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O SIMBOLISMO DO ESPELHO por

No documento Luz Que Vem Do Leste 4 (português) (páginas 165-173)

Quando falamos de reflexos, o espelho vem h. nossa mente, por ser o objeto que melhor pode refletir a imagem daquilo que est£ diante dele.

O espelho 6 usado como simbolo em muitas religioes. Na religiao xintoista, por exemplo, ele pode ser um objeto de adoragao; neste caso, fica em um compartimento de portas fechadas, fora da vista do sacerdote ou dos fI6is; pode ser usado, tamb£m, como um simples omamento. Nesta fungao ornamental, o espelho 6 colocado direta- mente em frente as portas da camara interior do sacrdrio.

De acordo com o ritual xintofsta, o espelho tem uma luz pura que reflete as coisas tais como sao. Simboliza a mente sem macula da divindade Kami e, ao mesmo tempo, repre- senta a fidelidade simb61ica e sagrada que os crentes guar- dam em relagao a Kami. N a mitologia, sem duvida, o es­ pelho 6 um objeto misterioso. Nas civilizagoes antigas, ele era muito mais um objeto cerimonial do que de uso di£rio. Segundo suas lendas religiosas, os japoneses tinham que colocar um espelho na porta de sua casa para que refletisse a imagem da Deusa do Sol “Hid” que, segundo a lenda,

declarou certa vez: “ Honra e venera o espelho como se fosse meu espfrito.”

Em uma de suas obras, um conhecido escritor japones assim se expressou: “ O espelho nada esconde. Brilha sem egoismo mental. Tudo que 6 bom e tudo que 6 mau, o justo e o injusto, 6 refletido sem enganos. O espelho d£ origem & honestidade porque tem a virtude de responder de acordo com a form a dos objetos. Representa a justiga e a im par- cialidade divinas.”

Tamb£m j2 foi dito que o espelho simboliza a imagina- gao ou a consciencia, por refletir a realidade essential do mundo visivel. Certos fil6sofos antigos relacionaram o es­ pelho com o pensamento, considerando-o um instrumento pr6prio para a contemplagao de si mesmos e do reflexo do universo.

Desde os tempos antigos, muitas superstigoes acompa- nharam os espelhos. As lendas e o folclore Ihes empresta- vam uma qualidade m£gica, considerando o espelho uma superftcie que reproduzia imagens e que, de certa form a, as absorvia. Os espelhos serviam para invocar aparigoes e muitos os viam como sfrnbolos da multiplicidade da alma. Alguns consideravam-no a porta que a alma podia atra- vessar e liberar-se, “ passando” para o outro lado. Esta id£ia foi reproduzida pelo escritor Lewis Carrol em sua conhecida obra “ Alice no Pais das Maravilhas” .

Tudo isto pode explicar o antigo costume de cobrir os espelhos ou virS-los para a parede em certas ocasioes, co­ mo, por exemplo, a m orte de algu£m na casa, ou fortes tempestades. Os temores e superstigoes relativos ao espe-

lho podem ter se originado destas tradigoes. Ainda hoje M pessoas que temem olhar-se ao espelho em determina- das ocasides, como, por exemplo, quando estao sozinhas ou no escuro; muitos de nossos Membros tem receio de fazer certos exercicios recomendados nas monografias, por me- do de ver reproduzida no espelho alguma imagem pat^tica ou terrfvel. £ possfvel que, para algumas dessas pessoas, isto represente simplesmente o medo de se conhecerem melhor, por terem uma imagem falsa de si mesmas, m ate- rializando seu tem or diante do espelho. A missao do estu- dante de misticismo, em minha opiniao, 6 nutrir-se de co- nhecimentos para poder veneer seus receios. Se voce tem medo de estar a s6s diante de um espelho, nao precisa sen- tir-se incomodado ou ridfculo; analise cuidadosamente o motivo desse temor. Providencie para que o local destinado para a sua meditagao pessoal, o seu Sanctum, s6 esteja im- pregnado de vibragoes harmoniosas e positivas; esse lugar se tom ar£ sagrado pois nele voce estar£ em contato com o “seu Deus” . Se no local existir algum objeto que atrapalhe a comunhao que deseja alcangar, deve ser retirado do local,

at6 que possa compreender por que razao este objeto in­

terfere no seu desejo de unir-se por alguns momentos com aquilo que, para voce, 6 a sublime fonte de Paz e Felicidade absolutas.

Quando falo de reflexos e espelhos, penso no que um dia vi em uma fonte; € possfvel que ao olhar meu reflexo na £gua, minha personalidade mundana tenha interferido, pois senti temor ao ver naquele rosto as marcas dos anos, do tempo perdido. Meus receios me levaram a procurar mais al£m do reflexo de um rosto triste e marcado por rugas que, como sulcos de uma terra semeada, esperam as pri- meiras chuvas da primavera para brotar. E verdade que a

ondulagao da 6gua deform ava minha imagem, pordm minha imaginagao me fez pensar que as rugas de meu rosto eram tamb6m o produto de muitas alegrias, e que, assim como a brisa produzia ondulagoes na superffcie da fonte, em ou­ tros rostos, o nada fazer de produtivo, a am argura pessoal e seus efeitos sobre os outros, provavelmente causariam rugas e linhas mais profundas do que as minhas.

Vou sorrir para algu£m neste dia, vou procurar algudm que seja feliz e, se nada encontrar, tenho meu espelho; diante dele farei uma careta e riremos ambos, gozando um momento de vida e de luz.

Para o Rosacruz, o espelho e o Sanctum se convertem em parte de seu equipamento de trabalho. Todos n6s sabe- mos que podemos estudar, m editar e concentrar-nos sem preparativos exagerados. Muitos grandes misticos nao ti- nham sequer um local particular que pudessem chamar de Sanctum, onde pudessem preparar-se para a meditagao. Mas, de modo geral, isto se devia &s circunst&ncias e nao £ inclinagao pessoal. Alguns desses mfsticos receberam ele- vada inspiragao quando isolados em um cdrcere ou confi- nados em um calabougo lugubre. O utros se refugiavam na natureza, por nao terem onde ir. Buda meditava em baixo de uma £rvore; Jesus ficou no deserto durante 40 dias. En- fim, poderfamos mencionar inumeros exemplos para de- m onstrar que a preparagao esmerada do local de estudos nao 6 um passo essential para alcangarmos o desenvolvi­ mento interior ou a experiencia mlstica. Para os que podem dispor de um local adequado, o Sanctum 6 recomenddvel, pois se tom a um ambiente harmonioso, ideal para o desen­ volvimento, e que leva o estudante a um nfvel superior de consciencia com o auxflio da atm osfera ali criada.

Quando entramos numa igreja ou catedral, sentimos a diferenga de ambiente produzida pelas vibragoes harmo- niosas dos fi£is que ali vao para en trar em comunhao com o Divino, e tamb€m pelo amor e devogao com que milhares de pessoas atravessaram seus portais e, ainda, pelas vibra­ goes dos pensamentos e prop6sitos construtivos e positivos que impregnaram as paredes desses templos.

Estas mesmas condigoes podem ser produzidas na mente, sem a necessidade de modificagoes ftsicas. O efeito que o ambiente do Sanctum nos causa depende de nossa sinceridade e do prop6sito que nos leva a prepar£-lo, al£m dos ideais que foram desenvolvidos no local.

Para ajudar o condicionamento do ambiente, utiliza- mos vdrios objetos e sunbolos, como incenso, velas, o es­ pelho, o avental ritualfstico, a cruz, os sfrnbolos da Ordem. O espelho tem um duplo prop6sito; serve para criar uma atmosfera mais mfstica e para a obtengao de certos resulta- dos, de acordo com o exercicio ou a iniciagao que seja fei- ta. N a iniciagao do Primeiro G rau de Ne6fito, o espelho adquire significado especial, simbolizando uma condigao superior. Em outras palavras, 6 o microcosmo. No universo s6 existe uma fonte de conhecimentos e energia, a qual se reflete em cada ponto da criagao. Como indivfduos somos parte de Deus, mas, potencialmente, s6 somos uma verda- deira parte do C6smico ou do esquema universal quando refletimos a gl6ria que 6 Deus. Somos criaturas em varia- dos degraus da escala da experi^ncia, aprendendo gradual- mente o significado mais elevado da vida. Atrav6s do pro­ cesso da experi£ncia somos capazes de refletir em toda a sua gl6ria a luz que emana do C riador do Universo. S6 re ­ fletimos uma mfnima parte enquanto nao chegamos ao

estado de perfeigao que nos permitir£ sermos absorvidos por essa luz.

Para n6s, portanto, o espelho no Sanctum simboliza a relagao completa do ser humano com a Essentia Divina, ou Deus. Vemos nosso Ser refletido, simbolizando a parte de n6s que pode refletir a Luz Maior.

UMA NOVA ERA

No documento Luz Que Vem Do Leste 4 (português) (páginas 165-173)