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Sistemática de implementação de um Balanced Scorecard

2.2 BALANCED SCORECARD

2.2.5 Sistemática de implementação de um Balanced Scorecard

No desenvolvimento de um Balanced Scorecard, alguns cuidados devem ser considerados. Deve ser elaborado de forma que haja consenso e clareza sobre como traduzir a missão e a estratégia da empresa em objetivos e medidas operacionais. Deve ser conduzido por uma pessoa capaz de estruturar e facilitar o processo, coletando informações básicas relevantes para a sua construção.

O sistema deve representar o pensamento das equipes executivas das unidades de negócios. Essas equipes devem estar engajadas para obter resultados positivos, com relação à implementação do processo. Outro cuidado é com relação ao engajamento e apoio da alta administração. Há necessidade do apoio e participação ativa dos altos executivos, sendo condição indispensável para se iniciar o projeto. A esse respeito, Kaplan e Norton (1997, p.307) comentam que “sem a liderança e o comprometimento da cúpula, o fracasso será inevitável”.

Quando o processo é iniciado, a equipe executiva deve identificar os principais propósitos do projeto, que estão relacionados a três fatores: orientar o estabelecimento de objetivos e medidas, traduzidos na visão e na estratégia do

scorecard; obter o consenso entre os participantes do projeto; estabelecer a

estrutura necessária para os processos de gestão, decorrentes da sua implementação.

A seleção de objetivos no início do projeto deve servir para motivar e comunicar a razão pela qual a empresa está construindo o scorecard, além de ajudar a sustentar o programa, caso o interesse e o comprometimento venham a diminuir.

Uma vez alcançado o consenso, com relação aos objetivos e ao papel futuro do Balanced Scorecard, a empresa deverá selecionar a pessoa que atuará como líder do projeto. Essa pessoa será o responsável pela sua organização, pela filosofia e metodologia e desenvolvimento do projeto, devendo receber total apoio da alta administração.

Embora as organizações possuam características próprias e objetivos diferentes para implantar o Balanced Scorecard, é possível delinear um plano padrão e sistemático para a sua implantação. Kaplan e Norton (1997) recomendam a implantação em quatro etapas: definição da arquitetura de indicadores; identificação

dos objetivos estratégicos; escolha e elaboração de indicadores; elaboração de um plano de implementação.

2.2.5.1 Definição da arquitetura de indicadores

De acordo com Kaplan e Norton (1997), essa etapa é composta por duas tarefas: seleção da unidade organizacional adequada para a implementação do BSC e identificação das relações entre a unidade de negócios e a corporação. A importância de identificar uma unidade está no fato de que, dependendo da complexidade da organização, torna-se difícil a sua implementação.

A construção do projeto piloto na empresa funciona melhor numa unidade estratégica de negócios, que tenha atividades de uma cadeia de valores completa: inovação, operações, marketing, vendas e serviços. O ideal é que essa unidade tenha seus próprios produtos e clientes, operações de marketing e canais de distribuição e instalações de produção. Deverá ser uma unidade em que seja fácil criar medidas de desempenho financeiro, associadas à alocação de custos, transferências de preços e serviços entre unidades organizacionais. É importante também que essa unidade escolhida tenha uma estratégia para realizar a sua missão.

A segunda tarefa é identificar as relações entre a unidade de negócios e a corporação. Tem a finalidade de manter uma sintonia entre a estratégia da corporação e a das demais unidades de negócios.

O responsável pela implementação deve analisar o relacionamento da unidade com as outras unidades da empresa, além da estrutura de divisão e corporativa. Através de entrevistas com os principais executivos nos níveis corporativos e da divisão, deve levantar: a) os objetivos financeiros estabelecidos para a unidade; b) os principais temas corporativos; e c) relações com as outras unidades.

A identificação das relações entre as unidades e a corporação torna visíveis as limitações e as oportunidades que provavelmente ficariam ocultas se a unidade fosse considerada independente.

2.2.5.2 O consenso em função dos objetivos

Essa etapa, conforme Kaplan e Norton (1997), é composta por três tarefas distintas: realização da primeira série de entrevistas; realização da sessão de síntese; e a realização do primeiro workshop executivo.

Para a realização da primeira série de entrevistas, o responsável deve preparar a documentação em que constam informações acerca da missão e da estratégia da empresa e da unidade. Deve-se obter também informações sobre o setor e ambiente competitivo da unidade, tendências de tamanho e crescimento do mercado, concorrentes, preferências de clientes e inovações tecnológicas.

De posse desse material, realiza entrevistas com os executivos. Obtém informações sobre os objetivos estratégicos e as idéias preliminares da empresa para as medidas do Balanced Scorecard, abrangendo as quatro perspectivas. A finalidade principal dessas entrevistas é comunicar aos executivos o conceito e princípios do Balanced Scorecard, esclarecendo eventuais dúvidas acerca do programa.

Os objetivos implícitos são conhecer melhor as preocupações dos executivos em relação à implementação do scorecard, identificar conflitos entre os participantes, que possam influenciar no processo, e conduzi-los a pensar em como devem traduzir a estratégia e objetivos, em medidas operacionais tangíveis.

A segunda tarefa, relativa à sessão de síntese, consiste em analisar os dados levantados, destacando questões importantes e preparar uma relação de objetivos e medidas, que servirão de base para a primeira reunião com a equipe da alta administração. Os objetivos e medidas estabelecidos devem contemplar as quatro perspectivas do BSC.

Identificados os objetivos estratégicos, realiza-se o primeiro workshop executivo, com a participação da alta administração e de representantes dos níveis gerenciais. Como resultado, obtém-se o consenso no grupo sobre os objetivos, indicadores e ações para cada perspectiva.

Até o final do workshop, a equipe executiva terá identificado de três a quatro objetivos estratégicos para cada perspectiva, a descrição detalhada para cada objetivo e a relação de indicadores potenciais para cada objetivo.

2.2.5.3 Escolha e elaboração de indicadores

Kaplan e Norton (1997) explicitam que a escolha e a elaboração de indicadores acontecem com a realização de duas tarefas: reuniões com subgrupos individuais e o segundo workshop executivo.

As reuniões com os subgrupos individuais terão quatro objetivos, conforme Kaplan e Norton (1997):

a) refinar a descrição dos objetivos estratégicos, seguindo as intenções expressas no primeiro workshop executivo;

b) identificar, para cada objetivo, os indicadores que melhor captam e comunicam a intenção do objetivo;

c) identificar as fontes de informações necessárias para cada indicador proposto;

d) identificar as relações críticas entre os indicadores de cada perspectiva e entre as outras perspectivas.

Deve existir uma orientação para que os indicadores escolhidos retratem o significado da estratégia. Algumas medidas essenciais de resultado aparecem repetidas vezes nos scorecards, conforme Kaplan e Norton (1997, p.320):

a) indicadores financeiros essenciais: retorno sobre o investimento; lucratividade; aumento ou mix da receita; produtividade da redução de custos.

b) medidas essenciais dos clientes: participação de mercado; aquisição de clientes; retenção de clientes; lucratividade dos clientes; satisfação dos clientes.

c) medidas essenciais de aprendizado e crescimento: satisfação dos funcionários; retenção dos funcionários; lucratividade por funcionário.

Embora os indicadores essenciais de resultado sejam necessários, o que poderá garantir o adequado desempenho desses indicadores são os vetores de desempenho. De acordo com Kaplan e Norton (1997, p.320), “eles são os indicadores capazes de fazer com que as coisas aconteçam, e que permitem a obtenção dos resultados esperados”. A correta identificação dos vetores de desempenho é que irá dar a sustentação adequada na arquitetura do BSC.

Ao final dessa tarefa, obtém-se o seguinte: a) uma lista de objetivos para cada perspectiva; b) descrição de indicadores para cada objetivo; c) ilustração de como

cada indicador será apresentado e quantificado; e d) modelo gráfico de como os indicadores se inter-relacionam nas perspectivas.

Com isso, realiza-se a próxima tarefa, que é o segundo workshop executivo, cujo objetivo consiste na apresentação do trabalho realizado pelos subgrupos. Os integrantes dos subgrupos devem fazer as apresentações, para ajudar a criar a sensação de posse dos objetivos e indicadores, promovendo, também, maior comprometimento com o processo.

Devem participar dessa reunião a alta administração e seus subordinados, além de um maior número de gerentes de nível médio. Nessa reunião, pode ocorrer também a formulação de objetivos de superação para cada um dos indicadores propostos.

2.2.5.4 Elaboração do plano de implementação

Essa etapa, segundo Kaplan e Norton (1997), contempla três tarefas: desenvolvimento do plano de implementação; terceiro workshop executivo; e finalização do plano de implementação.

O desenvolvimento do plano de implementação é realizado por uma nova equipe, formada, em geral, pelos líderes dos subgrupos anteriores. A equipe deve formular as metas de superação para cada objetivo e desenvolver um plano de ação para implementação do scorecard.

Uma vez realizada a primeira tarefa, inicia-se o terceiro workshop executivo. O objetivo principal é a aprovação do plano e para validação das metas de superação definidas pela equipe de implementação. São definidos, também, os planos de ação para comunicar o scorecard aos demais funcionários da empresa, para integrar o scorecard à filosofia gerencial e para desenvolver um sistema de informações que o sustente.

A última tarefa é a finalização do plano de implementação. Para criar valor à organização, o BSC deve ser integrado ao sistema gerencial. É recomendado que os executivos comecem a utilizar o Balanced Scorecard num prazo de 60 dias, devendo se determinar um cronograma de acordo com a disponibilidade dos executivos para entrevistas e reuniões.

Segundo Kaplan e Norton (1997), um projeto típico de introdução do Balanced

Scorecard pode durar 16 semanas, para empresas que já tenham em mãos

informações que subsidiem a formulação de estratégias, de objetivos e de outras decisões.

Dessa forma, ao final da implantação do Balanced scorecard, a equipe executiva e os gestores deverão ter atingido os propósitos do projeto: esclarecimento da estratégia entre os funcionários da unidade de negócios; consenso em relação à tradução da estratégia em objetivos e indicadores específicos para as quatro perspectivas; esclarecimento sobre estrutura necessária para a sustentação do balanced scorecard como processo gerencial.