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SEGURANÇA SOCIAL Serviço Local MCN

Entrevistadora: Boa tarde, Dr.ª L. Queria agradecer-lhe a disponibilidade em me conceder esta entrevista. Eu estou a falar-lhe, da família, pronto, que já tínhamos falado antes de começar a gravar, da D. D e dos filhos, não sei se, pronto, tem presente!? Eu queria começar por perguntar-lhe quando conheceu esta família? É responsável, neste momento, pelas famílias de acolhimento, no concelho de Marco de Canaveses, mas sei que trabalha na Segurança Social, neste concelho, já há alguns anos e, queria perguntar-lhe quando é que conheceu a família...Acho que começava a nossa conversa por aí...

Entrevistada: Antes de ser responsável pelo acolhimento familiar, eu partilhava a EMAT – assessoria aos tribunais - com uma colega daqui do serviço, que na altura também acompanhou o agregado familiar. E, na data, salvo erro, em 2001, chegou-nos um pedido do tribunal para averiguarmos a situação dos dois filhos mais velhos da D. D. Que na altura estariam a cargo dos avós, uma vez que, os pais estavam detidos por tráfico e posse de droga. A quando da visita domiciliária, eles estavam a cargo dos avós paternos, e a avó chegou a mostrar-nos a casa onde vivia a D. D e o marido, que era mesmo, era no mesmo aglomerado da casa dela, só que na parte de baixo.

Entrevistadora: Pois, era no mesmo terreno...

Entrevistada: Era no mesmo terreno, só que tinha um certo espaço e a casa deles era uma casa...- como é que posso explicar!? - não se pode dizer que era uma casa.

Aquilo era apenas uma divisão, mas dividida. Era uma casa/corte de animais.

Entrevistadora: Consegue lembrar-se, eu sei que já foi em 2001, já foi há algum tempo mas, tem memória ou marcou-a de alguma forma, essa visita, ou essas visitas...Consegue ter memória?

Entrevistada: Essa visita foi marcada principalmente pela falta de higiene e, as próprias condições da casa eram péssimas. Eu lembro-me que na altura, nós entramos lá e ficamos muito mal dispostas porque tinha...as paredes estavam marcadas com fezes, julgamos que, do próprio agregado familiar...

Entrevistadora: Os miúdos, eles na altura, tinham 4/5 anos!?

Entrevistada: É provável, é provável, porque eles passavam ali...trancados com os pais. Em casa havia apenas um colchão, para a família, eles eram quatro e...

Entrevistadora: Aquilo estava dividido, era tipo...?

Entrevistada: Havia o quarto...

Entrevistadora: Pois, era só um espaço, não é? E depois estava tudo dividido lá dentro!

Entrevistada: Exactamente, era o quarto, havia uma outra divisão que eu já não sei precisar, muito bem qual era e, havia no fundo a cozinha. Nós entravamos na porta principal e a porta do quarto dava acesso às outras todas. Passávamos de umas divisões para as outras para chegar à cozinha. Casa de banho não me lembro, na altura, de existir. Acho que era inexistente mesmo. Eles faziam, como ela dizia, nas bordas, nas vinhas, as suas necessidades. A cozinha pouco ou nada tinha, tudo muito sujo, muito negro porque também não havia luminosidade, não havia janelas, acho que praticamente havia só mesmo a porta de entrada. A cama, o colchão estava negro, preto mesmo...

Entrevistadora: Era um colchão para usar no chão?

Entrevistada: Não, num estrado.

Entrevistadora: Hm, hm.

Entrevistada: Não sabemos precisar bem de onde é que vinha aquela sujidade toda, o que é que deu origem àquela sujidade, o que é certo é que eles viviam ali, segundo os avós, até à data deles serem detidos.

Entrevistadora: [Imperceptível].

Entrevistada: Exactamente, quer o pai quer a mãe.

Entrevistadora: Lembra-se se a cozinha tinha fogão? Tinha frigorífico?

Entrevistada: A cozinha tinha tipo uma lareira.

Entrevistadora: No chão?

Entrevistada: No chão. Não me lembro se havia frigorífico, mas acho que não. Nem frigorífico nem fogão. Era apenas uma lareira no chão.

Entrevistadora: Lembra-se se eles tinham água canalizada?

Entrevistada: Não, nem ... e a luz acho que era o que eles chamavam uma

“cochada”.

Entrevistadora: Pois...

Entrevistada: Vinha da casa dos avós paternos. Entretanto, no dia em que eles foram detidos, os miúdos passam a morar com os avós.

Entrevistadora: Na tal casa...

Entrevistada: Na tal casa de cima.

Entrevistadora: E aí, tinha condições? Ou continuava a ser...?

Entrevistada: É assim, em relação à casa dos pais, tinha.

Entrevistadora: Não tinha comparação, não é?

Entrevistada: Exactamente. Tinha condições, na altura, morava um filho também com essa avó e, as crianças tinham um quarto, salvo erro, para elas as duas. E outro quarto seria desse filho e o outro quarto...

Entrevistadora: … Dos avós paternos.

Entrevistada: Dos avós paternos. Havia um...A casa de banho era exterior, na casa dos avós paternos, mas tinha casa de banho. Havia um tanque também, onde eles no Verão, onde a avó dizia que eles tomavam banho...também já com água lavada da roupa, água suja da roupa. Mas eles estavam lá, nas visitas que nós fizemos, várias

vezes, dentro desse tanque. Os avós também não conseguiam muito bem gerir ali a situação dos netos.

Entrevistadora: Já eram pessoas com muita idade? Que se calhar...

Entrevistada: Com alguma...

Entrevistadora: Lembra-se na escola, haver referência - ou da escola ou do ATL que os meninos frequentavam - haver referência às condições que os avós lhes davam?

Lembra-se ou não tem memória?

Entrevistada: Havia referência, na altura, eles não iam com muito boa higiene, com muito boa apresentação para a escola. Mas isso acho que já é um bocadinho característica do próprio agregado familiar. Porque já nem a avó apresentava essa higiene, nem o avô apresentava a higiene que nós consideramos adequada.

Entrevistadora: O normal...não é? Eles próprios... Pronto, o que tem de memória é basicamente isso, depois teve mais contacto, ao longo dos anos, com essa família, ou não?

Entrevistada: Depois o processo passou a ser mais acompanhado por outra colega, entretanto, os menores também integraram um ATL, no sentido de os salvaguardar durante o dia, para que eles só viessem praticamente dormir e jantar a casa dos avós paternos. Depois o processo passa a ser acompanhado por essa colega, eu sei que mais tarde os pais também saem e eles acabam por ir...

Entrevistadora: Regressar...

Entrevistada: Regressar para o agregado familiar dos pais. Agora, na data apenas...

Entrevistadora: Quando soube que eles regressaram – não sei, às vezes, se calhar, estou a fazer-lhe perguntas que saem um bocadinho fora daquilo...mas pronto, como o concelho é pequeno...- quando eles regressam, acha que eles regressaram para a mesma habitação ou mudaram de habitação? Quando os pais saem da...Sabe se eles regressam para o tal espaço, que me disse, que era só um...? Ou se tem memória de alguém lhe falar...?

Entrevistada: Não, eu penso que eles regressaram para a mesma. Talvez mais tarde terão alterado essa residência, mas acho que na altura ainda foram para a mesma residência, até porque eles não tinham nem condições económicas para assumir outro tipo de...

Entrevistadora:...De habitação.

Entrevistada: De habitação.

Entrevistadora: Pronto. Não tem mais memória então, não tem mais contacto com esta família, nesse âmbito, no âmbito da EMAT? Mas depois...muito mais tarde...

Entrevistada: Actualmente, ou seja, desde 2007, devido à integração da mais pequenina, da Â, no agregado familiar da família de acolhimento.

Entrevistadora: Tem conhecimento do que é que levou a essa integração? O que é que aconteceu? Tem conhecimento da história da mais nova, da Â?

Entrevistada: Eu penso que a  foi integrada na família de acolhimento porque existiam dúvidas, já provenientes do próprio hospital, onde a progenitora teve a Â, porque esta não reuniria todas as competências, competências necessárias para prestar os cuidados à menor. Revelava mesmo muitas dúvidas naquilo que iria fazer nesses cuidados a prestar. E, aí, a Comissão no sentido de salvaguardar a menor, integrou-a numa família de acolhimento mas com o consentimento da progenitora e, assumindo a progenitora que realmente tinha dificuldades em prestar os cuidados à filha.

Entrevistadora: Pronto, a menina foi integrada então em 2007, que idade é que ela tinha, lembra-se?

Entrevistada: A Â vai fazer agora três aninhos...Ela tinha cerca de 1 mês de idade.

Entrevistadora: Pronto, foi integrada e, como é que foi o comportamento desta mãe?

Do feedback também, que a família de acolhimento lhe vai dando, como é que esta mãe foi gerindo a situação? Tudo bem que ela estava colaborante mas, ela aparecia às visitas, era desligada? Como é que estava a nível afectivo, por exemplo, podemos começar por aí?

Entrevistada: Não, mas também...se há uma coisa que ela sempre cumpriu, foi com as visitas. As visitas estipuladas pela Comissão, ela cumpria-as sempre. Sentia, isso de acordo com a família de acolhimento, que observava essas visitas, muitas dificuldades em lidar com a menor. Em fazer-lhe festas, em motivá-la a ir para o colo dela, nesse aspecto ela tinha muita dificuldade em encarar [imperceptível] a filha de forma satisfatória. Não é que não gostasse dela ou que não tivesse afecto por ela, mas faltava-lhe aquelas competências de chamar a atenção, de motivá-la e nessa parte ela sempre teve muitas dificuldades em fazê-lo, até à data.

Entrevistadora: Diga-me uma coisa, esta mãe, como é que ela se apresentava nas visitas, em termos de higiene até pessoal? Bem? Neste momento, como é que a descreveria?

Entrevistada: Bem. Não, acho que nesse aspecto progrediu. Ela vem bem vestida, bem cuidada, nunca senti qualquer tipo de cheiro, digamos assim.

Entrevistadora: Exacto...

Entrevistada: Ela vem mesmo quando não se deve fazer visitas ao agregado familiar dela...

Entrevistadora: [imperceptível] começou a fazer visitas mais regulares. Pronto, o início era, a mãe visitava a casa da família de acolhimento...

Entrevistada: Posteriormente, ela já começou a ir lá um dia. Ao fim-de-semana, a casa, ia de manhã e vinha ao fim da tarde. Daquilo que a família observava, ela vinha - dentro das competências desta mãe, porque não podemos comparar com as nossas condições actuais - vinha bem vestida, vinha bem...com uma boa higiene, vinha bem alimentada. Claro que depois quando chegava à família de acolhimento, a família dava-lhe um banhinho, trocava-lhe a roupa...

Entrevistadora: Achava que não era o suficiente...

Entrevistada: Sim, até porque ela vinha com algum cheiro a fumo, que é normal...

Entrevistadora: ...Nas cozinhas mais rurais.

Entrevistada: Exactamente, nas cozinhas mais rurais. Têm lareira, e ela vinha a cheirar a fumo. E, isso já fazia parte da família de acolhimento que lhe queria dar banho. Agora, não se pode dizer que ela vinha mal tratada ou mal vestida.

Entrevistadora: Pronto, estávamos então a falar da higiene que a menina trazia quando vem de casa do... Acha então que houve uma evolução muito grande!?

Daquela mãe que conheceu em 2001, se tiver de compará-la, por exemplo, com a mãe que agora vai estando com a família de acolhimento, em 2009, neste espaço temporal...

Entrevistada: Sim, em 2001 eu não conhecia a mãe. Mas conhecia as condições onde ela morava e, daí …

Entrevistadora: O espaço...

Entrevistada: … Do espaço dava para tirar alguma ideia de como seria o dia-a-dia dela. Neste momento, eu acho que ela progrediu bastante. A família também tem tido um papel muito importante, que vai orientando e referindo que ela deve cumprir com as suas obrigações. O que é que ela deve fazer...

Entrevistadora: A própria família de acolhimento faz esse trabalho?

Entrevistada: A própria família de acolhimento também tem de fazer esse trabalho com ela, no sentido de, se um dia a  regressar, ela esteja mais preparada do que anteriormente. Eu acho que...Mesmo que haja algumas partes que ela ainda não consiga assimilar, acho que ela faz um grande esforço. Nota-se que ela está a tentar mudar...Embora haja algumas coisas...

Entrevistadora: Lembra-se do pai? Estamos sempre a falar da mãe, da mãe... tem alguma memória do pai?

Entrevistada: Não.

Entrevistadora: Em relação à Â?

Entrevistada: O pai em relação à Â, acho que nunca a visitou. Nem nunca procurou

saber onde é que ela estava, o que é que tinha acontecido. A ideia que eu tenho é que este pai, neste momento, tem paradeiro desconhecido, pelo menos no nosso serviço...

Entrevistadora: Exacto... Demitiu-se...

Entrevistada: Demitiu-se das suas funções, completamente. Desresponsabilizou-se e, até à data nunca procurou informações sobre a filha.

Entrevistadora: Em relação aos irmãos mais velhos!? Sabe o que é que...onde é que eles estão neste momento? Tem conhecimento? Se têm alguma interacção com a irmã?

Entrevistada: A Â gosta muito, principalmente do mais novo, do V ela gosta muito...Porque ele é mais menino, brinca mais com ela, dá-lhe mais atenção e, de acordo com a família de acolhimento, ela fala muito nele, no C. Em relação ao V, não, mas também como ele está naquela fase de adolescência...não presta tanta atenção, como o irmão o faz. E ela gosta muito de estar com eles. Agora as visitas têm corrido melhor. Ela inicialmente chorava muito, para ir para a mãe. Chorava, berrava, punha a família a chorar mas, lá ia. Muitas vezes calava-se, outras vezes, a própria D. D tinha de telefonar à D. F para...alguns conselhos, algumas dicas, digamos, para lidar com ela.

(Breve Pausa)

Entrevistada: Inicialmente, como eu estava a dizer, a  chorava muito. A D. D, por vezes, conseguia controlar a situação, outras vezes telefonava à D. F...

Entrevistadora: Pedia ajuda...

Entrevistada: Pedia ajuda. Pedia, pedia. Ela nesse aspecto é muito humilde, muito simples, não esconde. Ela ligava à D. F e dizia - “ A menina está a chorar, o que é que eu faço?” - e acho que não chegou a trazê-la nenhuma vez, de volta, ela conseguiu sempre controlar a situação de uma maneira ou de outra. A segunda família de acolhimento, ela achava que era por o sogro, vir buscá-la...pelo irmão, penso que era o irmão dela, vir buscá-la, que ela não gostava muito do tio, do tio materno. Quando passou a vir o sogro da progenitora buscá-la, o comportamento dela alterou-se. Pode ter sido uma coincidência ou não mas, a família de acolhimento associa muito a isso.

Actualmente a  já vai bem. Às vezes choraminga ou diz - “ Eu volto já, eu volto já” - mas vai bem, fica bem no fim-de-semana, e volta bem e já não faz as birras que fazia.

Penso que está a adaptar-se gradualmente ao agregado familiar da mãe.

Entrevistadora: A menina faz descrições daquilo que se passa lá? Como é que passa o tempo? A família de acolhimento não faz referência?

Entrevistada: Não, disso não, não. Diz apenas que gostou, que esteve com o irmão, mas não faz muita referência a isso.

Entrevistadora: Hum, hum. Pronto, acha então que o projecto de vida desta criança, neste momento, com as pessoas que estão a trabalhar com ela, passa pelo regresso à família de origem?

Entrevistada: Sim. A curto ou a médio prazo, eu acho que sim. Trabalhando bem o agregado familiar da mãe, até [imperceptível] depois posteriormente com a família de acolhimento: inverter os papéis, portanto, durante a semana ela passar com a mãe e, nos fins-de-semana com a família, até porque a menina está muito apegada à família de acolhimento...

Entrevistadora: Claro, foi para lá também muito bebé? Não é?

Entrevistada: Exactamente. Fazendo esta transição gradualmente, eu penso que estão reunidas as condições para a  voltar a [imperceptível].

Entrevistadora: Esta mãe, tem o apoio - falou-me de um tio, falou-me de uma família alargada, não é? - Ela está a morar em casa do pai dela, não é?

Entrevistada: Sim, por baixo da casa, no rés-do-chão da casa.

Entrevistadora: Exacto. A menina faz alguma referência a esta família alargada?

Entrevistada: Não, penso que não, pelo menos que tenha conhecimento.

Entrevistadora: Que tenha sido descrito?

Entrevistada: Não.

Entrevistadora: Esta interacção com a mãe, tem sido melhor, tem sido... - disse-me que sim - Acha que esta mãe fez alguns progressos, na tentativa de se aproximar da...?

Entrevistada: Sim. Nunca é o que a gente consideraria a mãe ideal, não é? Mas dentro das competências dela, acho que sim, que ela consegue interagir com a Â, de uma forma mais positiva do que fazia anteriormente.

Entrevistadora: A família de acolhimento diz que ela vem com cheiro a fumo mas que vem cuidada...

Entrevistada: Sim, vem cuidada. Vem...nota-se que fez as refeições todas, direitinhas.

Ela tem sempre o cuidado de, quando ela chega a casa, tirar a roupa que a família mandou, vestida e, pôr uma roupa mais velha, digamos assim, para andar lá por casa.

E quando regressa veste, outra vez novamente, a roupinha que a família de acolhimento mandou.

Entrevistadora: Que engraçado...Tem esse cuidado. Esta menina, a Â, nunca integrou a escola? Não tem conhecimento?

Entrevistada: Não, ainda não está na idade de frequentar o jardim-de-infância. Ainda está a cargo da família.

Entrevistadora: Pronto, não conhece então o meio, onde a menina está com a mãe?!

Onde seja a casa da mãe, não conhece? Não sabe se tem contacto com o meio exterior à habitação, se tem contacto com vizinhos, por exemplo?

Entrevistada: Sim, sim. Tem, tem. Eu conheço a casa da mãe.

Entrevistadora: Onde ela está actualmente?

Entrevistada: Onde ela está neste momento e, sei que pelo menos com uma vizinha, ela tem contacto. Porque quando eu lá fui fazer uma visita, ela disse que a gente lá ia e ia até casa dela, porque o portão dela é contínuo à casa da progenitora e, ela vai para lá muitas vezes.

Entrevistadora: A habitação da progenitora, neste momento, onde ela está a morar, não é? Disse-me na parte de baixo da casa do pai, consegue fazer uma descrição de...?

Entrevistada: Agora fui fazer uma visita e não estava muito limpa.

Entrevistadora: Mas consideraria, como disse, más condições de habitabilidade ou razoáveis?

Entrevistada: Não, não, razoáveis. Eu fui fazer a visita com a colega do RSI, que também acompanha a situação da progenitora e, em termos de espaço, de divisões, acho que tem condições. Ela estava era a tentar, e com o apoio do irmão, pintar a casa porque ganha muita humidade. E o facto de as paredes estarem mais negras, também dá um aspecto mais debilitado à própria casa. E ela estava a tentar alterar isso. Nesse dia, como estava a frequentar o curso, e tinha vindo de manhã para o curso que ela anda, de alfabetização, também tinha a casa mais desarrumada.

Entrevistadora: Acha que, por exemplo, o curso de alfabetização, foi por iniciativa dela ou tem sido o trabalho que tem sido feito com ela que permite que ela tenha estas necessidades, neste momento?

Entrevistada: Isso foi trabalho feito pela equipa do [imperceptível] que a encaminhou mas, ela aceitou sempre com muita disponibilidade a frequência desse curso.

Entrevistadora: Hum, hum. Nota, por exemplo, essa necessidade de pintar a casa, partiu dela ou, acha que ela vai respondendo às orientações dos técnicos?

Entrevistada: Não, acho que aí partiu mesmo dela.

Entrevistadora: Ela sente essa necessidade, neste momento?

Entrevistada: Sim, de criar essas condições. A colega até se ofereceu, caso houvesse essa necessidade, o irmão dava a mão-de-obra, digamos assim, e a colega pagava as tintas para que ela pudesse melhorar a habitação.

Entrevistadora: Nesses contactos com a colega da equipa da RSI, a D. D foi referindo alguma situação mais...que tivesse relacionada com violência? Ou fala, por exemplo,

do marido, do pai dos filhos? Faz alguma referência?

Entrevistada: Não, eu acho que mesmo ela não sabe onde é que ele está.

Entrevistadora: Ela não sabe do paradeiro!?

Entrevistada: [Imperceptível].

Entrevistadora: Da informação que foi tendo, não é? Acha que, esta mãe, em termos de família monoparental, então, neste momento, começa já a reunir algumas condições para assumir...?

Entrevistada: Sim, sim. Para poder vir a assumir... Não estou a dizer actualmente, neste momento mas, a curto ou a médio prazo, como eu disse, a retaguarda da Â.

Entrevistadora: Caminha nesse sentido, não é? Vai criando competências. Em relação aos irmãos mais velhos, não tem informação nenhuma? A não ser o contacto que eles têm com a Â, como já referiu...Não tem assim informação...?

Entrevistada: Penso que o mais velho estará a dar alguns problemas a nível escolar.

Por mau comportamento mas, não sei precisar exactamente o quê.

Entrevistadora: Pronto, foi ouvindo algumas referências...

Entrevistada: [Imperceptível] algumas questões que a colega do RSI colocou, nós fomos discutindo e ela diz que, realmente está a ter muitas dificuldades em controlar esses comportamentos do filho mas, depois também não aprofundamos mais o assunto.

Entrevistadora: Diga-me uma coisa, quando fez essa visita, essa última visita a casa dela, viu no espaço, brinquedos, coisas adequadas à Â? Uma cama, por exemplo, de criança? Ou objectos adequados a que a Âpudesse brincar...?

Entrevistada: Sim. Tinha a caminha dela e alguns peluches na cama. De resto não vi assim mais nada.

Entrevistadora: Não sabe como é que - quando a  está em casa - como é que ela

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