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Suplementos múltiplos de baixo consumo (sais nitrogenados e proteinados)

2.5 Suplementação de bovinos em pastagens

2.5.4 Efeitos observados e esperados com relação a diferentes tipos de suplementos

2.5.4.7 Suplementos múltiplos de baixo consumo (sais nitrogenados e proteinados)

demostrarem que a suplementação com proteína degradável no rúmen (PDR) em dietas baseadas em volumoso de baixa qualidade na forma de pasto tem efeito positivo sobre o consumo, alguns experimentos testando o uso de ureia (NNP) em suplementos minerais como fonte exclusiva de N não corroboram este aumento ingestivo, conforme verificado por Azevedo et al. (2008), em experimento comparando sal mineral e sais proteinados contendo ureia ou duas formas de ureia encapsulada para novilhos fistulados consumindo volumoso de baixa qualidade na forma de feno de Tifton (feno de Cynodon dactylon L. contendo 4,62% de PB e 83,46% de FDN) no qual constataram que o consumo da dieta total e da matéria orgânica do feno não foram maiores para os tratamentos com suplementação de PDR. Não obstante, complementando o estudo realizado por Azevedo et al. (2008),

Azevedo et al. (2010) verificaram que a suplementação de proteína degradável, seja na forma de ureia ou ureia encapsulada não foram eficientes em aumentar a degradabilidade da parede celular deste volumoso de baixa qualidade (feno de Tifton, 4,62% de PB e 83,46% de FDN). Quanto à utilização da ureia encapsulada como possível fonte de nitrogênio de liberação mais lenta e uniforme ao longo do tempo não ter se mostrado superior a ureia comum, os últimos autores citados (AZEVEDO et al., 2010) atribuíram a uma provável baixa eficiência das suas formas de proteção.

Com base em trabalhos utilizando forragens também de baixa qualidade conduzidos na Universidade do Kansas (EUA), Cochran et al. (1998), recomendam que o uso de ureia na dieta não deva ultrapassar o equivalente a 25% da PDR (proteína degradável no rúmen), pois valores maiores podem reduzir o consumo de MS e sua digestibilidade. Em experimento com novilhos onde o suplemento apresentava concentração de 40% de proteína, Köster et al. (1997), constataram tendência para redução no consumo de matéria seca (MS) e matéria orgânica (MO), bem como na degradação da MO e da fibra em detergente neutro (FDN) à medida que aumentou os níveis de ureia no suplemento em substituição a fonte de proteína verdadeira (caseína), ou seja, não constataram diferença significativa, apesar da diferença numérica observada comparando o nível de 100% de substituição com relação aos demais e, principalmente, com relação ao nível 0% de substituição. Entretanto, Acedo et al. (2007) avaliando suplementos isoproteicos (20% PB), constituídos de milho grão, farelo de algodão, mistura mineral e diferentes níveis de ureia, com base na matéria natural (0; 1,6; 3,2; e 4,8%), fornecidos na quantidade de 1% do peso para novilhos fistulados manejados em pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu no período das secas constataram efeito quadrático com início ascendente nos consumos de matéria seca total (MS) e MS de pasto, com máximo consumo estimado sobre níveis próximos a 1,6% de ureia. Estes últimos autores argumentaram que a diminuição no consumo de forragem, verificada para níveis de ureia superiores a 1,6%, poderia estar relacionada a excessos de PDR suplementar, os quais, embora possam não comprometer o desempenho microbiano, incrementaram a excreção urinária de ureia (p<0,01). Assim, consideraram também que a energia necessária à formação de ureia hepática, a partir deste excesso de PDR, decresce a razão energia

líquida:energia metabolizável, sendo direcionada à formação de calor corporal cuja dissipação constitui grande limitação para a produção de bovinos nos trópicos, por fazer com que os animais, mesmo não demonstrando os sintomas óbvios desse estresse, passem a restringir o consumo. Também o trabalho de Moraes et al. (2009) demonstrou que os consumos de matéria seca e matéria orgânica, tanto da dieta total quanto de pasto, foram influenciados de forma quadrática pelos níveis de ureia nos suplementos. Estes últimos autores também constataram que apenas a digestibilidade total da matéria orgânica foi afetada, de forma linear positiva, pelos níveis de ureia no suplemento, não observando efeito significativo para a digestibilidade total da matéria seca, da proteína bruta, do extrato etéreo, da FDN, dos carboidratos totais e dos carboidratos fibrosos.

Cochran et al. (1998) ressaltam a importância da suplementação com PDR aliada a carboidratos disponíveis para possibilitar a ocorrência de uma maior fermentação microbiana, aumento da degradação da fibra e, consequentemente, da taxa de passagem e do consumo voluntário. Portanto, assim como necessita de fontes protéicas, visto que para as bactérias que degradam carboidratos

estruturais (CE, ou seja, celulose e hemicelulose) a amônia (NH3) é essencial ao

seu crescimento, enquanto que bactérias que fermentam carboidratos não estruturais (CNE, ou seja, amido, dextrinas, frutosanas e açúcares) utilizam aminoácidos e peptídeos, além de poderem utilizar a amônia, para síntese de suas proteínas (KOZLOSLI, 2002); a produção microbiana também necessita de fontes de carboidratos de fermentação ruminal.

Os suplementos múltiplos, de baixo consumo, que usam nitrogênio não protéico (ureia) como fonte de nitrogênio solúvel sem (sal + ureia) ou com a adição de ingredientes energéticos (por exemplo, sal + ureia + milho ou milho desintegrado com palha e sabugo ou amireia) são comumente chamados sais nitrogenados, embora possam ser subdivididos em sais nitrogenados propriamente ditos (sal mineral + ureia) e sais nitrogenados energéticos (amireia). Entretanto, quando ocorre a adição de suplementos proteicos aos suplementos múltiplos de baixo consumo os mesmos passam a ser denominados sais proteinados. Esta adição de fonte de proteína verdadeira (natural) é desejável por fornecer (ou fornecer em maior quantidade relativamente aos sais nitrogenados energéticos) ácidos graxos de cadeia ramificada (isoácidos) aos microorganismos do rúmen, e/ou proteína não

degradável no rúmen aos animais, o que pode possibilitar aos animais ingerindo sais proteinados apresentarem desempenhos individuais superiores aos que consomem sais nitrogenados.

Quando a proporção de nitrogênio não proteico na dieta aumenta bastante, seja pelo fornecimento de ureia mais sal diretamente aos animais bem como quando se busca a intensificação da produção através de elevada adubação nitrogenada da pastagem, considerando que o teor de carboidratos não estruturais de forragens tropicais é baixo, pode ocorrer excesso de amônia em relação à energia disponível aos microrganismos para a síntese de proteína no rúmen. Neste caso, segundo Boin, Tedeschi e Lanna (1999), além do problema do consumo de energia no ciclo da ureia para eliminar o excesso de nitrogênio, pode ocorrer concomitante deficiência de amonioácidos essenciais em nível celular; sendo o uso da suplementação energética e/ou com proteína de bom valor biológico e de baixa degradabilidade ruminal duas alternativas a serem consideradas tanto do ponto de vista técnico como econômico.