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Diagrama 2: Representação da hierarquia de conceitos relacionados com a denominação

4.5. Siglas / Acrónimos e Denominações

A sigla está cada vez mais presente no quotidiano das pessoas, principalmente na linguagem científica e técnica. Logo, assume relevância particular no contexto do presente relatório. É também importante salientar que as siglas não devem ser confundidas com abreviaturas, uma vez que estas são formas reduzidas que apenas se utilizam na escrita12, sendo geralmente construídas a partir das iniciais de diversas

palavras.

Segundo o Dicionário Prático para o Estudo do Português (2003), a sigla resulta de um processo de formação de uma palavra a partir das letras iniciais de uma unidade semântica complexa ou das primeiras sílabas das palavras de uma expressão que pode representar o estatuto de nome próprio ou o nome de uma organização, instituição, entidade, tratado, entre outros. Por outras palavras, a sigla é um processo irregular de formação de palavras que decorre da junção de iniciais de um grupo de palavras. A sigla forma, portanto, “uma sequência cuja pronúncia é alfabética, silábica ou ambas” (Dicionário Prático para o Estudo do Português, 2003). Isto é, a pronúncia alfabética é formada por meio das iniciais das respetivas palavras, permitindo a leitura de cada letra, sem a formação de palavras [por exemplo, UE (União Europeia)], por meio da manipulação do significante, de modo a permitir uma leitura silábica, permitindo a

60 formação de uma palavra [por exemplo, ONU (Organização das Nações Unidas)], ou conjugando a pronúncia alfabética e silábica permitindo a leitura da palavra, mas que é considerada como uma quase-palavra [por exemplo, APIFARMA (Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica)].

A sigla deve ser grafada em maiúsculas (quando todas as letras correspondem às iniciais das palavras que a compõe), sem pontos intermédios ou espaços, e sem diferença de género ou formação de plural (por exemplo, as ONG)13.

“Todas as siglas devem ser escritas em letra maiúscula, seguidas da descrição por extenso dentro de parênteses”14, ou seja, numa primeira fase, as siglas devem ser descodificadas para que o público-alvo as entenda, com exceção daquelas que são previamente conhecidas pelo leitor (tais como, EUA, URSS, entre outras). No caso de descodificação necessária das siglas, esta deve tentar obedecer a uma espécie de norma, isto é, a sua explicação deve ser feita, por extenso, dentro de parênteses ou em notas de rodapé, não deve ser feita apenas uma vez ao longo de todo o texto, ou seja, deve ser feita até que finalmente é utilizada apenas a sigla, obrigando assim o leitor a memorizar a sigla para que consiga prosseguir com a leitura sem estar a ser constantemente interrompido15.

No caso específico de siglas de origem estrangeira, se houver tradução correspondente na língua de chegada, deve adotar-se a sigla e a sua designação, se não houver correspondente na língua de chegada, usa-se a forma original da sigla estrangeira (podendo ser feita uma descrição entre parênteses do seu significado traduzido, principalmente quando são mencionadas pela primeira vez no texto de chegada).

Deste modo, no ato de tradução podem surgir, por diversas vezes, siglas que suscitam alguns problemas de tradução. Tendo em conta que as traduções realizadas, para a análise do corpus, são dirigidas a uma área específica como o bullying, nomeadamente, por se tratar de uma área direcionada para formadores e profissionais, aparecem, com bastante frequência, siglas para as quais muitas vezes foi necessário encontrar soluções de tradução. 13 Fonte: http://static.publico.pt/nos/livro_estilo/21-siglas.html ; Fonte: http://www.jn.pt/cultura/dossiers/portugues-atual/interior/siglas-fmi-tsu-irs-irc-3055750.html 14 Fonte: www.lusa.pt/lusamaterial/PDFs/LivroEstilo.pdf 15 Fonte: http://static.publico.pt/nos/livro_estilo/21-siglas.html

61 Grande parte das siglas em inglês, cuja tradução levantou problemas, durante a tradução dos textos, não apresentava uma tradução que estivesse estabelecida na língua de chegada, no português europeu. Para tal foi necessário recorrer a algumas estratégias de tradução que permitissem a resolução das questões que foram surgindo durante a tradução de textos.

Como ponto de partida foi utilizada a afirmação de Newmark (1988) como inspiração:

“while translation methods relate to whole texts, translation procedures are used for sentences and the smaller units of language”

Este autor afirma que os métodos de tradução envolvem os textos na sua totalidade, enquanto os processos de tradução devem ser usados para frases e unidades menores da linguagem. Deste modo, o mesmo autor propõe alguns processos de tradução que podem ser realizados quando surgem problemas no momento da tradução. No entanto, será abordado apenas os que parecem ser mais pertinentes.

Em seguida serão referidos os processos de tradução, conforme Newmark (1988), que estão elencados abaixo:

 transferência (palavra de empréstimo, transcrição): é o processo pelo qual se transfere uma palavra da língua de partida para o texto da língua de chegada. Apesar de esta definição não ter sido unanimemente aceite, a palavra da língua de partida é tomada como “uma palavra de empréstimo” para o texto da língua de chegada. No entanto, o tradutor tem de decidir quando deve ou não transferir uma palavra que não é familiar na língua-alvo, em que o princípio deve ser uma palavra cultural da língua de partida, cujo referente deve ser próprio da cultura da língua de chegada. Habitualmente são transcritos para a língua de chegada os seguintes segmentos linguísticos, a saber, os nomes próprios; os nomes de jornais ou revistas; os títulos de trabalhos literários, jogos, filmes (que ainda não têm tradução na língua de chegada), bem como os nomes de empresas privadas e instituições públicas ou privadas (que não reconheçam traduções oficiais na língua de chegada), entre outros;  naturalização: este processo sucede o processo de transferência e baseia-se na adaptação da palavra ou expressão da língua de partida à fonologia e consequentemente à morfologia da língua de chegada;

62  equivalente cultural: processo pelo qual se faz uma aproximação da tradução, em que a palavra da língua de partida é traduzida para uma palavra da língua de chegada. Os equivalentes culturais próximos têm usos limitados na tradução, não são exatos, mas podem ser usados em textos, publicidade, entre outros, assim como em breves explicações que são dadas aos leitores da língua de chegada com menor grau de literacia. Contudo, a principal finalidade deste procedimento é apoiar ou suplementar a tradução.

Na maioria dos casos encontrados ao longo das traduções dos textos, foram usadas soluções de ‘transferência’ e ‘equivalência cultural’. Desta forma, optou-se quase sempre por manter as siglas no original com uma descrição adicional em notas de tradutor, no entanto, e sempre que possível, na língua de chegada, foram introduzidas as siglas que já têm tradução. Esta escolha revela-se como a melhor metodologia de tradução das siglas que ainda não possuem uma tradução institucionalizada na língua de chegada, o português europeu, uma vez que permite um melhor conhecimento do nome oficial das instituições referidas assim como as suas denominações.

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5. ANÁLISE DAS QUESTÕES DE TRADUÇÃO

O trabalho realizado durante o Estágio Curricular, no Clube Intercultural Europeu, no âmbito do Mestrado em Tradução, centrou-se, tal como referido anteriormente (Ponto 1), principalmente, em textos referentes à área da formação e da educação, com a temática sobre o bullying. Deste modo, foi efetuada, ao longo das 240 horas de estágio, a tradução de oito documentos que incidem, principalmente, sobre o tema do bullying, sempre com o objetivo de elucidar os profissionais e formadores, mas também com o objetivo de apoiar os professores, das práticas que podem ser aplicadas aos jovens, bem como as características das vítimas de bullying, assim como sugestões e conselhos para os pais e para os jovens que são vítimas de bullying.

Notas

1. Para melhor exemplificar os problemas de tradução, estes encontram-se a negrito em cada um dos exemplos que são apresentados em seguida. Deste modo, todas as palavras ou expressões que se encontram a negrito no “Texto de Partida” não se encontravam no original.

2. Para a tradução dos falsos amigos, nesta parte prática, foi feito o uso de um documento que a Faculdade de Letras da Universidade do Porto disponibiliza

online e que pode ser encontrado no seguinte link:

http://web.letras.up.pt/egalvao/5543219-False-Friends-English-and- Portuguese.pdf

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