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2 DIÁLOGO COM OS PARES

2.2 TECNOLOGIAS DIGITAIS E FORMAÇÃO DE PROFESSORES

processos educacionais no Ensino Fundamental, em contraposição ao Ensino Médio e a Educação de Jovens de Adultos (EJA), o que deixa em destaque a necessidade de mais pesquisas acerca das implicações das tecnologias para o processo pedagógico nessas duas últimas modalidades de ensino, em razão das suas singularidades e peculiaridades.

2.2 TECNOLOGIAS DIGITAIS E FORMAÇÃO DE PROFESSORES

As pesquisas selecionadas de nível de pós-graduação que se comprometem a articular a formação de professores para apropriação das tecnologias digitais no contexto educacional são quatro teses de doutorado (FERREIRA, 2017; MARTINS, 2017; SILVEIRA, 2018; MOTA E SILVA, 2016) e uma dissertações de mestrado (DEL CONTE, 2018). Todos os trabalhos também possuem em comum propostas de elaboração e implementação de cursos de formação para professores de Educação Física.

No primeiro trabalho em destaque, Ferreira (2017) busca analisar a importância das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) como recurso didático, por meio de um processo formativo com 17 professores em serviço, em um curso semipresencial, com carga horária de 40 horas. Entre as conclusões do trabalho, a autora destaca que os professores cursistas foram capazes de transpor os limites e as dificuldades do cotidiano para a integração das tecnologias em sua prática pedagógica, além de aumentar o nível de domínio técnico das tecnologias e de repensar possibilidades mais ampliadas de utilização pedagógica das tecnologias.

A tese de Martins (2017), por sua vez, possui o objetivo de analisar a influência de um trabalho colaborativo entre professores de Educação Física escolar, auxiliado pelo uso das tecnologias, com o intuito de elaborar situações de ensino e aprendizagem. Participaram da formação 33 professores de Educação Física da rede municipal de ensino de Maracatú e da rede municipal de ensino de Caucaia, cidades do Ceará.

Ao final do processo formativo, Martins (2017) destaca que a formação continuada e de caráter colaborativo implementada pela pesquisa conseguiu promover várias unidades didáticas por meio do uso das redes sociais, para articulação da teoria e da prática do ensino da Educação Física.

Já Silveira (2018) evidencia em sua pesquisa a compreensão do desenvolvimento de um núcleo específico de Educação Física, no âmbito de um curso a distância sobre Educação na cultura digital com dez professores, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A temática do curso versou sobre a perspectiva da mídia-educação e se estruturou, valendo-se do cenário de lazer, jogos e brincadeiras, o esporte e suas vivências e corpo, saúde e estética. Os resultados da experiência formativa desenvolvida por Silveira (2018) apontam para a dificuldade de mobilizar os coletivos de professores nas escolas para a participação no curso.

Mota e Silva (2016), por sua vez, apresenta uma tese de doutorado cujo propósito concentrou-se em produzir, implementar e avaliar as contribuições de um curso a distância para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira entrelaçado com o conteúdo de atletismo, para 18 professores de Educação Física, na plataforma Moodle. O autor destaca, ao analisar os resultados da experiência formativa, que, embora o curso tenha apresentado um número expressivo de evasão, a experiência formativa a distância pode incidir positivamente na formação continuada dos professores, desde que sejam garantidas a interatividade entre os cursistas e o constante acompanhamento e mediação pelo tutor.

Em trabalho de dissertação, Del Conte (2018) analisa o processo de elaboração, implementação e avaliação da plataforma educacional on-line PEA (Plataforma Educacional do Atletismo), tendo em vista a difusão de conhecimentos relacionados ao ensino do atletismo. O sistema digital utilizado foi o Canvas, em razão de o autor julgar a sua interface fácil e intuitiva para manuseio.

Os resultados inferidos pela pesquisa permitiram a Del Conte (2018) afirmar que o Canvas foi fundamental para que o curso possibilitasse a interação, socialização e troca de saberes entre os professores e o pesquisador, de modo a viabilizar a partilha de conhecimento, métodos pedagógicos e informações sobre o ensino do atletismo escolar.

Assim, tomando-se por base os trabalhos acadêmicos selecionados nesta categoria, pode-se inferir que duas são as formas de abordagem das tecnologias quando articuladas à formação de professores de Educação Física: a primeira apresenta cursos para professores cujo tema da proposta formativa é a apropriação pedagógica dos recursos e ferramentas digitais no processo de ensino e aprendizagem (FERREIRA, 2017; SILVEIRA, 2018).

Já a segunda abordagem concentra-se em perquirir sobre os recursos digitais, como redes sociais e plataformas de ambiente virtual de aprendizagem, como instrumento que possibilita interação entre professores, para a abordagem de temas relativos à Educação Física escolar (MARTINS, 2017; SILVA, 2016; DEL CONTE, 2018).

Quadro 6 – Abordagem das tecnologias nos cursos de formação continuada

Trabalho acadêmico Abordagens em enfoque sobre as tecnologias na formação de professores

Ferreira (2017), Silveira (2018) Apropriação pedagógica dos recursos e ferramentas digitais no processo de ensino e aprendizagem.

Martins (2017), Mota e Silva (2016), Del

Conte (2018) Recursos digitais como redes sociais e plataformas de ambiente virtual de aprendizagem como instrumento que possibilita interação entre professores para abordagem de temas relativos à Educação Física escolar

Fonte: Plataforma Sucupira. Elaborado pelo autor (2020)

Com relação à modalidade dos cursos implementados, verificou-se a preferência pela opção pelo ensino a distância, nos trabalhos de Silveira (2018) e Mota e Silva (2016); pela modalidade semipresencial, nas pesquisas de Ferreira (2017) e Del Conte (2018) e pela modalidade presencial em Martins (2017).

Quadro 7 – Modalidades dos cursos

Trabalho acadêmico Modalidades dos cursos Silveira (2018), Mota e Silva (2016) A distância

Ferreira (2017), Del Conte (2018) Semipresencial

Martins (2017) Presencial

Fonte: Plataforma Sucupira. Elaborado pelo autor (2020)

Vale destacar que, embora o curso de Martins (2017) tenha sido presencial, o referido autor faz uso da rede social (Facebook), tanto para servir de repositório de conteúdos, quanto para incentivar a interação dos cursistas. Em contrapartida, os demais trabalhos utilizam os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), sendo a Plataforma Moodle utilizada por Mota e Silva (2016) e Ferreira (2017), o Canvas por Del Conte (2018) e o e- ProInfo por Silveira (2018).

Quadro 8 – Plataformas digitais

Trabalho acadêmico Modalidades dos cursos Mota e Silva (2016), Ferreira (2017) Plataforma Moodle

Del Conte (2018) Canvas

Silveira (2018) E-ProInfo

Martins (2017) Facebook

Fonte: Plataforma Sucupira. Elaborado pelo autor (2020)

No que se refere aos índices de evasão6 nos cursos implementados pelas pesquisas, os

quais foram considerados como critério para definir o percentual de desistência de cada trabalho, o número de inscritos e o número real de concluintes, pode-se perceber que Silveira (2018) e Del Conte (2018) apresentam uma taxa de 75% e 70% de concluintes, respectivamente. O curso de Mota e Silva (2016), contudo, aparece com um índice de concluintes de 40%, seguindo de Ferreira (2017) com 30%. Já o trabalho de Martins (2017) não faz referência ao índice de evadidos ou concluintes no curso implementado ao longo do trabalho.

6 O índice de evasão foi calculado com base no número de participantes inscritos e no número de participantes concluintes dos cursos voltados para professores de Educação Física e que foram apresentados nos trabalhos acadêmicos selecionados.

Quadro 9 – Índice de conclusão dos cursos de formação continuada Trabalho acadêmico Índice de concluintes

Silveira (2018) 75%

Del Conte (2018) 70%

Mota e Silva (2016) 40%

Ferreira (2017) 30%

Martins (2017) O trabalho não faz referência ao índice de evadidos ou concluintes.

Fonte: Plataforma Sucupira. Elaborado pelo autor (2020)

Ainda quanto ao índice de evasão, apenas o trabalho de Mota e Silva (2016), ao citar Bittencourt e Mercado (2014), faz uma sucinta referência às possíveis causas, evidenciando os motivos endógenos e os exógenos para o expressivo número de professores desistentes do curso, sendo o primeiro motivado pelo professor cursista em relação à própria formação, como, por exemplo, a exigência de participação efetiva e constante nas atividades propostas; e o segundo motivado pela impossibilidade momentânea dos professores em acompanhar o curso.

Por fim, observa-se ainda que todos os cinco trabalhos em destaque estão relacionados à formação continuada de profissionais em serviço. Essa constatação revela que as pesquisas que objetivam relacionar as tecnologias digitais e a formação de professores ainda se encontram numa posição incipiente, haja vista o número reduzido de trabalhos encontrados nessa categoria e a ausência de pesquisas que objetivam abordar temáticas em torno das tecnologias na formação inicial do professor de Educação Física.

2.3 TECNOLOGIAS DIGITAIS E MATERIAIS EDUCATIVOS PARA A EDUCAÇÃO