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VENÂNCIO, Renato Pinto Famílias abandonadas: assistência à crianças de camc populares no Rio de Janeiro e em Salvador século XVIII e XIX Campinas: Papirus, 1999.

No documento Revista do IHGRN - 2015 (páginas 119-122)

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FIM DO GOVERNO COLAÇO

18 VENÂNCIO, Renato Pinto Famílias abandonadas: assistência à crianças de camc populares no Rio de Janeiro e em Salvador século XVIII e XIX Campinas: Papirus, 1999.

19 DEL PRIORE, Mary (Org.). Historia da criança no Brasil. São Paulo: Contexto, 1991­ 20 DEL PRIORE, Mary (Org.). História das crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 199“1 21 ANJOS, João Alfredo. A Roda dos enjeitados: enjeitados e órfãos em Pernambuco no seen1

XIX. Dissertação (Mestrado em História) - Recife, UFPE, 1997.

22 FRANCO, Renato Junior. Desassistidas Minas: a exposição de crianças em Vila Rica, see

XVIII. Dissertação (Mestrado em História) - Niterói, UFF, 2006.

Em uma perspectiva diferente da História Social, galgada na Demografia histórica para o tema em questão, temos alguns poucos trabalhos na linha da História Cultural baseados nas ideias foucaultianas. Um desses estudos é de Henrique Luiz Pereira Oliveira, dissertação defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em 1990, em que analisa o abandono de recém-nascidos na cidade de Desterro, hoje Florianópolis, no século XIX. O mesmo observou que a ação do Estado no ato de prestar assistência aos expostos seria uma forma de disciplinar os indivíduos e a sociedade.23

Ainda no víeis foucaultiano, a pesquisa “mais recente” que temos conhecimento é a tese de Alcileide Cabral do Nascimento, apresentada e defendida em 2005, na Universidade Federal de Pernambuco. A pesquisadora, em vários momentos de seu trabalho, faz uso de elementos da Demografia histórica, mas sua base teórica nitidamente está em Michel Foucault. Ela investiga a institucionalização do icoihimento dos expostos em Recife na transição do século XVIII para o século XIX, na mudança de uma ação caritativa cristã, para uma ação mais racional com um apoio do Estado, que buscava disciplinar a sociedade, tendo em vista que a população de expostos, uma vez livre do infanticídio, seria um risco para coletividade.24

Por último, queremos deixar claro que o grupo de historiadores que estuda a criança e especificamente o abandono e a inserção dessas crianças na sociedade, ainda é muito reduzido. Por fim, a produção historiográfica nesse tema é complementada pelos outros artigos que são publicados nas revistas acadêmicas ou em anais de congressos científicos.

No Rio Grande do Norte, no ano de 2002, foi apresentado ao Departamento de História e Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Campus de Caicó, um monografia com o seguinte título - V ivências índias, mundo m estiço: relações interétnicas na Freguesia da Gloriosa Senhora Santa A n a do Seridó entre o fin a l do século X V III e inicio do século X IX . O seu autor, Helder Alexandre Medeiros de Macedo, foi o primeiro historiador a fazer menção à existência de crianças recém-nascidas abandonadas na Capitania do Rio Grande Horte, frisando que esse não era seu objeto de estudo.

Foi somente em 2005 que apresentamos ao Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Campus de Natal, um trabalho monográfico, intitulada, Filhos da escuridão, que tinha como objetivo investigar o processo de abandono e recolhimento de recém-nascidos na Freguesia de Nossa 'rnhora da Apresentação/Paróquia da Cidade do Natal, na segunda metade do século XVIII. Nele, arrolamos um índice relativamente baixo de expostos e uma ilta percentagem de filhos bastados.

A escassez dos estudos históricos sobre os expostos no Brasil, fez Carlos de Almeida Prado Bacellar, refletir sobre o abandono de crianças recém-nascidas como objeto de estudo da história: N o Brasil, os poucos trabalhos que se interessaram

23 OLIVEIRA, Henrique Luiz Pereira. Os filhos da falha: assistência aos expostos e remodelação das condutas em desterro (1828-1887). São Paulo: PUC, 1990. (Dissertação de Mestrado em História)

24 NASCIMENTO, Alcileide Cabral do. A sorte dos enjeitados: o combate ao infanticídio e a

institucionalização da assistência às crianças abandonadas no recife (1789-1832).

p ela questão são a in d a insuficientes e pontuais, m as ao m enos p erm item que se esboct um panoram a provisório da prática do abandono.25

No entanto, uma pergunta pode ser elaborada: o que leva a que sejam insuficientes e pontuais as pesquisas voltadas para estudar o abandono de recém- nascidos , em outras temporalidades, apesar de, como Diane Valdez afirma, 1 história de crianças abandonadas não é recente. N o decorrer da história, o abandono é u m a constante, em diferentes sociedades.26

Mediante a indagação feita por nós, e ao contraponto apresentado por Valdez, o próprio Bacellar responde:

A exemplo dos estudos europeus, as análises se concentram na investigação do fenômeno sob dois vieses distintos. Um. mais recorrente, interessado na atuação das Santas Casas & Misericórdia no recolhimento dos pequenos inocentes; outro, preocupado com a intervenção das Câmaras Municipais no controle da recepção e envio dos enjeitados para os cuidados d# amas-de-leite. Ambos se dedicaram a entender o funcionamento de instituições que, dentre suas inúmeras atividades, dedicaram- se a remediar o sempre onipresente [...] abandono de crianças-27 Por outro lado, tais vertentes de pesquisa encerram duas limitações básicas: a primeira está relacionada aos recortes geográficos admitidos pelos projetos dí investigação. Pois os mesmos se restringiram a trabalhar localidades onde houve a atuação de Santas Casas de Misericórdia devidamente instaladas e as rar» Câmaras que, marcadas por sua pujança econômica, se preocuparam em cuidar u expostos. Dessa maneira, esses estudos resumiram-se ao espaço das poucas cidades que apresentavam as características mencionadas. A segunda limitação desse gênero de pesquisa se relaciona aos resultados obtidos, que são definitivamente limitados em sua perspectiva temporal, pois tanto as Santas Casas como as Câmaras- documentavam e cuidavam da vida dos enjeitados até sete anos de idade. Deixando na total escuridão as informações sobre sua inserção na sociedade.28

Por fim, é claro e evidente a necessidade de investigações em múltiplo5 espaços, múltiplas temporalidades e em arquivos civis e eclesiásticos, rnesm0

militares, para que se possa cada vez mais se construir um panorama da HistórU do abandono de crianças, e ao mesmo tempo da própria criança como indivíduo.

25 BACELLAR, Carlos de Almeida Prado. “Abandonados nas soleiras das porcas: a exposição "

crianças nos domicílios de Sorocaba, século XVIII e XIX”. In: FUKUI, L. (Org.). Segredos d*

família. São Paulo: Annablume, 2002. p. 15.

26 VALDEZ, Diane. História da infância em Goiás: séculos XVIII e XIX. Goiânia: Alternative

2003. p. 40.

27 BACELLAR, Carlos de Almeida Prado. Op. cit. p. 15 28 BACELLAR, Carlos de Almeida Prado. Op. Cit., p. 16.

A ARTE LITERÁRIA DE VALÉRID MESQUITA

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No documento Revista do IHGRN - 2015 (páginas 119-122)