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2.4 OS ‘PINTORES’ ESBOÇAM OS CONTORNOS DOS MUSEUS PARAIBANOS

2.4.9 Categoria: ‘Usuário Interno’

2.4.9.5 Subcategoria: Se o Museu Fosse Seu

Ao provocarmos quanto à apropriação do museu por seus ‘usuários internos’, podemos verificar que eles possuem sentimento de pertencimento com estes espaços e, por este motivo, sugerem pontos que devem ser repensados para que os museus paraibanos possam, de fato, cumprir dignamente sua missão.

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A apropriação registrada em suas narrativas justifica os motivos que, mesmo percebendo problemas, ainda que não reconhecidos da forma como deveriam e, apesar de se considerarem muitas vezes impotentes na resolução dos problemas de suas instituições, estes usuários desenvolveram sentimento de pertencimento por elas. Tal sentimento, provavelmente, é um dos responsáveis pela permanência destas pessoas nestes espaços, algo que lhes dá forças para lutar pela sobrevivência destas instituições.

Diante deste quadro que se formou, buscando caracterizar o perfil dos museus paraibanos, reforçamos o pensamento de que estas instituições sofrem influências e moldam comportamentos, manipulando memórias e provocando esquecimentos. Muitas vezes funcionando como difusor de plataforma política e, neste sentido, comprometendo a qualidade da instituição, seu desenvolvimento e funcionamento. Neste sentido, ponderamos a necessidade da elaboração de políticas públicas culturais voltadas aos museus paraibanos. Falamos em políticas culturais reais e abrangentes da diversidade destas instituições sob sua circunscrição, que atue de forma democrática e não por preferências pessoais, tampouco de modo pontual e efêmero.

Reconhecer a diversidade contida nesse pequeno Estado seria uma prática consensual de respeitabilidade ao ser humano, reconhecendo esta feita como ferramenta de (trans)formação de uma nova ordem social. (MEDEIROS, 2000, p. 63)

Tal evidência nos auxilia a reforçar o pensamento de que o museu é território de compartilhamento de informação, comunicação e conhecimento. Nessa perspectiva, seus usuários, internos e externos, contribuem para as (re)construções pelas quais os museus estão submetidos e, diante destas transformações percebemos como os sujeitos são importantes, afinal: “A museologia não existe sem os homens e as mulheres que a renovam.” (MAIRESSE, 2011, tradução nossa).

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Cora Coralina ___________________________________

3 REDE DE EDUCADORES EM MUSEUS

Por vezes elaboramos projetos baseados em um ideal específico, e nos surpreendemos com as proporções atingidas pelos mesmos. A criação, como processo construtivo e susceptível de influências, é mais ampla e flexível do que o produto final, limitado pelo tempo. Na epígrafe que introduz este capítulo, Coralina, sabiamente, nos traz essa reflexão que se adapta perfeitamente à Rede de Educadores em Museus. A criação das REMs provocou diversas e abrangentes reflexões no setor museal. Especificamente no caso da REM/PB, houve transposição de seus objetivos iniciais.

Esta pesquisa debruça-se sobre o ‘usuário interno’ dos museus paraibanos que são membros ativos da REM, na Paraíba. Para tanto, torna-se necessário conhecer a REM, sobretudo os aspectos históricos de sua formação, condição sine qua non para compreender os movimentos que a originaram, inicialmente em âmbito nacional e, posteriormente estadual, delineando seus princípios e fundamentação.

Interessados em educação em museus, buscando um debate mais intenso nos setores educativos dos museus cria-se em 2004, na cidade do Rio de Janeiro, a Rede de Educadores em Museus22. A REM/RJ é desta forma, a pioneira entre os estados brasileiros na criação de um espaço para essa discussão específica. Puderam, e ainda podem, fazer parte dessa discussão os profissionais de museus ou demais centros culturais que tenham interesse na temática da educação nestas instituições.

Inicialmente, com apenas 10 (dez) membros, a REM/RJ se expandiu e hoje já ultrapassou os 150 (cento e cinquenta). Mas essa expansão não foi apenas interna. Pelo seu pioneirismo, a REM/RJ assume um caráter representativo, em nível nacional, pois em encontros na área museológica começou a incentivar outros estados a pensarem na criação de redes com estruturas similares. O apoio foi fundamental. Em pouco tempo, outros estados criaram as suas redes, seguindo a mesma estrutura da rede carioca, constituindo-se um espaço para discussão da educação em museus, com reuniões mensais e itinerantes.

Além do suporte a distância em assuntos diversos relativos à Rede, a REM/RJ, com o auxílio do Instituto Brasileiro de Museus, passou a visitar os estados interessados apresentando seu funcionamento, princípios e estrutura. Esse apoio aconteceu como parte da estratégia da Política Nacional de Museus – PNM – para o estabelecimento de parcerias e promoção de diálogo no setor museal, e foi fundamental para toda a movimentação nos estados brasileiros, despertando um otimismo intenso com a proposta apresentada. Percebeu- se que existia uma lacuna neste setor e uma carência de seus profissionais, para discutir suas experiências. Este apoio é relatado na página da Rede de Educadores em Museus e Patrimônio de Mato Grosso (REMP-MT), em sua apresentação, conforme pode ser observado no Apêndice A.

Há, atualmente, no Brasil, 11 (onze) Redes de Educadores em Museus, distribuídas pelos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Distrito Federal, Mato Grosso, Espírito Santo, Goiás, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Considerando as individualidades encontradas em cada estado, de certo modo as Redes mantiveram o padrão da REM/RJ quanto à itinerância de seus encontros, promoção de discussão sobre educação em museus e no apoio aos seus membros.

Na página da REM nacional, há um mapa demonstrando os estados brasileiros e suas respectivas redes. No entanto, este mapa não está devidamente atualizado, ainda não tendo sido inseridos os estados do Rio Grande do Sul, Goiás e Bahia. Utilizando o mapa exposto no referido sítio eletrônico, realizamos o acréscimo dos estados, atualizando o mapa que pode ser conferido na Figura 10.

Figura 10 - Mapa exibindo o panorama das REMs, no Brasil (Atualização nossa). Fonte : http://www.rem.org.br/.

De uma forma geral, apesar de independentes entre si, estas Redes mantêm um intenso contato. Eletronicamente, cada uma mantém, em suas páginas, links para as demais Redes. A comunicação entre as redes, e destas com seus membros, é significativa, corroborando o princípio efetivo de rede.

As experiências individuais são consideradas e discutidas, mas não apenas elas. Textos científicos são usados para estudo dos membros e posterior discussão durante os encontros mensais. Esta aproximação com a ciência também acontece por intermédio de convite às universidades para palestras com seus docentes, além da promoção de seminários, do incentivo à produção de artigos científicos e até premiação.

Figura 11 - Premiação de ação educativa. Iniciativa da REMIC/DF. Fonte: http://remic- df.blogspot.com.br/2011/03/edital-premio-mediando-com-remic-df.html.

Outro ponto de fundamental importância são as avaliações realizadas, ao final de cada ano, conforme constatado na Figura 12, efetuando um levantamento dos pontos positivos, negativos e das sugestões de mudanças para o ano seguinte. Tais procedimentos favorecem o planejamento das futuras atividades.

Figura 12 - Reunião para avaliação das atividades da REM/RJ. Fonte: http://remrj.blogspot.com.br/2011/12/proxima- reuniao-da-rem-rj.html.

As avaliações, acrescidas de outras discussões, são compartilhadas através de encontros nacionais, na forma presencial. O ENREM, Encontro Nacional da Rede de Educadores em Museus e Centros Culturais, apoiado, oficialmente, pelo IBRAM, é realizado com o objetivo de:

[...] ampliar o debate em torno do tema “Educação em Museus” e proporcionar aos educadores, que atuam em instituições museais e espaços culturais, em todo Brasil, oportunidade para a troca de experiências, bem como ser meio para a discussão de questões que permeiam os trabalhos desenvolvidos nesta área. (II ENREM, 2009. Programação)

O II ENREM, realizado de 02 a 04 de dezembro de 2009, intitulado “A Dimensão Educativa nos Museus: uma forma de olhar”, contou com a participação de palestrantes docentes de universidades nacionais e internacionais, resultando na elaboração da Carta de Princípios que consta no Anexo B. Estes princípios estabelecem os olhares que as REMs devem considerar: o olhar do educador, o olhar das políticas públicas, o olhar institucional, o olhar do público, o olhar acadêmico.

A movimentação das REMs tem sido intensa, tanto que durante o 5º Fórum Nacional de Museus, realizado em Petrópolis–RJ, em novembro de 2012, a programação contemplou espaço específico para discussão entre as REMs, conforme pode ser observado na sequência.

O Fórum Nacional de Museus também acolhe a agenda do campo museal, aproveitado do potencial mobilizador do evento:

a) Encontro Nacional dos Estudantes de Museologia; b) Reunião de Professores de Museologia;

c) Reunião de Educadores de Museus – REM; d) Reunião do ICOM;

e) Reunião dos Sistemas e Redes Estaduais.

(5ºFNM – grifo nosso)

Dividindo espaço com a Academia, por intermédio de docentes e discentes, com o organismo de maior representatividade internacional e com os sistemas estaduais, as REMs alçam uma posição significativa dentro da movimentação no setor museal. Tal inserção demonstra o reconhecimento que as Redes atingiram durante o pouco tempo de suas criações. As discussões que aconteceram no fórum caminharam no sentido de intensificar a articulação entre as Redes para que estas consigam cumprir seus objetivos. Para tanto, foram eleitos articuladores, responsáveis por cada região.