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4.2 Categorias temáticas

4.2.2 Tema 2 Os significados associados à descoberta da doença

Quando indagados sobre o aparecimento da doença, apontam a descoberta desta e, a partir do momento em que os sintomas foram se agravando, na busca por alívio, encontraram um profissional médico que fez o encaminhamento a exames e confirmou o diagnóstico, dando início ao tratamento. Igualmente, mostram a falta de uma escuta cuidadosa para a prevenção destas doenças, mesmo porque os sujeitos só confirmaram sua doença após esta se instalar e requerer tratamento.

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Olha, já faz uns quatro a cinco anos, agora que se agravou foi desde 2011 que foi feito o exame e, que Graças a Deus, achei um médico que na primeira consulta que ele fez, ele me pediu um checkup da cabeça aos pés (...). Aí, no primeiro exame que ele abriu ele falou: Dona F., nunca nenhum médico disse para a senhora que estava com perda de sódio? Eu falei: não, nunca ninguém me disse. Nunca ninguém me disse nada. Aí, quando foi agora, esses dias eu passei mal, a minha pressão começou a subir, a minha cabeça cada vez pior e, eu pensava e até falava para os meus filhos: O dia que forem descobrir o que eu tenho na cabeça não tem mais cura (...). Foi o que descobriu e, eles falaram: então esta aí a charada. Aí ele foi tirar o sangue, fizeram os exames e já me internaram.(E1).

(...) Foi de repente, aconteceu e, eu falei: eu vou ao médico por que não tem condições de ficar desse jeito né, com aquela tontura, com dor de cabeça, moleza nas pernas e pronto (...). E agora, começou com uma dor aqui e parou aqui. Já está com dez dias e, agora está aí a hérnia também e, agora eu vou tentar fazer uma, tentei fazer agora, mas com a minha pressão arterial estava 24 não deu para fazer. Vou tentar fazer de novo, segunda-feira agora, que vem fazer a cirurgia(...)(E5).

A partir do momento em que o usuário adere ao tratamento por causa dos agravos da doença, ele vai compreendendo o processo da doença e vai identificando os sintomas, o que de alguma forma contribui com a minimização dos agravos. Pelos depoimentos, o médico passa informação e conhecimento para o paciente e ele descreve o processo de acordo com o seu nível de compreensão, aparentemente pode ser um fator favorável para a aceitação da doença e do tratamento.

(...) Eu tenho arritmia do coração e, meu coração é inchado(...)gripe eu não posso ter e, eu tive gripe na semana passada, eu estive hospitalizado por que eu espirrei muito e isso força a parte do abdômen, força muito e me dá desânimo, vontade de deitar e ficar sossegado e, é um problema muito grave. Agora eu não fiz nada, só fiz cateterismo no coração, não mexeu em nada(...)(E4).

(...) Eu tô agora com essa veia aqui que parece que está entupida, né, então eu estou ai para fazer esse exame e diz o médico que falou para mim no Mário Covas que segunda feira eles vão fazer um cateterismo, vai pelo braço e enfia um aparelho aqui e enfia uma agulha, uma mola dentro da veia que está entupida para abrir(...)(E6).

(...) Ele dá na veia esplênica e está com dois centímetros, dilatado, daí eu perguntei para o médico que veio me visitar, ele falou: você viu o exame? (...) ele falou assim que iam cortar aquele pedaço que está ele me explicou que é que

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nem uma camada de ar que está para estourar que está daquele jeito, né, “(...) ele falou assim, que só na hora da cirurgia que vai ver (...)(E8). (Aneurisma)

Estes relatos coincidem com resultado de recente pesquisa realizada por Guedes et al. (47), onde justificam tais respostas devido a esta população conviver a maior parte de suas vidas com um sistema de saúde curativista, tendo como principal foco a cura da doença e, a inversão deste modelo para um que enfoca a promoção de saúde é algo recente, e que sugere as respostas com ênfase em atendimentos e procedimentos.

Nota-se que as respostas deveriam ser mais complexas, pois saúde não se aprimora somente com atenção à doença, mas, sim, responder às necessidades de saúde deveria significar programar ações que incidissem nos determinantes, e não só na doença, que já é o resultado do desgaste expresso no corpo biopsíquico individual (48).

Na busca por compreender o que acontece com a sua saúde os sujeitos buscam associar situações da vida cotidiana que podem dar resposta a sua condição e o aparecimento da doença:

(...) Eu passei muito nervoso, muito e, eu não sei se veio do nervoso o diabetes ou não, tenho muito nervoso com um neto que eu tenho, ele tem problema de drogas e, ele vivia sempre internado na FEBEM (...) porque meus filhos nunca me deram trabalho, então eu me acostumei com aquele impacto, sabe com ele é, não me entrava na minha cabeça que era eu que tinha que passar aperto(...)(E2).

“(...) É eu acho que é algum problema de, às vezes, você trabalha muito, excesso de trabalho (...)” (E5).

Campos e Bataiero (48) citam que os diferentes padrões ou características de saúde- doença que se concretizam no corpo biopsíquico dos indivíduos têm sua gênese nas condições materiais da vida cotidiana, ou seja, nos perfis de reprodução social em que se desenvolvem como seres sociais.

Alguns autores nos seus estudos buscam uma relação entre o estresse da vida diária e as doenças crônicas, especialmente no início da doença e a influência deste nos efeitos em longo prazo(16).

Pitta (49) afirma que embora não sejam consideradas as transposições mecânicas das induções e deduções físico-biológicas para a discussão da participação dos fatores psicossociais

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na produção do adoecer, há evidências, tanto de experiências em animais como em seres humanos, indicando que variações no meio social estão certamente associadas a alterações endócrinas significativas nas pessoas expostas.

Foi possível identificar nos relatos das pessoas entrevistadas alguns hábitos e vícios apontados, por eles, como fatores desencadeantes da doença. Conforme se observa nos seguintes depoimentos:

“(...) às vezes, você não tem e extrapola na comida é uma carne muito salgada, aquela comida salgada né, e isso daí influem muito e eu acho que é (...)” (E5).

“(...) Todos os médicos que eu passo, sempre falam isso, que foi resultado do cigarro, entupimento da veia, coração, da perna, tudo(...)” (E3).

Para Minayo (44), as concepções da origem da doença por causas exógenas estão ligadas a fatores sociais e ao estilo de vida das pessoas, como possíveis fatores de risco para o aparecimento de doenças.

Com esse novo paradigma, busca-se a necessária compreensão do envelhecimento como um processo biológico e não patológico, mas com a necessidade que equipes da rede básica não percam de vista que o estresse de agravos físicos, emocionais e sociais, com o passar do tempo e, consequentemente, com o aumento da idade, representa uma efetiva e progressiva ameaça para a saúde da pessoa idosa (50).

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