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Síntese dos resultados e da sua discussão

CAPITULO 6. Resultados e discussão

7. Síntese dos resultados e da sua discussão

No início deste estudo colocámos a hipótese de que a participação num programa de gestão do stress conduz a diferenças significativas entre os momentos de pré e pós-teste em relação à sintomatologia psicopatológica dos estudantes universitários (depressão, ansiedade e queixas psiquiátricas).

A necessidade de desenvolver programas que recorram a dois momentos distintos (antes e após a intervenção) e que assentem em medidas de avaliação rigorosas, que envolvam o processo, os resultados e o impacto, tem sido salientada na literatura científica (Moreira e Melo, 2005). Por este motivo, optámos por recorrer a medidas de pré e pós-teste no nosso estudo.

A revisão da literatura indica igualmente que desenvolver competências é essencial para promover o sucesso em contexto académico (Chickering & Reisser, 1993; Tavares, 2003; Pereira, 2005; Jardim, 2007).

De seguida procuramos sintetizar os principais resultados obtidos e, sobretudo, discutir as hipóteses de investigação que formulámos inicialmente. Fá-lo-emos de modo breve, uma vez que tivemos a oportunidade de ir discutindo os resultados à medida que estes foram apresentados.

Relativamente à hipótese 1 (“Os estudantes que participam no programa de gestão de stress melhorarão, de modo estatisticamente significativo, a sua sintomatologia ansiosa, comparando os momentos de pré-teste e de pós-teste”), verificamos que esta foi confirmada pelo nosso estudo.

Constatamos que a sintomatologia ansiosa dos participantes na intervenção diminuiu no momento de avaliação posterior à implementação do programa e que esta diferença é estatisticamente significativa.

A Terapia cognitiva, que fundamenta em termos teóricos a nossa intervenção, tem demonstrado ser de grande utilidade no tratamento e prevenção de perturbações de ansiedade (Beck e Emery, 1985). A literatura indica ainda que o contexto académico pode ser vivido de forma ansiógena, ser sentido como excessivamente desafiante e exigente (Pereira et al., 2008), donde resulta a necessidade de investir em programas direccionados a esta temática.

Relativamente à hipótese 2 (“Os estudantes que participam no programa de gestão de stress melhorarão, de modo estatisticamente significativo, a sua

sintomatologia depressiva, comparando os momentos de pré-teste e de pós-teste”), podemos afirmar que também esta foi confirmada pelo nosso estudo.

Verificámos que os níveis de sintomatologia depressiva demonstrados pelos participantes do nosso estudo, no segundo momento de avaliação, foram inferiores aos registados no pré-teste e que as diferenças encontradas são estatisticamente significativas.

Estes dados vão ao encontro dos resultados obtidos por outros estudos (Seligman, De Rubeis e Hollon, 1999; Clarke e Lewinshon, 1995), que têm demonstrado que a sintomatologia depressiva e a depressão podem ser prevenidas através de programas psicopedagógicos, sobretudo aqueles que se fundamentam na Terapia Cognitiva de Beck (Beck, Rush, Shaw & Emery, 1979) e que, como tal, trabalham aspectos como o reconhecimento e disputa do pensamento catastrófico.

Em relação à hipótese 3 (“Os estudantes que participam no programa de gestão de stress melhorarão, de modo estatisticamente significativo, as suas queixas psiquiátricas, comparando os momentos de pré-teste e de pós-teste”), esta foi igualmente confirmada pelo nosso estudo. Observámos que as queixas psiquiátricas dos estudantes que participaram no nosso programa diminuíram no segundo momento de avaliação e que essa diferença é estatisticamente significativa.

Estes resultados estão em concordância com estudos anteriormente realizados que apontam para a presença de elevados níveis de psicopatologia na população universitária e que sublinham o impacto que as dificuldades emocionais e pessoais têm no sucesso académico dos estudantes (Ferraz, 2000; Pereira & Williams, 2001).

Em termos gerais podemos afirmar que os resultados que obtivemos mediante a recolha dos dados dos instrumentos quantitativos, permitem-nos verificar que, para as variáveis em análise (sintomatologia ansiosa, sintomatologia depressiva e queixas psiquiátricas) existem diferenças estatisticamente significativas nas fases de pré-teste e de pós-teste.

Podemos supor que a participação neste programa de gestão do stress ter contribuído para encontrar uma explicação para as diferenças encontradas, sugerindo que esta intervenção parece ser eficaz para promover a saúde mental em contexto universitário.

Consideramos, no entanto, que independentemente das mudanças ocorridas elas devem ser analisadas com prudência, uma vez que são necessariamente multideterminadas.

Relativamente aos resultados obtidos através da análise de conteúdo dos trabalhos realizados nas sessões de auto-formação, sugerimos que o programa possa ter um efeito positivo ao nível da identificação de eventuais fontes de stress, na expressão aberta e na auto-regulação de sentimentos e na utilização de estratégias de coping eficazes.

Estes dados vão ao encontro dos apontados pela revisão da literatura, que refere a necessidade de desenvolver intervenções psico-educativas com o objectivo de melhorar a qualidade de vida dos estudantes, nomeadamente no que diz respeito a questões de ordem pessoal e relacional (Pereira et al., 2008).

Os principais temas trabalhados nas sessões de auto-formação, que retratavam preocupações e dificuldades dos estudantes, coincidem com os encontrados na literatura e que apontam para a necessidade de repensar a estruturação dos tempos lectivos para que os alunos não se sintam sobrecarregados com as tarefas a cumprir, para a importância de potenciar o aumento de emoções positivas (Fredrickson, 1998) e de mudar esquemas de pensamento disfuncionais (Beck, Rush, Shaw & Emery, 1979).

No que diz respeito à avaliação que os participantes fizeram em relação à intervenção, esta é positiva e encorajadora, o que sugere a necessidade de implementar programas de desenvolvimento de competências em contexto académico, tal como proposto por Jardim (2007).

Consideramos expressivo o facto de os participantes nesta intervenção reconhecerem, após o seu termo, o alcance de mudanças pessoais, que foram sendo mencionadas de modo tácito ou manifesto.

Pelo exposto, a avaliação do programa Stress em linha, parece ser encorajadora, o que nos leva a pensar que faz sentido e é necessário implementar intervenções desta natureza.

CONCLUSÃO INTEGRATIVA