• Nenhum resultado encontrado

CIENT

ÍFICA

Brito, L.¹; Pereira, J. G.¹; Menezes, F. M.¹; Nogueira, R. S. A.²; Rocha-Barreira, C.A.³

O imposex é definido pelo surgimento de caracteres sexuais masculinos, como pênis e vaso deferente em fêmeas de gastrópodes expostos a contaminação por Compostos Orgânicos de Estanho (COE’s), como o Tributilestanho (TBT) e o Trifenilestanho (TPT). Estes compostos começaram na década de 1950 a serem utilizados como biocidas no combate às algas, cracas, moluscos, fungos e ácaros e como agentes antiincrustantes para a indústria naval e são responsáveis por essa síndrome, tendo sido banidos pelas Autoridades Marítimas do Brasil em 2007 e internacionalmente pela IMO (Organização Marítima Internacional) em 2008. Como o imposex apresenta características possíveis de serem observadas e medidas, vem sendo usado como um bioindicador mais acessível para este tipo de poluição. Nesse contexto, o estudo busca avaliar os níveis espaciais e temporais atuais de imposex nas fêmeas do molusco gastrópode Stramonita brasiliensis e comparar com dados disponíveis de estudos de 2004/2005, 2010/2011 e 2013 da área influenciada pelo Porto do Mucuripe, divididos ao longo de 13 pontos na Região Metropolitana de Fortaleza. Em cada ponto foram coletados manualmente 30 indivíduos da espécie, que foram previamente anestesiados por imersão em doses de Cloreto de Magnésio (MgCl2), misturados com água do mar de onde foram coletados e transportados ao Laboratório de Zoobentos do Instituto de Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará (LABOMAR/UFC). De cada indivíduo foi medido o comprimento da concha, as quais foram removidas para análise das partes moles, como a verificação do sexo, medida dos pênis dos machos e observação e medição da glândula armazenadora de esperma (receptáculo seminal) e da glândula da cápsula que estão presentes nas fêmeas. A quantificação e qualificação do imposex foi feita através dos índices RPLI (Índice Relativo do Comprimento do Pênis, Relative Penis Length Index), que relaciona as médias dos pênis dos machos com o das fêmeas afetadas, o VDSI (Índice de Sequência do Vaso Deferente, Vas Deferens Sequence Index), que divide os estágios do imposex em seis, baseados na formação do pênis e vaso deferente de cada fêmea, além do FPL (Comprimento do Pênis Feminino, Female Penis Length), que relaciona o comprimento dos pênis das fêmeas com o tamanho das conchas das mesmas. Até o presente momento, foram realizadas coletas em 11 pontos e 319 organismos foram analisados. O tamanho médio das conchas de Stramonita brasiliensis em todos os estudos variou entre 30 e 40mm, exceto pelas praias do Meireles e do Poço da Draga, onde sempre foram coletados indivíduos com tamanho médio maior que 40mm. Comparando os resultados obtidos com os outros, encontrados em estudos anteriores, houve uma leve redução da taxa de imposex em 5 dos 11 pontos analisados neste estudo. Dois deles apresentaram um aumento: a Praia do Caça e Pesca e do Ideal. Pontos como a Praia do Pacheco e a Praia da Cofeco não apresentaram índice de contaminação em nenhum dos estudos. Todas as fêmeas da Praia do Meireles apresentaram algum nível de imposex. Os organismos desta praia foram coletados em uma área com intenso fluxo de pequenas embarcações pesqueiras, o que sugere que a permanência e o aumento da contaminação provêm do uso de tintas antiincrustantes em embarcações de pequeno porte que normalmente recebem pouca ou nenhuma fiscalização, além de dragagens realizadas na área.

PALAVRAS­CHAVE: CONTAMINANTES, IMPOSEX; STRAMONITA, SAÚDE ECOSSISTÊMICA ¹Graduação em andamento na UFC;

²Doutoranda no Programa de Pós-Graduação de Ciências Marinhas Tropicais da UFC ³Coordenadora do Laboratório de Zoobentos do Instituto de Ciências do Mar/LABOMAR

CIENT

ÍFICA

Soares, C. E. R.¹,²; Silva, L.M.¹; Moraes, A.V.¹; Silva, K.G.¹; Estima, S.C.¹

O Refúgio de Vida Silvestre (REVIS) do Molhe Leste, em São José do Norte (32°S 11’W / 52°04’W) é uma Unidade de Conservação (UC) que tem com o objetivo principal a proteção dos leões­marinhos. Esse local também é área de alimentação e pouso para aves costeiras e oceânicas, estando sob influência da Convergência Subtropical do Atlântico Sul Ocidental. Este trabalho teve o objetivo de analisar o levantamento das espécies de avifauna presentes nessa UC. O Programa de Conservação e Manejo de Mamíferos Marinhos do Litoral Sul ­ NEMA realizou 366 saídas de monitoramento da avifauna, no período de 2001 a 2017. As saídas foram realizadas com periodicidade mínima de uma vez por mês, sempre no turno da manhã (08:00 as 11:30). Foram calculadas as Frequências de Ocorrência (FO) de cada espécie observada no decorrer do período analisado, por estações do ano. Foram observadas um total de 30 espécies de aves, dividido em 17 famílias (TABELA 1). Durante a estação de inverno foi observado um maior número de espécies frequentando o REVIS (n=23), seguido de outono e primavera (n=20) e verão (n=16). Dentre as espécies registradas, 20 são residentes do Brasil, 04 são visitantes sazonais oriundos do sul do continente, 04 visitantes sazonais oriundos do hemisfério norte. Em relação ao status de conservação dessas espécies, segundo a Lista Vermelha da IUCN 2017, a pardela­preta (Procellaria aequinoctialis) apresenta o status de vulnerável, enquanto as outras espécies são classificadas como não preocupante. O número de espécies de aves registradas no REVIS do Molhe Leste mostra a importância dessa unidade para a conservação da avifauna na região. Se faz necessário e importante a realização de estudos complementares abordando maiores informações sobre a abundância de cada espécie que frequentam o REVIS.

¹Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental – NEMA ²Graduando em Tec. Em Gestão Ambiental –FURG.

CIENT

ÍFICA

Soares, C. E. R.¹,²; Silva, L.M.¹; Moraes, A.V.¹; Silva, K.G.¹; Estima, S.C.¹

TABELA 1. Lista de aves observadas no REVIS do Molhe Leste entre 2001 e 2017, com o Status (St.) de ocorrência (R–residente / VN–migrante do Norte / VS–migrante do sul) e a frequência de Observação (FO) por estações do ano (V–verão / O–outono / I–inverno / P­primavera).

PALAVRAS­CHAVE: MONITORAMENTO AMBIENTAL, AVES COSTEIRAS, UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

¹Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental – NEMA ²Graduando em Tec. Em Gestão Ambiental –FURG.

CIENT

ÍFICA

Gurgel, A. L. A. R.1, Costa, G.A. S.1, Nascimento, J.V. S.1, Soares, M.O.2

Os recifes tropicais são ecossistemas de elevada biodiversidade e produtividade. Estes ambientes possuem relevante importância ecológica e socioeconômica, em virtude de serviços ambientais, tais como proteção da costa, renovação dos recursos pesqueiros e importância no balanço biogeoquímico do planeta. Dentre os recifes tropicais encontrados no Brasil, destacam­se os recifes de arenito, que são formações rochosas de natureza sedimentar, os quais podem encontrar­se submersos ou na faixa entremarés. Apesar de possuírem função semelhante à dos recifes de corais, estes ecossistemas são pouco estudados quanto à estrutura das comunidades e sua biodiversidade. Tendo em vista esta escassez de conhecimento, o objetivo deste estudo é analisar o padrão de abundância e distribuição dos organismos bentônicos em um recife de arenito na faixa entremarés no Atlântico Equatorial (Paracuru/CE). As coletas ocorreram durante a maré baixa no platô recifal, por meio da utilização de 6 transectos de linha (PIT ­ Point Intersect Transect) nos meses de fevereiro e abril de 2018. Cada transecto teve 60m, com 3 subdivisões de 20m, onde a cada 10cm era anotado o grupo morfofuncional que ocorria embaixo da trena, totalizando 3.600 pontos de ocorrência de táxons, rocha nua ou sedimentos. Os dados foram plotados em planilhas e foi calculada a porcentagem de cobertura (abundância) para cada grupo. O padrão de distribuição e semelhança entre os 6 transectos foi analisado através de análises estatísticas multivariadas (Cluster e NMDS) com base no índice de similaridade de Bray­Curtis. Os resultados indicam que menos de 9% da cobertura recifal é composta por corais escleractíneos e zoantídeos (corais moles). Dentre as espécies registradas, temos os zoantídeos Palythoa variabilis (5,69%), Palythoa caribaeorum (1,89%) e Zoanthus sociatus (0,17%), bem como o escleractíneo Siderastrea cf. stellata (0,81%). A ocorrência significativa de zoantídeos deve­se a sua adaptação às elevadas condições de temperaturas, dessecação, intenso hidrodinamismo e sedimentação que ocorrem na área de estudo. A espécie S. cf. stellata é um dos corais mais resilientes a esses fatores adversos, porém apresentou baixa cobertura, o que pode ser atribuído à metodologia de amostragem não abranger as poças de maré; locais nos quais a espécie é mais abundante. Foi constatado que o recife sofre grande influência da sedimentação e do assoreamento, visto que apresentou 33,6% da cobertura com presença de material inconsolidado. Esse assoreamento deve­se ao transporte de sedimentos por correntes litorâneas de deriva, bem como à ação de ondas, como eventos Swell, comuns no primeiro semestre do ano. Cerca de 50,1% da porcentagem de cobertura no recife é composto por algas, sendo 37,7% de macroalgas e 12,4% de algas filamentosas. Por meio da utilização do cluster e NMDS foi testada a hipótese de uma possível zonação horizontal ao longo da faixa entremarés (0­20m; 20­40m e 40­60m). As análises indicaram a existência de 3 conjuntos distintos, sendo um deles representado principalmente por todos os grupos da primeira zona (0­20m) com valores acima de 60% de similaridade. Outro conjunto engloba parte das amostras da segunda zona (20­

1Graduação em andamento na Universidade Federal do Ceará

CIENT

ÍFICA

Gurgel, A. L. A. R.1, Costa, G.A. S.1, Nascimento, J.V. S.1, Soares, M.O.2

60m) dos meses de fevereiro e abril do transecto 1, é completamente distinta dos demais, com menos de 50% de similaridade entre eles, apresentando, contudo, cerca de 85% de semelhança entre si. Esses resultados indicam uma convergência nos grupos morfofuncionais entre 20­60m (segunda e terceira zonas), enquanto que a primeira zona (0­20m) diverge nesse sentido, mostrando que o componente da zonação horizontal é bastante importante na distribuição dos organismos. Isso ocorre por esta última ser a zona da faixa entremarés que mais enfrenta os efeitos da exposição solar, sendo composta, essencialmente, por sedimento e rocha nua. Analisando a distribuição dos grupos, foi possível notar evidências de competição espacial em decorrência da zonação. Embora presente em todas zonas, houve maior abundância de sedimento na primeira zona (0­20m), assim como de rocha nua. Macroalga esteve presente em grande abundância em todas zonas (0­60m), mas foi observada uma similaridade de quase 70% com sedimento, o que pode ser explicado pela grande ocupação de macroalgas de sucessão primária nestes ambientes assoreados, especialmente onde não há demanda competitiva por espaço com outros organismos. Houve maior presença de alga filamentosa na terceira zona (40­60m), com cerca de 65% de similaridade de ocorrência com o zoantídeo Palythoa variabilis, o que pode ser um fator indicativo de competição por espaço. Conclui­se que a variação temporal e a posição do transecto não representaram um fator significativo, levando­se em consideração uma maior semelhança de acordo com a zonação horizontal. Estes resultados podem servir como base para avaliar possíveis impactos locais (pesca, poluição, sedimentação) e globais (temperatura e elevação do nível do mar) em recifes de arenito.

PALAVRAS­CHAVE: CORAIS, ABUNDÂNCIA,BENTOS, SIMILARIDADE.

1Graduação em andamento na Universidade Federal do Ceará

CIENT

ÍFICA

Gaspar, T. L.¹; Segal, B.²; Picolotto, V.³

Você sabia que o Atol das Rocas é o único atol do Atlântico Sul Equatorial e um dos menores do mundo? Ele está localizado a 266 Km da cidade de Natal – RN, no topo de uma cadeia de montanhas submarinas. Uma particularidade do Atol é o fato de seu recife ser construído basicamente por algas especiais, chamadas de crostosas calcárias, além de moluscos gastrópodes e foraminíferos, e em menor proporção por corais. Os recifes fornecem alimento, abrigo e proteção para mais de 25% da vida marinha, além de servirem de berçário para várias espécies de peixes. Eles provêm alimentos para o homem e proporcionam crescimento econômico através da pesca e turismo.

Infelizmente os recifes são muito sensíveis a vários tipos de alterações, como a pesca excessiva, poluição, mudanças climáticas e de intensidade e frequência de fenômenos, como o El NIño. Estas condições alteram o equilíbrio de recifes, principalmente os costeiros, onde se concentram as fontes de distúrbios. Os recifes do Atol, comparados aos costeiros são suscetíveis aos mesmos impactos climáticos globais, mas pouco afetados localmente pela pesca e poluição, devido à restrita intervenção humana. Desta forma o Atol é hoje um dos poucos recifes que ainda preservam suas características “originais” ou prístinas. O isolamento de ilhas oceânicas, como o Atol, diminui o efeito cumulativo das ameaças e facilita o entendimento do ambiente natural, além de permitir entender a influência de mudanças ambientais globais num recife mais conservado.

Atualmente há “sintomas” de recifes doentes, afinal quem nunca ouviu falar em branqueamento de corais? O branqueamento é o nome dado ao evento em que os corais perdem suas zooxantelas (microalgas essenciais à sua sobrevivência e que vivem em suas células) em resposta aos distúrbios ambientais. Estes “sintomas”, podem ser chamados de indicadores de saúde dos corais, que são monitorados ao longo do tempo para avaliar o estado dos recifes e gerar informações úteis à gestão do ecossistema. Outros exemplos de indicadores de saúde recifal são: A área viva das colônias de coral; Áreas em que a colônia apresenta coloração diferente da normal; Áreas em que a colônia foi encoberta pelo crescimento de algas vizinhas e; A presença de organismos perfurantes, que fragilizam os corais, chamados bioerodidore.

Na busca por um diagnóstico da saúde dos corais do Atol das Rocas, este trabalho monitorou por 5 anos, 50 colônias da espécie Siderastrea stellata, a mais abundante do Atol. As colônias receberam marcação em 2013 (figura 1) e foram fotografadas com escala, ano após ano, até 2018 (figuras 2 e 3). As imagens anuais de cada colônia foram organizadas, selecionadas e depois analisadas em um programa (figura 3) que permitiu medir os indicadores de saúde dos corais listados acima.

A partir disto buscou­se descobrir se os indicadores de saúde recifal mudaram nas colônias de S. stellata do Atol das Rocas entre 2013 e 2018. Acredita­se que mudanças e eventos climáticos possam alterar o equilíbrio da população estudada.

¹Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina. ²Professora adjunta da Universidade Federal de Santa Catarina ³ Mestrando em ecologia na Universidade Federal de Santa Catarina

CIENT

ÍFICA

Gaspar, T. L.¹; Segal, B.²; Picolotto, V.³

A Reserva Biológica Marinha do Atol das Rocas foi a primeira unidade de conservação marinha brasileira, e consiste em todo o platô recifal e as áreas submersas adjacentes. O atol está numa região onde variações de maré que podem chegar a 3,8 m, expõem o platô e formam piscinas abertas ­ conexão constante com o oceano ­ e fechadas ­ conexão restrita à maré alta. As colônias monitoradas aqui estão distribuídas nas piscinas abertas ­ Podes Crer, Falsa Barreta e Salão ­ e nas fechadas ­ Âncoras e Cemitério (figura 4).

¹Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina. ²Professora adjunta da Universidade Federal de Santa Catarina. ³Mestrando em ecologia na Universidade Federal de Santa Catarina

Figura 1: Marcação das colônias em 2013. Foto: Anaide

Aued. Figura 2: Fotografiadas colônias. Foto: Vitor Picolotto.

Figura 3 :Análise das imagens no programa

Observou­se em ambos tipos de piscinas que mais de 50% das colônias diminuíram a área viva e aumentaram sua área sobrecrescida por algas. Nas piscinas abertas, a porcentagem de colônias que recuperaram suas áreas de alteração de cor e diminuíram o número de bioerodidores foi maior do que nas fechadas (figura 5). Tais informações confirmam a possível influência das condições hidrodinâmicas nos indicadores de saúde dos corais, e supõe uma condição de saúde melhor nas piscinas fechadas, cujas colônias aumentaram a área viva e diminuíram a alteração de cor.

CIENT

ÍFICA

Gaspar, T. L.¹; Segal, B.²; Picolotto, V.³

Um resultado importante foi a discrepante alteração de cor das colônias em 2016, o que pode ter sido influenciado pelo evento de El Niño que ocorreu no mesmo ano, confirmando a hipótese de que eventos climáticos podem alterar a saúde dos corais no local (figura 6).

¹Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina ²Professora adjunta da Universidade Federal de Santa Catarina ³Mestrando em ecologia na Universidade Federal de Santa Catarina

Conclui­se que os indicadores de saúde das colônias de S. stellata do Atol sofreram variações durante o estudo, as quais respondem de acordo com suas

condições hidrodinâmicas e com distúrbios que agem na região. Confirma­se também a necessidade de continuação do monitoramento dada a importância do ambiente, e a

Figura 5: Porcentagem de colônias que aumentaram e diminuíram seus indicadores de saúde entre 2013 e 2018

CIENT

ÍFICA

Misturini, D.1, 2; Colling, L. A.2

Estuários são ambientes, dinâmicos, de transição entre oceano e continente, que, apesar da pouca diversidade biológica, possuem grande importância socioambiental. O Estuário da Lagoa dos Patos tem desembocadura formada por barra permanente, com abundantes planos rasos marcados pela alta dinâmica sedimentar. Estes ambientes abrangem 170 km² do Estuário da Lagoa dos Patos favorecendo a formação de fundos vegetados, os quais resultam no aumento da complexidade estrutural do habitat, para a macrofauna bentônica. Os macroinvertebrados bentônicos são importantes indicadores ambientais, por responderem, através de sua abundância e diversidade, às pequenas variações da dinâmica sedimentar, influenciada por eventos naturais, como passagem de sistemas frontais que favoreçam a desestabilização e mobilização dos sedimentos, ou antrópicos. Todavia a presença de vegetação pode atuar como agente estabilizante, amortecendo os efeitos da passagem de Sistemas frontais e favorecendo o estabelecimento de macroinvertebrados. No Brasil poucos trabalhos foram realizados sobre o efeito de sistemas frontais no macrozoobentos de estuário e nenhum destes abordou o efeito da vegetação. No Estuário da Lagoa dos Patos, as relações entre Fundos vegetados, assembleias do macrobentos e perturbações de curto prazo ainda não são conhecidas. Além disso, há uma lacuna de conhecimentos referentes à importância de Fundos vegetados na manutenção de eventuais elevadas abundâncias e diversidade da macrofauna, que poderiam explicar os processos de recolonização e recrutamento em períodos pós­ diminuições significativas observadas em Planos lamosos, durante cenários oligohalinos a límnicos. Para tanto o presente estudo realizará amostragens dentro de Fundos vegetados e Planos lamosos, dois dias antes e dois dias após a passagem de quatro Sistemas frontais da Primavera/2018 ao Outono/2019. Para a caracterização das variáveis da coluna d’água serão usadas salinidade e temperatura, obtidas in situ, através dados da Boia Lobo (RS1), mantida pelo Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira (SiMCosta) e do banco de dados da Pesquisa Ecológica de Longa Duração no Estuário da Lagoa dos Patos e Costa Adjacente (PELD). A identificação dos Sistemas frontais será realizada pela avaliação de dados disponibilizados no site do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET para estação meteorológica Rio Grande e confirmada pelos meteorologistas da FURG. Dados de velocidade e direção de ventos serão obtidos da Estação Meteorológica situada na Ilha da Pólvora. Para caracterização dos sedimentos será tomada uma amostra antes e outra após a passagem de sistemas frontais, com Core de 10 cm Ø e 20 cm de profundidade, e realizadas técnicas de peneiramento e pipetagem sugeridas por Suguio (1973). Índices de matéria orgânica serão obtidos por diferença de peso após queima em mufla a 550°C por 1h. Para zoobentos serão coletadas 360 amostras com core cilíndrico de 0,08 m², segmentadas de 0 a 10 cm e de 10 a 20 cm, para identificação da infauna e epifauna. As amostras serão lavadas com malha de 300

µ

m, fixadas (formalina a 4 %), triadas em microscópio

1Programa de Pós-Graduação do Programa de Oceanografia Biológica - FURG

CIENT

ÍFICA

Misturini, D.1, 2; Colling, L. A.2

Estereoscópico, identificadas ao menor nível taxonômico possível e conservadas em álcool 70% com glicerina. Em concomitância será aferida porcentagem de cobertura vegetal, com Quadrat de 1 m², e biomassa vegetal aérea e subterrânea através da diferença de peso úmido e seco ( 60°C, 48h). Com isto objetiva­se avaliar a composição, diversidade e abundância da macroinfauna e macroepifauna bentônica em fundos vegetados e planos lamosos, e suas respostas à passagem de sistemas frontais. Frente ao exposto, acredita­se que devido à diminuição da dinâmica sedimentar, pelo efeito amortecedor, o interior dos fundos vegetados proporcione ambientes abrigados, com predomínio de maiores taxas de sedimentos finos e matéria orgânica, bem como possua maior abundância e diversidade de macrozoobentos do que nos planos lamosos. Além disto, espera­se que os fundos vegetados sejam menos influenciados pela passagem de sistemas frontais, apresentando menor variabilidade das assembleias da macrofauna, e a macroepifauna apresenta respostas mais evidentes que a macroinfauna.

PALAVRAS­CHAVE: ASSEMBLEIAS BENTÔNICAS, PRADARIAS VEGETADAS, EFEITO DE ABRIGO;

VENTOS

1Programa de Pós-Graduação do Programa de Oceanografia Biológica - FURG

CIENT

ÍFICA

Soares, R.M. T.¹, Almeida, A. J. M.², Eschrique, S. A3. Silveira, P. C. A. da4

O Sistema Estuarino da Raposa ­ MA sofre modificações nas suas características