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SENTENÇAS DE OSHE MEJI:

No documento Buzios 16 (páginas 53-56)

(1) O inhame grelhado diz ao homem, além do rio Ajagbe (*): “Se pretendes me comer, deves apressar-se, senão, o que abre a boca aos teus pés, (**) te impedirá de comer.”

(se o consulente quiser ser bem sucedido, deve apressar-se na realização de seus planos). (*) Rio legendário que representa a morte.

(**) A morte.

(2) O crânio velho de um homem diz ao crânio jovem de outro um homem: “Eu já estou completamente seco, se alguém me golpear não correrá nenhum sangue, mas se te racharem, correrá algum sangue”.

(O consulente deve oferecer um sacrifico para livrar-se de um acidente que o ameaça). (3) Oshe! Tudo que fiz, os cânticos que cantei, os sacrifícios que ofereci, não bastaram. Se tu me vês, tu vês a morte.

(O consulente encontrou o dispensador do mal e da morte. Deve fazer sem demora, os “adra” (*) do signo).

(*) Sacrifícios expiatórios.

(4) Azagada (*) grilhou o inhame para o visitante e o convidou para comer. Aviti (**) chegou!

(Era costume oferecer inhame assado aos condenados a morte. O sentido interpretativo é o mesmo da sentença anterior).

(*) A morte. (**) A morte.

(5) Se o pote que contém o medicamento estiver por perto, a doença não será muito grande. (O consulente ameaçado por uma doença, deve oferecer os sacrifícios que lhes forem prescritos).

(6) O inhame não se parte quando é retirado da terra, mas será partido quando for retirado das cinzas.

(O consulente esta temeroso dos perigos que o ameaçam antes da cerimônia do Fazun (*). Sua introdução no Ifá não poderá matá-lo se fizer os sacrifícios apropriados).

(*) Cerimônia de iniciação de um neófito ao culto de Ifá.

(7) Não é por possuir muitas folhas que o arvoredo deve se considerar um rei. O excesso de folhas atrai a atenção do lenhador.

(O consulente deve agir com mais discrição para não se prejudicar de alguma forma). ITAN DE OSHE MEJI

(1) Owo, filho de Obatala, querendo provar o seu poder, resolveu aprisionar Ikú, que era por todos temido e respeitado.

Resolvido a cumprir sua determinação, deitou-se no chão de uma encruzilhada e ficou observando o que diziam as pessoas que o viam ali.

Foi desta forma que ouviu de um ancião do lugar, a seguinte pergunta: “O que faz este homem assim estendido, com a cabeça para a casa da morte, os pés para o lado da doença e os lados do corpo para o lugar da desavença?”.

Ouvindo estas palavras, Owo levantou-se e afirmou vitorioso: “Já sei tudo o que precisava saber”. E em seguida encaminhou-se para a fazenda de Ikú.

Lá chegando, entrou sorrateiramente e pôs-se a tocar o ilu que a Morte fazia soar sempre que saia para buscar alguém.

Ao ouvir o som do tambor, Ikú saiu indignado com a intenção de punir o atrevido que ousava tocar seu instrumento ritualistico e na pressa, não viu a rede que Owo havia estendido no caminho, embaraçando-se e sendo facilmente capturado.

Com a ajuda de uma corda, Owo amarrou Ikú bem amarrado e levou-o em seguida a presença de seu Pai, dizendo-lhe que, conforme havia prometido, estava trazendo a sua presença Ikú como prisioneiro. Assustado com tal atitude, Obatala sentenciou: “Vá embora de minha presença e leva contigo tudo o que, de bom e de mal possa existir na face da Terra, inclusive a própria Morte. Parte agora pois te é dado o poder de conquistar tudo o que de material existir no universo”.

Foi a partir deste dia que Owo e Iku passaram a caminhar lado a lado, o primeiro ensejando sempre o surgimento do segundo.

Ebó: um preá, um peixe assado, ebô, dezesseis acaças, dezesseis bolos de arroz. Sacrifica-se o preá a Eshú, arruma-se o peixe e os dezesseis acaças num alguidar a parte e despacha-se numa encruzilhada de rua.

Este ebó é indicado para pessoas envolvidas em disputas ou problemas de dinheiro de origem ilegal.

(2) Shangô e Efon entraram em atrito pelo amor de uma mulher muito bela, filha de Apako. Por determinação da mulher, os pretendentes deveriam combater entre si e no fim de dezesseis dias, ela resolveria qual dos dois seria considerado vencedor, conquistando assim o direito de desposá-la. Efon armou-se de um poderoso par de chifres e dirigindo-se ao campo de luta, atacou furiosamente a Shangô que surpreso, bateu em retirada, indo refugiar-se, com a ajuda de uma corda, em sua morada no Orun.

Naquele tempo, Shangô era ainda muito jovem e inexperiente, mas aconselhado por Elegbara, consultou Orunmila para saber de que forma poderia vencer a disputa pela mulher amada. Na consulta surgiu Oshe Meji, que prescreveu um sacrifício com dezesseis pedrinhas, dezesseis kobo (*), um par de chifres de búfalo, dois galos e dois pombos, além de tudo o que se oferece normalmente a Eshú.

Enquanto isso, os adversários de Shangô espalhava na Terra, o boato de que ele era um grande covarde, que havia fugido de Efon sem opor a menor resistência.

Shangô, com a ajuda de alguns amigos tratou logo de oferecer o sacrifício e imediatamente depois começou a trovejar.

No meio da tempestade, surgiu Shangô e a cada brado que emitia, numeroso raios saiam de sua boca numa demonstração de seu poder incontestável.

Diante de tão assustadora visão, Efon depôs suas armas e curvando-se, submeteu-se ao poder do Orisha, suplicando piedade.

Shangô perdoou-o e fez com que todos reconhecessem, a partir de então que o seu poder estava no Orun.

E o vencedor levou consigo a bela mulher, objetivo de toda a disputa.

(*) moeda Nigeriana que corresponde a uma décima parte da Naira. No Brasil, o Kobo pode ser substituído nos ebó, pelo vintém.

Ebó: Dezesseis pedras-de-fogo (pequenas), dezesseis vinténs, dois galos, dois pombos, dendê, mel, osun e aguardente. Sacrifica-se um galo a Eshú, no igba, com ritual normal. O outro galo é oferecido a Shangô e colocado num alguidar com as pedras e as moedas. O eje corre também sobre os chifres que, depois de despachado o ebó, deve permanecer aos pés de Shangô. Os pombos tem seus bicos, pés e pontas das asas tingidos com osun e em seguida são libertados. Todo o sacrifício, tanto o destinado a Eshú quanto o destinado a Shangô, é recoberto com muito pó de osun.

(3) Sentar sem se encostar, é como permanecer de pé. Este era o nome do advinho que interpretou Ifa, junto ao poste central de uma casa de conferências em Ibadan.

O mesmo advinho interpretava Ifa também para os habitantes de Olowu.

Os reis de Ibadan e de Olowu mantinham entre si, um relacionamento de sincera amizade. O rei de Oluwu era casado com Nde, filha do rei de Ibadan.

Certo dia, o rei de Olowo partiu em missão de guerra para o pais do Gboho. No caminho, teve sua passagem e de suas tropas impedidas por um rio muito caudaloso. Pediu ao rio que lhe desse passagem, prometendo pra isso, oferecer-lhe um belo presente quando voltasse vitorioso da batalha.

O rio cedeu passagem e o rei prosseguiu viagem em busca de seu destino.

Algum tempo depois o rei retornou vitorioso, trazendo muitos cativos, muito gado e toda a riqueza capturada no pais de Gboho. Ao chegar diante do rio, resolveu pagar o prometido oferecendo-lhe dezesseis carneiros, dezesseis cabritos, dezesseis bois, dezesseis homens e dezesseis mulheres, que foram lançados às águas revoltas. O rio, para surpresa de todos, não aceitou nada do sacrifício oferecido, devolvendo intactos, cada carneiro, cada cabrito, cada boi, cada homem e cada mulher. O rei, assustado com o ocorrido, procurou o advinho para saber por que razão Odo não aceitara sua oferenda. Na consulta surgiu Oshe Meji que informou que o rio queria Nde como sacrifício e nada poderia substitui-la.

Apavorado, o pobre monarca lembrou-se que ao assumir compromisso com o rio, havia dito em idioma Fon: “Nu dagbe n’de”, (eu te darei belas coisas), e o rio teria interpretado como “Nu dagbe Nde” (eu te darei Nde - nome de sua esposa). Nde era o nome de sua esposa... o rei não pagara o prometido!

A partir deste dia a terra começou a secar, as mulheres não tinham filhos, as fêmeas não davam crias.

Preocupado, o rei voltou a presença do Bokono para saber o motivo de tanta miséria. Após a consulta o advinho disse: “Tu não entregastes ao rio o que lhe prometeste. Tu deixastes que o rio ouvisse o nome de Nde. Tu não lhe falastes de escravos e animais... para acabar com esta maldição terás que lançar tua mulher ao rio”.

Obrigado a cumprir sua promessa, o rei mandou lançar ao rio sua mulher que estava grávida. No dia seguinte Nde deu a luz, dentro das águas do rio, a um menino e o rio falou: “Ele não me prometeu nenhuma criança, foi só Nde o que me foi prometido!” e devolveu a criança que não lhe pertencia.

O rei de Ibadan tomou conhecimento do acontecido e mandou dizer ao rei de Olowu que não havia dado sua filha para que fosse lançada as águas de um rio, mas para que fosse transformada em sua esposa, respeitada e amada como tal.

Este fato gerou uma guerra entre os dois reis, que teve a duração de trinta anos, terminando com a vitória de Ibadan e a total destruição do pais de Olowu.

(4) Uma jovem muito pobre, conhecida pelo nome de Iyalode, era muito astuta e ambiciosa, o que a tornava perigosa.

Pretendendo melhorar sua situação, Iyalode foi consultar Ifá, na esperança de receber as orientações necessárias. No decorrer da consulta, surgiu o Odu Oshe Meji, que prescreveu um sacrifício que Iyalode tratou logo de oferecer.

No dia seguinte, quando passava pela porta do palácio do rei Oba Nla, a jovem foi acometida de uma fúria inexplicável e pôs-se, em altos brandos, a culpar o rei pela situação de miséria em que vivia.

O rei é um perverso insensível.” gritava a jovem, “tem o que deseja e por isso não se incomoda com a miséria de seus súditos!”. As pessoas que passavam, ao ouvirem as acusações feitas pela jovem, tomaram partidos diferentes, alguns achando que ela estava coberta de razão, enquanto outros defendiam Oba Nla, por conhecerem sua bondade e senso de justiça.

Ao ser informado do que estava ocorrendo, o rei ordenou que a moça fosse imediatamente conduzida a sua presença, para um entendimento pessoal.

Frente a frente com o rei, Iyalode relatou suas desditas, chorou suas magoas e falou e seus sonhos de jovem. Impressionado com a coragem da moça e com a sinceridade que marcava o seu caráter, Oba Nla, mandou que lhe fosse dado um aposento no palácio, onde a partir de então, a jovem passou a residir cercada de todo o luxo e conforto que sempre desejou desfrutar, ficando desde então, encarregada de todo o ouro que pertence a Oba Nla.

Ebó: Adie Meji, eiyele Meji, eku, eja assado, oyin, epo pupa, oti, etc... Sacrifica-se um adie, um eiyele e o eku para Elegbara no igba, de acordo com o rito. A outra adie e o eja são oferecidos a Oshun e cobertos com muito mel e pó de efun. O segundo eiyele é solto depois de pintado com efun.

Este ebó é indicado para pessoas que tenha necessidade de resolver problemas que envolvam grandes somas em dinheiro e que dependam de algum tipo de decisão de outrem, como no caso de heranças, indenizações, etc...

No documento Buzios 16 (páginas 53-56)