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O tempo está próximo da pessoa que fala Refere se a “esta semana”, “este mês” ou “este ano”.

A HORA DO ESPANTO AS “PÉROLAS” DO PORTUGUÊS

VOCABULÁRIO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA

2) O tempo está próximo da pessoa que fala Refere se a “esta semana”, “este mês” ou “este ano”.

Exemplo: • Este ano é o ano da virada.

2) O tempo está um pouco distante da pessoa que fala. Refere-se ao passado próximo. Exemplo: • Estive em Natal em 1999. Nesse ano, visitei todo o Nordeste.

3) Refere-se a algo a ser dito. Exemplos: • Este é o lema da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade.

• O militar disse esta frase: “Soldados, lutem até a morte”.

• O aluno fez esta pergunta: “Professor, qual é o porquê?”. • Este é o resultado da disputa, porém não era o que

esperávamos.

• Isto deve ser destacado: nós venceremos! • A celeuma é esta: grafa-se com -s ou -z? • Este é o motivo da discórdia: falta de fé.

3) Refere-se a algo já dito. Exemplos: • Liberdade, igualdade e fraternidade: esse é o lema da Revolução Francesa. • “A vida é a melhor faculdade”. Esse dito popular é de todo

verdadeiro.

• “Saddam Hussein: estadista ou louco?” Essa é uma pergunta difícil de responder.

• Nesse passo, reitero meus argumentos apresentados alhures. • Isso posto, julgo procedente o pedido.

• Nesses termos, pede deferimento. • “Pague já!” – isso foi dito anteontem.

10. Muito cuidado ao redigir a expressão ad judicia – forma adequada para designar as procurações. Não utilize ad juditia (com -t), pois é erro grave. A forma correta ad judicia (vem do latim judicium-ii), tendo a acepção de ação judicial, do processo ou litígio em discussão. Com essa cláusula, fica o advogado impedido de agir além dos estritos termos do mandato.

Nadólskis, Marcondes e Toledo (1997: 10) asseveram que “ad judicia” é a procuração pela qual se conferem poderes ao outorgado judicial a praticar, conforme o art. 38 do CPC, todos os atos do processo, salvo para receber a citação inicial, confessar, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso.

Vê-se, portanto, que o mandatário pode, com a procuração “ad judicia”, praticar todo e qualquer ato processual, tirante60 os mencionados na segunda parte do artigo, para os quais necessita de poderes especiais, além daqueles constantes da cláusula “ad judicia”. Nascimento (1992: 85) assevera que “é uma cinca a expressão ‘ad juditia’, porém, correm as procurações impressas ou

datilografadas com o erro”. 11. A favor e contra a tese...

É comum que os anunciantes, “sovinas” no redigir, empreguem poucas palavras na exteriorização da ideia, numa ânsia de economizar tempo e espaço. Com isso, perdem clareza e imprimem incorreção ao texto. Existem expressões antônimas, por exemplo, que não podem ser usadas com a conjunção aditiva “e”, sob pena de permitir a existência de um só complemento para ambas as preposições, o que é insustentável. As boas normas de regência agradecem... Portanto, aprecie os exemplos: 1. O processo seguirá com ou sem o réu.

Troque por: O processo seguirá com o réu ou sem ele. 2. Elementos a favor e contra a tese dos apelantes.

Troque por: Elementos a favor da tese dos apelantes e contra ela. 3. Ele entrou e saiu de casa momentos depois.

Troque por: Ele entrou na casa e saiu dela momentos depois. 4. Vi e me apaixonei por Salvador.

Troque por: Vi Salvador e me apaixonei por ela. 5. Quero e preciso de mais dinheiro.

Troque por: Quero mais dinheiro e preciso dele.

6. Queremos, gostamos com intensidade, ou melhor, ansiamos ardentemente pela pacificação social. Troque por: Queremos a pacificação social, gostamos dela com intensidade, ou melhor, ansiamos ardentemente por ela. 7. Respeite e obedeça às normas impostas.

Troque por: Respeite as normas impostas e obedeça a elas.

Note que deve haver uma repetição, em abono da correção gramatical. Não se sinta “constrangido” em fazê-lo. Pior do que repetir é “enxugar”, desautorizadamente, chancelando uma erronia61. Observe mais alguns exemplos: • “Os gritos da vítima

antes da luta e durante a luta continuavam a repercutir”62. • Subiu no brinquedo e desceu dele sem ajuda dos pais.

12. Seja polido ao redigir. Denota-se, com isso, domínio da boa técnica e se mantém o nível solene e respeitoso do discurso jurídico. Ao se referir à sentença, utilize “respeitável sentença”, ou “sábia decisão”, ou “judiciosa decisão”. Nessa esteira, utilize “egrégio Tribunal”, “venerando acórdão”, “culto Relator”, “ínclito Julgador”, “meritíssimo63 Juiz”, “digníssimo Juízo”, “nobre Promotor” e “colenda Câmara”.

Rodríguez (2000: 56), ao tecer comentários sobre a polidez no redigir, preleciona: E assim o ambiente forense preserva, em todo o mundo, muito dos protocolos e solenidades que nasceram em tempos antigos, e as formas de tratamento e de referência são provas disso. Elas se constituem algumas expressões cristalizadas, seja na própria gramática, seja na praxe do dia a dia, acabam se impregnando na linguagem e no vocabulário jurídico de modo indelével.

(...) É certo que muitas vezes a expressão, usada apenas pela praxe, acaba se distanciando de seu valor original (responda o leitor: qual o significado exato da palavra “egrégio”? E “colenda”?), mas ainda assim continua tendo seu significado que, embora não seja propriamente técnico, é plenamente adequado ao protocolo, à linguagem específica do contexto forense.

Mostrar respeito64, ainda que haja discórdia, com a parte contrária ou com o julgador, é essencial na disputa forense. 13. Como se escreve: “consta de fls.” ou “consta em fls.”?

O verbo constar, na acepção de “estar registrado”, pode ser regido pelas preposições “de” (constar de) ou “em” (constar em), indiferentemente. Portanto, é adequado redigir: • O documento consta dos autos.

• O nome da aluna não constava na lista.

Frise-se, outrossim, que o tal verbo pode ser usado no sentido de “chegar ao conhecimento”, mantendo-se, quer no modo indicativo, quer no modo subjuntivo, a 3ª pessoa do singular (ele). Exemplos: • Não me consta que tenha chegado a

mercadoria.

• Seu argumento não é inadequado, que me conste.

Por fim, diga-se que na linguagem forense encontra-se a expressão constante de nos arts. 5º, LXXII, a, e 6º, § 5º, da Constituição Federal.

A propósito, dúvida maior surge ao peticionário com a fatídica expressão a folhas. De há muito65, as expressões “a folhas” (ou, abreviadamente, a fls.) e “de folhas” (ou, abreviadamente, de fls.) foram consagradas no ambiente forense. Há quem prefira designar a expressão “a folhas” com artigo precedente, criando a forma também possível “às folhas”.

Napoleão Mendes de Almeida, em seu Dicionário de Questões Vernáculas, disciplina que a forma “a folhas vinte e duas” significa “a vinte e duas folhas do início do trabalho”, como quem diz “a vinte e duas braças”, na linguagem marítima. Portanto, memorize a tabela a seguir:

Folha (fl.) Folhas (fls.)

“...a folha 12” (a = preposição) “...a folhas 12” (a = preposição)

“...à folha 12” (à = preposição + artigo) “...às folhas 12” (às = preposição + artigo)

Observação: abaixo seguem as formas errôneas que devem ser evitadas. Note-as: 1. “O laudo se encontra à folhas 12” A erronia é patente, uma vez que não se justifica o “à”, com o sinal indicador da crase, que representa a soma da preposição com o artigo definido feminino singular. No caso em tela, o vocábulo “folhas”, se acompanhado por artigo, deve suceder à forma “às” [a (preposição) + as (artigo definido feminino plural)].

2. “O laudo se encontra as folhas 12”

O equívoco se patenteia, na medida em que o vocábulo “folhas”, se acompanhado por artigo, deve suceder à forma “às” [a (preposição) + as (artigo definido feminino plural)], quando se quer delinear uma locução adverbial de lugar. É claro que a forma “as folhas” é plenamente cabível, mas apenas em situações dessemelhantes, verbi gratia, “as folhas do laudo foram anexadas nos autos”.

Na abertura das sentenças, a expressão vistos funciona como título, identificando a própria sentença. Tal termo objetiva revelar que os autos foram propriamente “vistos, relatados e discutidos”, para, só então, dar a eles uma solução. Não há exigibilidade, pela regra gramatical, de as letras estarem todas maiúsculas. Bom é de lembrar, contudo, que as próprias gramáticas grafam inteiramente em maiúsculas os títulos e subtítulos, como medida de realce. Também, interessante se faz mencionar as variantes “Vistos etc.” ou “Vistos, etc.” (com vírgula) e, ainda, em maiúsculas “VISTOS ETC.” ou “VISTOS, ETC.” (com vírgula).

15. Pronúncia de artigos – numerais O Constituinte de 1988, ao tratar do tema do “Processo Legislativo”, estabeleceu que seria editada lei complementar que dispusesse sobre “a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis” (art. 59, parágrafo único, da CF).

Dando cumprimento ao comando constitucional, o Congresso Nacional aprovou a Lei Complementar n. 95, de 26-2- 1998, que ditou normas gerais, estabelecendo padrões para a “elaboração”, “a redação”, a “alteração” e a “consolidação” da legislação federal.

O Decreto n. 2.954/99 veio a regulamentar a Lei Complementar n. 95/98.

Na linguagem do Foro, é mister adotar a seguinte regra, para a numeração e pronunciação de artigos de leis, decretos e portarias: 1. Até o número nove, utilizaremos números ordinais: • Art. 6º (sexto); • Art. 1º (primeiro); • Inciso IX (nono); • § 5º (quinto).

2. A partir do número dez, utilizaremos números cardinais: • Art. 10 (dez); • Art. 33 (trinta e três); • Inciso XXXIV (trinta e quatro).

É o que determina o art. 10, I e III, da Lei Complementar n. 95/98, disciplinando que, quanto aos artigos e parágrafos, deve-se empreender a numeração ordinal até o nono e a cardinal a partir deste. O curioso é que não se fez menção a “incisos”, para os quais entendemos que, não obstante a omissão do legislador, vale a mesma regra.

Observações:

1. Na designação do primeiro dia do mês, é possível a utilização do número cardinal (um) ou ordinal (primeiro). Registre- se que há preferência pelo ordinal. Exemplo: • Ele nasceu no dia primeiro (ou dia 1) de janeiro.

2. Na designação de séculos, reis, papas e partes indicativas de obras, usam-se numerais ordinais até “décimo” e cardinais de onze em diante. Exemplos: • Século V (quinto), Século Xll (doze), Século X (décimo), Canto IV (quarto), Capítulo XXI (vinte e

um), Tomo XI (onze), Rei Eduardo ll (segundo), Papa João XXlll (vinte e três), Papa Pio X (décimo), Papa Pio Xll (doze).

2.1. Se o numeral anteceder o substantivo, emprega-se, porém, o ordinal. Exemplos: • Nono século, Quarto ato, Terceiro

Canto, Vigésimo sexto capítulo, Décimo quarto tomo, III Salão do Automóvel (terceiro), VIII Copa do Mundo (oitava).

3. Na numeração de páginas e de folhas de um livro, assim como na de casas, apartamentos, cabines de navio, poltronas de cinema, entre outras hipóteses, empregam-se os cardinais. Exemplos: • Página 7 (sete), Folha 56 (cinquenta e seis), Cabine 2

(dois), Casa 3 (três), Apartamento 27 (vinte e sete).

3.1. Se o numeral anteceder o substantivo, emprega-se, porém, o ordinal. Exemplos: • Sétima página, Vigésima quinta folha,

Quarta cabine, Segunda casa.

Elementos de ligação importantes – rico vocabulário jurídico É bastante comum, no momento de feitura da peça, aquela situação em que ocorre a famosa “trava”. Na verdade, “travar” é permitido, porém deve o cauteloso operador do Direito dispor de mecanismos “antitrava”, capazes de lhe assegurar uma retomada tranquila do controle do texto, sem

delongas desnecessárias.

Abaixo, seguem “frases feitas”, próprias da linguagem do foro, que todo aplicador da Linguagem Jurídica deve dominar, no intuito de marcar seus arrazoados e petições com um estilo nobre e retilíneo, caracterizador de nossa bela profissão. Procure memorizá-las e comece a adotar as fórmulas em seu dia a dia.

“FÓRMULA S” A SEREM USA DA S NO TEXTO JURÍDIC O

Esta seção visa enriquecer o arcabouço vocabular do aplicador do Direito, possibilitando-lhe contato com expressões elegantes da linguagem do Foro. Tais expressões podem ser aplicadas com propriedade em seu cotidiano e denotam o domínio do rico vocabulário jurídico: 1. Fica, portanto, cristalino que à Autora falece razão.

Comentário: a frase demonstra que falta à autora a razão de que precisa, tendo havido a utilização de recurso sobremodo elegante – verbo “falecer”, na forma falece a.

Ademais, ressalte-se que o adjetivo cristalino tem a acepção de “evidente, claro, nítido, patente, indubitável ou irretorquível”.

2. Ora, Excelência, não pode prosperar, “in casu”, a falaciosa argumentação expendida pelo Réu. Comentário: na oração, é importante destacar que o vocativo Excelência deve estar separado por vírgulas, e não com uma ou outra vírgula, tão somente.

Note-se ainda que o uso da expressão latina (in casu) exige aspas ou a grafia em itálico, diferençando o destaque do restante do texto. Por fim, o verbo expender tem o significado de “expor, transmitir” e não deve ser confundido com “despender”, na acepção de gastar.

3. Com efeito, translúcida a agressão aos artigos em comento, não há que se falar em tributação