suspende a

contagem. Divulga-se somente o resultado (o Conselho de Sentença decidiu que tal situação ocorreu ou não ocorreu), sem o quorum (4x3, 5x2, 6x1 ou 7x0). Conferem-se os votos inválidos. Misturam-se todos e há nova distribuição para os jurados das cédulas “sim” e “não”. Outros quesitos serão votados, até a finalização. Encerrada a votação, assina-se o termo (presidente, jurados e partes).

Elaboração da sentença. Não haverá relatório, nem fundamentação. Se for absolutória, basta mencionar ter sido esta a decisão do Conselho de Sentença e considerar a ação improcedente, com base num dos incisos do artigo 386, do CPP, conforme o caso concreto. Se for condenatória, o juiz seguirá o processo de individualização da pena, fixando a pena-base (artigo 59, do CP); após, as agravantes e atenuantes, para, em seguida, inserir as causas de aumento e diminuição da pena. Decidirá, ainda, se o réu pode recorrer em liberdade, valendo- se dos requisitos da prisão preventiva.

A sentença será lida em plenário, à vista de todos, em momento formal, com todos os presentes em pé, por força da tradição. As partes saem intimadas. Encerra-se a sessão.