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Grupo V Grupo VI

Onde mais se deve confiar Na minha esposa. (7) No meu marido também. (9)

No clube que eu curto fazer a minha ginástica, nadar. (5) Nos meus 6 filhos. (4) No padre da minha paróquia. (8) Na terceira idade. (5)

Familiares. (2) Nós que corremos atrás. (1) Eu confio em mim. (3) Na igreja. (5) Eu já não acho, na igreja. (2)Câmara dos vereadores, deputados, senadores, ainda tem uns. (1).

Onde mais se deve desconfiar Nas autoridades, principalmente em advogado. (4) Na polícia, ela é traiçoeira, violenta os pobres. (6) Advogado. (3)

A polícia chega lá e desce o cacete. (2) Na igreja. (1) No político. (2) Ninguém confia mais nos seus representantes. (2) Os próprios colegas de trabalho, dentro de uma empresa. (5)

TABELA 4.21

Eixo I – Noção de pobreza – Usuários da assistência social

Grupo VII Grupo VIII

Caracterização Depende de gente pra ajudar. (5) Dois tipos: um que não tem nada, tem que ficar mendigando, e outro que é pobre mas tem as coisas dele: arroz com feijão. (3) Tem pobre que tem emprego e tem pobre acostumado a pedir, que não luta, não tem força de vontade. (4) Tem os que não conseguem emprego, lutam e não conseguem. As vezes trabalha e não dá conta de manter a casa. (5)

Não tem condições de nada. (6) Não tem condições de comprar: alimento, roupa pra vestir, casa pra morar. (6) Pobre de educação. (5) Tem o pobre de espírito. (5) Que não tem Deus no coração. (6) Pessoas muito necessitadas que moram embaixo dos viadutos. (5) Falta de alimento. (6) Pode ser também falta de higiene. (5) Falta educação, a criança hoje não passa fome. (5) O pobre não é ganancioso. O rico

Origem Muitas vezes o pobre não quer trabalhar. (3) Há desigualdade, má distribuição. (5) Só o estudo não adianta, tem que ter condições. (3) Má distribuição. (2) Falta de emprego. (1) Falta de trabalho. (4) Os que mais trabalham menos ganham. (5) Egoísmo. As pessoas pensam muito em si próprias. (6) Falta de humanidade. (3) Há condições desiguais de estudo. (3) O rico depende do pobre pra trabalhar pra ele. (1)

É dom. Deus encaminhou. Já vem de nascença. (6)

Como sair Arrumar mais trabalho. (4) Exigir menos estudo. (3) Menos discriminação do tipo físico para se conseguir emprego. Ter mais chance do pobre trabalhar. (5) O governo visar mais a universidade para o pobre. (4) Com trabalho. Devia ter mais oportunidade do pobre trabalhar. (3) Tem que orar bastante, porque ta difícil. (3)

Tem que ter mais emprego pras pessoas trabalhar, porque os jovens ficam aí, as pessoas ficam preguiiçosas. (4) Com apobreza não tem jeito de acabar não. (6) Tendo honestidade. (5) Ter mais união, ajudr o outro pra que ele tenha o mesmo que eu tenho. (4) Ter amizade um com o outro. (3). Tratar as pessoas bem. (6) Toda vez que alguém vai na minha porta eu ajudo. (3) Tem jeito, mas a desonestidade do governo não deixa. (5)

TABELA 4.22

Eixo II – Percepção sobre a política de assistência social

Grupo VII Grupo VIII

O que é Eu não sei. (2) Eu não sei nada, se é... a prefeitura. (4) Trabalha na área da saúde. A reunião delas é tudo lá na Secretaria de Saúde. (6) Ajuda os pobres com medicamento, cesta básica, xerox de documentos, remédio, auxílio material de construção. (8) Explica pra gente o que que é!(2) O assistente social faz visita nas casas. (9)

É pra ver o que ta acontecendo com as pessoas. (4) Olhar se tem as necessidades. (6) Pra ajudar também. (6) Tem que dar ajuda pra pessoa que tem necessidade, tá encostada. (6) Eu não sei responder não. (6) Eu não sei não. (5) Arruma carro pra levar as pessoas, dá autorização pra cirurgia, dá material de construção e cesta básica. (5) Lazer. (5) O bolsa escola. (3) Tem que ir nas casas pra ver a

necessidade da pessoa. (4)

O que há de melhor As pessoas não são humilhadas, mas tem que

conhecer alguém lá dentro. (6) Às vezes a pessoa ta precisando de alguém pra conversar. (5)

Como melhorar A assistente social não puxa pro lado do pobre não. Ela quer ganhar o salário dela. (4) Não, elas trabalham muito, eu acho que tem poucas assistentes sociais. Tem muito serviço. (6)

Dar alimentação. Cesta básica. (7) Um pouco de trabalho. (9) Precisa ter mais assistente social. (6) Tem que arrumar carro pra levar as pessoas pra ir tratar. (5) Falta sair um caderninho com informação pra gente. (2)

Você tem que dar pulos e fundos pra conseguir as coisas. (5) A gente é muito humilhado. (5) (7) Empurram a gente pra lá, empurram pra cá e costuma não dar o que a pessoa ta precisando. (7) Lá tem muito nego que fica a toa, tratando as pessoas com falta de educação. (5)

As crianças tem que estudar e trabalhar, e não pode, isso põe as pessoas preguiçosas. Tem que acabar com isso. Elas faz coisa errada e não pode bater. (6) Olhar mais pra educação. (5) Atender o povo melhor. Dar atendimento às pessoas. (6)

TABELA 4.23

Eixo III – Noção de participação – Usuários da assistência social

Grupo VII Grupo VIII

O que é

Onde é mais importante participar Na câmara, porque você encontra pessoa que

podem lhe ajudar. (5) Igreja, sem Deus a gente não consegue nada. (1)

TABELA 4.24

Eixo IV – Sobre a confiabilidade – Usuários da assistência social

Grupo VII Grupo VIII

Onde mais se deve confiar Só em Jesus. Ele dá inteligência, sabedoria. (3) Só em Deus. (3) Só confio na minha mãe. (5) Nos meus filhos, no meu esposo. (3) Só confio em Deus e em Nossa Senhora. (2) A igreja. (5) Igreja cristã do Brasil. (6) O padre daqui, ele puxa muito pros pobres. (3) Nos vizinhos. (7) No pessoal, na comunidade. (7) No nosso bairro tem gente boa. (6) Onde mais se deve desconfiar Prefeito, governo. (4) Governo, por causa dele as

coisas tão acontecendo. (3) Nos assessores do governo. (7) O governo tem que escolher melhor as pessoas que assessoram ele. (9)

Até na família, a gente vê filho que bate no pai e na mãe, mata o pai. (2) O governo não precisa contar. (5) No vereador. (5) Na prefeitura. Prefeito, eu não confio em nenhum. (5)

TABELA 4.25

Eixo I – Noção de pobreza – Usuários da assistência social

Grupo IX Grupo X

Caracterização Não tem casa própria. (5) Não tem nada em casa.

(2) Sem emprego. (1) Paga aluguel ou vive nas ruas. (5)

Tem muita gente miserável, pobres são poucos. Tem muita gente trabalhando. (1) Não tem moradia. Tem pobres, humildes e miseráveis. (11) Pobre de espírito é o rico porque ele não é humilde. (9) O miserável não te empresta as coisas, não te dá. Só vende. (9) Não existe gente pobre. Existe gente com preguiça de trabalhar.

Origem Do começo do mundo. (8) Pela falta de estudo. (7)

Falta de acesso ao estudo. (3)

Vem dos meus pais. (5) Da pregüiça. (2) Opção de vida. (9) Falta salário digno. (8) Porque gasta mais do que ganha. (2) Droga, violência, reclusão. (2)*

Como sair Trabalho. (2) Abaixo de Deus é o trabalho. (1) A

gente precisa de oportunidade... eu quero é trabalhar. (8)

Só Deus. (6) Mais emprego e salário melhor. (11) O governo tem que dar mais emprego. (8) Mais emprego. (2) Primeiro a pessoa tem que ter fé em Deus, e depois, trabalhar com a cabeça. (3) Ser humilde. Ajoelhar e pedir a Deus. (9)

TABELA 4.26

Eixo II – Percepção sobre a política de assistência social – Usuários da assistência social

Grupo IX Grupo X

O que é Eu não conheço. (8) Também não. (1) Também não. (2) É o lugar

onde ajuda as pessoas que precisam. (6) É aquela que dá cesta, né?(3) Ajuda com documento. (7) Documento. (5) É uma ajuda que o governo dá para as pessoas. (1) É uma caridade por amor, um favor. (8) Vai ver se a pessoa precisa daquilo mesmo. (8) A pessoa que precisa é a pessoa que passa necessidade dentro de casa, aí eles vão ver e ajudar ela. Olha se está mesmo precisando de alimento. (1)

Eu não sei se existe não. (5) LOAS(nunca ouvi falar). (5)(6) Conselho. (quando a pessoa precisa de cesta básica, ajuda). (11) Programa ou projeto de assistência social (pra nós que mora na favela não tem, não). (5) É ajudar a quem não tem. Visitar as pessoas nas casas pra ver se precisa de cesta básica. Segunda via de documento. (8) O que he de melhor Eu tenho recebido a bolsa que o governo ta dando. (7)

Como melhorar Não sei, é a primeira vez que participo. (1) Gerar emprego. (1) Não precisa melhorar. Pra nós ta muito bom. Se eles derem uns cursos bons pras pessoas conseguirem um serviço pra elas. (7) Colocar mais médico e enfermeira pra atender. (1) Ter mais médico que pudesse ir na casa da gente. (7)

Ajudar nas necessidades. (9) Tem que aconselhar, informar, porque os adolescentes não tem

informação. (11) Se cada vila tivesse um assistente social seria muito bom. (11) Deveria fazer casa de recuperação. (8) Colocar meu joelho no chão e rezar pra conseguir as vagas no curso pras minhas meninas. (3)

TABELA 4.27

Eixo III – Noção de participação – Usuários da assistência social

Grupo IX Grupo X

O que é Pra mim é isso aqui. (8) Participar ajuda as pessoas. (1) Quando a gente faz reunião, aí participa todo mundo. (11)

Onde é mais importante participar Aqui. Aqui, não tem bala. (8) Na Igreja, é bom pra pedir ajuda a Deus. (8) No posto de saúde pra saber cuidar da saúde da gente. (1)

Na igreja. (2)(6)(11). Porque lá ta o todo poderoso. (2) Porque lá a gente vai ouvir coisas boas. (1)

TABELA 4.28

Eixo IV – Sobre a confiabilidade – Usuários da assistência social

Grupo IX Grupo X

Onde mais se deve confiar Sé em Deus mesmo. (8). O governo só pode ajudar

com a ajuda de Deus. (7) Primeiro joelho no chão e Deus no trono. (8)

Em Deus e na minha mãe. (11) 0 Na minha mãe, no meu pai e no meu filho. Primeiro em Deus. (11) Eu só confio em Deus. Na família eu não confio. (1)

Onde mais se deve desconfiar Na família, no marido. (7) No ser humano. (5) No homem. (2) No homem

prefeito, vereador. (2) No Lula. Políticos. (2) Nos policiais. (3) Vizinhos. (5)

O processo de elaboração do corpus permitiu, então, a formulação de hipóteses em relação ao material qualitativo. Segundo Gobo (2005), as hipóteses são um tipo de raciocínio do senso comum que utilizamos cotidianamente. Desenvolve esse autor que as posições dos metodólogos quantitativos nos debates sobre a utilização das hipóteses são diversificadas dentre eles, como segue:

Glaser & Strauss (1967), Schatzman & Strauss (1973), Strauss e Corbin (1990) afirmam que as hipóteses são uma necessidade da pesquisa, mas devem ser formuladas e controladas somente depois da coleta de informações para que o pesquisador chegue ao campo sem posições preconcebidas. Substancialmente, na pesquisa qualitativa existe o mais absoluto pluralismo. As hipóteses substanciais podem ser feitas antes de iniciar a pesquisa, durante e/ou no término da coleta das informações. A generalidade ou especificidade das hipóteses dependem do grau de conhecimento que o pesquisador pensa que tem sobre o tema. (GOBO, 200, p. 107)

Nesta pesquisa, as hipóteses são construídas na perspectiva do que Gobo (2005) denominou de hipóteses-guia, destacando as impressões iniciais do pesquisador com base na análise dos vestígios comunicacionais sobre relações entre duas ou mais noções de pobreza, de política de assistência social, de participação e de confiabilidade, acenando para os principais itens explorados nas etapas seguintes.

Considerando que o objeto de análise constitui-se de construções simbólicas de sujeitos de diferentes valores e comportamentos que refletem variados graus de consciência política,28 a observação sobre os temas ou os vestígios comunicacionais mais recorrentes nos depoimentos dos sujeitos da pesquisa indicaram, então, as seguintes hipóteses-guia:

• HG1 – Nas falas de gestores e de usuários da política de assistência social, observam-se percepções de pobreza vinculadas à naturalização do social, em que cada sujeito é responsável pela sua própria condição de pobre. Observam-se, também, percepções de pobreza vinculadas às condições estruturais e conjunturais da sociedade ora por meio de uma análise mais geral e profunda das relações

28

Os variados graus de consciência política referenciam-se na teoria gramsciana do segundo momento da relação das forças. (Cf. GRAMSCI, 1980, p. 49-51)

econômicas e políticas, ora por meio de uma análise inspirada no imediato do cotidiano vivido. Há tendência à maior atribuição da responsabilidade ao próprio indivíduo do que à relação entre os movimentos orgânicos da estrutura econômica capitalista e os movimentos da conjuntura política brasileira.

• HG2 – Gestores e usuários têm percepções da política de assistência social vinculada tanto à sua relação com a tutela como com a cidadania, de forma contraditória e articulada à noção de pobreza. Observam-se percepções da assistência social como política pública de direito, na perspectiva democrática e participativa, e também percepções da assistência social como prática de filantropia, incluindo nesta as ações identificadas como orientação/fiscalização e como doação/favor. A percepção dominante da assistência social é da prática de filantropia e da orientação/fiscalização, na mesma perspectiva da noção de pobreza vinculada à naturalização do social e à sua relação com a tutela, apontando para a predominância de um grau de consciência política ou de cultura política caracterizada por valores e atitudes pouco identificadas com a noção de cidadania.

• HG3 – Sobre as noções de participação e de confiabilidade, as falas dos gestores e dos usuários, na maioria, apontam para a combinação entre uma cultura política de sujeição e uma cultura política de religiosidade. A noção de participação predominante é constituída de atitudes de submissão, como presença e escuta, em instituições políticas e em instituições prestadoras de serviços públicos. Os discursos demonstram pouca confiabilidade nas instituições e nas pessoas que representam o Poder Público, realçando as formas de corrupção. Com relação à confiabilidade nas pessoas que representam a instituição Igreja, a ênfase é observada nas falas dos usuários.

Com base nas três hipóteses-guia apresentadas foram elaboradas outras hipóteses, denominadas, nesta pesquisa, de secundárias, com o objetivo de referenciar a organização da última fase da análise de conteúdo, coincidente com a terceira fase da hermenêutica de profundidade. São as seguintes:

• HS1 – A educação e o trabalho são formas dominantes ideológicas de se ver digno, cidadão.

• HS2 – A percepção da assistência como tutela está vinculada à desinformação sobres os seus processos legais/institucionais e operacionais.

• HS3 – Há divergência de percepção de gestores e usuários pelo seu lugar nos espaços de participação.

• HS4 – Há divergência de percepção de gestores e de usuários pela referência dos lugares de maior confiabilidade.

• HS5 – Apesar de o Estado ser devedor de direito, há desconfiança sobre o político mesmo que a política seja de direito.

4.2 Segunda fase da análise de conteúdo: exploração do material

A segunda fase da análise, chamada exploração do material, de caráter organizativo e quantitativo, foi desenvolvida com base na elaboração de um conjunto de Tabelas denominado subcorpus 1, derivado do corpus elaborado na fase anterior. Foram construídas, ao todo, dez Tabelas, uma para cada questão do roteiro de entrevistas, estruturadas em cinco colunas: unidades de significação básica ou temas que mais se manifestaram nos discursos dos sujeitos da pesquisa; freqüência das ocorrências; quantidade das ocorrências durante as entrevistas com os gestores; quantidade das ocorrências durante os grupos focais com os usuários; e a quantidade total das ocorrências. O critério quantitativo adotado é de natureza simples, objetivando apenas realizar a contagem das repetições. O critério qualitativo foi predominante para a organização do que se nomeou unidades de significação básica ou tema, em que o trabalho mais significativo foi o agrupamento de palavras-chave ou frases derivadas dos vestígios comunicacionais organizados no corpus.

Subcorpus 1

Codificação TABELA 4.29