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3.4 Construção do Modelo

3.4.2 Sistema Integração (S2)

Para o segundo sistema foi considerada a mesma estrutura construída para o Sistema Intensivo (S1). A diferença entre eles refere-se à pecuária integrada, com alterações nos coeficientes técnicos e os outputs da biorrefinaria31, que agora são: etanol, bioeletricidade

excedente, levedura de cana-de-açúcar32 e bagaço. Com isso, os coeficientes técnicos da

biorrefinaria também foram alterados, principalmente devido à mudança no valor da produção, como observado na Tabela 20.

Tabela 20 - Valor da Produção para o Sistema Integração (S2)

Fonte: Elaboração Própria.

Para calcular a quantidade de levedura de cana-de-açúcar produzida, assim como a quantidade de bagaço direcionada para alimentação animal, foram consideradas as quantidades demandas pelo setor da pecuária integrada. Ou seja, as quantidades produzidas

31 Os insumos da Biorrefinaria do Sistema Integração (S2) são os mesmos praticados no Sistema Intensivo (S1), encontrados na Tabela 19.

32 A quantidade de levedura de cana-de-açúcar produzida é exatamente a quantidade adicional direcionada para pecuária, utilizada para compor a nutrição animal. Por isso, a biorrefinaria terá uma receita adicional de acordo com a quantidade necessária destinada para alimentação bovina.

Outputs Biorrefinaria

Produção

Unidade

Preço

Valor da

Produção

Etanol

230.000.000

litros

1,41

325.159.280

Bioeletricidade Excedente

500.347

MWh

166

83.057.645

Levedura de cana-de-açúcar

11.602

kg

2,1

24.365

Bagaço

2.900.555

kg

0,095

274.355

Total

408.515.645

pela biorrefinaria do segundo sistema vieram como resposta do modelo, para que não tivesse aumento da demanda final. Por isso, foram feitos ajustes para que não houvesse sobra de tais produtos na economia, já que eles estão sendo consumidos somente pela atividade de pecuária integrada.

Como pode ser observada, ao comparar as Tabelas 18 e 21, nota-se que as quantidades dos insumos para os sistemas de pecuária, intensivo e integrado, são similares. A grande diferença está no período de confinamento, quando ao invés de silagem de milho, o volumoso é substituído por bagaço in natura. Além disso, também são alteradas as quantidades utilizadas de milho em grão e ureia.

O preço do bagaço foi calculado a partir do custo de oportunidade de renunciar à produção de bioeletricidade para direcionar o bagaço para alimentação animal. Por isso, não há queda no valor da produção da biorrefinaria. Neste caso, o preço considerado foi de aproximadamente R$ 95 por tonelada. A diferença do valor da produção entre os sistemas refere-se à produção adicional de levedura de cana-de-açúcar destinada para alimentação animal.

Tabela 21 - Insumos para o Sistema Integrado – Sistema Integração (S2)

Fonte: Elaboração Própria.

Insumos/Produtos Quantidade (kg) Preço Cons

(R$)

Preço básico (R$)

Preço básico doméstico TOTAL de fertilizantes e corretivos 6.462.094 0,940 0,878 5.674.550

Biodiesel (B7) 52.159 2,214 2,029 105.849 Suplemento mineral, kg 409.392 1,400 1,012 414.272 Suplementação a pasto, kg Milho 778.409 0,496 0,404 314.477 Farelo de soja 164.743 0,540 0,390 64.301 Amireia 100S 30.889 0,869 0,505 15.584

Sal Foscromo 60g P Tortuga 55.601 1,400 1,012 56.264

Ração animal, volumoso, kg

Bagaço de cana, in natura 1.218.000 0,095 115.207

Ração animal, concentrado, kg

Milho 4.323.900 0,496 0,404 1.746.856

Farelo de soja 304.500 0,540 0,390 118.850

Levedura de cana 4.872 2,323 2,100 10.231

Ureia 91.350 0,869 0,505 46.086

Sal Mineral 152.250 1,400 1,012 154.065

Insumos Veterinários (R$/cabeça) 11,900 448.035

Mecanização (R$/cabeça) 8,000 301.200

Mão de obra + encargos (R$/cabeça) 12,200 459.330

Após reunir todos os dados e informações necessárias para os dois sistemas de pecuária e biorrefinaria, o choque foi feito a partir da inclusão de dois novos setores na economia paulista (com diferentes coeficientes técnicos). Esses novos setores (destacados em laranja) substituíram os setores originais de bovinos para corte e etanol (destacados em cinza, do lado esquerdo), sem afetar a demanda final, como pode ser observado, de forma simplificada, a partir da figura 9 abaixo.

Figura 9 - Diagrama com exemplificação do choque Fonte: Elaboração Própria.

Como evidenciado, o valor do choque não alterou a demanda final de carne e etanol na economia paulista. A mudança está relacionada à intensificação das duas atividades. Para produzir a mesma quantidade de carne e etanol no estado de São Paulo, seria necessário menor número de fazendas e usinas para atender a mesma demanda final de 2011, devido à intensificação das atividades.

Os resultados desta análise foram descritos a partir de duas comparações. Para atingir o primeiro objetivo proposto neste estudo, a partir do Sistema Intensivo (S1), foram feitas comparações com a economia brasileira de 2011 antes da introdução dos novos setores. Para cumprir com o segundo objetivo, foram feitas comparações entre os sistemas S1 e S2. Para os dois sistemas foram avaliadas as mesmas variáveis, dando destaque para aquelas de maior relevância. No próximo capítulo, encontram-se os resultados e discussões deste estudo.

Região

SP Outros da agricultura 1

SP Milho em grão 2

SP Cana-de-açúcar 3

SP Soja em grão 4

SP Bovino para corte 5

SP Etanol 31 Setor Região SP Biorrefinaria 1 SP Pecuária Intensiva 2 SP Outros da agricultura 3 SP Milho em grão 4 SP Cana-de-açúcar 5 SP Soja em grão 6 Setor

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

No presente capítulo são apresentados e discutidos os resultados das estimativas dos impactos socioeconômicos da introdução na economia brasileira, para os sistemas intensivo e integrado da pecuária, ambos somado a uma nova biorrefinaria. Em termos das variáveis socioeconômicas, são quantificados os impactos sobre (i) o nível da produção setorial, (ii) PIB setorial, (iii) empregos e (iv) Remuneração do trabalho e capital. Para melhor exposição dos resultados, as discussões dos cenários serão apresentadas de forma separada.

4.1 Resultados para o Sistema Intensivo (S1)

Como resultado, na fase do procedimento de construção do primeiro cenário (S1), após incluir todos os insumos utilizados pela atividade de pecuária intensiva, os impostos indiretos líquidos (IIL), os produtos importados, a margem de comércio e de transporte, nota- se que este sistema não é economicamente rentável, pelo menos em um primeiro momento.

Para que a atividade gere retorno ao pecuarista, este sistema deveria ser subsidiado pelo governo, gerando, desta forma, um custo para a sociedade de aproximadamente R$ 4,7 milhões por fazenda. Além disso, para que este modelo de negócio gere lucro para o pecuarista, outra forma de tornar a fazenda rentável seria através do aumento de preços.

De acordo com o CEPEA, em 2011, a média ponderada de preço do boi gordo no estado de São Paulo girou em torno de aproximadamente R$ 101,75 por arroba. Para gerar lucro a partir deste modelo de negócios de pecuária intensiva, o boi gordo deveria ser vendido por R$ 141 por arroba, 38,5% acima do preço praticado em 2011.

De acordo com SPAROVEK et al. (2008), ao considerar a intensificação da pecuária, partindo de um sistema extensivo para outro intensivo com a integração cana-pecuária, ao utilizar menor quantidade de terra para produção bovina, o pecuarista permite que dois terços da área sejam exploradas para produção de cana-de-açúcar. Com isso, os proprietários da terra obtêm uma renda adicional com o arrendamento da área liberada.

Neste estudo, os sistemas analisados já se encontravam intensificados, com menor uso de área para a mesma produção final de carne. Por isso, não foi considerado aumento de renda para o pecuarista, em relação à possibilidade de arrendamento da terra liberada. Dessa forma,