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SOCIEDADE NATALENSE

No documento Revista do IHGRN - 2015 (páginas 111-113)

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SOCIEDADE NATALENSE

(1602)

Tendo a economia do Rio Grande começado a florescer, embora ainda tímida, os primeiros homens começaram a enriquecer com as atividades locais. Entre estas, inclui-se a história de um homem degredado (exilado), que condenado a viver no Novo Mundo por algum crime acabou encontrando fortuna no Ri° Grande.

Frei Vicente do Salvador: ‘ Logo em seu p rin cíp io veio a li ter um hom em degradado

pelo bispo de L eiria, o q u a l ou zom bando, ou pelo entender assim , pôs na sentençc 'Vá degradado p o r três anos para o Brasil, donde tornará rico e honrado’, e assim fo i ■ — H istória do Brasil, 1 6 2 7

A história desse degredado continua com seu casamento com a única mulher branca da capitania além da esposa do capitão-mor João Rodrigues Colaço, fazendo com que tivesse relacionamento estreito, por intermédio da esposa, com o governante da capitania.

Frei Vicente do Salvador: O hom em se casou com um a m ulher, que tam bém veio do R eino a li ter, não p o r dote algum , que lhe dessem com ela, senão p o r não haver au outra, e de ta l m aneira souberam granjear a vida, que nos três anos adquiriram dor- ou três m il cruzados, com que fo ra m para sua terra em com panhia do capitão-m or do R io G rande, João Rodrigues Colaço, e de sua m ulher d. B ea triz de M enezes, comendo todos a um a mesa, passeando ele om bro com om bro com o capitão, assentando-se à m ulher no m esm o estrado que a fidalga, como eu as vi em Pernam buco, onde

forafã

tom ar navio p ara se em barcarem ”. - H istória do Brasil, 1 6 2 7

O degredado e o capitão-mor tornaram-se até compadres quando a esposa do primeiro fez o parto da esposa do capitão-mor.

Frei Vicente do Salvador: “E toda esta honra lhe fa zia m , porque, como naquek tem po não havia a in d a outra m ulher branca no R io G rande, acertou de p a rir ã m ulher do capitão, e a tom aram p o r com adre, e com o ta l a tratavam daquele m odo,e o m arido com o o com padre, cum prindo-se em tudo a sentença do bispo, que tornariã do B rasil rico e honrado". — H istória do Brasil, 1 6 2 7

O Frei Vicente relata também que esse homem não foi o único novo rico do Rio Grande. Pois mesmo outras atividades, que não eram tão lucrativas quanto negócio da cana-de-açúcar, conseguiam gerar bons rendimentos.

Frei Vicente do Salvador: “N em fo i este só que no R io G rande enriqueceu, mãS

outros m uitos, porque a in d a que o território ê o p io r do Brasil, como tem os dito, nele se dão m uitas criações, e outras granjearias, de que se tira m u ito proveito, e do m ar muitas e boas pescarias". - A Relação das Praças Fortes do Brasil, 1 6 0 9

E certamente a cidade Natal não era estática. Outras histórias do dia a dia tomavam forma. A vida tomava seu rumo natural. Casamentos aconteciam, como do bombardeiro Diogo de Almeida com Isabel, filha de Domingos Álvares. Mortes foram relatadas, como Pero da Costa, que deixou uma filha órfã. E viúvas casavam-se novamente, como fez a mulher de Brás Mesquita, que tomou novos laços com Pero Gonçalves.

Auto da Repartição das Terras da Capitania do Rio Grande:

“Á data vin te e cinco fo i dada a D om ingos A lvares para casam ento de sua filh a Isabel, deu-lha João Rodrigues Colaço em 2 3 de setem bro de 1601. São m il braças em quadra, p a rte com G aspar Rebelo e os padres da C om panhia pela p a rte do Jaguaribe com condição de povoar em três anos. D iogo de A lm eida, bom bardeiro, casou com esta moça de que tem um a filh a . E terra de nenhum proveito. (...)

A q u in ta data fo i dada a Pero da Costa, defunto, deu-lhe o capitão-m or João Rodrigues Colaço em 18 de outubro de 1600, são seicentas braças de longo do rio ím ndiahu (Ju n d ia í) acim a e m il de largo. Foi povoado pelo dito defunto que p o r sua morte deixou u m a órfã. C onsta da inform ação se terra de pouco proveito. (...)

A data trin ta e um fo i dada a Brás de M esquita p o r João Rodrigues Colaço em 14 de outubro de 1601. São seiscentas braças ao longo do rio P otengi da banda norte,

e mil para o sertão, sem pre teve povoada pelo dito Brás de M esquita, e estão hoje por sua m u lh er e filhos, e p o r Pero Gonçalves, seu segundo m arido. É terra boa para

m antim entos e cana onde se poderá fa ze r um trepiche se tiver lenhas". — D ocum ento de 2 1 de fevereiro de 1 6 1 4

Mesmo assim a cidade cresceu de forma lenta e tímida. Um relato da época, descrito por náufragos que chegaram ao Rio Grande em 1602, conta que nesta epoca havia apenas três casas na recém-fúndada cidade. Isso porque a maioria dos habitantes da capitania viviam em suas fazendas e propriedades rurais.

O mesmo relato não deixa de enaltecer Dona Beatriz Menezes, que na ausência do marido, o capitáo-mor João Rodrigues Colaço, recebeu e acudiu os náufragos.

Melchior Estácio do Amaral: N este R io G rande, que dista da Paraíba quarenta léguas, se viu esta peregrina gente (náufragos) em aperto, p o r fa lta de m antim entos,

que não havia, nem soldados que a li residiam naquele rio, os tin h a m para lhos darem antes padeciam de necessidade. A charam a nova C idade de Santiago, que ali se principia, e tem já três casas de pedra e cal, a D ona B ea triz de M enezes, m ulher do capitão dali, João Rodrigues Colaço, que naqueles dias era ausente". - H istória

Trágico-M arítim a com pilada p o r B ernardo Gom es de B rito, volum e V.

No documento Revista do IHGRN - 2015 (páginas 111-113)