• Nenhum resultado encontrado

Segmentação do Turismo de Negócios

No documento Lisboa: o hub do turismo de reuniões (páginas 47-50)

Capítulo 2. Fundamentação teórica e conceptual

2.3. Turismo de Negócios: uma estratégia diferenciadora

2.3.2. Segmentação do Turismo de Negócios

De acordo com o que foi revisto na secção anterior, os conceitos em torno do Turismo de Negócios revestem-se de grande heterogeneidade e alguma subjetividade, por isso importa agora esclarecer os vários segmentos que compõem este produto turístico, para melhor compreender as noções apresentadas.

Conforme refere LAWSON (1982), o Turismo de Negócios deve ser desmembrado em duas vertentes principais: i) a viagem individual, ii) e as viagens organizadas em grupos, compostas por conferências, congressos, feiras e exposições. Esta separação, embora simplista, tem-se revelado muito conveniente, subsistindo até aos dias de hoje.

Já ROGERS (1998) identificou cinco vertentes mais específicas: i) Conferências, ii) Feiras ou Exposições, iii) Viagens de Incentivo, iv) Eventos Corporativos, v) Viagens de Negócios Individuais. Daqui se depreende que o autor seguiu a mesma linha de pensamento ao dividir as viagens de negócios em duas grandes classes – as viagens individuais e em grupo – sentindo, no entanto, a necessidade de tipificar estas últimas.

Partindo desta parameterização, pode-se, desde já, definir a viagem de negócios individual como aquela que é efetuada no exercício de funções necessárias à profissão do viajante, revelando um caráter regular (DAVIDSON & COPE, 2003; ROGERS, 1998).

Por outro lado, as viagens de caráter coletivo têm sofrido com a falta de consenso conceptual e a fragmentação da informação que existe acerca do Turismo de Negócios, lato

sensu. Esta aparente anarquia terminológica reflete-se, desde logo, na quantidade de acrónimos

que têm sido criados ao longo dos tempos para designarem as atividades ligadas ao Turismo de Negócios, para a vertente da viagem coletiva, os quais justificam uma menção explícita:

ü MECE (Meetings, Events, Conventions, Exhibitions) ü MCE (Meetings, Conventions, Exhibitions)

ü CEMI (Conventions, Exhibitions, Meetings, Incentives) ü MC&IT (Meetings, Conventions & Incentive Travel) ü MICE (Meetings, Incentives, Conventions, Exhibitions) ü MI (Meetings Industry)

Só em 2006 se procurou uniformizar a nomenclatura de forma a projetar uma imagem mais forte do setor, com a introdução da designação Meetings Industry (UNWTO, 2006), cuja definição inclui [...]“activities based on the organisation, promotion, sales and delivery of meetings

and events; products and services that include corporate, association and government meetings, corporate incentives, seminars, congresses, conferences, conventions events, exhibitions and fairs” (UNWTO, 2006: 4).

À luz destas considerações, e para efeitos do presente trabalho, entendemos que o Turismo de Negócios se divide em dois grandes segmentos: a viagem individual, composta por

indivíduos que se deslocam frequentemente devido às suas obrigações profissionais, e os eventos da Meetings Industry (MI).

De acordo com a International Congress and Convention Association (ICCA), o mercado da MI deve ser, por sua vez, objeto de segmentação14, tendo em conta o critério que refere o tipo de evento (ICCA, 2013a):

1. Eventos corporativos: reuniões de empresas, cuja dimensão é bastante variável. Podem assumir a forma de:

a) Reuniões15 e conferências: o termo reunião, definido num sentido lato, serve para descrever conferências, encontros e seminários de uma forma geral (SEEKINGS & FARRER, 1999); as reuniões são um elemento fundamental do mundo dos negócios (CAMPIRANON, 2006) e proporcionam as condições ideais para que as organizações coloquem em prática os processos de comunicação com e entre funcionários, clientes, stakeholders e outros potenciais interessados (DAVIDSON & COPE, 2003). A juntar aos pontos atrás referidos, a OMT define o conceito de reunião como um encontro de um grupo de pessoas num determinado local, para conferenciar ou desenvolver alguma atividade específica. Os objetivos fundamentais das reuniões são para motivar os participantes e para conduzir os negócios. A frequência e o número de participantes podem variar (UNWTO, 2006).

b) Viagens de incentivo: com origem nos EUA, são consideradas como um estímulo oferecido pela empresa para motivar ou recompensar os seus funcionários (ROGERS, 1998). Também a este propósito, Davidson e Cope definem viagens de incentivo como um conjunto de viagens agradáveis e memoráveis pagas pelo empregador, com o propósito explícito de encorajar os seus colaboradores a atingirem os objetivos de negócio da organização (DAVIDSON & COPE, 2003). 2. Eventos associativos: geralmente descritos como eventos de associações (organizações governamentais e não-governamentais) que envolvem um considerável número de participantes. Podem revestir as seguintes formas:

a) Feiras e exposições: RUTHERFORD (1990) define feiras como eventos de marketing organizados para reunir fornecedores de produtos, equipamentos e serviços num ambiente em que possam demonstrar os seus produtos e serviços a um grupo de participantes numa convenção, reunião ou feira profissional. Para DAVIDSON & MAITLAND (1997), as feiras categorizam-se em dois tipos: feiras especializadas e feiras abertas ao público. Nas primeiras, a organização define que produtos promover e que target atingir. Nas feiras abertas ao público, o alvo é o público em geral, apresentando porém uma vertente de negócios.

14 Cf. Anexo 5 - Segmentação da MI de acordo com a ICCA 15 Cf. Anexo 6 – Tipologias de Reuniões

b) Congressos e convenções: de acrodo com o OOPEC16 (1992), os congressos são designados como eventos de centenas ou milhares de indivíduos pertences a qualquer grupo profissional, cultural ou religioso, nos quais se discutem assuntos particulares, cuja apresentação fica, exclusivamente, a cargo dos membros da entidade. Já as convenções, são um tipo de reunião ou assembleia formal de um órgão legislativo, ou de grupos sociais ou económicos, convocadas com o intuito de transmitir informações sobre uma situação peculiar e, consequentemente, deliberar sobre a mesma e alcançar um consenso entre os participantes (OOPEC, 1992).

Como nota final desta Secção, e tendo em conta o que foi exposto, importa reter que o Turismo de Negócios serve para definir o setor na sua totalidade, ao que MARQUES & SANTOS, (2012) apelidaram de “conceito chapéu” que abrange as componentes da oferta e da procura, conforme se pode observar na Figura 4. Já a Meetings Industry designa as viagens de caráter coletivo, onde se incluem os eventos corporativos e associativos, revestindo a forma de reuniões, viagens de incentivo, feiras e exposições, congressos e convenções.

Figura 4: Organização do Turismo de Negócios

Fonte: Produção própria adaptado a partir de DAVIDSON & COPE (2003)

16 in Office for Official Publications of the European Communities (1992), “Meeting Industry Terminology”,

Luxemburgo. TURISMO DE NEGÓCIOS Oferta Convention Bureaux Centros de Congressos Universidades Hotéis Meeting Planners Outros equipamentos de apoio Procura Individual Meetings Industry Corporativo Reuniões Viagens de Incentivo Associativo Congressos Feiras e Exposições

2.3.3. O benchmarking internacional e a capacidade competitiva do

No documento Lisboa: o hub do turismo de reuniões (páginas 47-50)