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3.1 T IPOS DE H OSPITAL

3.1.1 Segundo a Entidade e a Classificação

3.1.1.1 Hospital Público

Segundo o D.E.P.S. (1997) e o I.N.E. (1998), o Hospital Público é o hospital administrado e de propriedade do Estado. Esta designação é muito utilizada e muitas vezes confunde-se com Hospital Oficial. O I.N.E. nos dados que publica refere o Hospital Público como sendo um Hospital Oficial cujo acesso é universal.

As unidades hospitalares públicas encontram-se, sob a tutela de diversos ministérios e organizações públicas dependentes do Estado, embora a maioria destas unidades esteja na dependência do Ministério da Saúde. Assim, em Portugal temos Hospitais Públicos de cinco tipos ligados a quatro organismos distintos:

¾ Hospitais Centrais, Distritais e Centros Hospitalares que se encontram sob a tutela do Ministério da Saúde;

¾ Hospitais Militares (dos três ramos das Forças Armadas: Exército, Marinha e Força Aérea) tutelados pelo Ministério da Defesa Nacional;

¾ Hospitais Paramilitares (da Policia de Segurança Pública ou Guarda Nacional Republicana) tutelados pelo Ministério da Administração Interna e

¾ Hospitais Prisionais, tutelados pela Direcção-Geral dos Serviços Prisionais.

Em regra, o grupo dos hospitais públicos dependentes do Ministério da Saúde apresenta um valor médio de cama/estabelecimento superior ao das unidades hospitalares dependentes de outros ministérios e organizações do Estado (Quadro 2.3). Estes hospitais encontram-se integrados numa rede de cuidados de saúde no âmbito do S.N.S., que engloba desde estruturas responsáveis pelos cuidados de saúde primários até unidades que têm por objectivo garantir cuidados de saúde diferenciados, como é o caso dos hospitais (D.E.P.S., 1989).

O Departamento de Estudos e Planeamento da Saúde (D.E.P.S.), na monografia Normas para o Planeamento de Equipamentos de Saúde, publicada em 1989, definiu as características dos denominados hospitais distritais e hospitais centrais, utilizando os seguintes critérios:

a) a irradiação – o tempo de percurso ou a distância entre a origem e a unidade hospitalar;

b) a população base – população considerada mínima para justificar a instalação de uma unidade de um determinado tipo;

c) a programação – modo de cálculo do equipamento, com base na população a servir;

d) o dimensionamento – definido em termos de áreas e e) a localização.

Quadro 2.3 - Total de Hospitais Públicos e de Camas Segundo a dependência Patrimonial por Região

Regiões M. Saúde M. Defesa Outros

Estab. Camas Estab. Camas Estab. Camas

Norte 35 9 364 1 262 1 2 25

Centro 24 6 714 1 120 - -

Lisboa e Vale do Tejo 37 12 808 5 1 065 2 3 238

Alentejo 6 1 195 1 30 - -

Algarve 3 704 - - - -

Açores - - - - 3 4 704

Madeira - - - - 1 5 1 110

TOTAL 105 30 785 8 1 477 7 2 077

Fonte: Adaptado de Vieira (1994).

3.1.1.1.1 Hospital Central

O Hospital Central é o hospital caracterizado por dispor de meios humanos e técnicos altamente diferenciados (D.E.P.S., 1997; INE, 1998) e tem por funções prestar cuidados de saúde altamente especializados no âmbito nacional. Deverá irradiar por todo o país ou, em alternativa, por duas ou mais regiões (Vieira, 1994). Assim, têm nível supra regional ou central, localizando-se, em princípio, em Lisboa, Porto e Coimbra. Asseguram todas as valências básicas para a sua área de intervenção directa como hospitais distritais, as valências intermédias e diferenciadas (todas ou algumas) como hospitais de referência e devem, de uma forma geral, dispor das urgências polivalentes, segundo a definição proposta no Relatório sobre a Reestruturação dasUrgências (D.G.S., 1998a).

2 Sob a tutela do Ministério da Administração Interna.

3 Sob a tutela do Ministério da Justiça e Administração Interna. 4 Sob a tutela da Secretaria Regional da Saúde e Segurança Social. 5 Sob a tutela da Secretaria Regional dos Assuntos Sociais.

A população base é de 3.000.000 a 10.000.000 de pessoas, uma vez que um dos critérios de programação é a população base, estando, o número de camas definido para cada especialidade na monografia D.E.P.S. (1989). O critério de dimensionamento refere uma área de construção de 90 a 1.000 m2/cama, tendo como especialidades as que se apresentam no Quadro 2.4. O critério de localização estabelece que estas unidades poderão estar localizadas apenas nos grandes centros urbanos. Em regra, neste tipo de hospital, os médicos especialistas exercem ainda funções de formação de estudantes de medicina, em ligação com as Faculdades de Medicina.

3.1.1.1.2 Hospital Distrital

Antes de descrevermos as características de um Hospital Distrital, não podemos deixar de referir o conceito de distrito de saúde que Ferrinho (1999) afirma ser composto de: (1) uma área geográfica bem definida; uma estrutura administrativa; (2) indivíduos, famílias, associações, bairros e comunidades; (3) centros de saúde e outros serviços de saúde de primeira linha, com o seu pessoal e outros recursos; (4) um primeiro nível de referência; (5) todos os outros recursos envolvidos na prestação de serviços de saúde no distrito e (6) todos os outros recursos inter-sectoriais com um impacto mais ou menos directo na saúde da população.

No distrito existem três níveis de cuidados: auto; primeiro contacto ambulatório com o S.N.S. e primeiro nível de encaminhamento. No distrito existem dois níveis de serviços: primário e secundário. Cada nível é específico no sentido que as actividades dos diferentes níveis não se devem sobrepor. Os níveis são complementares, com a componente relacional tendo grande proeminência nos níveis mais baixos e a componente técnica ganhando mais relevância nos níveis mais elevados.

Assim, o Hospital Distrital caracteriza-se por, em regra, possuir internamento em especialidades básicas, podendo ter, quando se justifique, especialidades intermédias (dependendo da dimensão efectiva da população que servem) e diferenciadas e, só excepcionalmente, altamente diferenciadas (D.E.P.S., 1997; INE, 1998; D.G.S., 1998a). Alguns disporão de urgência médico-cirúrgica conforme o previsto no Relatório sobre a Reestruturação das Urgências (D.G.S., 1998a). Vieira (1994) refere que o Hospital Distrital tem como função prestar cuidados de saúde diferenciados no âmbito distrital.

A população base é de 200.000 habitantes, com uma dimensão média de 500 camas por hospital. O critério de dimensionamento refere a necessidade da área de construção ser de 80 a 85 m2/cama. O critério da localização nomeia a necessidade de se situarem em capitais de distrito, devendo-se garantir: a possibilidade de expandir-se, a existência de acesso a vias rápidas e a ligação a uma rede de transportes colectivos. No critério de irradiação, considera-se que o potencial utente deverá estar no máximo a l hora de tempo de percurso.

Quadro 2.4 - Valências características de um Hospital Central e Distrital

Valências Hospitais Valências Hospitais

Central Distrital Central Distrital

Medicina Interna X X Endocrinologia X -

Cirurgia Geral X X Cardiologia de Intervenção X -

Pediatria X X Cardiologia Pediátrica X -

- Neonatologia X X Cirurgia Cardiotorácica X -

Obstetrícia X X Cirurgia maxilo-facial X -

Ginecologia X X Cirurgia Pediátrica X -

Ortopedia X X Cirurgia Plástica X -

Medicina Física e de Reabilitação X ✜ Cirurgia Vascular X ◆ 6

Estomatologia ◆ ◆ Genética Médica X -

Psiquiatria (agudos) X X Hematologia Clínica X -

Anatomia Patológica X X Neurocicurgia X -

Anestesiologia X X Neurorradiologia X -

Imuno-hemoterapia X X Radioterapia X -

Oftalmologia X ✜ Imagiologia

Otorrinolaringologia X ✜ - TAC helicoidal X X

Urologia X ✜ - Ecografia X X

Gastrenterologia X ✜ - RM X -

Cardiologia X ✜ - Angiografia digital de subtracção X - Dermatologia e Venereologia X ✜ - Radiologia convencional X X

Pneumologia X ✜ - Mamografia X X

Infecciologia X - Patologia Clínica

Neurologia X ✜ - Bioquímica X X

Nefrologia X ✜ - Hematologia X X

Imuno-alergologia X - - Coagulação e Hemostase X X

Oncologia Médica X - - Endocrinologia X -

Reumatologia X - - Imunologia X -

Medicina Nuclear X - - Microbiologia X Algumas

provas

X - Deve existir sempre

◆ - Deve ser criada apenas em alguns hospitais ✜ - Deve existir mas sem internamento autónomo

Fonte: Adaptado de GTCES (1998)

3.1.1.2 Hospital Particular

Hospital particular é o Hospital que é propriedade de entidades particulares, com ou sem fins lucrativos, como é descrito pelo D.E.P.S. (1997) e pelo I.N.E. (1998).

Dada a escassez de recolha organizada de informação sobre os hospitais privados no país, baseamo-nos nas informações apresentadas por Vieira (1994) que os caracteriza tendo como termo de comparação os hospitais oficiais, sobre os quais há informação em maior quantidade, mais detalhada e organizada.

Como se visualizou no Quadro 2.1, os hospitais particulares têm menor lotação que os hospitais públicos, estando mais próximos da dimensão média dos hospitais distritais. As dificuldades em interpretar os valores dos actos de diagnóstico podem resultar do facto de, em muitos casos, os hospitais particulares prestarem estes serviços em regime de ambulatório, para utentes externos. Pelo contrário, os hospitais públicos, realizam actos de diagnóstico fundamentalmente para doentes dos próprios serviços, estejam eles ligados à consulta de ambulatório, à urgência ou ao internamento. Assim, os hospitais particulares não são comparáveis aos hospitais públicos (centrais ou distritais), pois os dados dos hospitais particulares relativos aos actos de diagnóstico fornecem informação essencialmente sobre o serviço de diagnóstico, em que o volume de negócio e as margens de lucro são mais atractivas, na venda de um serviço diagnóstico só por si. No que concerne aos actos terapêuticos a comparação já é possível. Vieira (1994) concluiu que nos hospitais particulares e distritais há uma maior concentração em dois tipos de actos terapêuticos (fisiatria e hemodiálise), enquanto que nos hospitais centrais se observa uma maior dispersão de actos terapêuticos.

Em último lugar, é possível afirmar que os hospitais particulares, em termos de internamento, são organizações com características aproximadas dos hospitais distritais e distantes das dos hospitais centrais. No entanto, para se ter uma conclusão definitiva seria necessário conhecer em maior detalhe as características organizativas dos hospitais particulares e da sua população utente, caracterizando a patologia e o seu grau de severidade.