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ENQUADRAMENTO EMPÍRICO E METODOLÓGICO: O CASO DA FREGUESIA DA

2. Técnicas de Recolha de Informação

2.1. Observação

Num processo de recolha de informação, o próprio investigador constitui- se num «instrumento humano» quando este, através da observação, decide partir à descoberta de dinâmicas, processos, atos e acontecimentos. Segundo Quivy e Campenhoudt “A observação engloba o conjunto das operações através das quais o modelo de análise (constituído por hipóteses e por conceitos) é submetido ao teste dos factos e confrontado com dados observáveis)”. [ 104 ] Esta operação pode apresentar-se sobre a forma de observação direta (não participante), que é aquela em que “O próprio investigador procede diretamente à recolha das informações, sem se dirigir aos sujeitos interessados. Apela diretamente ao seu sentido de observação” [105] e sobre a forma de observação indireta através da entrevista semidiretiva.

A observação direta foi aplicada quando se acompanhou as colaboradoras ao domicílio dos utentes do SAD a fim de primeiramente nos apresentarmos e de ir à descoberta de dinâmicas e processos, de atos e acontecimentos.

104

Quivy, Raymond; Campenhoudt, LucVan (2005) “Manual de Investigação em Ciências Sociais”, Lisboa: Gradiva, p.15

105

2.2. Análise documental

Citando Ander Egg (1978):

“Uma de las formas más sencillas de economizar esfuerzos en una investigación, es el repaso y reconstrucción del trabajo realizado por otros. La apelación a las fuentes históricas, a las estadísticas oficiales y privadas, alos archivos, informes estudios, y a todo o tipo de documentación, es indispensable para el logro de los objetivos senãlados precedentemente como función del estudio exploratorio.” [106]

Para uma aproximação ao contexto institucional do SAD e às suas normas de funcionamento, recorreu-se à análise documental, nomeadamente ao regulamento interno da valência de Serviço de Apoio Domiciliário.

2.3. Entrevista semidiretiva em profundidade

Dada a intenção de recolher um conjunto de informações não percetíveis apenas através da observação, é fundamental recorrer a instrumentos para recolha de dados que interessem à investigação para que lhe seja dado rigor e exatidão.

A entrevista [107] foi o instrumento utilizado como técnica de recolha dos dados que não foram percetíveis a olho «nu» e que portanto foram colocados em forma de questão. Ela não só permite recolher dados qualitativos, bem como aquela informação mais particularizada fundamentada em comportamentos, opiniões, ideais dos sujeitos observados.

Por esta razão, o presente estudo serve-se da entrevista, nomeadamente da entrevista semidiretiva, caracterizada como sendo adequada para aprofundar um determinado domínio, ou verificar a evolução de um domínio já conhecido. A filosofia que preside a este tipo de entrevista é tanto quanto possível a de «deixar andar», no sentido de deixar que o discurso

106

Ander-Egg, Ezequiel (1978) “Introducción a las técnicas de investigación social: para trabajadores sociales”, Buenos Aires: Humanitas, p. 36

107

da pessoa entrevistada flua naturalmente segundo a autocompreensão singular das suas vivências.

A presente técnica foi utilizada com o Diretor da valência de Serviço de Apoio Domiciliário do Lar Passo Sénior como forma exploratória, no sentido de facilitar na descoberta de pistas de reflexão e ideias, bem como para perceber genericamente a dinâmica deste SAD. Posteriormente, a mesma técnica foi empregue a uma colaboradora considerada a mais antiga da Instituição e, portanto, com mais experiência no âmbito dos serviços ao domicílio. O objetivo foi igualmente a familiarização acerca da dinâmica desta valência a partir de uma outra perspetiva, complementar da obtida na entrevista com o Diretor. Após esta contextualização resultante das entrevistas de caráter exploratório realizadas com o Diretor e a colaboradora, entrevistámos os 14 utentes beneficiários do SAD identificados como sendo os mais independentes.

Num primeiro momento procurou-se perceber, através de um conjunto de questões relacionadas diretamente com o SAD enquanto resposta social ao dispor dos idosos, a contextualização destes beneficiários integrados na resposta social em causa: quais os motivos que levaram o idoso a procurar o SAD e de quem partiu a iniciativa, se do próprio idoso, se de algum membro familiar, amigo e/ou vizinho, cujas respostas permitem desde logo uma aproximação à situação social, familiar, e física do idoso; ainda sobre o SAD e o idoso beneficiário, procurou-se saber quais os serviços de que os idosos domiciliados usufruem, permitindo-nos uma perceção geral do funcionamento standardizado e padronizado dos serviços prestados pela valência de SAD; procurou-se ainda perceber o motivo da preferência pelo SAD, com o objetivo de se recolherem indicadores que valorizem o fenómeno de continuar a envelhecer em casa, conferindo-nos um conjunto de pistas relacionadas com interesses, estilos de vida, relações familiares e/ou de amizade existentes, etc; questionar, também, acerca da possível mais-valia do SAD na vida do idoso domiciliado permitiu-nos destacar a pertinência e importância da resposta social em questão.

Num segundo momento, procurou-se conhecer de forma mais objetiva a situação familiar e social existente, cujo objetivo consiste na perceção da

existência de suporte familiar no dia-a-dia do idoso e de que forma a família contribui para o seu bem-estar.

O seguinte conjunto de questões procura conhecer de que forma o idoso ocupa o seu tempo. Esta informação permite ir ao encontro de algumas dinâmicas associadas ao seu dia-a-dia, ir ao encontro de motivações, gostos de juventude e interesses atuais, na tentativa de se descobrir necessidades sociais, emocionais, recreativas, com o objetivo de contribuir para um bem- estar que se estenda a todos os níveis e, assim, fomentar o envelhecimento ativo. Pretendeu-se ainda descobrir o envolvimento que o idoso estabelece com as atividades promovidas pelo Lar, com a pretensão de vir a verificar-se que a vertente socioeducativa não é explorada e que os passeios de grupo e as celebrações de calendário são das poucas atividades promovidas em contexto de SAD. A partir desta informação, o objetivo seria perceber a adesão e a importância destes passeios e convívios na perspetiva do idoso domiciliado.

Por fim, procurou-se ir ao encontro de aspirações, preocupações e de situações reflexivas, no sentido de conhecer um pouco melhor o idoso, aquilo que ele possa ser e sentir para melhor corresponder aos seus interesses e necessidades.