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Seguro contra inflação e deflação

No documento livro-a-febre-do-ouro.pdf (páginas 78-81)

É importante que investidores de ouro entendam a diferença entre as médias reais e nominais que utilizamos para descrever as taxas de juros e as políticas do Fed. Investidores de ouro ficaram decepcionados em 2014 e 2015 porque o preço do ouro em dólar caiu, apesar das crises financeiras e geopolíticas na Grécia, na Ucrânia e na Síria e da quebra do mercado de ações na China. O ouro deveria ser o ativo porto seguro em tempos turbulentos. Por que o preço não estava subindo?

Uma questão mais prudente seria, por que não caiu mais? O preço do petróleo em dólar caiu mais de 50% entre junho de 2014 e janeiro de 2015, ainda assim o preço do ouro em dólar quase não se alterou no período (apesar da volatilidade). Na verdade, o preço do ouro teve bom desempenho em comparação às commodities líderes.

A deflação pode sair de controle e, nesse caso, não será surpreendente ver o preço do ouro em dólar cair mais em termos nominais. Por exemplo, suponha que ouro custe US$ 1,2 mil por onça no início do ano e haja 5% de deflação. Suponha que o preço do ouro em dólar no fim do ano esteja em US$ 1.180. Neste Nesse cenário, o preço nominal do ouro caiu 1,7% (de US$ 1.200 para US$ 1.180), mas o preço real do ouro subiu cerca de 3,3% porque o preço final de US$ 1.180 na verdade vale US$ 1.240 em poder de compra relativo aos preços do início do ano.

Se o preço do ouro em dólar cair ainda mais, é provável que outros preços importantes caiam também. Isso seria típico em um ambiente deflacionário ou em colapso. Os preços dos produtos que não são ouro cairão ainda mais em um mundo com muita deflação. Se o ouro estiver caindo em termos nominais, mas outros preços estiverem caindo mais, ouro ainda preservará riqueza quando medido em termos reais.

O ouro pode ser volátil quando medido em dólar nominal, ainda assim a volatilidade está mais relacionada com o valor do dólar do que com o valor do ouro. Historicamente, o ouro tem bom desempenho tanto em inflação quanto em deflação porque representa uma reserva de valor real.

A maioria dos investidores em ouro não tem dificuldade de entender por que o ouro tem bom desempenho em ambientes inflacionários. Mas por que o ouro tem bom desempenho em ambientes deflacionários? O motivo, como discutimos acima, é que bancos centrais, como o Fed, não podem tolerar deflação. Eles farão tudo o que puderem para criar inflação. Quando não há mais nada a fazer, eles utilizam o ouro para criar inflação fixando o preço do ouro em dólar em um nível muito mais alto. Então, todos os outros preços rapidamente se ajustam ao novo preço do ouro. O maior preço do ouro realmente significa que o valor do dólar caiu em relação a determinado peso de ouro. São necessários mais dólares para comprar o mesmo peso. Uma queda no valor dos dólares é a definição de inflação. O governo sempre pode fixar o preço do ouro em dólar para conseguir inflação quando todas as alternativas se esgotam.

Foi isso o que os EUA fizeram em 1933 e o que o Reino Unido fez em 1931, quando os dois países desvalorizaram suas moedas em relação ao ouro. Em 1933, o governo americano forçou o preço do ouro de US$ 20,67 por onça para US$ 35,00 por onça. Não era o caso de o mercado fazer com que o preço do ouro subisse; o mercado estava nas garras da deflação na época. Foi o governo fazendo com que o ouro subisse para causar inflação. O governo fez isso em 1933 não porque queria que o ouro subisse; mas porque queria que todo o resto subisse. Queria aumentar o preço do algodão, do petróleo, do aço, do trigo e de outras commodities. Barateando o dólar em relação ao ouro, ele causou inflação para acabar com a deflação.

Em um período extremamente deflacionário, o governo poderia unilateralmente elevar o preço do ouro para US$ 3 mil ou US$ 4 mil por onça, não para recompensar investidores (apesar de essa ser uma consequência), mas para causar hiperinflação generalizada. Em um mundo com ouro a US$ 4 mil, de repente o barril de petróleo custa US$ 400, a prata custa US$ 100 por onça e o tanque de gasolina custa US$ 7 na bomba. Tal aumento de preços mudaria as expectativas inflacionárias e quebraria o ritmo deflacionário.

Quando a moeda é desvalorizada em relação ao ouro, funciona porque o ouro não pode revidar. Se os EUA tentarem desvalorizar o dólar em relação ao euro, a Zona do Euro pode revidar desvalorizando o euro. Mas, se os EUA desvalorizarem o dólar em relação ao ouro (aumentando o preço do ouro), é assim que termina. Você não pode misticamente criar mais ouro para diminuir os preços novamente. Ouro não pode revidar em uma guerra cambial.

Temos dois caminhos para preços mais altos de ouro – inflação e deflação. É difícil saber qual deles vai prevalecer porque as forças são fortes nas duas direções. A atração do ouro é que ele preserva riqueza nas duas situações. Em inflações, o preço do ouro sobe, como vimos na década de 1970. Em deflações, o preço do ouro também sobe, não sozinho, mas por meio de imposição governamental, como vimos na década de 1930. O ouro tem um lugar no portfólio de todo investidor porque é uma das poucas classes de ativos que têm bom desempenho tanto na inflação quanto na deflação. É o melhor tipo de seguro.

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No documento livro-a-febre-do-ouro.pdf (páginas 78-81)