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No documento survey-1 (páginas 35-40)

2.4 O PAPEL DO GERENTE SOB A ÓTICA DA COMPETÊNCIA

2.4.1 Saber

2.4.1.1 Conhecimentos requeridos para o gerente

Os conhecimentos incluem todas as técnicas e informações que o gerente domina e que são necessárias para o desempenho do cargo. Além do conhecimento técnico, outros conhecimentos importantes para um gerente abrangem conceitos sobre o comportamento humano e seus conflitos e sobre técnicas de gerenciamento (MAXIMIANO, 2000). Um bom conhecimento da área de atuação e uma ampla visão de como se operam os negócios são aspectos imprescindíveis para a eficiência de um gerente. Conhecimentos de assuntos financeiros, técnicos ou funcionais também

são fundamentais (KLEMP, 1999). Para ECHEVESTE et al. (1999) os conhecimentos mais relevantes ao gerente se referem à visão da empresa.

A fim de possuir visão da empresa, o gerente deve ter conhecimento das funções da empresa, que incluem, de maneira geral, a gestão empresarial, gestão da produção, gestão de finanças, gestão de marketing, gestão de recursos humanos, gestão de projetos (design), gestão da segurança e higiene do trabalho, gestão ambiental, gestão da qualidade, gestão de suprimentos, gestão da informação e gestão da tecnologia. Dependendo do porte e da complexidade da empresa, algumas destas funções podem estar integradas e realizadas por uma ou mais pessoas. O Quadro 2.1 apresenta a definição de cada uma das áreas funcionais da empresa.

QUADRO 2.1 – DEFINIÇÃO DAS ÁREAS FUNCIONAIS DA EMPRESA

continua

FUNÇÕES DEFINIÇÃO

Empresarial Consiste em interpretar os objetivos propostos pela empresa e transformá-los em ação empresarial através de planejamento, organização, direção e controle de todos os esforços realizados em todas as áreas e níveis da empresa, a fim de atingir tais objetivos. Para tanto, a gerência precisa mapear o ambiente externo e dar condições de eficiência à tecnologia utilizada, através da estratégia empresarial, integrando os recursos e os esforços em todas as áreas e níveis da empresa (CHIAVENATO, 1982).

Produção (ou operações)

Consiste naquelas atividades orientadas para a produção de um bem físico ou a prestação de um serviço. Neste sentido, a palavra produção liga-se às atividades industriais, enquanto a palavra operações refere-se às atividades desenvolvidas em empresas de serviço (MOREIRA, 1993). As atividades envolvidas na produção de bens ou serviços incluem projetar, operar e controlar um sistema para transformar recursos humanos, financeiros e físicos em produtos ou serviços necessários. Um sistema de produção ou operações consiste em insumos, processos e produtos. Os insumos incluem pessoas, dinheiro, materiais, instalações e outros elementos. Os processos, ou operações envolvem a transformação desses insumos em

mercadorias e serviços que as pessoas desejam, ou seja, o produto (MEGGINSON; MOSLEY; PIETRI, 1998).

Finanças Consiste na arte e na ciência de gerenciar recursos financeiros para maximizar a riqueza dos acionistas. Suas funções principais são: planejamento, controle, orçamento, previsões, fluxo de caixa, investimentos, financiamentos, crédito, cobrança, câmbio, operações bancárias e gerenciamento de risco (LEMES; RIGO; CHEROBIM, 2002).

Marketing Consiste na análise, no planejamento, na implantação e no controle de programas,

destinados a levar a efeito as trocas desejadas com públicos visados e tendo por objetivo o ganho pessoal ou mútuo. Ele se baseia fortemente na adaptação e na coordenação de produto, preço, promoção e lugar para alcançar uma reação eficiente (KOTLER, 1986).

QUADRO 2.1 – DEFINIÇÃO DAS ÁREAS FUNCIONAIS DA EMPRESA

conclusão

FUNÇÕES DEFINIÇÃO

Recursos Humanos

Consiste nas atividades que tratam da administração de pessoas. Compreendem as funções de recrutamento, seleção, remuneração, treinamento, desenvolvimento, avaliação do desempenho, pesquisa e auditoria e desligamento (MONTANA; CHARNOV, 2003).

Projetos (design)

Suas principais atividades compreendem a assessoria para a contratação de projetos, a coordenação e acompanhamento dos projetos e os estudos técnicos- econômicos (VIEIRA NETTO, 1988).

Segurança e Higiene do Trabalho

Consiste no reconhecimento, avaliação e controle das condições, atos e fatores humanos de insegurança nos ambientes de trabalho, com o intuito de evitar

acidentes com danos materiais e principalmente à saúde do trabalhador (WEBSTER, 1996).

Ambiental Consiste na forma como uma empresa gerencia as relações entre suas atividades e o meio-ambiente que as abriga. O foco da gestão ambiental é a empresa e não o meio-ambiente. Somente através de melhorias em produtos, processos e serviços serão obtidas reduções nos impactos ambientais causados pela empresa (VITERBO, 1998).

Qualidade Consiste em melhorar continuamente a produtividade em cada nível de operação e em cada área funcional de uma empresa, utilizando todos os recursos financeiros e humanos disponíveis. A melhoria é direcionada para satisfazer objetivos amplos, tais como custo, qualidade, visão de mercado, planejamento e crescimento da empresa. O gerenciamento da qualidade combina técnicas fundamentais de gerenciamento, esforços de melhoria existentes e inovadores e técnicas especiais para aperfeiçoar continuamente todos os processos. (BROCKA; BROCKA, 1994). É um mecanismo regulador por meio do qual as componentes da qualidade são mantidas num valor ótimo, do ponto de vista da empresa e do ponto de vista do cliente. Visa conciliar dois objetivos fundamentais: a satisfação do cliente e a rentabilidade da empresa (FEY; GOGUE, 1989).

Suprimentos Consiste na determinação da necessidade, através do planejamento dos recursos de fabricação. Este planejamento integra dados de outros departamentos, como

produção, marketing, finanças, recursos humanos e projetos. Além disso, inclui também o controle de estoque e a relação com os fornecedores (MEGGINSON; MOSLEY; PIETRI, 1998).

Informação Consiste em um conjunto de seis processos distintos, mas interrelacionados: identificação de necessidades informacionais; aquisição de informação; organização e armazenagem da informação; desenvolvimento de produtos informacionais e serviços; distribuição da informação e uso da informação (CHOO7 apud TARAPANOFF, 2001).

Tecnologia Consiste na seleção, implementação, melhoria e substituição de tecnologias de produção e, também, aquelas relacionadas à tecnologia de informação e comunicação.

7 CHOO, C. W. Information management for the intelligence organization: the art of scanning the

Os conhecimentos das funções da empresa são imprescindíveis para os gerentes, em todas as áreas de atuação. Os gerentes de obras, por sua vez, atuam em todas essas áreas de gestão. Na indústria de transformação são comuns os departamentos de produção operarem em conjunto com outras áreas de atividades, tais como econômico-financeira e a de marketing, numa atuação sistêmica e integrada, visando atingir os objetivos globais da empresa. Já no setor da construção, isso nem sempre ocorre. Pelo contrário, a análise da literatura permite inferir que, em muitas construtoras, há uma estanqueidade das atividades produtoras, com seus departamentos de engenharia trabalhando isolados das demais atividades da empresa, mantendo relações reduzidas à troca de informações mínimas indispensáveis. Entretanto, o conceito de gerenciamento da produção, que envolve as atividades de planejamento, execução e controle do produto final da empresa deve considerar a atuação integrada do setor de produção às demais atividades e objetivos empresariais (BALARINE, 1990).

2.4.1.2 Aspectos específicos da construção civil

Na construção civil, os gerentes possuem deficiências em algumas funções da empresa, em especial nas áreas de gestão de recursos humanos e de gestão da segurança e higiene do trabalho, conforme BALARINE (1990) relata a seguir.

A construção é uma indústria que possui usualmente mão-de-obra intensiva em seu processo produtivo. No entanto, é uma das que mais sente dificuldades nesta área. De modo geral, há carência de gerentes especialistas em recursos humanos atuando dentro de construtoras. O despreparo e a inexperiência nesta especialização faz com que as construtoras releguem a segundo plano algumas atividades tais como recrutamento, seleção e desenvolvimento de pessoal, gerando deficiências e dificuldades funcionais (BALARINE, 1990). Na literatura, estudos apontam que, na região sudeste do Brasil, os gerentes de obras (engenheiros) também possuem carência de conhecimento em gerenciamento de recursos humanos (SABOY; JOBIM, 2001). No que se refere à gestão da segurança e higiene do trabalho, BALARINE (1990) comenta que, na construção civil, nos canteiros de obras, existe a necessidade de programas específicos de educação voltada para a segurança no trabalho.

Além dos conhecimentos das funções da empresa, o gerente de obras deve entender do empreendimento como um todo, demonstrando visão e experiência em outros empreendimentos equivalentes (VIEIRA NETTO, 1988). Esta visão é necessária, pois os problemas detectados ao longo do processo de desenvolvimento de um empreendimento têm implicações na sua cadeia de atividades. A análise de causas e repercussões é complexa e abrangente (envolve desde a definição do projeto, a escolha da clientela a ser atendida e a cadeia produtiva) e, muitas vezes, falta percepção, por parte do gerente, da complexidade do problema (HIROTA, 2001).

BALARINE (1990) complementa, afirmando que o profissional atuante na construção civil além de dominar a técnica para construir edificações, pontes e outras obras, precisa dominar também extensa área de conhecimento gerencial, financeiro, recursos humanos e economia. Além disso, LEAL (2002) afirma que o gerente de obras deve ter conhecimentos de planejamento e controle da produção, domínio da língua inglesa e de informática e ter conhecimentos gerais.

DANNA (1996) relata que o engenheiro deve ter uma visão sistêmica de sua área de formação e de sua interrelação com áreas correlatas, sob o ponto de vista tecnológico, social, econômico e ambiental. Além disso, deve ter pleno domínio sobre qualidade total, segurança, higiene do trabalho e gerenciamento ambiental, bem como compreensão dos problemas administrativos, econômicos, políticos e sociais e dos aspectos normativos. BALARINE (1990), DANNA (1996) e LEAL (2002) concordam que o profissional deve ter conhecimentos de questões jurídicas.

No setor da educação, as novas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Engenharia, prevêem um conjunto de conhecimentos para capacitar os profissionais no exercício das habilidades gerais (ver 2.4.2.2). No núcleo básico destacam-se os seguintes conhecimentos: administração; economia; ciências do ambiente; humanidades, ciências sociais e cidadania. No núcleo profissionalizante destacam-se os seguintes conhecimentos: construção civil; engenharia do produto; ergonomia e segurança do trabalho; estratégia e organização; gerência da produção; gestão ambiental; gestão econômica; gestão da tecnologia; processos de fabricação e qualidade (CNE/CSE, 2002).

O gerente é o indivíduo que faz a ligação entre a empresa e as pessoas que nela trabalham. Em função disto deve ter conhecimentos das áreas funcionais da empresa. Na literatura, conforme se verifica nos estudos de BALARINE (1990), os gerentes da construção civil têm apresentado deficiências nas áreas de gestão de recursos humanos e de gestão da segurança e higiene da obra.

No documento survey-1 (páginas 35-40)

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