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TENDÊNCIAS GERAIS NO AMBIENTE E O IMPACTO SOBRE AS REDES FLEXÍVEIS.

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

4.2. TENDÊNCIAS GERAIS NO AMBIENTE E O IMPACTO SOBRE AS REDES FLEXÍVEIS.

O exercício Delphi preocupou-se em levantar as tendências presentes e futuras para as economias de livre mercado. Após cada sentença resultante do exercício Delphi, é apresentado o valor de X obtido da forma descrita no item 3.3.1. – b (Método Delphi – Estabilização das Rodadas).

O primeiro aspecto diz respeito à mundialização dos mercados. Foi apurado que o processo de globalização se intensificará. Haverá ênfase no comércio entre blocos de países que formam mercados comuns levando ao acirramento da competição (X= 1,24). As

companhias transnacionais aumentarão sua penetração nas economias individuais (X= 1,50). As grandes empresas farão uso de processos de agregação de valores complexos, em nível nacional e internacional (X= 1,06). Os países em desenvolvimento gradualmente perderão o controle acionário de suas principais empresas para o capital estrangeiro (X= 1,08). Haverá maiores investimentos do capital internacional em ambientes econômicos- políticos-tecnológicos sólidos (X= 1,50). Estas tendências indicam que há propensão para o aumento da Complexidade ambiental.

Estas tendências não excluem as lógicas territoriais (como nos Distritos Industriais Italianos), onde se procura valorizar o ambiente social e econômico para se obter vantagens comparativas (Raud, 1999). A conseqüência desta lógica é o reconhecimento dos aglomerados industriais como tema central para a formação de políticas industriais governamentais (X= 1,34). O interesse mostrado por diversas nações no desenvolvimento de aglomerados oferece oportunidades para as RFs porque sugere o comprometimento dos setores público e privado em construir e apoiar uma infraestrutura social que encoraje e anime as RFs (X= 1,40).

Os aglomerados proporcionam a possibilidade de redução dos custos transacionais: um painelista do exercício lembra que a confiança é fundamental para a redução de tais custos (X= 1,24). Para se construir confiança, em um primeiro momento, é necessário que as pessoas se encontrem a uma distância que permita encontros sociais, para então utilizarem comunicação eletrônica. As condições de ocupação de um território geograficamente limitado de um aglomerado tende a possibilitar a satisfação desta necessidade de contato social. Outro fator que propicia decréscimos nos custos transacionais é a solução do comércio eletrônico, que permite que se projete uma rede para um propósito e duração específica sem que se incorra em grandes despesas transacionais.

Como salientou o exercício Delphi: ramos da Tecnologia de Informações ganharão terreno (info-trade; info-service; aprendizado através da internet; lazer baseado na internet). Para atender ao aumento da oferta de produtos e serviços densos em tecnologia, é necessária a aquisição de conhecimentos cuja oferta é freqüentemente limitada, implicando na necessidade de se estabelecer alianças ou fusões com as firmas que possuem a tecnologia necessária. O valor do conhecimento vem aumentando (X= 1,00). Haverá enfoque em empregados com base em conhecimentos (habilidades comerciais); enfoque em

empreendimentos com base no conhecimento (vantagens competitivas distintas) e em economias baseadas no conhecimento (vantagens competitivas agregadas) com a presença de PMEs trabalhando para desenvolverem vantagens competitivas baseadas no conhecimento, parcial ou integralmente, em Redes Flexíveis (X= 1,34). Isto porque a estratégia perseguida para a obtenção de vantagens competitivas varia com a escala do empreendimento: enquanto as grandes firmas tendem a desenvolver cadeias de fornecedores mais integradas e/ou criar alianças estratégicas e/ou joint ventures, as pequenas firmas tentam obter vantagens através da formação de Redes Flexíveis.

O Delphi destacou que setores “nova onda” (new wave) vem ganhando terreno: ecologia, medicina alternativa, bem estar dos animais, etc.(X= 1,25). De modo que a antecipação dos padrões ambientais podem ser uma vantagem competitiva nos mercados mundiais. Os conceitos de desenvolvimento sustentado devem ser levados em conta. Isto envolve das PMEs às tecnologias limpas, inclusive a incorporação de objetivos ambientais nas estratégias das empresas (X= 1,42).

Haverá grandes oportunidades para as PMEs nos novos setores da economia (setores como o comércio via Internet; o aprendizado baseado na Internet; entretenimento via Internet; e em setores “nova onda” (X= 1,34). É o rápido crescimento das Tecnologias de Informações que cria oportunidades para a oferta de produtos que as RFs poderão aproveitar (X= 1,42). Também haverão oportunidades como fornecedores de grandes empresas com atividades em nível mundial (X= 1,34). Embora um painelista comente que as oportunidades existem tanto para as pequenas quanto para as grandes empresas, outro comenta que a chamada nova economia realmente proporciona o aparecimento de oportunidades para as PMEs. Como na nova economia o fator básico é o conhecimento e não o capital, é mais viável a captura dos estímulos nos novos setores da economia pelas PMEs do que pelos setores tradicionais, lembra um terceiro membro do painel. Igualmente rápida é a tendência de concentração nas velhas indústrias (como papéis; montadoras de automóveis e aviões; alimentícia e de bebidas) seja através de compras de companhias ou seja através de fusões (X= 1,34).

O exercício Delphi lembra que existe a propensão para desenvolvimento de produtos com ciclo de vida menor (X= 1,42) o que introduz maior Dinamismo no ambiente. O desenvolvimento do produto é mais rápido, as curvas-s e as famílias de curvas-s são

aceleradas e comprimidas (X= 1,42). O tempo, como importante fator de competitividade, favorece a formação de redes, porque estas reduzem o risco assumido quando se investe em soluções com ciclo de vida curto (X= 1,25). A competitividade está se tornando substancialmente dependente da capacidade de se inovar tecnologicamente e organizacionalmente. Está cada vez mais difícil para uma única firma efetivar as inovações em produtos e processos tendo que enfrentar mercados em mudanças rápidas. Ao mesmo tempo, a razão de especialização das firmas vem aumentando. Desse modo, o comportamento cooperativo é incitado e as RFs estão se tornando uma solução importante para esta nova situação, como uma maneira flexível de organizar o processo produtivo (X= 1,34).

O painel observa que haverá maior ênfase nos fatores que aceleram o crescimento das PMEs: inovação, tecnologia, exportação, produtividade, competitividade e lucratividade (X= 1,42). Como conseqüência tem-se o reconhecimento da importância das PMEs: micros, pequenas e médias. Reconhecimento de suas diferentes características e dos diferentes desafios com os quais estas empresas enfrentam (X= 1,42).

Para atender a demanda de recursos humanos com habilidades específicas, o empreenderismo será ensinado em escolas e universidades: os estudantes receberão treinamento igualmente para criarem um empreendimento como para encontrarem um emprego (X= 0,91).

O estudo Delphi sintetiza os fatores que favorecem as Redes Flexíveis: a facilidade de entrar em novos mercados; melhor acesso ao capital; a globalização do fluxo de informações; a possibilidade de aumentar a dimensão internacional e as oportunidades oferecidas por aglomerados virtuais de PMEs (X= 1,25). Entretanto, as Redes Flexíveis enfrentam dificuldades na infraestrutura material e imaterial para a difusão e transferência de tecnologia e adoção de novas tecnologias; problemas culturais, em sentido amplo, que advém da evolução do ambiente social, o fato que as firmas (PMEs inclusive) são forçadas a estenderem seu sistema de relações em nível mundial (X= 1,00). O aumento na abertura dos mercados ameaçam as PMEs se estas falharem em enfrentarem a concorrência em áreas antes protegidas (X= 0,90). A abertura dos mercados eleva o grau de Hostilidade ambiental percebida pelos Executivos-Chefes das empresas que sofrerão o acirramento da concorrência. Outro painelista observa que a Internet incentiva a possibilidade de

cooperação internacional, mas as dificuldades no desenvolvimento de estratégias de negócios com parceiros distantes não deve ser minimizada. Conseqüentemente, firmas que não participam de redes ou multinacionais que formam alianças com outras multinacionais, podem ter maior capacidade para aproveitarem as oportunidades que o processo de globalização propicia do que as PMEs. Então, pode haver uma mudança em direção às mega-corporações que em direção às Redes Flexíveis (X= 0,76).

Enfim, as tendências no Ambiente das economias de livre mercado favorecem o sistema produtivo caracterizado pelas Redes Flexíveis. A globalização dos mercados e capitais, em geral, introduz maior Complexidade no ambiente e incentiva a formação de aglomerados como modo para se obter vantagens comparativas; os aglomerados são solo fértil para o florescimento das Redes Flexíveis. Já foi vista a importância das novas tecnologias informacionais no sistemas de produção das Redes Flexíveis, que viabiliza a fabricação de produtos com ciclo de vida curto, permitindo a introdução de inovações, fonte de vantagem competitiva em ambientes Dinâmicos. Juntamente com o crescente valor do conhecimento, a especialização das firmas vem aumentando, o que as levam a procurar por parceiros através de redes para complementar suas vantagens competitivas.