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CAPÍTULO VII – CONCRETIZAÇÃO DO PROJECTO

7.1. Sessões e Actividades Realizadas

Considerando que a intervenção social, tem por finalidades, responder a necessidades de subsistência e a necessidades de participação (Carmo, 2000, p.63), o educador social poderá abarcar uma dupla importância na escola, tendo já sido aclarado, ao longo do capítulo V, o papel fundamental do educador social na intervenção emocional e educativa dos jovens.

Partindo da convicção que os jovens, se encontram numa etapa específica do desenvolvimento ao nível físico, cognitivo, emocional e social, mas atendendo a que o desenvolvimento humano constitui um “processo global e heterocrónico” (Carmo, 2000, p.94), estima-se que a figura do educador social no quadro profissional da instituição escola, é “sine qua non”, na promoção da cidadania, da autonomia, do autoconhecimento e da auto-estima.

Partindo deste fundamento, procurámos através de algumas sessões, desenvolver actividades promotoras de competências emocionais. Escolhemos jogos que promovessem a autoconsciência emocional, a autoconfiança, a empatia as aptidões sociais e a criatividade. Realizámos o passeio no sentido de valorizar os jovens e lhes ser incutida a importância da automotivação. Conversámos sobre a sexualidade na adolescência, procurando validar as suas emoções e promovendo a autoconfiança e o autoconhecimento. As sessões transportaram para o plano prático aquilo que fundamentámos teoricamente e constituíram um meio para a verificação das hipóteses pela observação directa.

Na primeira sessão, compareceram dezasseis alunos que permaneceram até final da sessão, apesar dos elementos do género feminino terem avisado no início da sessão que iriam ficar apenas cinco minutos. Todos se mostraram participativos e interessados, embora tenham existido bastantes manifestações de rebeldia e agitação.

A sessão dividiu-se em três momentos: 1) apresentação individual, menção às actividades desenvolvidas nos tempos livres, e opinião sobre os temas que gostariam de ver abordados nas sessões; 2) realização de dois jogos (“jogo da apresentação” e “o abrigo antiaéreo”); 3) discussão dos resultados dos jogos, solicitação da opinião dos alunos sobre a sessão e indicações sobre a próxima sessão.

O desbloqueio inicial, a promoção do inter-relacionamento e a interacção de grupo, constituíram os objectivos deste dia e consideramos que foram atingidos. Também pudemos verificar que os elementos do género feminino têm mais facilidade em exprimir aquilo que sentem.

À segunda sessão, apareceram quinze jovens que se mantiveram até final da mesma. Esta sessão dividiu-se em dois momentos: 1) levantamento de questões pertinentes (Quando se está preparado para ter relações sexuais? O que é o amor? Quais as doenças sexualmente transmissíveis?); 2) realização do jogo “a escala de valores”, cujo tema era a sexualidade.

Os objectivos desta sessão pautaram-se pelo debate da sexualidade na adolescência, procurando-se perceber as dúvidas e preocupações dos jovens nesta matéria, e tentando elucidá-los que para viverem completamente a sua sexualidade é saudável a criação de relações afectivas com o companheiro.

Durante este debate alguns rapazes mostraram-se bastante agitados, chegando mesmo a banalizar o tema. As raparigas estiveram mais atentas e interessadas, embora se tenham mostrado tímidas e relutantes em colocar questões, provavelmente inibidas pelo comportamento dos elementos do género masculino. Razão, também pela qual se supõe, que as mesmas tenham optado por não participar no jogo, tendo sido respeitada a sua decisão.

Na terceira sessão apresentaram-se nove jovens, todos do género masculino, que permaneceram até final da sessão. No final da sessão, por casualidade, deparámo-nos com os elementos do género feminino, que referiram não comparecer porque não estavam à vontade com alguns comentários dos rapazes.

A sessão ficou assinalada por dois momentos: 1) o jogo “adivinha quem disse isso”, tendo por fim, alicerçar a confiança dos jovens e criar uma situação de “feedback”; 2) foram dadas a ouvir duas músicas do BossAC, discutindo-se depois as letras das músicas, e identificando as emoções que sentiam. Cada jovem escolheu uma frase e comentou-a, verificámos ao longo da sessão, que os elementos do género masculino, apesar de terem dificuldade em reconhecer às emoções que sentiam, na maioria se sentiam revoltados com a pobreza e a injustiça.

Os objectivos da sessão foram atingidos, embora alguns jovens tenham transmitido alguma timidez ao falar das emoções, mostraram muito interesse pelo tema e tentaram expressar-se da melhor forma.

Para a quarta sessão estavam programados três jogos, no entanto, o jogo “anúncio”, que consistia em cada jovem escrever um anúncio com as suas qualidades para cativar um amigo, foi recusado pela maioria, por considerarem ser semelhante aos anúncios de “procura-se parceiro…”, pelo que se respeitou a opinião deles e não se realizou.

A esta sessão compareceram catorze jovens que permaneceram até final da mesma. Foram realizados dois jogos (“lago tranquilo” e “ o chapéu dos medos”), tendo o primeiro por objectivos alicerçar a confiança em si mesmo e desenvolver o reconhecimento sensorial, e o segundo partilhar uma emoção, reflectir sobre a mesma e aceitar diferentes opiniões. Houve dois elementos do género masculino que não quiseram participar nos dois jogos e um elemento do género feminino que não quis participar no segundo jogo.

No final da sessão os jovens foram informados que na próxima sessão iriam a uma visita de estudo ao “Estádio do Dragão”, sendo-lhes entregues os pedidos de autorização aos encarregados de educação. Os jovens mostraram-se eufóricos.

Tendo o pedido de autorização por escrito, ao Conselho Executivo, sido deferido, e apresentando todos os jovens a autorização dos encarregados de educação, na quinta sessão realizou-se a visita de estudo. Os dezassete jovens que participaram na visita de estudo, revelaram-se participativos e comportaram-se ordeiramente. No caminho de regresso à escola, estabelecemos uma conversa informal sobre a visita de estudo, deduzindo facilmente a alegria dos jovens.

Na sexta e última sessão, estiveram presentes dezassete jovens. Foi-lhes aplicado um último questionário, no sentido de angariar as suas opiniões relativamente às sessões. Estabelecemos depois uma conversa informal quanto ao futuro profissional e à importância de estudar até completar o 12.º ano.

No final da sessão, a directora de turma comentou que se tratava de uma turma com dezoito alunos dos quais apenas oito transitariam de ano. Desabafando ter sido uma turma constituída por jovens desinteressados e indomáveis, com bastantes problemas familiares. A mesma professora mencionou a importância de distribuir estes jovens por outras turmas, no ano lectivo seguinte, na tentativa de se conseguir despertar nos mesmos outras posturas e cativá-los mais para o empenho no estudo. Por fim, aludimos a uma realidade, que consiste no facto de apesar de toda a rebeldia e envolvente familiar e económica, estes jovens participaram nas sessões de livre vontade, demonstrando que, muito provavelmente, querem ser ouvidos, entendidos, acarinhados e ajudados.