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Técnicas e instrumentos utilizados na investigação-ação

No documento RELATÓRIO DE ESTÁGIO DE MESTRADO (páginas 55-57)

Capítulo II – Fundamentação Metodológico da Investigação

2.1 Enquadramento da questão de investigação

2.2.2 Técnicas e instrumentos utilizados na investigação-ação

 

A recolha de dados foi um aspeto sistemático na práxis, no sentido de se aferir os efeitos da ação pedagógica no grupo de crianças (Coutinho, Sousa, Dias, Bessa, Ferreira & Vieira, 2009). Na perspetiva de Coutinho et al. (2009, p.373) o “professor/investigador tem que ir recolhendo informação sobre a própria acção ou intervenção, no sentido de ver com mais distanciamentos os efeitos da sua prática.” De acordo com as ideias mencionadas, optou-se por utilizar, como técnicas e instrumentos de recolha de dados, a observação participante, os diários de bordo, os registos fotográficos, os artefactos e as conversas informais com as crianças, com a equipa pedagógica e a análise de documentos. Esta multiplicidade estratégias permitiu obter informações sobre cada um dos elementos do grupo da Pré II, no sentido de acompanhar a evolução das suas aprendizagens, numa perspetiva construtivista.

No que concerne à observação participante, Sousa (2005, p.113) refere que esta “consiste no envolvimento pessoal do observador na vida da comunidade educacional que pretende estudar, como se fosse um dos seus elementos, observando a vida do grupo a partir do seu interior, como seu membro.” Estrela (1994, p.31) partilha da mesma opinião ao considerar a observação participante “quando, (…) o observador participa na vida do grupo por ele estudado.”

Relativamente ao período de estágio, para se efetuar as observações não se determinou a duração, estas foram, sobretudo, realizadas durante as atividades orientadas, em pequeno e grande grupo e, também, no tempo autónomo, por ser um momento de escolha livre. Realizou-se, simultaneamente, observações no decorrer dos recreios e na aula de enriquecimento curricular de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).

Além dos aspetos supracitados, foram elaborados diários de bordo que contemplaram as vivências e experiências observadas. Este instrumento permitiu realizar uma introspeção da ação, no sentido do desenvolvimento profissional. “São usados nos sistemas narrativos, tratando-se essencialmente de retrospectivas escritas em que se regista a própria experiência vivencial ou se relatam acontecimentos e comportamentos observados” (Sousa, 2005, p.260). Os diários de bordo, segundo Máximo-Esteves (2008, p.89) são “colectâneas de registo descritos acerca do que ocorreu (…) sobre forma de notas de campo ou memorando (…) de observações

estruturadas e registo de incidentes críticos.” Como tal, optou-se por colocar na investigação empírica, deste relatório, as experiências de aprendizagem vivenciadas pelas crianças, sob forma de registo de incidentes críticos, contendo sínteses descritivas acerca dos aspetos mais pertinentes da ação pedagógica. Considera-se que nas “ sínteses descritivas revelam-se o detalhe e não o resumo, o particular e não o geral, o relato e não o juízo avaliativo” (Máximo-Esteves, 2008, p.89). Além disto, o diário de bordo explana também, segundo Sprradley (1980, citado por Máximo-Esteves, 2008, p.89) uma dimensão mais pessoal do educador “uma vez que inclui os sentimentos, as emoções e as reacções a tudo o que rodeia o professor-investigador.” É, portanto, através da reflexão constante que, o educador projeta no(s) diário(s), duas vertentes que, na terminologia de Jacobson (1975) citado por Zabalza (1994, p.95) designam-se por vertente referencial e vertente expressiva. A primeira está relacionada com a reflexão do objeto narrado, “o processo de planificação, a condução da aula, as características dos alunos, etc.” A vertente expressiva mostra, por sua vez, uma reflexão sobre o indivíduo como ser individual, onde alguns retratam “o eu actor (…) como protagonista dos factos descritos” ou então “enquanto pessoa (…) capazes de sentir e sentir-se, de expor emoções, desejos, intenções, etc.”

Assim, com esta forma de registo foi possível explanar de forma objetiva a intervenção desencadeada com as crianças à medida que foram efetuadas as distintas experiências de aprendizagem, bem como o registo das suas ações, motivações, sugestões, interações e, ainda, alterações que ocorreram na dinâmica da Pré II. Sendo o presente relatório de estágio de cariz qualitativo, o diário de bordo, é um recurso metodológico mais adequado, pela sua natureza descritiva, interpretativa e reflexiva, englobando, assim, as três dimensões indispensáveis à construção e reconstrução da ação pedagógica e ao desenvolvimento profissional do educador, enquanto investigador (Máximo-Esteves, 2008).

Considera-se, igualmente, pertinente integrar, no capítulo referente à intervenção pedagógica, alguns artefactos das crianças com o objetivo de demonstrar as suas produções, ao longo do estágio. Torna-se fulcral privilegiar os registos gráficos elaborados pelos elementos grupo, uma vez que “o foco da investigação se centra na aprendizagem dos alunos” (Máximo-Esteves, 2008, p.92). Para Warschauer (citado Oliveira-Formosinho, 2008, p.121) o registo constitui “um rico instrumento para aquele que procura reconstruir os conhecimentos, porque o retrato vivido proporciona condições especiais para o acto de reflectir.” Nesta linha de pensamento, Oliveira-

Formosinho (2008, p.121) alude para o facto de que “registar é deixar marcas, marcas que retratam uma história.” As produções elaboradas pelas crianças são compiladas e arquivadas nos respetivos dossiers individuais, permitindo, assim, explanar o percurso de desenvolvimento e experiências de aprendizagem das crianças.

No decurso das diversas atividades, o registo fotográfico revelou-se, igualmente, fundamental, enquanto instrumento de recolha de dados, permitindo, assim, elucidar e demonstrar experiências e vivências inerentes às práticas da instituição e dos seus intervenientes (Máximo-Esteves, 2008). No que concerne às finalidades das fotografias, segundo Máximo-Esteves (2008) e Bogdan e Biklen (1994) as fotografias contêm informação visual que possibilita ao educador proceder a uma análise e inclusive reanalisá-las, caso seja necessário.

Por fim, optou-se também por recorrer à análise de documentos, especialmente, do PEE, do Projeto Curricular de Grupo (PCG), do Regulamento Interno (RI), do Plano Anual de Atividades (PAA) e foram, ainda, recolhidas informações dos processos individuais das crianças. Contemplou-se, igualmente, as entrevistas não estruturadas com as crianças e equipa pedagógica que “aproximam-se da conversação do quotidiano, distinguindo-se desta pela sua intencionalidade, uma vez que são usadas para obter informações que completem os dados de observação” (Máximo-Esteves, 2008, p.93).

No documento RELATÓRIO DE ESTÁGIO DE MESTRADO (páginas 55-57)