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SAVIANI, D Da nova LDB ao FUNDEB: por uma outra política educacional 2 ed Campinas: Autores Associados, 2008.

EM DISCUSSÃO A DISCIPLINA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS: UM ESTUDO A PARTIR DOS CURSOS DE LICENCIATURAS OFERTADOS

IES 1 SAVIANI, D Da nova LDB ao FUNDEB: por uma outra política educacional 2 ed Campinas: Autores Associados, 2008.

IES 2

CASASSUS, J. A reforma educacional na América Latina no contexto de globalização. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 114, p. 07-28, nov. 2001.

CURY, C. R. J. [o que você precisa saber sobre...]: legislação educacional brasileira. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

OLIVEIRA, R. P.; ADRIÃO, T. (Org.). Gestão, financiamento e direito à educação: análise da Constituição Federal e da LDB. 3. ed. São Paulo: Xamã, 2007. v. 1.

OLIVEIRA, R. P.; ADRIÃO, T. (Org.). Organização do ensino no Brasil: níveis e modalidades na Constituição Federal e na LDB. São Paulo: Xamã, 2002. IES 3 LIBANEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2012.

IES 4

BREZEZINSKI, I. (Org.). LDB interpretada: diversos olhares se entrecruzam. São Paulo: Cortez,1997.

SAVIANI, D. A nova lei da educação (LDB): trajetória, limites e perspectivas. Campinas: Autores Associados, 1997 (Coleção Educação Contemporânea).

Quadro 3 – Textos conjunturais presentes nos planos de ensino Fonte: Autoria própria (2015) baseado nos planos de ensino.

Os indicadores utilizados nos Quadros 2 e 3 propiciam a análise da recorrência nas bibliografias indicadas quanto à abordagem dos textos: teóricos ou de conjuntura. Observou-se maior utilização de textos conjunturais em detrimento da análise teórica dos fundamentos da política e da gestão educacional. As IES 1 e 3 utilizam-se de duas referências que fundamentam teoricamente a disciplina, apoiadas nos autores José Carlos Libâneo, Ilma Passos Veiga e Vicente Faleiros (como apresentado no Quadro 2). As obras dos referidos autores abordam temas diferenciados como fundamentos teóricos.

Já os textos conjunturais aparecem amplamente nos planos de ensino, denotando uma tendência na abordagem da disciplina. A IES 2 recomenda quatro obras, e a IES 4, duas obras, todas com análises

do contexto das políticas educacionais no Brasil, especialmente dos fundamentos legais que orientam a gestão escolar. Observa-se convergência entre a legislação e a ação da gestão com um forte eixo na disciplina, opção presente nas obras de Cury (2000), Libâneo (2012), Brezezinski (1997) e Saviani (2008, 1997).

Outro aspecto recorrente foram eixos expressivos nas ementas. Das qua- tro ementas analisadas, três eixos emergiram de maneira mais proeminente:

a) fundamentos políticos; b) fundamentos da gestão; c) fundamentos da educação.

Os fundamentos políticos sustentam a reflexão sobre a existência da educação no seu princípio coletivo e organizacional. Pensar a educação exige que o docente, o gestor e todos os envolvidos no processo compreendam a organização do trabalho pedagógico inserido em um contexto histórico, social e normatizado, o qual determina as ações dos sistemas educacionais e seus protagonistas. Esses sujeitos da educação também determinam seu tempo, sua história e novas regras, imprimindo à educação um movimento dialético.

O indicador fundamentos políticos teve maior incidência na IES 4 com esse enfoque, seguida da IES 1 e 3, havendo somente uma temática na IES 2 nesse aspecto. O tratamento perpassa pelos temas: política, Estado, democracia, legislação, reformas políticas educacionais, políticas públicas no Brasil e legislação étnico-racial.

Outro tema recorrente nas ementas refere-se aos fundamentos da gestão escolar, concebida, a partir da década de 1990, juntamente com os princípios da legislação vigente, a Lei nº 9.394 (BRASIL, 1996), como uma ação administrativa, coletiva e democrática. Toma emprestado os princípios da administração empresarial e consolida-se em uma práxis baseada na coletividade, tanto nos sistemas educacionais quanto na ação docente.

Esse princípio é elucidado por Lück (2011, p. 33), ao considerar que: [...] a gestão educacional é uma expressão que ganhou evidência na literatura e aceitação no contexto educacional, sobretudo a partir da década de 1990, e vem-se constituindo em um conceito comum no discurso de orientação

em consideração o todo em relação às partes e a relação das partes entre si, de maneira dinâmica, exigindo esforço para a “mobilização, organização e articulação do desempenho humano e promoção da sinergia coletiva, em seu contexto, voltados para um esforço competente de promoção da melhoria do ensino brasileiro e sua evolução.

O indicador fundamentos da gestão pôde ser percebido a partir dos seguintes elementos constantes nas ementas: planejamento e gestão, financiamento da educação, o trabalho coletivo como princípio do processo educativo, a organização da atividade escolar, o projeto político- pedagógico e a gestão da escola básica. A IES 2 é a que prioriza o trabalho com os fundamentos da gestão escolar, contrariamente à IES 4, que não evidencia essa análise.

A leitura dos indicadores abordados no eixo fundamentos da gestão exige uma análise que considere os fatores que implicam na ação gestora e docente determinados pelo macrossistema e pelo microssistema, como considera Lück (2011), para quem a educação carece de uma visão global de escola como instituição social e seus protagonistas requerem uma percepção abrangente do engendramento em que as relações se constituem entre os vários componentes que delineiam a experiência educacional. O indicador Fundamentos da Educação traduz a presença de temas nos ementários que possibilitam a macro e a microanálise dos sistemas de ensino e da escola.

O indicador fundamentos da educação perpassou pelos temas que aludem à história do processo de escolarização no Brasil, o contexto sociohistórico, a escolarização e um tema atual no cenário educacional, que é a educação ambiental, determinado pelas necessidades prementes de sobrevivência do homem em seu planeta e que se expressa atualmente em leis para preservação do meio ambiente e reverte-se em tema educacional como ação profilática.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao se analisar a proposta das disciplinas na área de políticas educacionais e gestão escolar, tendo como referência a ementa e a bibliografia, percebe-se que, nas diferentes IES, as propostas contemplam

o entendimento do contexto social, político e econômico do país, reconhecendo que a educação, a escola e o professor constituem referenciais de análise da realidade educacional. Apesar de as bibliografias privilegiarem os textos conjunturais, sobrepondo-os à análise teórica dos fundamentos da política e da gestão educacional, evidencia-se, nas propostas das disciplinas, a compreensão das relações sociais existentes entre a educação e esse contexto (mesmo que se firmem inúmeros embates entre eles).

Entre outras constatações, destaca-se nas ementas analisadas a ênfase conferida aos fundamentos políticos, fundamentos da gestão e fundamentos da educação ali indicados. A definição desses temas nas ementas revela as novas bases das disciplinas, que passam a acentuar o entendimento e as relações postas entre a economia, as relações sociais e culturais e o mundo do trabalho, situação que demonstra a recente reconfiguração da organização da escola. Isso significa afirmar que as abordagens anteriores desses temas traziam concepções que distanciavam as políticas públicas da legislação da organização da escola, fato claramente observado na história da disciplina de Estrutura e Funcionamento do Ensino.

A inclusão da gestão escolar, a partir da década de 1990, articulada aos princípios da legislação vigente, e a ação administrativa, coletiva e democrática, demonstram que a gestão educacional passa a ter uma práxis embasada nos princípios do trabalho colaborativo e da coletividade, reforçando a necessidade de esse ocorrer nos sistemas educacionais e na efetivação do trabalho docente.

Uma das contradições encontradas nos documentos analisados foi a indicação dos estudos sobre educação ambiental e estudos étnico-raciais. Apesar de uma só IES evidenciar esses indicadores, mostra vanguardismos em seus temas, pois a disciplina de políticas educacionais não só pode como deve abrir espaços de estudo e diálogo para temas que demandam necessidades atuais.

Constatou-se que a base teórica da maioria dos programas analisados não privilegia os chamados textos teóricos, antes tem o enfoque centrado em textos de conjuntura, isto é, que propiciam uma análise da realidade atual. A discussão sobre a importância de inserir, entre os referenciais

teóricos propicia maior entendimento das atuais políticas, bem como dos rumos e desafios que se apresentam, em especial no contexto da formação dos futuros professores.

O mapeamento aqui apresentado não almeja findar-se nessa reflexão, na verdade considera-se que será o princípio de uma análise mais sistêmica, já que permite entender não somente outros enfoques sobre a temática de políticas educacionais e gestão escolar, como possibilita ampliar o estudo para as demais disciplinas que compõem a formação inicial do professor.

Ademais, o estudo contribui no sentido de ampliar a percepção sobre o movimento que essa disciplina obteve ao longo da história, suas determinações curriculares e o alcance que hoje possui na formação do professor. Os espaços estão demarcados, assim como os silêncios, que merecem ser interrogados. Novas possibilidades se abrem cada vez que se delineia um estudo como este, ocasionando a interrupção das rotinas de usos e costumes dos temas, dos tempos, das abordagens, das intenções.

REFERÊNCIAS

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