• Nenhum resultado encontrado

O Shemá Israel e o Fides ex auditu como fundamentos bíblico-teológicos para a escuta da

O homem moderno, quase sempre, faz uma avaliação negativa da “palavra”, em contraposição com os “fatos”. Isso dificulta a compreensão da função e da importância que a palavra tem na Bíblia. É conveniente, portanto, recuperar uma concepção vital e dinâmica da palavra, que é aquela própria da Escritura. Na língua hebraica do Antigo Testamento, o termo técnico por excelência com o qual se designa a palavra, dabar,124 é muito diferente do lógos grego.125 Enquanto o lógos é, antes de tudo, a palavra como indicação, isto é, portadora e mediadora de um significado (elemento noético da palavra), o dabar deve ser considerado, em todo o antigo Oriente, como um poder atuante em palavras mágicas e imprecatórias, em bênçãos e maldições, entendido como uma palavra que salva ou arruína, que penetra naquele que é atingido como uma substância substitutiva, que opera partindo de dentro.

A expressão hebraica dabar YHWH126 (“Palavra do Senhor”) significa tanto o agir como

o comando de Deus. A Palavra de Deus é como um mensageiro que executa pontualmente a sua missão: “Assim como a chuva e a neve que caem do céu para fecundar a terra e germinar as sementes e para lá não voltam sem ter cumprido sua missão, assim acontece com a palavra que sai de minha boca: não voltará a mim sem resultado, sem ter executado aquilo que desejo e sem ter cumprido a missão para a qual a enviei” (Is 55,10-11).

123 Cf. ibid., p. 77-78.

124 Dabar é uma palavra hebraica que significa, segundo o contexto, “palavra” ou “acontecimento”.

125 Lógos é o mesmo que “palavra”, “afirmação”, “promessa”, “pacto” (RUSCONI, Carlos. Op. cit., p. 288). 126 Carta da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, com orientações sobre a “tradução

e pronúncia, no âmbito litúrgico, do divino Nome significado no tetragrama sagrado – YHWH”. Disponível em: <http://www.cnbb.org.br/ns/modules/mastop_publish/?tac=Orienta%E7%F5es_sobre_o_ uso_do__%93Nome_de_Deus%94>. Acesso em: 18/11/2016, às 20h38min.

41 A palavra dabar poderia ser traduzida em muitos casos como “acontecimento”: “Porque Ele fala e tudo é executado, Ele manda e tudo existe” (Sl 33,9). A Palavra de Deus está na origem da criação, da vida humana (Gn 1,26) e da conservação da vida (Dt 8,3; Sb 16,26). O Novo Testamento herda do primeiro uma concepção semelhante da Palavra de Deus que é “viva e eficaz” (Hb 4,12) e opera, sobretudo, nos crentes (1Ts 2,13).

Pode-se dizer que a concepção ativa e concreta da palavra como acontecimento é própria do espírito semítico, e que a concepção grega e helenística de um lógos puramente representativo constitui um progresso de análise filosófica, que corre o risco, porém, de perder a força inerente ao hebraico dabar. Observe-se, em todo caso, que os tradutores da Bíblia para o grego já tinham traduzido o hebraico dabar, na maioria das vezes, pelo termo grego lógos.

A eficácia da palavra em si não deve levar ao esquecimento das condições para que tal eficácia se realize à pessoa concreta e à assembleia. A palavra não opera automaticamente aquilo que propõe. Ela exige uma escuta atenta que supere a mentalidade factual e intelectualista, destinada a favorecer o saber gnosiológico. É necessário que a escuta seja feita no nível de fé e com as devidas disposições pessoais.127 A revelação de Deus, antes de ser “palavra” perceptível, é uma realidade que interpela todo ser humano que se põe na escuta, envolve-o e penetra-o.

Na Constituição Dogmática Dei Verbum, encontra-se o testemunho dos padres conciliares sobre a escuta das Sagradas Escrituras, enquanto Palavra de Deus que norteou e norteia todo o agir da Igreja em sua missão de anunciar e testemunhar Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida. Constata-se, então, que a primeira atitude do Concílio foi ouvir religiosamente e proclamar com desassombro a Palavra de Deus, obedecendo ao dito de São João: “O que vimos e ouvimos, vo-lo anunciamos para que estejais também em comunhão conosco e a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo” (1Jo 1,2-3).128

Percebe-se que o Concílio propõe uma genuína doutrina sobre a Revelação Divina e a sua transmissão. Ao citar Santo Agostinho, diz que, “ouvindo o anúncio da salvação, o mundo inteiro creia, crendo espere, esperando ame”.129 Pela revelação divina, Deus quis comunicar a

si mesmo. Revelou em Jesus a vontade de salvar os homens, tornando-os participantes do céu.130 Cristo instaurou na terra o Reino de Deus, por fatos e palavras deu a conhecer seu Pai e

127 Cf. AUGÉ, Matias. Liturgia: história, celebração, teologia, espiritualidade. São Paulo: Ave-Maria, 1998. p. 141.

128 Cf. DV, n. 1. 129 Cf. DV, n. 1. 130 Cf. DV, n. 6.

42 a si próprio, completando sua obra pela morte, ressurreição, ascensão e envio do Espírito Santo.131

A reforma conciliar do Vaticano II visou devolver à comunidade cristã a vivência da revelação bíblica e o florescimento das leituras que se constatam nos primeiros séculos da liturgia da Igreja. Mas o Concílio quer mostrar não apenas a riqueza como também a unidade de toda a Bíblia, bem como esse dinamismo progressivo que vai apontar nitidamente para a manifestação de Cristo; ou seja, o sentido cristocêntrico tão importante para os Padres da Igreja nos primeiros séculos. Ao afirmar que “a Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, como também o próprio corpo do Senhor; sobretudo na sagrada liturgia, nunca deixou de tomar e distribuir aos fiéis, da mesa tanto da Palavra de Deus como do corpo de Cristo, o pão da vida”,132 reforça mais uma vez a importância da escuta das Sagradas Escrituras na liturgia.

É bom ressaltar que a Igreja sempre considerou a divina Escritura e continua a considerá-la, juntamente com a Sagrada Tradição, como regra suprema da sua fé; elas, com efeito, inspiradas como são por Deus e escritas uma vez para sempre, continuam a oferecer imutavelmente a Palavra do próprio Deus, e fazem ouvir a voz do Espírito Santo, por meio das palavras dos profetas e dos Apóstolos. Assim, sugere o Concílio que tanto a religião cristã como a pregação eclesiástica sejam alimentadas e dirigidas pelas Sagradas Escrituras.133

Com efeito, nos Livros Sagrados, o Pai do céu vem amorosamente ao encontro de seus filhos para conversar com eles; e é tão grande a força e a virtude da Palavra de Deus que fornece à sua Igreja e aos seus filhos o apoio vigoroso, a solidez na fé, e constitui-se o alimento da alma, fonte pura e perene da vida espiritual. Por isso se deve aplicar por excelência às Sagradas Escrituras o que foi dito: “A Palavra de Deus é viva e eficaz” (Hb 4,12) e “tem o poder de edificar e de dar a herança aos santificados” (At 20,32; 1Ts 2,13).134

O Concílio Vaticano II recorda também a veneração que a Igreja sempre teve para com as Sagradas Escrituras como Palavra de Deus e convida os fiéis a se alimentarem dessa Palavra para serem fortalecidos na vida espiritual e moral. Recorda também que as Sagradas Escrituras devem ser a alma da teologia. Convoca os ministros ordenados a cuidar bem das homilias nas celebrações litúrgicas, principalmente na Eucaristia, lugar por excelência para se proclamar e escutar a Palavra de Deus. Pois é aí que a Palavra anunciada se faz carne, alimenta e dá vida. A

131 Cf. DV, n. 17.

132 DV, n. 21. 133 Cf. DV, n. 21. 134 Cf. DV, n. 21.

43 Salvação anunciada na Escritura é celebrada na Páscoa eucarística.135 Daí o valor da Constituição Dogmática Dei Verbum, ao falar da importância do contato com a Palavra de Deus na liturgia.

O que se vê é uma constatação do fazer memória do passado, interiorizando a ação de Deus no presente da história de seu povo e no testemunho de sua palavra escutada. A experiência da fé em Cristo brota justamente da fé que veio da escuta da Palavra. A vivência desta fé escutada e decodificada é o ensinamento para as gerações seguintes, como recorda o autor sagrado: “Reúna o povo para que eu os faça ouvir minhas palavras e aprendam a temer- me por todo o tempo em que viverem sobre a terra, e as ensinem a seus filhos” (Dt 4,10). A finalidade desse caminho da palavra é para que a geração seguinte não esqueça o que falou a geração anterior. A palavra deve habitar o coração. E a palavra nasce da aliança do Sinai. Portanto, uma geração a outra transmite os compromissos da mesma aliança.

Como se reza no Salmo 78,3-6, a memória do passado serve sempre de luzes para o presente e para o futuro. Aquilo que calou no coração das gerações passadas não pode ser ignorado pelas gerações presentes e futuras. Nossos pais experimentaram as maravilhas de Deus. A geração atual não tem o direito de apagar este testemunho pela geração líquida do consumo obsessivo-compulsivo. A presença de Deus iluminou o passado e pode iluminar o presente e o futuro.

Em Ezequiel 3,1-9, a escuta da palavra é metaforicamente simbolizada no primeiro livro como um alimento que se percebe na boca e no estomago, assim também como um sabor no ouvido, no cérebro e no coração. A palavra não é para ser guardada, mas para ser interiorizada e anunciada. A palavra nem sempre é escutada, e muitas vezes refutada. Para anunciá-la é necessário ter o conhecimento e a resistência. O profeta Ezequiel faz a experiência da rejeição do próprio povo. O que determina a missão do anunciador não é a acolhida ou não da palavra que ele anuncia, mas a missão que lhe foi confiada.

Percebe-se que em Apocalipse 10,8-11, a palavra escutada tem esse vínculo com o texto de Ezequiel 3,1-9: entender, assimilar e transmitir. Engolir o rolo e digeri-lo; é um compromisso integral onde não há separação entre a palavra e o testemunho, entre o que é ouvido e anunciado. Nesse contexto da profecia há um imperativo de assimilação pessoal e existencial antes do anúncio. A profecia nos lábios é sempre doce, porque se apresenta como algo externo público,

44 pois conta com o retorno dos elogios e prestígios. Como consequência do anúncio vem o testemunho autêntico do discipulado do Divino Mestre.

A resistência, a oposição e a perseguição mostram o sofrimento do discípulo ao anunciar e testemunhar Cristo. A palavra anunciada deve estar na vida do anunciador, nas suas veias, músculos, pernas, coração e inteligência. Assim como o alimento reanima a vida e todos os órgãos do corpo, a missão exige assimilação e interiorização da mensagem escutada para poder suportar as crises, as adversidades, na fidelidade ao Ressuscitado no testemunho diário. O livro está aberto, basta conhecê-lo, guardá-lo para si, depois anunciá-lo a todos os povos, línguas e nações. Não pode haver esse divórcio entre o anúncio e o testemunho.136

Aquele que escutou a palavra está comprometido com ela para anunciá-la. E a assimilação da palavra além do seu testemunho possui diferentes vertentes, compromissos. Insistir, refutar, ameaçar e exortar com a sã doutrina (2Tm 4,1-5). Aqui também a escuta exige obediência e resistência no sofrimento e nas adversidades. Porque nem todos ouvirão e muitos lhe farão oposição.

Numa sociedade líquida, que vai na contramão da proposta anunciada por Cristo, o evangelizador é chamado a resistir e a discernir uma propaganda falsa e sedutora das falsas doutrinas propagadas por falsos mestres. O evangelizador necessita de cuidados para não se cansar e ser competente e defensor da sã doutrina, como exorta Paulo a Timóteo. Ao evangelizador é necessário ter certeza do que acredita. “Por esse motivo sofro essas coisas, mas não me envergonho. Sei em quem acreditei e estou certo de que é poderoso para guardar o meu deposito até aquele dia” (2Tm 1,12).

Como São João escreve no livro do Apocalipse: “Eis que eu venho em breve. Bem- aventurado aquele que pratica a palavra da profecia deste livro” (Ap 22,7). Toda palavra tem seu cunho profético e, portanto, não é para ser decorada, decantada ou poetizada. Sendo assim, as palavras da Escritura são para serem proclamadas e profetizadas. Elas têm urgência, não devem ser segredadas, mas anunciadas, pois o tempo do Reino está próximo (Ap 22,10).

Da releitura de Jesus da lei e das tradições emerge o imperativo de reinterpretar e atualizar (aggiornamento), para cada tempo e momento, a vivência dos mandamentos na prática da nova justiça trazida por Jesus, a fim de que possa ser eficaz e agradável (Mt 5,21-48). A esterilidade sofre mudanças constantes, porém o que precisa ficar é a essência da lei. E a

136 Cf. MAZZAROLO, Isidoro. O Apocalipse de São João: esoterismo, profecia ou resistência? Rio de Janeiro: Mazzarolo Editor, 2015. p. 114-115.

45 essência da lei é o amor. Não se trata de desprezar ou de negar o passado, mas sim de compreendê-lo e reinterpretá-lo.

A ação ritual da Palavra de Deus, escutada e celebrada na liturgia, é uma convocação ao leitor e à assembleia a serem missionários proféticos da Palavra, prestando sempre atenção na forma de linguagem dos antigos e na forma de linguagem atual, para renovar a fé professada pela palavra escutada e a viver o novo aggiornamento da evangelização, sempre novo e atual. Assim como Deus falou antigamente aos pais pelos profetas, hoje ele nos fala por meio de seu Filho Jesus (Hb 1,1-2). Ao cristão de hoje, cabe ler, entender e anunciar a Palavra de Deus na perspectiva de Jesus, como afirma o Concílio Vaticano II.

Como foi enviado pelo Pai, também Cristo enviou os apóstolos no Espírito Santo, para pregar o Evangelho a toda criatura, anunciando que o Filho de Deus, por sua morte e ressurreição, nos libertou do poder de satanás e da morte, fazendo-nos entrar no reino do Pai. Ao mesmo tempo em que anunciavam, realizavam a obra da salvação pelo sacrifício e pelo sacramento, através da liturgia. Desde então a Igreja nunca deixou de reunir para celebrar o mistério pascal, lendo o que dele se fala em todas as Escrituras (Lc 24,27).137

Em suma, o Shemá Israel e o Fides ex auditu, como fundamentos bíblico-teológicos para a escuta da Palavra de Deus e como princípios litúrgico-operativos, fundamentados em obras conceituadas, abrem perspectivas para outras reflexões que, com certeza, contribuirão para uma participação ativa e frutuosa, por meio da escuta da Palavra de Deus proclamada na liturgia. Isso solidificará cada vez mais a fé do ouvinte, que passa pela inclinação do ouvido do coração de forma interativa, silenciosa e obediente.

Conclusão

Após uma vasta reflexão e fundamentação sobre a escuta como princípio litúrgico- operativo, apresentou-se aqui um caminho de argumentação crescente que parte da fisiologia, passa pela dimensão metafórica, até chegar ao Shemá Israel e ao Fides ex auditu paulino, como base bíblica para a teologia litúrgica da escuta. Preparou-se, então, o terreno para o Capítulo 2, no qual se abordará a temática da “Escuta da Palavra de Deus proclamada na liturgia”. Acentua- se ali a solidez da palavra escutada na liturgia, pela participação plena, consciente e ativa de todo o povo reunido em assembleia para a celebração comunitária.138

137 Cf. SC, n. 6.

46

Referências bibliográficas do capítulo

AGOSTINHO, Santo. A Virgem Maria: cem textos marianos com comentários. São Paulo: Paulus, 1996.

ALDAZÁBAL, José. Vocabulário básico de liturgia. São Paulo: Paulinas, 2013.

ALONSO SCHÖKEL, Luis. Dicionário Bíblico Hebraico-Português. São Paulo: Paulus, 1997. AMBRÓSIO, Santo. Examerão: os seis dias da criação. São Paulo: Paulus, 2009.

_______. Explicação do símbolo sobre os sacramentos, sobre os mistérios e sobre a

penitência. São Paulo: Paulus, 1996.

ARAUJO, Gilvan Leite de. História da festa judaica das Tendas. São Paulo: Paulinas, 2011. AUGÉ, Matias. Liturgia: história, celebração, teologia, espiritualidade. São Paulo: Ave-Maria,

1998.

BALZ, Horst; SCHNEIDER, Gerhard. Dizionario Esegetico del Nuovo Testamento. Brescia: Paideia, 1995.

BENTO, São. A Regra de São Bento. Rio de Janeiro: Lumen Christi, 2003.

BENTO XVI, Papa. Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Domini. São Paulo: Paulinas, 2010.

BROWN, Raymond E.; FITZMYER, Joseph A.; MURPHY, Roland E. Novo comentário

bíblico – São Jerônimo: Novo Testamento e artigos sistemáticos. Santo André:

Academia Cristã; São Paulo: Paulus, 2011.

BUYST, Ione. A Palavra de Deus na liturgia. São Paulo: Paulinas, 2012. v. 1. CANTALAMESSA, Raniero. Obediência. São Paulo: Loyola, 2002.

_______. O mistério da Palavra de Deus. São Paulo: Canção Nova, 2014. CELAM. Documento de Aparecida. São Paulo: CNBB/Paulinas/Paulus, 2007.

CERQUEIRA, Teresa Cristina Siqueira (org.). (Con)Textos em escuta sensível. Brasília: Thesaurus, 2011.

CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II. Constituição Dogmática Dei Verbum. São Paulo: Paulinas, 2015.

_____. Constituição Sacrosanctum Concilium: sobre a sagrada liturgia. São Paulo: Paulinas, 2015.

CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINAS DOS SACRAMENTOS.

Ritual do batismo de crianças: São Paulo: Paulus, 2015.

47 DANGELO, José Geraldo; FATTINI, Carlo Américo. Anatomia humana básica. Rio de

Janeiro: Atheneu, 2015.

FARIA, Jacir de Freitas. A releitura do Shemá Israel nos Evangelhos e Atos dos Apóstolos.

Revista de Interpretação Bíblica Latino-Americana – RIBLA, Petrópolis: Vozes, n.

40, p. 54-55, 2001.

FERNANDES, Leonardo Agostini; GRENZER, Matthias. Êxodo 15,22–18,27. São Paulo: Paulinas, 2011.

FORTE, Bruno. À escuta do outro: filosofia e revelação. São Paulo: Paulinas, 2003.

FRANCISCO, Papa. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. São Paulo: Paulinas, 2013. _______. Carta Encíclica Laudato Si’. São Paulo: Paulinas, 2015.

GRENZER, Matthias. O projeto do Êxodo. São Paulo: Paulinas, 2007.

_______. Primeiro e segundo mandamentos (Mc 12,29-31). São Paulo: Paulinas, 2008. JOÃO CRISÓSTOMO, São. Comentário às Cartas de São Paulo. São Paulo: Paulus, 2010. ______. Comentários sobre a Carta aos Gálatas: homilias sobre a Carta aos Efésios. São Paulo:

Paulus, 2010.

JUNIOR, Norval Baitello. A era da iconofagia: reflexões sobre imagem, comunicação, mídia e cultura. São Paulo: Paulus, 2014.

KANT, Immanuel. O conflito das faculdades. Lisboa: Edições 70, 1993.

LISTENING TO THE WORD [À escuta da Palavra]. Revista Perspectiva Teológica, Belo Horizonte: Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, Departamento de Teologia, v. 47, n. 133, set./dez. 2015.

LOPES, Geraldo. Constituição Dei Verbum: texto e comentário. São Paulo: Paulinas, 2012. LOPEZ, Félix G. O Deuteronômio: uma lei pregada. São Paulo: Paulinas, 1992. Cadernos

Bíblicos.

MÁRQUEZ-FERNÁNDEZ, Álvaro B. Pensar com os sentimentos: razão, escuta, diálogo, corpo e liberdade. Nova Petrópolis: Nova Harmonia/Única, 2014.

MAZZAROLO, Isidoro. A Eucaristia: memorial da Nova Aliança. São Paulo: Paulus, 2006. _______. Carta de Paulo aos Romanos: educar para a maturidade e o amor. Rio de Janeiro:

Mazzarolo Editor, 2006.

_______. Lucas: a antropologia da salvação. Rio de Janeiro: Mazzarolo Editor, 2013.

_______. O Apocalipse de São João: esoterismo, profecia ou resistência? Rio de Janeiro: Mazzarolo Editor, 2015.

48 NAZINI, Gino. A arte da escuta no serviço pastoral: escutar significa amar. Uberlândia, MG:

A Partilha, 2015.

OBICI, Giuliano. Condição da escuta: mídias e territórios sonoros. São Paulo: 7 Letras, 2008. PAULA, Blanches de (org.). Escuta libertadora: temas emergentes para o Aconselhamento

Pastoral. Belo Horizonte: Filhos da Graça, 2013.

PONTY, Maurice Merleau. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Wmf Martins Fontes, 2015.

REZENDE, Antônio Martinez de; BIANCHET, Sandra Braga. Dicionário do latim essencial. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016.

RUSCONI, Carlo. Vocabulario del Greco del Nuovo Testamento. Bologna: EDB, 1997. RUSSO, Iêda C. Pacheco; DOS SANTOS, Teresa M. Momensohn. A prática da audiologia

clínica. São Paulo: Cortez, 1993.

SARTORE, Domenico; TRIACCA M. Achille (org.). Dicionário de Liturgia. São Paulo: Paulus, 2009.

SIMÕES, Edda A. Quirino; TIEDEMANN, Klaus B. Psicologia da percepção. São Paulo: EPU, 1985.

SKA, Jean-Louis. O canteiro do Pentateuco: problemas de composição e de interpretação – Aspectos literários e teológicos. São Paulo: Paulinas, 2016.

SPADARO, Antonio. Web 2.0: redes sociais. São Paulo: Paulinas, 2014.

STORNIOLO, Ivo. Como ler o livro do Deuteronômio: escolher a vida ou a morte. São Paulo: Paulus, 2007.

VAZ, Henrique C. de Lima. Experiência mística e filosofia na tradição ocidental. São Paulo: Loyola, 2015.

Referências eletrônicas

CARTA DA CONGREGAÇÃO para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Disponível em:

<http://www.cnbb.org.br/ns/modules/mastop_publish/?tac=Orienta%E7%F5es_sobre_o _uso_do__%93Nome_de_Deus%94>. Acesso em: 18/11/2016.

HEAR IT [O ouvido interno]. Disponível em: <http:www.hear-it.org/pt/o-ouvido-interno>. Acesso em: 19 maio 2016.

MELDAU, Débora Carvalho. Ouvido. Disponível em:

C

APÍTULO

2

A

ESCUTA DA

P

ALAVRA DE

D

EUS PROCLAMADA NA LITURGIA

Introdução

Neste capítulo serão abordados elementos fundamentais da escuta da Palavra de Deus na liturgia, a partir da fundamentação da teologia litúrgica na proclamação da Palavra, que confrontará os desafios dos tempos líquidos, geradores de desconexão e ruídos na ritualidade do Mistério Pascal de Cristo, celebrado no Rito da Palavra, com a solidez do mesmo.

Antes de mais nada, vale salientar o que o Concílio Vaticano II afirma na Constituição Dogmática Dei Verbum sobre a Palavra de Deus: “Aprouve a Deus, na sua bondade, revelar-se a si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade” (Ef 19), “mediante o qual os homens, por meio de Jesus Cristo, Verbo encarnado, têm acesso no Espírito Santo ao Pai e se tornam participantes da Natureza divina” (Ef 2,18; 2Pd 1,4).1 Esta afirmação do Concílio ajuda a compreender a questão: o que é Palavra de Deus? A Palavra de Deus é a mensagem revelada, ouvida, decodificada e colocada em prática pelo seu povo, como se pode conferir em Dt 30,9- 10; Mc 3,31-35; Ap 1,3; esses e outros textos mostram que a Palavra de Deus só é Palavra de Deus quando colocada em prática pelos que a escutam.

O que revela uma aceitação e um compromisso com a Palavra do Senhor, assim como a resposta de Maria ao Anjo: “Faça-se em mim conforme acabaste de falar” (Lc 1,38). Em