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5. Da roda d’água à nanotecnologia: Trajetória evolutiva da tecnologia no setor têxtil-confecções

5.4 Máquinas e Equipamentos

5.4.2. Teares planos

A produção de tecidos por meio de teares planos evolve a formação de um urdume de fios organizados em paralelo uns aos outros de maneira bastante uniforme. Este urdume será introduzido no tear fio por fio em agulhas que, por meio de um processo de entrelaçamento com a trama, permitirão a obtenção do tecido. A preparação do urdume é uma etapa nevrálgica do processo produtivo, já que quanto mais uniforme ele for menor será a quantidade de paradas na tecelagem e reduzidas serão as chances de ocorrerem defeitos na formação do tecido. Nestes termos, este tipo de tecido envolve a necessidade de urdideiras e outros equipamentos além dos teares planos para a produção de tecidos.

O processo de trama dos tecidos utilizado na tecelagem plana pode variar conforme a gramatura que se espera do tecido, podendo torná-lo mais leve ou mais ou pesado conforme o aspecto e o uso que se esperado do tecido, adotando-se como parâmetro um mesmo tipo de fio. A Figura 5.2 apresenta, como exemplo, diferentes tipos de composição da trama do tecido, para cada uma delas o tecido necessitará de um número diferente de fio de urdume para compor o tecido. Este é um elemento importante já que ira interferir na velocidade de produção e nas características finais do tecido e na quantidade demandada de matéria-prima para a realização da produção. Especificamente em relação a velocidade da produção, as características do equipamento que está sendo utilizado podem atenuar o aumento de tempo de produção em função de sua rapidez e de outros fatores técnicos específicos.

Recentemente o software de desenho tipo Computer Aided Design – CAD, representam uma importante ferramenta no desenvolvimento de urdumes com as características desejadas, otimizando o consumo de tempo e de matéria-prima na produção, tendo importância principalmente nos processos produtivos que envolvem fios já tintos, em que a precisa distribuição dos fios pelo urdume irão dar maior qualidade ao produto final obtido. O relacionamento do software CAD, com o sistema Computer Aided Manufature – CAM

permitem um sincronismo entre o desenvolvimento dos urdumes mais adequados e sua implementação na linha de produção, através da interação do software com a máquina.

Fonte: Cobman apud EPA (1997).

Figura 5.2: Diferentes possibilidades de trama na tecelagem plana.

Desta maneira, o processo de desenvolvimento tecnológico dos tecidos planos está relacionado à adoção de equipamentos que reduzam a necessidade de acompanhamento na produção e de mão-de-obra na elaboração dos urdumes. A eliminação da mão-de-obra se dá em função da adoção cada vez mais maciça da microeletrônica nestes equipamentos, permitindo o controle número e a programação cada vez mais ampliada da produção, tais como o sistema CAD-CAM, além de reduzir as paradas e elevar a velocidade de produção destes equipamentos.

Segundo Gorini et al (1998), existem três gerações de teares planos. A primeira geração de teares planos foi desenvolvida juntamente com a adoção da energia à vapor nas empresas têxteis. Este tipo de equipamento é caracterizado pelo uso de uma lançadeira para realizar a trama dos tecidos. Quando foi adotado, este mecanismo representou um grande avanço à produção têxtil, todavia, na medida em que a demanda por maior velocidade foi se intensificando, esta tecnologia passou a não ser capaz de responder a estes anseios.

Outra limitação dos teares de lançadeira além da velocidade de produção é a largura dos tecidos que estes teares são capazes de produzir. Com o passar do tempo, as empresas

confeccionistas passaram a exigir tecidos cada vez mais largos, para que se pudesse diminuir o desperdício de tecido na etapa de corte. Como os teares de lançadeira apresentavam uma limitação de largura do tecido da ordem de 140 cm, quando as empresas confeccionistas exigem uma largura mínima de 180 cm, este tipo de equipamento foi perdendo funcionalidade para produção de tecidos. Em relação à velocidade deste tipo de equipamento, Gorini et al (1998) aponta que um tear de lançadeira para produzir um tecido de 90 cm de largura, seu desempenho é de cerca de 170 batidas por minuto (bpm), é importante destacar que o desempenho do tear também está sujeito ao tipo de fio utilizado, desta maneira, a velocidade estimada por Gorini et al, representa o desempenho médio de um tear de lançadeira.

Fonte: Wingate apud EPA (1997)

Figura 5.3: Esquema do processo de produção dos tecidos planos.

Com o advento dos teares de segunda geração, caracterizados por substituir a lançadeira (Figura 5.3) pelo sistema de projétil e pinça, verifica-se um avanço tanto na largura dos teares e em sua velocidade de produção. O sistema de projétil lança a trama como se fosse uma bala de arma de fogo, por este motivo este sistema recebeu esta denominação, e o sistema de pinça puxa o fio realizando a trama. Seguida pela tendência de elevação da velocidade de produção e a oferta de fios cada vez mais resistentes a alta velocidade de produção surge a terceira geração de teares, caracterizados pelo sistema de trama a partir

do jato de ar e jato de água, que apresentam capacidade de produção, ou seja, um maior número de bpm e a incorporação de maior quantidade de microeletrônica.

Um fato importante a ser destacado é que a adoção destes teares mais modernos está condicionada também ao tipo de tecido que se deseja produzir. Segundo Gorini et al (1998), tecidos tipo Denim, ou que também utilizem fios pesados de algodão na produção, dependem necessariamente da utilização de teares de pinça, projétil ou até mesmo lançadeira. Também em relação aos teares à jato de água, para que o tecido não fique impregnado de água durante o processo de produção é mister que se utilize fios que não retenham água. Outra característica das empresas que utilizam os teares a jato de água é que muitas delas já dispõem da etapa de acabamento verticalizada, de maneira que o tecido sai da tecelagem e segue para o acabamento evitando problemas com a umidade gerada pela produção nestes teares.

É importante que se destaque o fato de que as empresas, ao introduzirem este tipo de equipamento em suas plantas produtivas, criam a necessidade de que haja um processo de adaptação das mesmas. Isto porque teares como os de jato de ar exigem à construção de um sofisticado sistema de ar comprimido na empresa, assim como a adoção de filtros que eliminem do ambiente, as partículas lançadas ao ar pelo processo de sopro do tear. Outro fator é a aquisição, adaptação ou o desenvolvimento de softwares de gestão e controle da produção, que se fazem necessários em função da incorporação dos equipamentos eletronicamente controláveis.